A Retaguarda

 

 
Para cima

 

A Base de Desembarque em Brest 

 

Em 17 de Fevereiro de 1917 foi concedido pelo Comando Supremo Britânico que o Corpo de Expedicionário Português constituísse em Brest uma Base de Desembarque exclusivamente destinada às tropas portuguesas e servida por pessoal português. Resolvida a questão interna da nomeação e dotação de pessoal, foi entregue ao Major de Cavalaria Barão de Cadóro, o comando dos serviços da Base. A Base de Desembarque de Brest era também conhecida como "Porto de Desembarque" (P.D.)

 

"O Cais de Desembarque era de um movimento grandiosíssimo. Grupos de prisioneiros alemães trabalhavam sob a vigilância de sentinelas de baioneta calada em diversos misteres e em diferentes partes do enorme cais." (9)

 

 

 

 

 

O porto de desembarque funcionou bem até que começaram a chegar as tropas americanas, às quais também foi concedida a utilização do porto de Brest. Pelos milhares de homens e dólares empregues no auxílio à França, os portugueses começaram a ter dificuldades na utilização do porto em detrimento das facilidades sucessivas que eram concedidas, ou exigidas, pelos americanos. Em Março de 1918, a utilização do porto de Brest era tão abrangente pelos americanos que já não era possível ter a noção exacta do que era a Base de Desembarque portuguesa. (10)

 

"... os americanos dominam tudo e os franceses, quando o nosso Comando pede alguma coisa, dizem sempre que não podem..."

 

A situação ainda se complicou mais entre Abril e Agosto de 1918, dados os problemas que o comando do CEP tinha em mãos desde a Batalha de La Lys.

 

Com a nomeação do novo comandante do CEP em Julho de 1918, o General Garcia Rosado, dá-se início às negociações para a transferência do P.D. de Brest para Morlaix, a 60 Km para Noroeste, deixando Brest para os americanos.  Também, havia nesta proposta a intenção de transferir os depósitos e oficinas de material de guerra, fardamento e bagagens e concentrar os depósitos de pessoal a repatriar que se encontravam dispersos por Calais, Havre e Cherbourg.

 

O pedido chegou ao Comando Supremo Britânico em Outubro de 1918, e apesar de existir a vontade de conceder a transferência da Base de Desembarque de Brest para Morlaix, a dinâmica da ofensiva aliada e a chegada do Armistício a 11 de Novembro, inviabilizaram a transferência da Base.

 

No dia 14 de Fevereiro de 1918 realizou-se em Brest, no passeio de Cours Dayot junto ao porto comercial, uma distribuição de medalhas a oficiais, praças e civis, pela mão do almirante governador da praça de Brest, Mr. Moreau. A revista das tropas foi feita pelo Almirante Moreau na presença de generais e almirantes de várias nacionalidades e pelos comandantes das bases estrangeiras do porto de Brest, entre estes o comandante da base portuguesa o Major de Cavalaria Barão de Cadóro. O contingente de marinha portuguesa era constituído por oficiais e marinheiros do Contratorpedeiro "NRP Guadiana" e do Cruzador Auxiliar "NRP Gil Eanes", sob o comado do Guarda-marinha Xavier. (8)      

 

Marinheiros Portugueses em Brest, 1918, Ilustração Portuguesa N630

 

Marinheiros Portugueses em Brest, 1918, Ilustração Portuguesa N63

 

 

A Base de Embarque em Cherbourg 

 

 

 

 

 

Formação da Base do CEP

 

Na Base do CEP estavam integrados, para além do Quartel-general, três depósitos de Infantaria, um depósito misto, um depósito de cavalaria e um depósito de retoma.

 

A nível de Serviços de Saúde: um hospital de cirurgia, um hospital de medicina e depósito de convalescentes e uma estação de evacuação. 

 

A Base que organicamente constituía a 2ª linha do CEP, tinha um efectivo de 371 oficiais e 5.334 praças.

 

 

 

Os Serviços de Saúde em França

 

Em 6 de Abril de 1918 as perdas das tropas portuguesas no serviço das trincheiras foram:

 

Mortos :1.044

Feridos: 2.183

Gaseados: 1.594

Desastre:402

Prisioneiros:102

Desaparecidos 94

Total:5.420 baixas

 

Em 11 de Novembro de 1918

 

Mortos:2.086(1.310 combate, 70 gaseados, 121 desastre, 529 doença, 56 pneumónica)

 

Feridos: 5.224

Prisioneiros: 6.678

Incapazes para o serviço: 7.279

Total:21.267 baixas

 

CEP: Efectivos totais 55.000, mortos em combate 1.380 (2,5%)

 1917-1918

Mortes

Em combate

Por doença (outras)

Pneumónica

Total

Oficiais

45(68%)

21(32%)

0

66

Praças

1.335(71%)

508(26%)

56(3%)

1.893

 

 

independentemente dos números indicados, que variam de fonte para fonte, conclui-se que ao contrário do que aconteceu em África, na Europa o velho flagelo da doença encontrava-se afastado como a principal razão de morte na guerra. 

A Cruz Vermelha Portuguesa montou e manteve em França, entre 1917 e 1919, um Hospital de Sangue, localizado em Ambleteuse1.

As condições climatéricas e higiene, levaram à propagação de casos de tuberculose (tísica pulmonar) entre os expedicionários, tal como entre o exército francês, o que levou a que dos 408 mortos por doença 152 fossem por tuberculose pulmonar (TP). Ainda há que acrescentar que dos 7.223 repatriados por julgados incapazes por vários motivos, mais de 2.000 foram por tuberculose pulmonar2

 

 

 

combate

Gaseados

Desastre

Doença

Outras

Oficiais

43

2

8

21

-

Praças

1267

68

113

508

56

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Links

http://www.medailles1914-1918.fr/portugal-commemo.html

 

 

Notas

  1. Marques(2000), p.28.

  2. Ilustração Portuguesa(1919), pp501-502.

  3. Martins(1934b), p.74

  4. Martins(1934b), p.64

  5. Martins(1934b), p.80

  6. Cortesão(1919), pp. 224-231.

  7. Martins(1934a), p.135

  8. Ilustração Portuguesa, 1918, N630

  9. Freitas(1935), p.38

  10. Martins(1934a), pp. 147-8

 

Bibliografia

  • Marques, Rafael(2000), "Cruz Vermelha Portuguesa", Coimbra, ed.,Quarteto Editora. (ISBN: 972-8535-29-5)

  •  Ilustração Portuguesa, (1919), Série II, 30 Junho de 1919, n.º 697, Lisboa, O Século, HML

  •  Martins, Ferreira (1934a), "Portugal na Grande Guerra", Vol. I, Lisboa, 1ª ed., Empresa Editorial Ática

  •  Martins, Ferreira (1934b), "Portugal na Grande Guerra", Vol. II, Lisboa, 1ª ed., Empresa Editorial Ática

  •  Amaral, Ferreira do (1922), "A Mentira da Flandres e o Medo", Lisboa, 4ª ed., Editora J. Rodrigues & C.

  • Cortesão, Jaime (1919), "Memórias da Grande Guerra, (1916-1919)", Porto, 3ª ed., Edição da Renascença Portuguesa.

  • Freitas, Pedro de (1935), "As Recordações da Grande Guerra", Lisboa, Tipografia da Liga dos combatentes da Grande Guerra.

 

 

 

 

 

 

     

Home | Organização de 1917 | A Retaguarda | A Vida nas Trincheiras | 4 de Junho 1917 | 16 de Julho 1917 | 14 de Agosto 1917 | 19 de Agosto 1917 | 14 de Setembro 1917 | 2 de Março 1918 | 7 de Março 1918 | 9 de Março 1918 | 12 de Março 1918 | 14 de Março 1918 | 19 de Março 1918 | 21 de Março 1918 | 3 de Abril 1918 | 9 de Abril 1918 | Organização de 1918 | 17 de Outubro 1918 | 7 de Novembro 1918 | A Honra do C.E.P.

Este site foi actualizado pelo última vez em 25-06-2013