Capa da Ilustração Portuguesa n.º 456, de 16 de Novembro de 1914
O Batalhão de Marinha Expedicionário a Angola (1914)
A Partida de Lisboa
A preparação de um batalhão de marinheiros iniciou-se em Outubro de 1914, tendo para tal sido efectuado um aviso a oficiais e praças, para obtenção de voluntários. Como é apanágio da marinha houve voluntários para mais de um batalhão, o que levou à necessidade de efectuar uma selecção. Refira-se que 2º Tenente Carvalho Araújo, foi dado como incapaz na junta médica de selecção de voluntários, mas que dentro do seu espírito intervencionista fez de tudo para ser integrado, conseguindo o comando da 1ª secção de metralhadoras.
A 31 de Outubro de 1914 foram efectuadas as nomeações dos oficiais do Batalhão de Marinha Expedicionário a Angola, cabendo ao antigo governador de Mossâmedes, Capitão-tenente Alberto Coriolando da Costa, o comando da missão.
Os voluntários vindos de todo o país reuniram-se no Quartel de Alcântara em 5 dias, perfazendo um total de 18 oficiais, 2 sargentos e 509 praças. (2)
A partida do Batalhão de Marinha aconteceu dentro de um espírito patriótico e de elevado moral, com um sentimento geral que a missão se destinava a proteger o território nacional em África. Encontravam-se aquartelados em Alcântara quando, ao meio-dia de 5 de Novembro de 1914, começaram a desfilar pela Av. 24 de Julho e passaram pelo Terreiro do Paço para chegar ao cais de embarque no Arsenal da Armada, onde embarcaram no vapor "Beira", rumo a Angola. (1)
O Capitão-de-mar-e-guerra Nunes da Silva, comandante do Corpo de Marinheiros e o Capitão-tenente Alberto Coriolano Ferreira da Costa, comandante do Batalhão Expedicionário de Marinha a Angola, passando revista às tropas, 18 de Novembro de 1914, em Alcântara. (Foto de Benoliel)
Desfile do Batalhão de Marinha na parada Sul do Quartel de Alcântara, quando da partida para Angola. (Foto de Benoliel)
Guarda de honra à Bandeira Nacional que acompanhou o Batalhão de Marinha durante toda a sua Expedição em Angola. (Foto de Benoliel)
O desfile do Batalhão deu-se entre o delírio do manifestações de orgulho e lágrimas de saudade, num adeus de quem parte para combater pela defesa da terra natal. (3)
O Batalhão a desfilar no lado ocidental do Terreiro do Paço por entre a multidão e precedido de uma banda musical, em continência ao Presidente da República, que assistiu ao desfile de uma das janelas do Ministério das Finanças. (Foto de Benoliel)
Durante a viagem os marinheiros receberam instrução sobre o manuseamento da espingarda "Kropatcheck" e normas sobre como se defenderem do principal inimigo, a sede e a doença. A motivação e o moral dos marinheiros era alto, o que levou a que entrasse mais um marinheiro voluntário para o Batalhão quando pararam no Porto Grande, em São Vicente de Cabo Verde.
O vapor "Beira" acostou em Luanda, onde o Comandante Alberto Coriolando da Costa apresentou cumprimentos ao Governador Geral Norton de Matos, e depois seguiu para Mossâmedes, onde chegou a 30 de Novembro.
O Batalhão de Marinha em Mossâmedes
O primeiro acto oficial do Batalhão de Marinha, após a chegada à cidade de Mossâmedes, em 30 de Novembro de 1914, foi um desfile pelas ruas da cidade, ao som de música, no qual mostrou o seu aprumo de corpo de elite. (4)
Tiveram de preparar, e em parte improvisar, as instalações para o seu depósito de material, munições e viveres, uma vez que nada estava preparado para os receber. Foi durante este período que os marinheiros tiveram de aprender a tratar dos solípedes e aprender a arte de cavalgar.
A 1 de Dezembro o Batalhão voltou a desfilar integrado nas comemorações do "Dia da Independência", com a particularidade de os oficiais já desfilarem montados a cavalo.
A 11 de Dezembro o Batalhão de Marinha partiu de Mossâmedes em direcção ao Cuamato, onde se encontrava o Tenente-coronel Alves Roçadas. A primeira etapa foi feita pela via férrea, que ligava Mossâmedes a Bela Vista. Foram precisos cinco comboios para transportar o Batalhão.
Após reunidos em Bela Vista seguiram a pé até Lubango, onde chegaram no dia seguinte.
O Batalhão de Marinha no Lubango
A 12 de Dezembro de 1914 o Batalhão de Marinha Expedicionário a Angola encontrava-se em Lubango.
O Batalhão de Marinha esteve estacionado no Lubango antes de partir para o Cuamato. (Foto de Teles Grilo)
Grupo de marinheiros, no Lubango, pertencentes à Lancha "NRP Rio Minho" que foram desembarcados para integrar o Batalhão de Marinha, (Foto de Teles Grilo)
As notícias da frente de combate eram alarmantes e os itinerários marcados para atingir o rio Cunene, em Forte Humbe, pelos Gambos tinha dois difíceis obstáculos, carência de água e de capim para o gado.
A 21 de Dezembro recebem notícia que uma unidade alemã de cerca de 200 homens, teria bivacado nas redondezas de Lubango, o que fez com que tomassem posições defensivas à volta da localidade. Não chegou a haver qualquer confronto com a força alemã.
Pormenor do acampamento, onde se localizava o posto de TSF. (Foto de Teles Grilo)
1ª e 2ª Secções de Metralhadoras do Batalhão de Marinha no Lubango. (Foto de Teles Grilo)
Nesta mesma data o Tenente-coronel Alves Roçadas informa os marinheiros do sucedido em Naulila e ordena que estes avencem sobre Chibia. O Batalhão levou apenas 10 horas para se aprontar e partiram em direcção de Humbe, onde se encontravam as tropas do Tenente-coronel Alves Roçadas em retirada.
Carregamento dos carros Boers com o material de guerra. (Foto de Teles Grilo)
Em Lubango, a descarga dos camelos que transportaram o material militar e viveres para as forças que avançam sobre o Sul de Angola. (Foto de Alberto de Castro)
A velocidade a que se deslocavam os carros boer, puxados a bois, não conseguiam acompanhar o passo da marcha do Batalhão de Marinha, o que fez com que no final da primeira etapa, em Pituaco, não houvesse barracas e mantas para a pernoita. No dia seguinte 24 de Dezembro de 1914 alcançaram Chibia. Durante as etapas o maior problema foi a falta de água, por escassez de "cacimbas" (pequenas chuvas) e de quase inexistência de "mololas" (poços). (8)
Começaram no Natal a aparecer as primeiros febres entre os oficiais e praças, mas continuam a caminhar em direcção ao Quartel General do Tenente-coronel Alves Roçadas, que se encontrava à data em Gambos. Chegam a Gambos a 3 de Janeiro de 1915.
O Batalhão de Marinha em Forte Gambos (Forno da Cal)
Chegados a 3 de Janeiro de 1915 a Gambos, o Tenente-coronel Alves Roçadas coloca o Batalhão de Marinha num posto avançado, lugar do Forno da Cal, que viria a ser a base de operações do Batalhão durante algum tempo.
O estrado de saúde do Batalhão foi piorando, muito também por causa das condições do local onde estavam estacionados. No entanto, construíram a base com as melhores condições possíveis, tendo em consideração o principal inimigo, a febre tifóide e o paludismo. (9)
O clima encontrado neste lugar variava entre 4ºC à noite e 39ºC de dia, com chuvas. Ao clima acrescia os problemas de escassez de alimentação por causa da falta de transportes.
Durante o tempo em que estiveram nesta posto, aproximadamente 3 meses, sofreram duas mortes por doença e tiveram de repatriar 21 praças para a Metrópole por doença.
Em 21 de Março chegou a Luanda o novo comandante militar de Angola, o General Pereira de Eça, e com ele iria recomeçar a ofensiva sobre os alemães. Em Abril o General visitou o posto de Forno de Cal, tendo comentado com o Capitão-tenente Alberto Coriolano Ferreira da Costa ter apreciado as boas condições em que o posto se encontrava.(10)
No dia 5 de Maio de 1915 o Batalhão, integrado nas manobras sobre o Sul de Angola, fez avançar sobre Cahama, lugar também conhecido como "cemitério dos brancos", uma coluna comandada pelo 1º Tenente Afonso Júlio Cerqueira, composta pela 1ª Companhia do Batalhão de Marinha e a 15º Indígena Expedicionária de Moçambique.
O avanço deu-se entre a hostilidade do população local, mas chegou-se a Cahama e ainda se avanõu mais um pouco até Tchicusse, onde se construiu um posto militar e se efectuaram vários trabalhos defensivos. A coluna de Cahama mantinha-se na posição até que em 26 de Maio recebeu um pedido de auxílio do Padre Bellet (francês), superior da missão do Espírito Santo, com sede no Tchipelongo, que estava a ser ameaçada pelos locais.
O 1º Tenente Afonso Júlio Cerqueira, após solicitar autorização ao comandante do Batalhão de Marinha, organizou um grupo de socorro à missão de Espírito Santo, composto por 51 marinheiros e uns outros tantos Landins, chefiados pelo 1º Tenente Cerqueira, o 2º Tenente Botelheiro, o Tenente de Infantaria Humberto de Ataíde e o Alferes de Infantaria Loza, ambos pertencentes à 15ª Companhia Indígena Expedicionária de Moçambique.
Assim que chegaram à missão do Espírito Santo, dia 28 de Maio, começaram a ser atacados pelos locais, que se encontravam bem organizados e equipados com Mausers. O combate durou algumas horas até que os rebeldes desmoralizaram e fugiram deixando para trás no terreno mortos e feridos. Foi o baptismo de fogo do Batalhão de Marinha e o seu primeiro sucesso militar.
O grupo de socorro regressou ao posto de Tchicusse com vários feridos, entre os quais o Tenente de Infantaria Ataíde e o 1º Tenente Cerqueira.
Entretanto, as restantes forças do Batalhão de Marinha foram-se juntar à coluna em Tchicusse, onde permaneceram até Junho, data em que o Batalhão recebeu ordem para avançar para Humbe.
O estado de saúde do Batalhão de Marinha foi piorando, o que levou inclusive a que o comandante Coriolano da Costa e o Tenente Carvalho Araújo, colhidos pela enfermidade tivessem de ser repatriados. Isto levou a que o 1º Tenente Afonso de Cerqueira fosse promovido a Capitão-tenente e assumisse o comando do Batalhão de Marinha. No relatório do do 2º Tenente-médico Júlio Gonçalves, de 2 de Junho, há a indicação que 25% dos praças estão doentes e incapacitados para o serviço.
A 4 de Junho de 1915, deu-se início à marcha em direcção ao Forte Humbe. Junto com o Batalhão de Marinha seguiam o Batalhão de Infantaria n.º 17, comandado pelo Major Pires Viegas, a 15ª Companhia Indígena Expedicionária de Moçambique, um grupo de auxiliares damaras, duas baterias de artilharia divididas em quatro secções, quatro baterias de metralhadoras, uma pertencente ao Batalhão de Marinha, e dois Esquadrões de Cavalaria, um do Regimento de Cavalaria n.º 4 e outro do Regimento de Cavalaria n.º 11, ambos comandados pelo Major de Cavalaria Vieira da Rocha.(12)
O Batalhão de Marinha em Forte Humbe
O Batalhão de Marinha chegou a Humbe a 7 de Junho de 1915. O local estava reduzida a destroços. Tiveram de montar o bivaque em quadrado e improvisar defesas. Nesta data o Batalhão estava reduzido a 12 oficiais e 303 praças. Entretanto foram chegando as restantes forças militares da coluna.
Entretanto, receberam ordens para ocupar Ngiva, centro administrativo dos rebeldes do Cuamhama e sede do soba. A partida para o Cuanhama deu-se 10 de Agosto. Com o Batalhão de Marinha na frente da coluna, seguiu-se a 15ª Companhia Indígena e o Batalhão de Infantaria n.º 17.
Metralhadoras do Batalhão de Marinha, numa dos flancos do quadrado do bivaque
O Batalhão de Marinha no Cuanhama (O Quadrado de Mongua)
A chegada à região Cuanhama, a 15 de Agosto de 1915, foi comemorada com uma salva de artilharia, que serviu para também indicar propositadamente aos rebeldes a nossa presença e a intenção de restabelecer a administração portuguesa da região. (12)
As forças continuaram a avançar dentro do território hostil e foi em Mongua, a 18 de Agosto de 1915, que os rebeldes iniciam os ataques às forças portuguesas, os quais duram durante 3 dias.
A coluna formou o seu dispositivo defensivo em quadrado e coube ao Batalhão de Marinha a ocupação da face da frente (Leste) do quadrado, sob o comando do Capitão-tenente Afonso de Cerqueira. A face da direita (Sul) do quadrado foi ocupada por duas companhias do Batalhão de Infantaria n.º 17, sob o comando do Major Pires Viegas. A face esquerda (Norte) do quadrado foi ocupada por uma companhia do regimento de Infantaria n.º 17, a 15ª Companhia Indígena Expedicionária de Moçambique e o grupo de auxiliares damaras, sob o comando do Capitão de metralhadoras Henrique Cameira. A face da retaguarda (Oeste) era ocupada pela última companhia do Batalhão de Infantaria n.º 17, sob o comando do Capitão de metralhadoras Teles de Azevedo. (13)
No dia 18 e 19 de Agosto o fogo inimigo foi esporádico e por vezes intenso, mas as patrulhas que saíam do quadrado não encontravam muita resistência. Entretanto, no dia 19 ficaram completos os trabalhos de entrincheiramento, que se tornaram necessários devido à capacidade de fogo do inimigo.(15)
No dia 20 de Agosto, os rebeldes comandados pelo soba Mandume, do Cuanhama, que concentraram entre 50.000 a 60.000 homens (cuanhamas. cuamatos. evales, alguns cuambis e muitos foragidos do Humbe) e com cinco carros boers de munições, todos armados com "Martini Henry" e algumas centenas de "Mauser" iniciaram o ataque contra os 3.000 homens portugueses. (14)
O fogo dos rebeldes era intenso e certeiro o que levou a que se desse ordem para os praças se deitassem e se protegessem com sacos de terra. O quadrado estava muito denso uma vez que englobava dentro de si perto de duas centenas de carros de transporte e atrelados e ainda dos dois esquadrões de cavalaria.
As secções de artilharia, colocadas nos cantos do quadrado, fizeram mais de 2.000 disparos durante o combate, se bem que não por igual, já que a maior intensidade do ataque inimigo se deu na face frontal (Batalhão de Marinha) e face esquerda (Infantaria n.º 17, landins e damaras). Nas outras faces do quadrado os feridos derivavam do fogo cruzado com a face frontal e esquerda, que os atingia de costas.
Os combates duraram desde as 7 horas da manhã até às 17 horas da tarde. O General Pereira Eça às 17 horas ordenou uma carga por forças do Batalhão de Infantaria 17, 15ª Companhia de Indígenas e do Batalhão de Marinha, e os Esquadrões de Cavalaria, para aliviar a pressão sobre o quadrado.
Ao lado direito do quadrado formou o Esquadrão de Cavalaria n.º4, comandado pelo Capitão Luiseno Godinho e do lado esquerdo do quadrado formou o Esquadrão de Cavalaria n.º 11, comandado pelo Capitão Cunha e Costa. A atitude impassível da cavalaria sob o fogo inimigo, arrancou dos praças um sonoro "viva a cavalaria portuguesa", que foi respondido com um "viva a nossa infantaria". Sem cuidar do fogo inimigo todos pararam de disparar e começaram a cantar a "Portuguesa", e os landins como não o sabiam o nosso hino começaram a cantar a sua canção guerreira "Baiete Incoce".
A carga da cavalaria, apesar das pesadas baixas e de praticamente ficaram sem montadas, consguiram por em fuga soba Mandume e com ele fugiram todas as suas tropas. Mais tarde, a 6 de Fevereiro de 1917, já em território da Namíbia o soba Mandume foi encontrado morto, terminando com ele o último reino Ovambo independente.
O Batalhão de Marinha no final do dia tinha sofrido inúmeros feridos e dois praças mortos.
Em resultado dos três dias de combate as tropas portuguesas tiveram: 4 oficias e 32 praças (2 da marinha) mortos e 11 oficiais (4 da Marinha) e 44 praças (parte marinheiros).
Acampamento do combate de 20 de Agosto de 1915, Posto de Socorro na face direita do quadrado (posição da Infantaria 17).
Posto de Socorro na face da frente do quadrado (posição do Batalhão de Marinha)
Capitão-de-fragata médico Vasconcelos e Sá, Chefe dos serviços de saúde do Batalhão de Marinha, e a Barraca da ambulância central da coluna militar.
Os reforços de munições e mantimentos só chegaram a 24 de Agosto, após uma longa marcha forçada da coluna que partiu do Cuamato.
A 2 de Setembro a coluna, comandada pelo Coronel António Veríssimo de Sousa, partiu com destino a Ngiva, composta pelo Batalhão de Infantaria n.º 17, o Batalhão de Marinha, duas Baterias de Artilharia, duas Baterias de metralhadoras e dois Esquadrões de Cavalaria. Depois de um árduo percurso chegaram e tomaram Ngiva.
O Batalhão de Marinha Expedicionário a Angola regressou à Metrópole a 30 de Setembro de 1915,embarcados em Mossâmedes no vapor "Zaire". Neste navio regressaram 13 oficiais e 346 praças, tendo ficado eternamente em Angola 15 marinheiros, 2 mortos em combate, 12 por doença e um assassinado por indígenas em Lubango. Chegaram a Lisboa a 15 de Outubro de 1915.
O Batalhão de Marinha Expedicionário a Moçambique (1918)
A Partida de Lisboa
Na sequência da revolta de 8 de Janeiro de 1918, contra o governo de Sidónio Pais, em que tomaram parte marinheiros do Cruzador "NRP Vasco da Gama" e do Quartel de Marinha em Alcântara, muitos foram deportados para uma unidade disciplinar em Moçambique.
Quando José Carlos da Maia, assumiu a pasta de Ministro da Marinha entendeu formar um Batalhão de Marinha para enviar de reforço a Moçambique. Refira-se que as forças da marinha eram muito consideradas pelo valor de combate e serviços prestados em Angola.
O Batalhão foi formado como tradição por voluntários. Estes foram recolhidos e organizados a bordo o "NRP Almirante Reis", que funcionava à data como navio-depósito. Este ficou pronto em Abril de 1918.
O Batalhão era formado por 3 companhias marinheiros (da Metrópole), 1 companhia de marinheiros deportados (em Moçambique) e 1 Bateria de 6 metralhadoras, num total de 18 oficiais, 990 marinheiros. Neste Batalhão integraram-se quatro guardas-marinhas que desembarcaram do cruzadores "NRP Adamastor" e "NRP São Gabriel" que se encontravam em Lourenço Marques em Agosto de 1918. (18)
O comando desta unidade pertenceu ao Capitão-de-fragata Joaquim Pedro Vieira Judice Bicker e o 2º comandante era o Capitão-de-fragata Quirino da Fonseca. O Capitão-de-fragata Judice Bicker para assumir esta missão foi exonerado da comissão de serviço que desempenhava em França, na Base de desembarque do CEP, Brest. ("A Capital", de 6 de Abril de 1918).
Partiu de Lisboa a bordo do vapor "Lourenço Marques" a 17 de Junho de 1918, comboiado pelo Contratorpedeiro "NRP Tejo".
A Chegada a Moçambique
A escolta do vapor "Lourenço Marques", o Contratorpedeiro "NRP Tejo", chegado às Canárias regressou a Lisboa, tendo o vapor "Lourenço Marques" seguido sozinho. O Batalhão chegou a Lourenço Marques a 1 de Agosto de 1918, tendo após desembarcar sob o comando do General Van Deventer.
O Batalhão recebeu ordens de partir de imediato para Quelimane, onde se esperava um ataque alemão. O Batalhão foi transportado em duas viagem a bordo do vapor "Luabo" até Quelimane. Foi a 27 de Agosto que em Quelimane o Batalhão encontrou os marinheiros que estavam deportados. O estado dos marinheiros que se encontravam na unidade disciplinar era deplorável, tanto en condições materiais, como de saúde, o que levou a que muitos fossem de imediato repatriados. Refira-se que o Batalhão se encontrava devidamente equipado.
A Pacificação das Áreas Revoltosas
As acções militares efectuadas pelo Batalhão centraram-se na pacificação das zonas por onde os alemães tinham passado. Isto levou-os, transportados no rebocador "Capitania", até Moébani e às regiões de Regona e Guilé no distrito de Quelimane, para pacificar os povos indígenas locais. Esta missão ocupou-os entre 23 de Setembro a 22 de Dezembro de 1918.
Quando o Batalhão regressou a Quelimane a 22 de Dezembro, foi atacado no acampamento pela pneumónica, tendo sofrido 85 baixas, incluindo 2 oficiais.
O Regresso do Batalhão de Marinha Expedicionário a Moçambique
O Batalhão de Marinha Expedicionário a Moçambique regressou a Lisboa a 21 de Abril de 1919, a bordo do vapor "Lourenço Marques".(16)
Vapor "Lourenço Marques" a chegar a Lisboa, cais de desinfecção, com a coluna de marinha a Moçambique.(Abril 1919)
A recepção dos marinheiros foi imponentíssima e houve aclamação aos marinheiros que tinham sido deportados, quando da revolta contra o governo de Sidónio Pais.
Cais do Posto de Desinfecção, em Alcântara. Desembarque do Batalhão de Marinha (Abril de 1919)
Todo o trajecto do Batalhão entre o cais do Posto de Desinfecção (Alcântara) e o Quartel da Marinha (Alcântara), foi acompanho por populares que saudavam o seu regresso. Ao desembarque assistiram o Presidente do Ministério, Ministros da Guerra, da Instrução, das Finanças, do Comércio e da Marinha. (17)
Quartel da Marinha em Alcântara, antes da ordem de dispersão do Batalhão Expedicionário (Abril 1919)