Madeira na Grande Guerra
Após a retirada do Atlantic Squadron
inglês da Madeira em Junho de 1915, para São Vicente, em Cabo Verde, por
causa do maior alcance dos submarinos alemães e pela inexistência de
redes anti-torpedo no porto do Funchal, aliás nenhum porto nacional
estava equipado com este tipo de redes, a
defesa marítima da Ilha da Madeira ficou somente a cargo do
capitão do porto do Funchal, o Capitão-de-fragata Sales Henriques.(6)
Os
meios permanentes de defesa territorial encontravam-se limitados a 3 navios patrulhas:
"NRP
Dory", "NRP Dekade I" e "NRP Mariano de Carvalho", iates
requisitados e armados, cada um com uma peça em caça de 47mm, , e um gasolina armado
com um canhão-revólver. As guarnições destas embarcações eram eram mistas,
parte civis, parte praças da Armada. Para este serviço
a defesa naval do Funchal contava com um destacamento de 20 praças.
A Baía
do Funchal apresentava excelentes condições para receber navios em tempo
de paz, os quais podiam fazer a aproximação ao porto sem a necessidade
de piloto, no entanto, a baía sofria de ventos muito fortes e estava
completamente desprovida de um porto de abrigo, absolutamente necessário
num contexto de guerra. Estas condições naturais e a falta de
infra-estruturas impediram o estabelecimento de uma base naval, apesar
do valor estratégico da ilha no contexto das rotas atlânticas.
A
protecção militar da baía era efectuada em terra por duas baterias de
costa, uma situada no Forte de São Tiago e outra na Quinta da Vigia. Por
causa dos ataques alemães de 1916, a defesa do Funchal foi reforçada com
mais uma bateria colocada na Montanha no ano de 1917. Foram também
construídas trincheiras de defesa na Ribeira Brava e em São Vicente.
1916
1º Ataque Alemão à Ilha da Madeira
Entre
outros navios, encontrava-se na baía do Funchal o "Surprise", o "Kangoroo"
e o "Dacia". O "Dacia" era um navio de lançamento de cabos submarinos que se
encontrava a trabalhar na área compreendida entre Casa Blanca e Dakar.
Os outros dois navios tinham a função de auxiliar e de escolta.
A 3 de Dezembro de 1916 aconteceu o
primeiro ataque à Ilha da Madeira, através de um torpedeamento de navios
fundeados na baía do Funchal e de um bombardeamento à cidade. Os
prejuízos matérias e humanos foram elevados, saldando-se no afundamento
de quatro navios, a canhoneira francesa
"Surprise"
de 680 toneladas, o
porta-submarinos francês "Kanguroo"
de 2.493 toneladas pertencente à casa Scheneider, o lança cabo submarino inglês "Dacia" de 1.856
toneladas e a barcaça
portuguesa que estava a abastecer o "Surprise" de carvão.
Neste ataque morreram
33 membros das tripulações
estrangeiras e 8 portugueses que trabalhavam na empresa Blandy que
detinha o negócio do carvão.
O ataque alemão teve início às 8:30 horas da manhã com o torpedeamento
dos três navios das forças aliadas e uma barcaça de transporte de
carvão, respectivamente, por ordem de
torpedeamento, a
"Surprise", a barcaça, o "Kanguroo"
e
o "Dacia", quando estes se encontravam
ancorados no Porto do Funchal.
O torpedo que atingiu o "Surprise"
acertou-lhe a meia nau, na altura do paiol de munições, partindo-o ao
meio e fazendo-o submergir em menos de um minuto, causando a morte do comandante Capitão Ladonne, outros dois oficiais,
Carvallo e Blic, e 26 outros membros da tripulação. A
barcaça que se encontrava amarrada à canhoneira também se afundou, tendo
morrido oito homens e ficado feridos quatro que se encontravam a
carregar carvão na "Surprise". Existe uma bóia de salvação da
canhoneira no museu da Liga dos Combatentes da Grande Guerra, peça de
inventário n.º 479.
O "Kanguroo", que se encontrava
fundeado na baía do Funchal desde 24 de Novembro de 1916 para
reparações, fez fogo com uma peça de proa de 65mm, manobrada pelo
próprio comandante da "Kanguroo", tendo disparado 25 tiros sobre o submarino
até o navio se afundar por completo. Existe uma bóia de salvação da
canhoneira no museu da Liga dos Combatentes da Grande Guerra, peça de
inventário n.º 480.
O "Dacia" tinha acabado de chegar ao porto
do Funchal, escoltado pela "Surprise" pelo que se deduz que o submarino
terá vindo em perseguição destes dois navios, uma vez que a "Surprise" e
o "Dacia" tinham chegado ao porto meia hora antes do início do ataque.
O "Dacia" foi torpedeado depois do "Kanguroo", mas afundou-se antes
deste. Neste navio não houve perdas pessoais, porque alertados pelos
torpedeamentos anteriores abandonaram o navio. Existe uma bóia de
salvação da canhoneira no museu da Liga dos Combatentes da Grande
Guerra, peça de inventário n.º 481.
Na baia também estava presente o iate
americano Eleanor A. Percy, que ficou ileso(7).
O submarino executou um bombardeamento à cidade, com cerca de 50 disparos foi feito à distância de
cerca de 2 milhas e que durou até às 11 horas.
Os alvos foram a Bateria de artilharia que se encontrava no parque do
Casino da Quinta da Vigia, a Bateria de artilharia do Forte de São
Tiago, a Estação do Cabo Submarino e os geradores de electricidade.
Algumas das granadas atingiram a casa Blandy, a residência Perestrelo, o
coreto do Jardim Municipal e uma casa de bordados, não tendo causado vitimas para além das
causada no porto. (3)
"SS Dacia antes da explosão 3-12-[1]916."
"SS Dacia no momento da explosão 3-12-[1]916."
"SS Dacia depois da explosão 3-12-[1]916."
"SS Dacia 3-12-[1]916 Madeira"
Durante o ataque as baterias de artilharia de terra ripostaram
logo após o "Kanguroo" ter sido torpedeado, tendo
sido disparados da Bateria do Forte de São Tiago 18 tiros e da Bateria
do parque do Casino da Quinta da Vigia 34 tiros, nenhum deles tendo atingindo o submarino,
por este se encontrar fora do alcance das suas armas.
Submarino alemão U38
que
atacou os navios e a cidade era comandado por
Max Valentiner
e estava equipado com um canhão de 105mm, quatro tubos lança torpedos e
seis torpedos.(1)
Canhoneira francesa "La Surprise". Afundada na Baía do
Funchal a 3 de Dezembro de 1916, pelo U-38
A canhoneira francesa "La Surprise", construída em 1896,
deslocava 680 toneladas, com duas hélices movidas por duas máquinas a
vapor de 900Cv cada. Tinha uma velocidade máxima de 13 nós. Estava
armada com 2 canhões de 100mm, 4 canhões de 65mm e 4 canhões de 37mm.
A guarnição compunha-se de 96 homens(9).
Porta-submarinos francês "Kangoroo". Afundado na Baía do
Funchal a 3 de Dezembro de 1916, pelo U38
Mais tarde o Capitão-de-mar-e-guerra
Artur Leonel Barbosa Carmona, à data capitão do porto do Funchal,
ofereceu ao museu da Liga dos Combatentes da Grande Guerra a cauda do
torpedo que afundou a canhoneira francesa "Surprise", peça de inventário
n.º 545. Esta foi retirada em conjunto com alguns outros destroços do "Surprise"
quando cinco meses mais tarde se fizeram trabalhos de levantamento de
destroços dos navios afundados: "Surprise", "Kanguroo" e "Dacia".
Cauda do torpedo alemão que afundou a canhoneira francesa
"Surprise", em 3 de Dezembro de 1916, na Baía do Funchal.
Catálogo, n.º 545, Museu LCGG, Lisboa
Bóias dos navios afundados "SURPRISE", KANGUROO" e "DACIA",
em 3 de Dezembro de 1916, na Baía do Funchal.
Catálogo, n.º 479, Museu LCGG, Lisboa
Na cidade do Funchal instalou-se o
pânico. Muitas famílias abandoaram as suas casas dirigindo-se para os
subúrbios do Funchal, Monte, S.Roque, s.Martinho, Santo António, Caminho
do Palheiro, etc.. Outros ficaram porque não quiseram abandonar os seus
bens a possíveis pilhagens, ou porque tinham familiares doentes e não
queriam deixa-los. Receou-se que o submarino voltasse à noite, mas tal
não aconteceu. O comércio fechou cedo e durante a noite as ruas foram
patrulhadas por unidades do RI-27 e guardas cívicos. Por ordem do
comandante do Regimento de Infantaria 27 foi determinado que todas as
janelas que estivessem viradas a mar estivessem fechadas durante a noite
e impôs um recolher obrigatório depois das 9 horas(8).
No semanário funchalense "A Verdade",
de 09/12/1916, colocou a questão de onde teria vindo o submarino, tendo
sido insinuado que teria vindo das vizinhas ilhas Canárias, ou de outro
porto espanhol. Foi também alvitrado se existiriam depósitos de
combustível inimigos escondidos nas ilhas Selvagens ou Desertas. Foi
ainda colocada a ideia se teria havido algum navio mercante com pavilhão
neutro que os tivessem ajudado, que foi o que aconteceu na realidade.
Treze dias depois, a 16 de Dezembro de 1916 o submarino
U38 voltou a bombardear o Funchal, não causando qualquer estrago nos
navios que se encontravam fundeados na baía, mas causando o pânico entre
a população.
No mesmo dia
chegou ao porto do Funchal o Cruzador auxiliar "NRP Gil Eanes" que
escoltava o vapor "África" que transportava passageiros com destino a
Angola e Moçambique.
A 27 de Dezembro saiu do Tejo o
Cruzador auxiliar "NRP Pedro Nunes" com destino ao Funchal, onde chegou
a 31 de Dezembro, com um reforço de dois oficiais, seis sargentos, 28
praças e nove peças de artilharia. Foi neste navio que regressaram os
náufragos franceses a Lisboa, a 4 de Janeiro de 1917.
A Viagem do U-38
O submarino U38 zarpou da sua base
austríaca de Cattaro no mar Adriático, actualmente Kotor no Montenegro.
O ataque ao Funchal visto pelo Comandante
do submarino Max Valentiner
Do seu livro "La Terreur
des Mers: Mes Aventures en Sous-Marin 1914-1918", 1931, Trad. Francesa P. Teillac
(Capitão-de-fragata), Capítulo XIV.
Chegámos ao Funchal, a capital da Madeira, um domingo de
manhã10.
Um grande vapor estava diante a entrada, à espera
manifestamente de um piloto. Eu permaneci a uma distância considerável e
eu mergulhei quando o dia nasceu. Um barco piloto saiu do porto e
conduziu o vapor através do caminho entre a barragem de minas à entrada
do porto. Na verdade eu não sabia se existiam minas, mas eu tinha que
supor a sua existência. Ao me aproximar do porto eu observei um pouco a
paisagem. Eu já a conhecia desde o tempo em que como cadete, em 1902, eu
tinha passado horas agradáveis e eu lembro-me bem: à minha esquerda uma
rocha íngreme com um forte na cimeira, na encosta íngreme a cidade do
Funchal, desde o mar à crista do monte viam-se casas em nichos dentro de
jardins, muita verdura, um quadro encantador.
Mas fiquei muito decepcionado com o que vi no porto:
esperava encontrar um esquadrão britânico e pensava como eu iria
torpedear os oito cruzadores, enviando-os ao fundo e realizando um feito
que faria sombra ao próprio Weddigen11.
Mas no porto não havia mais que um grande seis mastros
americano, ao qual eu não tinha direito a fazer nada, porque ele era
neutro, e atrás dele um pequeno cruzador12
francês o Surprise, depois ao lado deste o vapor que eu tinha visto
entrar. Este teria cerca de 6.000 toneladas e chamava-se Dacia. À frente
do Dacia encontrava-se o Kanguroo, um navio que servia para transportar
submarinos no seu interior. Estes quatro navios estavam dispostos de tal
maneira que se os ligássemos por uma linha formavam os quatro vértices
de um quadrado.
Mas antes de chegar eu caí dentro de um grupo de numeroso
de pequenos barcos que tinham ancorado ao largo do porto para pescar.
Isso incomodou-me. Fiquei com medo de passar junto às cordas das redes e
das âncoras e de ficar preso a um dos barcos.
Foi obrigado a pegar no periscópio para manter a visão e
manobrar dentro daquela confusão. Eu passei a menos de dois metros de um
desses barcos de pesca. Eu vi de frente um português com a cara
bronzeada. Ao mesmo tempo ele via o periscópio. De terror ele ficou de
boca aberta e com uma expressão indescritível que eu jamais esquecerei.
Então ele começou a chorar e assustou os seus colegas. De seguida os
pescadores largaram as amarras e remaram com todas as suas forças para o
porto.
Para mim era tempo de agir se não queria ser descoberto
no momento final. Aumentei a velocidade e fiz rumo à popa do navio
americano. Este navio encobria a Surprise. Todos os torpedos foram
preparados13. Chegado a trás do
navio americano, eu pude ver claramente a Surprise. Ela estava a 500
metros de mim. Ao longo do seu costado encontravam-se barcaças de
carvão. Ela estava ocupada a carregar diamantes negros. Eu apontei,
segurando a mira exactamente sobre o seu meio e carreguei no botão de
disparo. O submarino vibrou e o torpedo partiu.
Então eu virei em direcção da
Dacia e quis dispara-lhe um torpedo obliquamente pela frente; mas
o ângulo era muito apertado e a distância demasiado curta para fazer a
correcção. Eu continuei a rodar lentamente. Então a minha ré ficou
exactamente virada para o meio da Dacia. Durante esta viragem de 180
graus, foi produzida uma violenta detonação que soou como música aos
meus ouvidos. A Surprise foi atingida em pleno meio, provavelmente nos
paióis de munições, afundando com
uma barcaça após a explosão.
O espectáculo foi tão impressionante
eu que quase esqueci o Dacia.
Eu pressionei de novo
o botão de disparo, nova vibração.
A minha posição relativa ao Kanguroo
estava tal, ao momento do segundo disparo, que foi obrigado a rodar mais
180 graus. O torpedo alcançou igualmente o Dacia. Enquanto este vapor se
afundava, a sua guarnição precipitou-se sobre a peça da ré e começou a
disparar sobre o meu periscópio.
Mas tudo isso não serviu de nada a
minha proa estava já dirigida para o meio do Kanguroo, lancei então o
meu terceiro torpedo. A equipagem do Kanguroo viu chegar o monstro;
ordenou o abandono do navio e já se encontravam nos salva-vidas quando o
torpedo bateu no meio do navio.
O Kanguroo afunda muito rapidamente
como os outros dois.
Depois desses três lançamentos,
Wendlandt subiu à cabine e perguntou-me se os navios eram assim
verdadeiramente tão grandes e se os disparos iam continuar.
Naturalmente que durante um ataque somente o comandante observa através
do periscópio. Todos os outros executam prontamente as ordens do
comandante, esperando desde a proa à popa as informações sobre o que se
passa. Naturalmente que durante o ataque o comandante tem de concentrar
o seu pensamento e a maior parte do tempo não pode satisfazer a
curiosidade compreensiva da guarnição. Infelizmente não existiam
mais objectivos para puder responder à pergunta.
Mas entretanto os fortes portugueses
que se encontravam repartidos sobre os altos ao longo da cidade
apontavam e disparavam cegamente sobre a água. A Dacia ficou afundada a
uma profundidade que a plataforma do seu canhão emergia da água e a sua
peça continuava a disparar. Mas eu já não tinha mais nada a fazer no
porto; Eu saí então pelo caminho que tinha tomado para vir. Então vim à
superfície, eu encontrava-me a 7.000 metros da cidade.
Todos os canhões dos fortes
recomeçaram a disparar, mas os portugueses não tinham se não velhos
canhões. Só um é que poderia chegar perto do U-38, todos os outros
disparavam demasiado curto.
Em Pola o U-38 tinha recebido em
substituição das suas duas peças de 88mm, uma peça de 105mm. Eu respondi
então ao fogo dos fortes, tirando alternativamente obuses perfurantes e
explosivos com o fuso regulado de maneira a explodir sobre os fortes.
Uma saraivada de balas se abatia em forma de cone sobre o forte,
semeando ao seu redor a destruição.
Eu não disparei mais que alguns tiros
após os fortes terem cessado fogo. Eu igualmente silenciei a minha peça.
Contudo, lá no alto no forte à
esquerda viu-se uma forte explosão. Vimos pedaços de rocha a rolar
encosta a baixo até ao mar.
Assim o U-38 saiu vitorioso do
combate14.
1917
Inauguração do
Monumento às Vítimas da Guerra
No ano seguinte,
por subscrição pública
promovida pelo Banqueiro Henrique Vieira de Castro, foi levantado um
monumento aos mortos na manhã de 3 de Dezembro de 1916, no Cemitério de
Nossa Senhora das
Angústias, São Martinho, Ilha da Madeira, o qual foi inaugurado no dia 3 de
Dezembro de 1917.
No acto inaugural, o monumento
encontrava-se envolto nas bandeiras de Portugal, da França e da
Grã-Bretanha, em memória do ataque alemão e em homenagem às vítimas dos afundamentos da
"Surprise"
e da barcaça portuguesa, mortos no porto do Funchal.
A escultura colocada no monumento é da responsabilidade do
Escultor Francisco Franco. Nesta observa-se uma grande proximidade plástica com o trabalho
de Rodin, em particular e em comparação com a escultura "L'Enfant Prodigue", pela
intensidade dramática e capacidade de síntese formal.
A escultura foi fundido no Funchal, Fundições Rua 5 de Junho,
em 1917.
2º Ataque Alemão à Ilha da Madeira
Alguns dias depois da inauguração do
monumento, a 12 de Dezembro de 1917, a cidade do Funchal foi novamente
bombardeada. O ataque iniciou-se às 6h e 20mn e durou cerca de 30mn.
O submarino bombardeou uma área dispersa da cidade com cerca de 50 tiros
para terra e ao
contrário do bombardeamento do ano anterior anterior causou a morte de 5 pessoas e
ferimentos a 30
outras. Uma das granadas caiu na Igreja
de Santa Clara
onde feriu o
Padre Abel da Silva Branco que se encontrava a celebrar
missa. Não se encontra identificado o submarino alemão.
No museu da Liga dos Combatentes da
Grande Guerra, peça de inventário n.º 478, encontra-se um estilhaço de
granada disparada pelo submarino alemão nesta ocasião.
1918
A Promessa à Nossa
Senhora do Monte
Era um momento
crítico da Grande Guerra, onde havia
fome, luto e deslocações na ilha. Na
sequência do bombardeamento ao Funchal, em Dezembro de 1917 por um submarino alemão,
o povo do Funchal fez a promessa de que se a paz
voltasse, os ilhéus ergueriam uma nova estátua em homenagem à Senhora do
Monte, o que veio a se construído dez anos mais tarde.
O monumento é neo-romântico
assentando num pedestal com quatro colunas romanas e na base um
baixo-relevo em bronze retractando a aparição da Virgem aos pastorinhos
na Fonte da Telha. A base é envolta por um terço do rosário composto por
correntes de navios torpedeados no porto do Funchal e pedras da ribeira
de Santo António.
Juntamente com este monumento,
no sítio do Terreiro da Luta, foi
construído uma
Capelinha dedicada à Nossa Senhora da Paz,
ou do Ar,
padroeira da Aviação Portuguesa, pelo Padre José Marques Jardim, antigo
pároco do Monte. No seu interior existe um quadro emoldurado da Senhora,
feito com pequenos pedaços de hélices, partidas em desastres da aviação
portuguesa.
Monumento aos Combatentes da Grande Guerra
Funchal
A Missão do
Caça-minas "NRP Celestino Soares"
Partiu de Lisboa a 2 de Fevereiro de
1918, com destino ao Funchal, numa missão de escolta do vapor "África"
que seguia com presos a bordo.
Ficou fundeado no porto do Funchal
com missão de patrulha e vigilância entre as Pontas do Garajão e do
Pargo, regressando ao Funchal diariamente. A 11 de Fevereiro, junto à Ponta de
São Lourenço encontrado uma chalupa com duas baleeiras que traziam 37
náufragos de um navio mercante inglês que tinha sido afundado a 8 de
Fevereiro por um submarino alemão, ali perto.
(5)
É interessante saber que
houve uma solicitação do Governador Civil do Funchal ao comandante do "NRP
Celestino Soares", 1º Tenente Monteiro de Barros, para que não atacasse
os submarinos, a fim de que estes não viessem a fazer represálias sobre
a cidade, situação que não pode receber acolhimento por parte da
marinha. O medo da população de voltar a ser bombardeada levou a que
inclusivamente existissem conflitos com a guarnição do "NRP Celestino
Soares", quando esta se deslocava a terra em licença.(4)
Entre 12 e 14 de Fevereiro ficou
fundeada no Porto Moniz, tendo então regressado ao Funchal para levar os
náufragos recolhidos de uma barca italiana afundada por um submarino
alemão.
Já fundeada no Funchal , a 23 de
Fevereiro efectuou um exercício de tiro que alarmou o Funchal e levou a
que os três patrullhas,
"NRP
Dory", "NRP Dekade I" e "NRP Mariano de Carvalho",
saíssem ao seu encontro para o auxiliarem, pensando que se tratava de um
ataque de submarinos.
A Armada no Funchal entre 1916
e 1918
Estiveram fundeados no Funchal os
seguintes navios:
Cruzador auxiliar:
"NRP Gil Eanes": (15 de Dezembro de
1916 a 4 de Janeiro de 1917)
"NRP Pedro Nunes": (29 de Dezembro de
1916 a 2 de Janeiro de 1917)
Aviso:
"NRP 5 de Outubro": (10 de Julho de
1917 a 31 de Julho de 1917)
Contratorpedeiro:
"NRP Tejo": (18 de Novembro de 1917 e
23 de Novembro de 1917); (16 de Julho 1918 a 20 de Julho de 1918)
"NRP Douro": (2 de Outubro de 1917 a
8 de Outubro de 1917)
Canhoneiras:
"NRP Beira": (12 de Julho
de 1917 a 17 de
Julho de 1917)
"NRP
Ibo": (17 de Junho de 1918 a 23 de Junho de 1918)
"NRP Mandovi": (6 de Outubro de 1918
a 17 de Outubro de 1918)
Caça-minas:
"NRP Celestino Soares": (4 de
Fevereiro de 1918 a 26 de Fevereiro de 1918)
Escolta:
"NRP República II": (20 de Dezembro
de 1917 a 26 de Dezembro de 1917)
Navios Aliados entre 1914
e 1918
"HMS Argonaut",
Cruzador de 1ª Classe: (Fundeado entre Agosto de
1914 e Outubro de 1914), (Em missão entre a Madeira
e os Açores entre Novembro de 1914 e Setembro de
1915)
"HMS Europa",
Cruzador de 1ª Classe: (Em missão entre a Madeira e
as Canárias entre Agosto de 1914 e Janeiro de 1916)
"HMS Amphitrite",
Cruzador 1ªClasse: (Em missão entre a Madeira e Cabo
Verde entre Agosto de 1914 e Junho de 1915)
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