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A Aviação Naval
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A aviação naval, conhecida
à data como "aviação marítima" foi criada por Decreto, em 28 de Setembro
de 1917. Este mesmo Decreto estabeleceu a criação do Centro de Aviação
Marítima de Lisboa, ou seja, a estação aeronaval do Bom Sucesso, a qual
ficou subordinada à Base Naval de Lisboa. Até 1925 a aviação naval não
brevetava em Portugal os seus pilotos, pelo que a instrução era dada
então nas escolas de St. Raphael (França), S. Diego (Estados Unidos da
América) e Portorose (Itália).
Era então pretensão da Armada, consubstanciado nas
conversações efectuadas entre o governo português e o governo francês,
realizar a construção de uma segunda estação aeronaval no Algarve, junto
à ilha da Culatra, mas a falta de pessoal especializado e a demora na
construção dessas instalações inviabilizaram o projecto.
Estrategicamente estas instalações iriam apoiar o grupo naval,
francês, inglês e português que patrulhavam a costa Sul de Portugal e a
entrada do Mar Mediterrâneo.
Na sequência das mesmas negociações
com França, foi estabelecida a criação de uma estação aeronaval no
Norte de Portugal, mais propriamente em Aveiro, a qual se tornaria
um certo de aviação francês, subordinada à Base Naval de Leixões.
Mais tarde, em Março de 1918 foi criado um centro aeronaval nos Açores, na Ilha de
S. Miguel, subordinado à Base Naval de
Ponta Delgada, mas desta vez em cooperação com o governo americano. |
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Estação Aeronaval do Bom Sucesso (Lisboa)
A estação aeronaval do
Bom Sucesso iniciou as suas operações em 24 de Dezembro de 1917, com
dois aparelhos F.B.A. Tipo B, um dos quais se encontra preservado no
Museu de Marinha em Lisboa, modelos de dois lugares e motor rotativo de
100 hp., que garantiram missões de
reconhecimento na busca de minas e submarinos. Este modelo manteve-se
operacional em Portugal, França e Itália até ao final da guerra. As
aeronaves desta estação tinham como campo operacional o patrulhamento
entre o Cabo Espichel e o Cabo da Roca, chegando cobrir uma área até 20 milhas da costa
na procura de submarinos e navios inimigos.
Em 1918 a
Estação foi dotada de dois aparelhos Tellier T3, de três lugares com
motor rotativo de 200 hp. e capacidade de transporte de 70 Kg de bombas, os quais já
possuíam autonomia para fazer missões de reconhecimento costeiro e
combate anti-submarino até Aveiro ou
Sagres . Um destes aparelhos, o nº5, desapareceu
no mar em missão de combate em 23 de Agosto de 1918.
Em Agosto de 1918 a Estação Naval recebeu mais seis
aeronaves Donnet-Denhaut DD8, de três lugares com motor rotativo de
200hp., capacidade de transporte de 100 Kg de bombas e disponham de
comunicação TSF, os quais também garantiam igual capacidade
operacional aos Telliers.
No final do conflito, 11 de Novembro de 1918, a
Estação Aeronaval do Bom Sucesso encontrava-se equipada com, três F.B.A.,
um Tellier e dez D.D.8. |
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Estação Aeronaval de S. Jacinto (Aveiro)
A Estação Aeronaval de S. Jacinto ficou concluída a 1 de Abril de 1918, tendo a
missão inaugural sido realizado em 9 de Maio. Era dirigida pelo tenente
piloto aviador da marinha francesa Maurice Larrouy, acompanhado por um
corpo de aviadores e mecânicos franceses, existindo também oficiais
aviadores (1ºTenente Tavares da Silva) e praças da Armada Portuguesa.
A
decisão de utilizar São Jacinto como base dos hidroaviões esteve na
possibilidade de utilizar o espelho de água da Ria de Aveiro como pista
operacional. Os oito hidroaviões francesas que compuseram a força
aeronaval francesa chegaram a Portugal através do porto de
Leixões, tendo sido desembarcados e transportados por terra, puxados por
juntas de bois através das areias do litoral até São Jacinto.
(3)
Os aparelhos de que os franceses estavam equipados com TSF, que
comunicava com um posto montado na Estação Aeronaval. Como missão tinham
o patrulhamento e defesa das águas territoriais e costa portuguesas,
desde a foz do rio Minho (fronteira com Espanha) até à foz do rio
Mondego, na Figueira da Foz .
Na sua actividade militar
registaram, nos serviços prestados, para além de patrulhas e apoio a
comboios e navios mercantes, missões de combate:
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Em 11
de Maio, assinalou a presença de um submarino alemão a 5 milhas a Sudoeste do farol de Aveiro,
tendo conseguido abrir o caminho aos navios do bacalhau que saiam para a campanha daquele ano;
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Em 5
de Setembro, localizou dois submarinos inimigos, um dos quais
tinha bombardeado o navio “Desertas”, do ataque efectuado pode ter
resultado o afundamento de um dos submarinos;
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Em 13
de Setembro, localizou e atacou um submarino alemão a 20 milhas da costa de
Aveiro.
Esta estação foi equipada inicialmente com oito
Donnet-Denhaut DD8, idênticos aos utilizados na marinha portuguesa e
mais tarde receberam um reforço de dois Georges-Levy G.L. 40-HB2,
de três lugares com motor rotativo de 280 hp., capacidade de transporte
de 150 Kg de bombas e disponha de comunicação TSF. Todos os dez
aviões estiveram operacionais desde Abril de 1918 até ao Armistício.
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Estação Aeronaval
da Culatra - Em projecto (Algarve)
Por convenção realizada com o
Governo Francês, em Setembro de 1917, deveriam ser instaladas duas estações
aeronavais francesas no continente, a de São Jacinto (Aveiro) e a da
Culatra (Algarve), no entanto, e
apesar de vária iniciativas nesse sentido, por falta de pessoal
especializado e demora na construção das infra-estruturas não se
chegou a activar a estação aeronaval do Algarve até ao fim do conflito1.
A Ilha da Culatra, também conhecida localmente por "Ilha
dos Hangares" fica ao concelho de Faro, mas é através de Olhão que o
acesso à Ilha se faz de forma mais privilegiada, estando integrado no
Parque Natural da Ria Formosa, esta faz parte do conjunto de ilhas que
delimitam a Ria e a protegem do Oceano Atlântico.
Apesar de parcialmente construído ainda chegou a ter
alguma utilização no final da guerra, mas com o fim da mesma em Novembro
de 1918 a Estação Aeronaval do Algarve nunca chegou a ser oficialmente
inaugurado. Posteriormente as instalações foram utilizadas como
infra-estruturas de apoio à zona do campo de tiro da Marinha ali
instalado.
A
decisão de implantar na Ilha da Culatra a base dos hidroaviões esteve
ligada à possibilidade de utilizar o espelho de água da Ria Formosa como
pista operacional e ainda o farol de navegação marítima instalado na
ilha. A Estação estava equipada com um posto de TSF para comunicação com
os aparelhos de patrulha que também estavam
equipados com TSF.
Edifício do Posto de Comando da
Estação Aeronaval da Culatra
Como missão tinham o patrulhamento e defesa das águas territoriais e costa portuguesa,
desde a foz do Rio Guadiana (fronteira com Espanha) até à ponta de
Sagres, e ainda a
luta anti-submarina.
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Estação Aeronaval de S.
Miguel (Ponta Delgada - Açores)
A Marinha dos Estados Unidos levando em consideração a
posição estratégica que apresentava o Arquipélago dos Açores, negociou
no início em 1918 com Portugal facilidades para a instalação de uma Base
Aeronaval, em Ponta Delgada.
Em Março de 1918 equipou a sua Base com quatro
aeronaves tipo Curtiss HS-1L e HS-2L, de 3 lugares com motor rotativo de
200 hp., capacidade de transporte de 100 Kg de bombas e disponha de
comunicação TSF, os quais tinham como missão reconhecimento,
escolta e luta anti-submarina. Manteve este efectivo até ao final da
guerra. |
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Estação Aeronaval
do Faial - (Faial - Açores)
A Marinha dos Estados Unidos também
entrou em negociações para a colocação de uma infra-estrutura aeronaval
na ilha do Faial, tendo chegado a enviar quatro aparelhos não chegaram a
ser utilizados por entretanto se ter assinado o Armistício a 11 de
Novembro de 19182.
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Notas
-
Martins(1934), p. 278.
-
Martins(1934), p. 278.
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http://clientes.netvisao.pt/boinaverde/sj.htm (12/08/2011)
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Links
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Bibliografia
- Lopes, Mário Canongia e José
Manuel Rodrigues Costa(1989), "Os Aviões da Cruz de Cristo", Lisboa,
Dinalivro
- Munson, Kenneth, (2004), "Bombers, Patrol and
Reconnaissance Aircraft - 1914-1919", London, Bounty Books,
(ISBN:075370918X)
- Martins,
Ferreira (1934), "Portugal na Grande Guerra", Vol. II, Lisboa, 1º ed.,
Empresa Editorial Ática
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