
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A Defesa da Costa Marítima de
Portugal Continental e Ilhas
A defesa das costas marítimas de Portugal e Ilhas adjacentes era
garantida pela Base Naval de Lisboa, Estações Navais de Leixões e Lagos,
Estações Navais de Ponta Delgada
e Horta (Açores), Estação Naval do Funchal (Madeira) e Estação Naval de São Vicente (Cabo Verde). Para além das frentes de
combate em África e na Europa, o Atlântico representou um igual esforço
de guerra, com sacrifícios e perdas de vidas humanas, o qual muitas
vezes continua a ser esquecido pelos historiadores portugueses.
Os sucessivos governos portugueses mantiveram uma
posição de não-beligerante relativamente ao teatro de guerra europeu e uma vez que
uma declaração de neutral era impossível, já que Portugal estava a ser atacados por
topas coloniais alemãs em África, a não declaração de guerra à Alemanha,
em Agosto de 1914 que se arrastou até Fevereiro de 1916, foi uma
oportunidade política perdida por não ter sido efectivamente utilizada
para implementar o Plano Naval ou reforçar os meios navais por outra
forma.
Por Portugal não se ter declarado
neutro os seus navios mercantes foram alvos electivos dos
submarinos alemães, que os alvejaram a tiro de canhão ou os afundaram a
torpedo. Esta posição indefinida fez perder as prerrogativas
que uma neutralidade lhe oferecia ao abrigo do direito internacional,
nomeadamente à defesa das rotas
marítimas com as colónias. Para Portugal uma declaração de neutralidade
já seria um caso único, uma vez que já tinha declarado anteriormente a neutralidade
no conflito da Guerra de Cuba, em 1898, entre os Estados Unidos e a
Espanha, mas assumiu erradamente ter a possibilidade de usufruir na posição de "não beligerante"
com o usufruto desses
mesmos direitos.
Até Fevereiro de 1916 os governos
portugueses esperavam salvaguardar o
espaço territorial das suas águas com a posição de não-beligerante,
que para a Alemanha não tinha o significado de neutralidade, reforçada
na confiança que depositava na superioridade da marinha de guerra britânica.
Até à Declaração de Guerra
por parte da Alemanha, Portugal apresentava a seguinte política de não
beligerância, que não era mais do que a aplicação dos pressupostos de actuação
publicados no Decreto publicado em 29 de Abril de 1898, quando da
declaração de neutralidade no conflito da Guerra de Cuba:
-
#1: As embarcações de guerra de qualquer das potências
beligerantes não praticariam dentro dos portos e águas de Portugal, acto
algum de hostilidade contra embarcações ou nacionais de qualquer outra
potência, mesmo daquela com a qual estejam em guerra;
-
#2: Nos mesmos portos e águas as referidas embarcações
não poderiam aumentar a sua tripulação, alistando marinheiros súbditos
(ou cidadãos) de qualquer nação, ainda mesmo daquela a que pertencessem
as embarcações;
-
#3: Era igualmente proibido às mesmas embarcações
aumentarem nos mencionados portos e águas o número, ou calibre do seu
armamento e receber a bordo armas portáteis ou munições de guerra.
Em Fevereiro de 1916, a Marinha de
Guerra consubstanciou a intervenção activa no teatro europeu da Grande Guerra,
a sua organização e comando foi entregue ao Comandante Leote do Rego.
O Comandante Leote do Rego foi um homem de grandes qualidades
de comando e que sobrepondo-se às questões políticas que eram
transversais no período, dominou o comando da Marinha de Guerra e se fez
cercar pelos melhores colaboradores. Foi o mentor da organização da
Defesa Naval e com o seu espírito combativo conseguiu converter a
Marinha de Guerra, num dos principais pilares da defesa nacional,
incluindo o reforço defensivo terrestre com a sua participação no sistema defensivo do Campo
Entrincheirado de Lisboa.

Capitão-de-fragata Jaime Daniel Leote do Rego
Leote do Rego acreditava que a Marinha
portuguesa devia ser autónoma na capacidade de concretizar as acções de
guerra, tendo para isso formado equipagens nacionais na especialização
de barragens e rocega de minas, com o auxílio de uma equipa de três
técnicos ingleses liderados pelo Vice-almirante William de Salis, que as
capacitou a efectuarem os serviços barragens e rocega de minas de forma
independente. A sua força e capacidade de comando impôs uma
independência total do comando da defesa naval nacional do comando naval
britânico, sem nunca se ter questionado o bom relacionamento e
cooperação coma Marinha britânica. Manteve-se à frente dos
destinos da Marinha de Guerra até ao movimento revolucionário
de 5 de Dezembro de 1917, chefiado por Sidónio Pais, data em que foi
exonerado.
A Divisão Naval foi extinta e todos os serviços de defesa
marítima do Continente e Ilhas passaram para a Majoria General da Armada,
sob o comando do Capitão-de-mar-e-guerra Júlio Galis, com a denominação Major General da Armada. Não existiram grandes diferenças na condução da acção da
Marinha de Guerra, tendo-se continuado a mesma orientação seguida na
Divisão Naval.
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Base Naval de Lisboa
A Base Naval de Lisboa compreendia, para além dos serviços centrais
administrativos, a Divisão
Naval e Aviação Naval e a Superintendência do Serviço Naval de Defesa
Marítima, criada por decreto de 17 de Abril de 1916, à qual competia a
defesa da Barra de Lisboa por intermédio dos seguintes organismos:
Barragens, Pilotagem, Submarinos, Lança-minas, Batarias de Costa e Postos de
Vigilância.
Em Dezembro de 1917 foi adicionado mais um serviço, o Serviço de Fiscalização das Docas,
chefiado pelo Capitão-de-fragata Moreira Rato.
O
Serviço de Barragens - Componha-se de duas linhas de barragem
anti-submarina, uma externa sob a supervisão do Vice-almirante inglês
William de Salis e uma
interna sob supervisão da Divisão Naval.
O Serviço de Patrulhas -
Compreendia as Patrulhas de Alto-mar, que também prestavam escolta aos
comboios à navegação entre o Continente, Ilhas Adjacentes e Cabo Verde
e as Patrulhas Auxiliares.
No Funchal costumava permanecer fundeada uma patrulha de alto-mar para aquele efeito.
O Serviço de Vigilância - Na barra de Lisboa o serviço de vigilância era permanente, de dia e de
noite, feito por dois grupos de patrulhas distribuídos por duas zonas:
a zona Norte da Barra – Cascais, Cabo Raso e Cabo da Roca – e a zona Sul
– Espichel e Sesimbra.
De início as patrulhas estavam organizadas em 3 Divisões, servindo de
divisionários os contratorpedeiros “NRP Guadiana” e “NRP Douro” que depois
passaram ao serviço de comboios para França, e a canhoneira “NRP Limpôpo”.
As patrulhas eram constituídas por um grupo de combate de dois navios, geralmente
vapores de pesca mobilizados, navegando normalmente à distância de 400
metros, que se rendiam no mar de três em três dias, e cujo serviço era
regulado por instruções muito meticulosas provenientes do comando da
Divisão Naval. Os patrulhas auxiliares foram utilizados inicialmente
para a patrulha do triângulo delimitado entre a Barra do Tejo, Cascais e
Belém. Mais tarde o serviço de vigilância foi estendido à zona entre o Cabo Raso
e Setúbal.
O
Serviço de Dragagem de Minas - Desde a Declaração de Guerra da Alemanha que
a contra-espionagem inglesa informava que estavam a ser lançadas minas
na foz do Tejo, por submarinos e navios mercantes neutros a soldo dos
alemães. A partir de Abril de 1916 iniciou-se o serviço de rocega de
minas. O processo era formado por dois caça-minas "em parelha".
O
Serviço de Lançamento de Minas - O Campo Entrincheirado em 1916 não
dispunha de meios suficientes para garantir o lançamento de minas,
"Torpedos Fixos", com o vapor "Mineiro", pelo que em Maio de 1916
incorporou o "NRP Sado", antigo "Pluto" como lança-minas. Este podia
fundear 180 minas por hora numa linha de 4,5 milhas, distanciadas de 400
metros. O serviço não se manteve permanente durante a Grande Guerra,
tendo inclusivamente terminado em Setembro de 1918, quando o "NRP Sado"
passou para a Marinha Mercante.
Competia, ainda, à Marinha o complemento naval do sistema de defesa do
Campo Entrincheirado de Lisboa, que no mar era composto pelo cruzador "NRP Vasco
da Gama", que funcionava como uma bateria flutuante, contra ataques
marítimo. Em complemento a esta unidade naval existia o apoio do Serviço de Torpedos Fixos (minas
marítimas) e a esquadrilha de torpedeiros composta por quatro navios
rápidos de superfície. Em parte a função defensiva dos torpedeiros foi substituída
em 1917 pela
esquadrilha de submersíveis.

Esquadrilha de
Torpedeiros
A Esquadrilha de Torpedeiros tinha
dois tipos de navios de modelos muito parecidos, uma vez que todos foram
construídos nos mesmos estaleiros Yarrow, em Inglaterra e quase de
seguida.
O torpedeiro "N.º 1", anteriormente designado "Espadarte" antes
da aquisição do submarino que veio a receber este nome, tinha 36m,
um deslocamento de 54T derivado de um motor de 700hp, velocidade máxima
de 19 nós, uma tripulação de 20 homens e um armamento de 2 metralhadoras
e dois tubos lança-torpedos. Os torpedeiros "N.º 2", "N.º 3" e "N.º 4",
tinham apenas a diferença de terem um deslocamento de 66T, e uma
tripulação de 22 homens.
Esquadrilha de
Submarinos
A Esquadrilha de Submarinos também
apresentava dois tipos de submersíveis, o "NRP Espadarte" (E), com um
comprimento de 45m, um deslocamento à superfície de 245t e um
deslocamento de 300t em imersão, uma velocidade de 14 nós à superfície e
8 nós em imersão, uma tripulação de 21 homens e um armamento de 2 tubos
lança-torpedos com 4 torpedos. os outros três submarinos, referidos como
classe "Foca", o "NRP Foca" (F), "NRP Golfinho" (G) e "NRP Hidra" (H),
apresentavam apenas uma diferença na capacidade de deslocamento.
Estes
submersíveis apresentavam uma capacidade de imersão até 40m de
profundidade. Os submersíveis executavam patrulhas de três dias,
estando um submarino em patrulha de cada vez. O "NRP Espadarte" não
participou nesta escala de patrulhas uma vez que teve de entrar em
reparação prolongada no Arsenal da Marinha durante o ano de 1918. Cada
cruzeiro de vigilância durava em média 80 horas, com três períodos de
imersão, com uma duração total de 25 horas, navegando cerca de 110
milhas à superfície e 45 milhas em imersão.(2)
As patrulhas auxiliares eram constituídas por gasolinas tripulados por
pessoal da secção de A. D. M. e que foram empregues de começo, e durante
um certo tempo, na barra entre Cascais e Belém. Mais tarde, foi
estabelecido um serviço de assistência a pescadores, prestado por
pequenos vapores armados, na zona entre o Cabo Raso e Setúbal. Acrescia
a existência de um navio de vigilância junto das barragens interiores,
de caldeiras acesas e pronto a largar a amarra por mão em caso de
urgência, que também tinha por missão fiscalizar os navios em
trânsito.

O principal perigo advinha dos
submarinos (cruzadores ou lança-minas). Os navios da Divisão Naval não
cessaram de rocegar minas todos os dias e na vésperas de saída de
qualquer navio, em especial dos que conduziam tropas para França,
existia um redobrar do trabalho. Por bastantes ocasiões as autoridades
marítimas interceptaram radiogramas enviados para Espanha, nas vésperas
de transporte de tropas.
A
infra-estrutura da Base Naval de Lisboa
Quando se iniciou a Primeira Grande
Guerra em Agosto de 1914, em Portugal não existia um local que
concentrasse todas as funções de uma Base Naval, encontrando-se as
instalações dispersas por vários pontos das duas margens do rio Tejo.
A Principal instalação o Arsenal da
Marinha de Lisboa e a Doca da Marinha de Lisboa, ficavam ambas juntas do
Terreiro do Paço.
Nestas mesmas instalações ficava a
Intendência da Marinha de Lisboa e a Escola Naval. Aí se fazia a
construção e reparação de navios e ainda se encontrava instalado um
observatório astrólogo. Era nas instalações do Arsenal da Marinha de
Lisboa que se encontrava a sala de desenho dos navios, a chamada Sala do
Risco, que veio a sofrer um grava incêndio em 1916, sobre o qual ficaram
grandes suspeitas de terem sido resultado de uma sabotagem provocada por
espiões alemães.
Docas do Arsenal da Marinha, junto ao
Terreiro do Paço (Lisboa)
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Docas do Arsenal da Marinha, vista
aérea (Lisboa)

Sala do Risco antes do Incêndio de
1916
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
A Fragata Paciência encontrava-se no
interior da Sala do Risco. Era utilizada para treino dos alunos da
Escola Naval
No Arsenal da Marinha foi lançado à
água o primeiro navio de guerra da República, a canhoneira "NRP Beira"
em 1910, e construído o último navio de guerra, a canhoneira "NRP Diu",
em 1928. Com o final da Grande Guerra, Portugal utilizou parte das
indemnizações pagas pela Alemanha para a construção de um Base Naval no
Alfeite, para onde começaram a passar a Intendência da Marinha de Lisboa
e a Escola Naval, a partir de 1928, tendo ficado esta Base Naval
totalmente operacional em 1937.
A montante da Doca do Arsenal de
Lisboa, na margem esquerda do Tejo, em Vale de Zebro, encontrava-se a
Doca dos Torpedeiros, a jusante da Doca do Arsenal de Lisboa o
Quartel do Corpo de Marinheiros em Alcântara e a
Escola de Torpedos Fixos e Electricidade da Marinha em Paço de Arcos.
Em conjunto, o Arsenal da Marinha, a Doca da Marinha de Lisboa, a Doca
dos Torpedeiros, o Quartel da Marinha e a Escola de Torpedos Fixos
constituíam a Base Naval de Lisboa.

Torpedeiro na doca de Vale do Zebro
Durante o conflito foram
estabelecidas duas estações navais no Tejo, a Estação de Submersíveis da
Doca de Belém, para albergar os submarinos, e a Estação de Aviação Naval
do Bom Sucesso, também em Belém, para albergar os hidroaviões da
Marinha.

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Estação
Naval de Leixões (Porto)
A defesa da Barra do Douro e de Leixões foi iniciada em 12 de Março de
1916 pelo Chefe do Departamento Marítimo do Norte, Capitão de Mar e
Guerra Cunha Lima, e consistia numa barragem de rede metálica à entrada
do porto de Leixões, uma peça e um projector no Extremo do molhe Sul do
mesmo porto. As redes anti-torpedo utilizadas foram do tipo Bullivan10.
As redes eram fixas numa ponta no molhe norte e móveis na outra através
de um rebocador.
Em Fevereiro de 1917, como os franceses reconhecessem a vantagem de se
estabelecer em Leixões uma Base de abastecimentos para os seus navios em
trânsito, protegendo a navegação aliada no Atlântico, e por acordo
realizado entre os dois Governos, foi estabelecida uma Base Naval
Francesa em Leixões.
Ao mesmo tempo, intensificavam-se os meios de defesa daquela zona
marítima que ficaram constituídos por: uma peça de artilharia S.C.t.r.
150mm/45 ao Norte de Leixões (Rodão); uma bateria de 2 peças A. 150mm/28 ao
Sul do Douro (Lavadores); uma peça de artilharia S.C.t.r. 100mm/45, com
projector, no molhe Sul de Leixões; uma rede metálica móvel, à entrada
do porto de Leixões; canais dragados de minas, e determinados segundo
enfiamentos em terra, para darem com segurança acesso ao porto de
Leixões e à barra. As batarias em terra eram apoiadas por holofotes e um
sistema de vigilância ligado por telefone. Existia ainda uma flotilha de
barcos-patrulha formada por quatro vapores requisitados armados de
cargas de profundidade e peças de 37mm11.
A rocega das minas era feita pelos vapores “NRP Açor” e “NRP Margarida
Victória” (
1.º Tenente Gagean e 2.º Tenente Botelheiro ) que trabalhavam
separadamente empregando o sistema Ronarc’h, dos quais, de começo, só um
era armado com uma insignificante peça de 37mm que apenas servia para
o afundamento das minas rocegadas. É com este fraco armamento que teriam
de se
defender em qualquer possível encontro com um submarino inimigo,
principalmente quando estes navios eram empregues em serviço de escolta a
navios mercantes.
Em Setembro de 1917 encontrava-se montada a Base Naval Francesa de
Leixões que se instalou junto do no Posto de Desinfecção, sob o comando
do Capitão-de-fragata René Nielly, tendo como subalternos, um 1.º
Tenente, um médico, um engenheiro naval e dois comissários.
No mar, dispunham os franceses de 6 patrulhas armados com peças de 75mm
e TSF – chalutiers – :“CYCLONEN”, “FUCHNO”, “HORTENSIA”, “MEDOC”,
“MIMOSA” e “PETUNIA”, e de duas traineiras, “GREVETTE” e “PIEUVRE”.
Estes navios prestaram serviços de patrulha, patrulhando até à altura do
Cabo Finisterra (Norte da Galiza, Espanha), ponto preferido dos
submarinos alemães para atacar a navegação aliada. A Marinha portuguesa
não conseguia acompanhar sistematicamente estes patrulhas franceses em
mares espanhóis devido à falta de meios para defesa dos portos e carência de TSF
nos caça-minas.
As operações de patrulha a partir da Estação Naval de Leixões estavam subordinadas
ao comando do Centro de Aviação Francesa de Aveiro.
A apreensão dos navios neutros em águas nacionais por navios que não
eram portugueses, tornou-se assunto de solução melindrosa, mas que
sempre foi resolvido com tacto e bom entendimento entre as nossas
autoridades navais e as francesas. O Governo francês agraciou alguns dos
nossos oficiais e o Governo português alguns oficiais franceses que
cooperaram nos serviços desta Estação Naval. |
Estação Naval de
Faro
(Algarve)
e a Esquadrilha Fiscal de Costa do
Algarve
O Algarve foi lesado economicamente
com a guerra. Junto ao mar, podiam observar as manobras dos navios de
guerra aliados que combatiam a presença de submarinos alemães por essas
paragens5. O Algarve e todo o
resto do país sofreu durante o período da guerra uma queda nas
importações, que provocaram a carência de matérias-primas, de
combustíveis e essencialmente alimentos. Entre 1915 e 1915, o Algarve
foi forçado a importar bens de Espanha, de Marrocos e inclusivamente de
Gibraltar9.
Na época houve suspeitas de alguns
pescadores algarvios manterem relações comerciais com os alemães e que
existiam alguns indivíduos que afirmavam ser portugueses e de outras
nacionalidades, residentes na província do Algarve, que forneciam
géneros alimentícios para provimento de submarinos inimigos nas costas
do Algarve6.
Em Portimão, em Lagos e em Tavira
durante a guerra a iluminação pública junto ao mar foi reduzida, no
propósito de acautelar qualquer ataque dos submarinos alemães7.
Para defesa das águas algarvias
encontrava-se uma Força Naval estacionada em Faro e mais tarde, a pedido
do Ministro da Marinha Vítor Hugo de Azevedo Coutinho a Governo francês,
começou-se a preparar a instalação de uma estação aeronaval francesa
(Ilha da Culatra), para estacionar uma esquadrilha de 6 hidroaviões, tal
como existia uma outra em Aveiro, mas que não ficou pronta antes do
final do conflito8.
Esta Estação Naval destinava-se
apenas a abrigar os navios da Força Naval que estava destacada para a
zona do Algarve, em missão de controlo e vigilância. Esta apresentava
uma capacidade limitada para efectuar reparações, tendo os navios desta
Estação Naval de se deslocar para o Arsenal da Marinha em Lisboa ou para
a Base Naval Britânica em Gibraltar para efectuar as grandes reparações.
Esta Esquadrilha, com sede em Lagos, acumulou durante a guerra as funções
de fiscalização da pesca com as de vigilância militar no mar. Dela fizeram
parte a canhoneira “NRP Lúrio”, o rebocador “NRP Lidador”, a
lancha-canhoneira “NRP Rio Minho”, o lança-minas “NRP Vulcano”
e o patrulha auxiliar "NRP Carregado”. O caça-minas “NRP Galeo”, que não dependia da Esquadrilha
Fiscal de Costa, mas da Divisão Naval, também se encontrava nas águas do
Algarve, para colaboração com os franceses e ingleses, patrulhando a
costa algarvia
entre o Cabo de S. Vicente e Lagos.
Em 1917, quando se intensificou a guerra submarina, após declaração da
guerra submarina total, os franceses e os
ingleses colocaram permanentemente na zona do Cabo de S. Vicente duas esquadrilhas que
se rendiam de seis em seis dias. A esquadrilha francesa que tinha a sua
base naval em Casa Blanca (Marrocos), compunha-se dos submarinos “Ampére”
e “Papin” e de um caça-minas, e a inglesa com base naval em Gibraltar, composta por um cruzador auxiliar e
dois torpedeiros, que
costumava permanecer na enseada da Baleeira junto de Sagres. O
caça-minas "NRP Galeo"
colaborava, regularmente e alternadamente, com estas duas esquadrilhas.
Só num dia, em 24 de Abril de 1917, o
submarino U35 comandado por Lothar von Arnauld de la Perière,
afundou quatro navios ao largo de Sagres, o "Nordsoen" dinamarquês, o "Bien
Aime Prof. Luigi" italiano, o "Torvore" e o "Wilhelm Krag ambos
noruegueses, e ainda, danificou o "Triana" espanhol no dia 27 de Abril.
Afundamentos na
zona de guerra do Algarve
1916
28/10/1916 |
Torsdal |
25 milhas SE Cabo S. Vicente |
Vapor 3574 ton. |
Inglês |
Afundado por submarino Alemão U-63 |
(1) (2) |
28/10/1916 |
Lenao |
30 milhas Cabo S. Vicente |
Vapor 692 ton. |
Filipina |
Afundado por submarino Alemão |
(6) |
28/10/1916 |
Rio
Pirahy |
60 milhas S Cabo S. Vicente |
Vapor 3561 ton. |
Inglesa |
Afundado por submarino alemão U-63 |
(3) (2) |
28/10/1916 |
Selene |
SE Cabo S. Vicente |
Vapor 3955 ton. |
Italiana |
Afundado por submarino alemão U-63 |
(2) |
29/10/1916 |
Marquis Bacquehem |
N36.17º W08.30' |
Vapor 4396 ton. |
Inglesa |
Afundado por submarino alemão U-32 |
(3) (2) |
08/12/1916 |
Britannia |
N37º18' W10º29' |
Vapor 1814 ton. |
Inglesa |
Navio mercante armado, afundado pelo submarino alemão U-38 |
(3) (2) |
1917
03/01/1917 |
Capricieuse |
14 milhas W Cabo S. Vicente |
Goleta |
Francesa |
Afundado pelo submarino Alemão UC-37 |
(4) (5) |
03/01/1917 |
Fama |
N36º32' W08º43' |
Vapor 2417 ton. |
Norueguesa |
Afundado pelo submarino Alemão UC-37 |
(4) (7) (5) (8) |
04/01/1917 |
Liberte |
Ao largo Cabo S. Vicente |
|
Francesa |
Afundado pelo submarino Alemão UC-37 |
(4) |
04/01/1917 |
Luigi Ciampa |
A SW da costa de Espanha |
Vapor |
Italiana |
Afundado pelo submarino Alemão UC-37 |
(4) (5) |
04/01/1917 |
Seemel |
N36º32' W08º09' |
|
Russa |
Afundado pelo submarino Alemão UC-37 |
(4) |
16/02/1917 |
Rose Dorothea |
N36º50' W08º25' |
Veleiro 147 ton. |
Inglês |
Afundado por submarino alemão U-21 |
(3) (2) |
16/02/1917 |
Mayola |
50 milhas SE por E Cabo S. Vicente |
Veleiro 146 ton. |
Inglês |
Afundado por submarino alemão U-21 |
(3) (2) |
18/02/1917 |
Thomas (SV) |
40 milhas SE Cabo S. Vicente |
132 ton. |
Inglês |
Capturado por submarino e afundado com cargas explosivas pelo
submarino alemão UC-27 |
(3) (2) |
17/03/1917 |
Victoria |
SE Cabo S. Vicente |
Vapor 1271 ton. |
Sueco |
Afundado por submarino alemão UC-67 |
(2) (9) |
24/04/1917 |
Nordsoen |
N37º02' W08º54' |
Vapor 1055 ton. |
Dinamarquesa |
Afundado com cargas explosivas pelo submarino Alemão U-35.
Transportava conservas |
(10) (11) |
24/04/1917 |
Torvore |
N37º02' W08º54' |
Vapor 1800 ton. |
Norueguesa |
Afundado com cargas explosivas pelo submarino Alemão U-35.
Transportava carvão prensado. |
(1) (11) (24) |
24/04/1917 |
Wilhelm Krag |
N37º03' W08º44' |
Vapor 3716 ton. |
Dinamarquesa |
Afundado com cargas explosivas pelo submarino Alemão U-35. |
(10) (11) |
24/04/1917 |
Bienaimé Prof. Luigi |
N36º53' W09º10' |
Veleiro 265 ton. |
Italiana |
Afundado com cargas explosivas pelo submarino Alemão U-35 |
(10) (2) |
27/04/1917 |
Triana |
|
|
Espanha |
Danificada pelo Submarino U-35 |
|
25/05/1917 |
Magnus Manson |
N36º50' W09º45' |
Escuna 1751 ton. |
EUA |
Incendiada e afundada a tiro de canhão pelo submarino Alemão
UC-73 ou U-47(?) |
(6) (2) |
1918
13/07/1918 |
Badagri |
Ao largo do Cabo S. Vicente |
Vapor 2956 ton. |
Inglesa |
Afundou pós ter sido atingido por um torpedo do submarino U-91 |
(1) (2) |
Fontes:
1-
http://www.theshipslist.com/ -
projecto de pesquisa de ascendentes e listas de passageiros
2 - http://www.uboat.net - projecto
de pesquisa histórica sobre todo o tipo de informação relaciondos com os
submarinos alemães durante a I e II guerra mundial
3 -
http://www.naval-history.net/ -
projecto de pesquisa e arquivo sobre a história naval mundial
4 - Diário de bordo (KTB) do UC-37 - microfilme 86 do documento T1022 do
arquivo do NORA (EUA)
5 -Arquivo geral da Marinha Portuguesa - Relatórios da Capitania de
Lagos 1918 e 1919
6 - American Merchant Marine at War -
http://www.usmm.org/ww1merchant.html
7 - HOCKING, Charles - Dictionary of
Disasters at Sea During the Age of Steam - 1824-1962, Lloys's Register
of Shipping, London, 1969
8 -
http://www.skipet.no/ - website da Sociedade Historica Maritima da
Noruega
9 -
http://www.mareud.com/WW_Losses/ww1/shiplist_wwI.htm - World War I
Swedish Ship Losses
10 - "Em busca da história" -
suplemento do número de Novembro de 2005 da revista Planeta D'Água -
Paulo Costa
11 - Diário de bordo (KTB) do U-35 -
microfilme 26 e 27 do documento T1022 do arquivo do NORA (EUA)
Bombardeamentos de
Submarinos a Terra
O
verão de 1917 foi particularmente difícil para os portugueses, uma vez
que os ataques de submarinos alemães eram constantes. O próprio Ministro
da Marinha comunicou ao parlamento português, no dia 4 de Julho de 1917,
que um submarino alemão tinha disparado vários tiros para alvos na
cidade de Lisboa, tendo provocado pelo menos uma morte e um elevado
prejuízo material.
Colaboração Civil com os
Submarinos Alemães
Durante a Grande Guerra de 1914-1918 ocorreram muitos combates nas
costas portuguesas, mas junto a Viana do Castelo, Esposende, Póvoa de
Varzim, Vila do Conde e Matosinhos acontecia uma concentração de
aparições de submarinos alemães que atacavam as embarcações que por lá
circulavam e que causavam pânico às populações.
No momento, enquanto que por todo a faixa costeira se verificava uma
autêntica caça aos submarinos alemães, em Esposende ocorriam episódios
verdadeiramente inaceitáveis enquanto país aliado, uma vez que a este
lugar iam vários submarinos alemães secretamente abastecer-se.
Quando se tornou publico que tal situação estava a ocorrer em Esposende,
de imediato as autoridades portuguesas resolveram averiguar a veracidade
dos factos, tendo o próprio Governador Civil de Braga, José Feria Dordio
Teotónio, se deslocado pessoalmente a Esposende.
Depois de efectuadas várias averiguações o Governador Civil confirmou o
facto que os submarinos alemães estavam a ser abastecidos em Esposende.
Este acontecimento foi noticiado na época, tendo por exemplo sido
divulgado no jornal “Gazeta de Braga”, de 13 de Maio de 1917, onde
refere que: “O snr. Governador civil d’este distrito, tendo ido a
Espozende inquirir do facto de serem por ali abastecidos os submarinos
alemães, chegou á conclusão
de que o facto é verdadeiro…”.
O Governador Civil de Braga tomou de imediato providências e comunicou
ao Ministro do Interior esta grave ocorrência, tendo o Governo decidido
aumentar a vigilância junto a Esposende, por forma a impedir que mais
submarinos alemães ali se fossem abastecer12.
Outra situação identificada aconteceu
no Algarve, onde alguns pescadores algarvios foram identificados como
suspeitos de manterem relações comerciais com os submarinos alemães que
por ali passavam. Foi ainda verificado ser verdade que havia indivíduos
que afirmavam serem portugueses e outros de outras nacionalidades mas
residentes no Algarve, que forneciam géneros alimentares para provimento
de submarinos alemães que passavam pelas costas algarvias em 191713.
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Estação Naval de Ponta Delgada (Açores)
1917
Desde 28 de Junho que o submarino
U-155, comandado por Karl Meusel, se encontrava nos mares dos Açores. A
30 de Junho afundou o navios noruegueses "Benguela" e "Siraa".
30
Junho 1917 |
Benguela |
4,612 T |
30
Junho 1917 |
Siraa |
1,938 T |
A 4 de Julho de 1917, de madrugada, o
submarino alemão U155 surgiu em frente a Ponta Delgada e disparou oito
granadas de 105mm sobre a cidade. Duas granadas caíram na Canada do
Pilar, no lugar da Fajã de Cima, matando um civil e ferindo quatro
outros, derrubando várias casas e originando, ainda diversos outros
prejuízo, outra granada caiu num cerrado, na Fajã de Baixo, fazendo
estragos sobre uma habitação e outras na Serra Gorda, Arribanas, Pau
Amarelo e em São Gonçalo, num total de 8 tiros.
Na baía de Ponta Delgada
encontravam-se cinco navios estrangeiros, entre os quais o navio de
transporte de carvão americano "Orion", que estava equipado com 4 peças
de artilharia e que abriu fogo, em apoio ao fogo de artilharia que vinha
da Bateria de Costa instalada na Mãe de Deus, contra o submarino alemão,
que mergulhou e se afastou da costa. Por volta das 7 da manhã chegou ao
porto de Ponta Delgada o navio paquete italiano "Napoli" vindo de Nova
Iorque, para se abastecer de carvão sem ter avistado o submarino.
Entretanto o submarino U-155
dirigiu-se para o mar da Madeira, tendo atacado no caminho o navio de
carga "Coblenz" danificando-o mas não o afundou.
Decorridos vários dias, a 18 de Julho
apareceu de novo o submarino U-155, que entre 18 e 21, fez caça nas
águas dos Açores, tendo afundado os navios noruegueses "Ellen" e "Hanseat",
o navio italiano "Doris", o navio americano "John Twohy" e o navio
britânico "Willena Gertrude"
18 Julho 1917 |
Ellen |
3,877 T |
20 Julho 1917 |
Hanseat |
3,358 T |
21 Julho 1917 |
Doris |
1,355 T |
21 Julho 1917 |
John Twohy |
1,019 T |
21 Julho 1917 |
Willena
Gertrude |
317 T |
No porto de Ponta Delgada
encontrava-se o rebocador "Furnas" fazia a patrulha da costa,
apoio a navios avariados e recolha de náufragos, assim como o navio "Mormugão",
o ex-navio alemão "Kommodore", da Deutsch Ost-Afrika Linie,
Hamburgo., 1910/1916, que se encontrava surto na Índia, em
Fevereiro de 1916 e que apoiava os transportes no arquipélago.
Em 25 de Julho de 1917 chegaram à
ilha de São Miguel cinco "destroyers" (contratorpedeiros) dos
Estados Unidos, na sequência do ataque do submarino alemão a 4 de Julho,
para patrulhar aquela zona do Atlântico. É neste contexto que se dá o
primeiro acordo militar português com os Estados Unidos.
Foi o cônsul dos Estados Unidos em
Ponta Delgada, em 24 de Agosto de 1917, que comunicou ao Governo
português a vontade de instalar naquele local uma base naval para defesa
dos navios surtos naquele porto. Portugal respondeu a sua
aceitação ao Embaixador dos Estados Unidos em Lisboa, Coronel Thomas N.
Birch, a 30 de Outubro de 1917, acrescentando à autorização da
instalação da base naval outras facilidades logísticas.
Em 17 de Novembro o ministro norte-americano em
Lisboa pede autorização para o desembarque em Ponta Delgada do Almirante Dunn, de três oficiais e de cinquenta marinheiros. Além da Base Naval as
“facilidades” pedidas destinavam-se a isentar de direitos alfandegários
os materiais “exclusivamente utilizados para objectivos navais e a
conceder à marinha americana pela duração da guerra, tais facilidades em
terra e tais privilégios marítimos, que a campanha contra os submarinos
fosse o mais possível eficiente.”
Assinale-se ainda que em 18 de Novembro
é apresentado um pedido pelo ministro americano em Lisboa para se
estabelecer uma companhia de aviação nos Açores composta de noventa
marinheiros.
O governo português assentiu a 21 Novembro. Em 30 de
Novembro pergunta o ministro americano se o governo português estaria
disposto a dar ordens às autoridades dos Açores para cooperarem nas
operações defensivas com as forças sob comando do Almirante Dunn.
Respondeu-se afirmativamente.
As facilidades oferecidas aos aliados pelo Governo
português durante a Grande Guerra, no arquipélago dos Açores foram o
fornecimento de dados meteorológicos, de carvão, abastecimentos, abrigo
e reparação de navios nos portos, acesso ao cabo de comunicações
submarino alemão que se encontrava amarrado na ilha Horta, autorização
para o estabelecimento de um posto TSF inglês no lugar das Feteiras, na
ilha de São Miguel e a autorização do estabelecimento de uma base naval
dos Estados Unidos em Ponta Delgada, ilha de são Miguel. A permanência
da Base Naval americana terminou logo após o fim dos trabalhos da
Conferência de Paris, em Setembro de 1919.(1)
1918
Em 14 de Outubro de 1918, o U-139,
comandado pelo Comandante Lothar von Arnauld de la Perière, afundou o
navio de guerra "NRP Augusto Castilho", perto dos Açores.
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Estação Naval do Funchal
(Madeira)
A defesa marítima da Ilha da Madeira estava a cargo do
capitão do porto do Funchal, o capitão-de-fragata Sales Henriques.
Os
meios permanentes encontravam-se limitados a 3 navios patrulhas, iates
requisitados e armados, cada um, com uma peça em caça de 47mm, "NRP
Dory", "NRP Dekade I" e "NRP Mariano de Carvalho", e um gasolina armado
com um canhão-revólver, cujas guarnições eram mistas. Para este serviço
o porto do Funchal tinha um destacamento de 20 praças.
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Estação Naval de São
Vicente (Cabo Verde)
Na época a maior parte dos navios
utilizavam carvão como combustível, o que transformou o porto de São
Vicente num dos principais depósitos de hulha negra do Atlântico Sul.
Estes depósitos eram pertença de firmas inglesas que aí se tinham
estabelecido, em muito porque o porto de S. Vicente alojava uma
Estação Naval Britânica de apoio à sua Esquadra do Atlântico Sul.
Em 1916 foi instalado um posto de
TSF na Cidade da Praia, que tinha por missão apoiar as
comunicações portuguesas com as colónias e as comunicações militares da
Esquadra Britânica do Atlântico Sul.
Também eram muito importantes as
instalações de amarração do cabo submarino (Mindelo), também
pertença de firmas inglesas, e que era o
nó de todas as comunicações
intercontinentais do Hemisfério Sul. Estas duas valências, Estação naval
britânica e a estação dos cabos submarinos tornavam a Ilha de São Vicente
num alvo
estratégico para os submarinos alemães.
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Presença Naval em
Moçambique
Em 1914 já não
se encontrava constituída uma Divisão Naval para a defesa das águas de
Moçambique, mas apenas permaneciam nesta Província uma pequena força
naval: no mar apenas a canhoneira "NRP Chaimite" e no rio Zambeze as lanchas-canhoneiras "NRP Sena" e "NRP Tete", que faziam parte da marinha
colonial.
Em Março de
1917 a esquadrilha do rio Zambeze passou a ser constituída pelas
lanchas-canhoneiras "NRP Salvador", comandada pelo 1º Tenente Jerónimo
de Bivar, e a "NRP Zanha", comandada pelo 1º Tenente Birne. Estas
prestaram serviços relevantes assistindo os colonos contra os revoltosos
de Barué, em Abril de 1917, escoltando navios no rio e inclusivamente participaram na
tomada de Massangano, último reduto dos indígenas revoltosos. À data da revolta indígena no Barué, a
lancha-canhoneira "NRP Sena" já não se encontrava em condições de
navegar e a "NRP Tete", em 20 de Fevereiro de 1917 tinha sido destruída
por uma explosão na caldeira, vitimou o seu comandante, o 2º Tenente
Mário de Sena Barcelos Nascimento. Ficou a suspeita de se tratar de um
acto de sabotagem efectuado por alemães, ou indígenas simpatizantes dos
alemães, ao ter sido introduzido uma bomba
entre a lenha que a lancha-canhoneira queimava.
O cruzador "NRP
Adamastor", comandado pelo Capitão-tenente Freitas Ribeiro, que em 13 de
Dezembro de 1915 tinha zarpado de Lisboa com a missão de se dirigir para a Índia,
mas foi apanhado no
porto de Lourenço Marques (Moçambique) em Fevereiro de 1916, quando se
deu a ordem geral de arresto de todos os navios alemães surtos em portos
portugueses. Ficou em Moçambique durante
todo o período de guerra, tendo efectuado inúmeras missões, com destaque
para a missão no Rovuma, e percorrido
toda a consta do Índico Afircano,desde Durban a Zanzibar.
A Missão no rio Rovuma, no norte de
Moçambique, deu-se em Maio de
1916 em conjunto com a
canhoneira "NRP Chaimite", tendo-se tornado um dos mais importantes acontecimentos da
campanha naval portuguesa nesta província.
Em Abril de
1917, o "NRP Adamastor" encontrava-se fundeado em Lourenço Marques para reparações, com
toda a sua guarnição em terra, sem chaminés, nem caldeira. Foi então que
o Governo Geral de Moçambique solicitou o auxílio ao comandante do "NRP
Adamastor" no combate à revolta de Barué, que prontamente forneceu do
seu equipamento uma peça de 47mm, uma metralhadora de 7,5mm e as
munições necessárias, e ainda, parte da guarnição que se ofereceu
voluntária para combater a revolta. Foi só em 1919 que o
cruzador regressou a Lisboa.(3)
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Links
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Notas
-
Ferreira(2003), pp. 6-12.
-
Canas(2009), 47-48.
-
Martins(1934), pp.
304-310.
-
Martins(1934), p. 284.
-
"Em águas portuguesas", "O
Algarve", n.º 429 13/06/1915 e "O Primeiro de Maio", n.º 188,
9/11/1916.
-
AH Municipal de Tavira,
Livro de Correspondência Recebida, "Ofício ao Administrador do
Concelho de Tavira", n.º 12, Faro, 08/06/1917, Pasta SC:B/SSC:A/SR:00158(1917)
-
"O Heraldo", n.º 363, 7/01/1917 e
"A Voz do Sul", n.º 19, 11/02/1917, p.4.
-
Henrique Alexandre da Fonseca, "A
marinha no Algarve na I Grande Guerra", Anais do Município de Faro,
XXV, 1995, p.116.
-
Em 24 de Agosto de 1917, o
Governador Civil autorizou ao administrador de Olhão a aquisição de
30 sacas de farinha fina vindas de Gibraltar para serem entregues em
Loulé, (Inventário do Governo Civil, 1915-1918: p,138A, AH Municipal
de Olhão
-
Telo(1999), p.265
-
Telo(1999), p.265
-
Esta informação foi retirada do
artigo de Joaquim Gomes, no Correio do Minho, de 2012/11/05, "Na I
Guerra Mundial: submarinos alemães abasteciam em Esposende. (retirado em
24/08/2013)
-
Catálogo da exposição "José
Mendes Cabeçadas Júnior e a Primeira República no Algarve", pág.
203. AHMT. Livro de Correspondência Recebida, "Ofício ao
Administrador do Concelho de Tavira", n.º12, Faro, 08/06/11917.
Pasta SC:B/SSC:A/SR:00158(1917).
|
Bibliografia
-
Fraga, Luís
Alves de (2010), "Do Intervencionismo ao Sidonismo, Os dois segmentos
da política de guerra na 1.ª República - 1916-1918", Coimbra, 1ª ed.,
Imprensa da Universidade de Coimbra, (ISBN: 978-989-26-0034-5)
-
Ferreira,
José Medeiros (2003), Portugal e os EUA nas duas Guerras Mundiais: A
Procura do Plano Bi-Lateral", Colecção: Cadernos Navais, Lisboa, 1ª
ed., Edições Culturais da Marinha, (ISBN:972-8004-67-2)
-
Canas,
António (2009), "Os submarinos em Portugal 1913-2008", Lisboa, 1ª
ed., Prefácio, (ISBN: 978-989-652-025-0)
-
Martins,
Ferreira (1934), "Portugal na Grande Guerra", Vol. II, Lisboa, 1º ed.,
Empresa Editorial Ática
-
Telo, António José (1999), "Homens,
Doutrinas e Organização 1824-1974, (Tomo I), Lisboa, Academia de
Marinha, (ISBN: 972-781-007-1)
|
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