De modo a
conseguir um bloqueio eficaz, em 4 de Fevereiro de 1915, a Alemanha
proclamou que as águas em volta das ilhas britânicas eram consideradas
"zona de guerra", através das quais todos os navios, neutros e
aliados, viajavam numa zona de perigo, onde os submarinos faziam
implementar a declaração. Esta acção discriminada de ataque a todos os
navios alterou por completo a natureza da guerra naval e afectou
directamente a economia dos países neutros, como o Portugal.
Em 1915, os
submarinos alemães afundaram, em média, em navios mercantes britânicos,
cerca de 63400 toneladas mês. (dados da guerra submarina1). Em 1916 a Europa
continuava a ferro e fogo havia três anos e o fim da guerra não estava à
vista.
Desde o início
do conflito que 743 navios alemães e austro-húngaros se encontravam
refugiados em águas neutras2.
Desses, 35 navios
alemães encontravam-se surtos no porto de Lisboa, aos quais acrescem: 1
no Porto; 1 em Setúbal; 3 em
Ponta Delgada e 3 na Horta (Açores); 4 no Funchal (Madeira); 8 em São Vicente
(Cabo Verde); 3 em Luanda (Angola); 4 em Lourenço
Marques, 2 na Ilha de Moçambique e 1 na Beira (Moçambique); e, 5 em Mormugão
(Índia Goa). Encontravam-se, ainda, 2 navios austro-húngaros em portos
nacionais: 1 em Lisboa e 1 em Mormugão, num total de 72
navios3.
Em 17 de Fevereiro
de 1916 o Governo
Português recebeu um pedido do Governo Britânico «em nome da aliança» de
«requisição urgente de todos os barcos inimigos estacionados em portos
portugueses».
A 23 de Fevereiro Portugal apreende
todos os navios mercantes alemães e austríacos fundeados nos portos
portugueses, a fim de serem colocados ao serviço da "causa comum luso-britânica", numa operação dirigida pelo Capitão-de-fragata Leote do
Rego, comandante da Divisão Naval de Defesa.
Este acto de agressão levou a
Alemanha a declarar guerra a Portugal a 9 de Março de 1916.
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