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Se durante a Grande Guerra não existiam ameaças directas, por contacto fronteiriço com os países da "Tríplice Aliança" em 1914, desde a implantação da República em 1910 que existia alguma hostilidade por parte da Espanha perante o novo regime. Na época, e muito derivado da própria instabilidade política em Portugal, existia em diversos sectores nacionais e espanhóis a vontade de materializar uma solução iberista.


A experiência obtida nas invasões francesas (1804-1814) e na guerra civil (1828-1834), tinha proporcionado uma visão estratégica de defesa do território continental, que evidenciava que não era possível defender todo o território em caso de guerra. Sendo Lisboa a capital, o maior centro populacional, o principal centro económico e encontrando-se numa península ladeada pelo Rio Tejo e o Oceano Atlântico, a defesa de Portugal deveria ser concentrada à volta de Lisboa. Assim, todo o esquema estratégico da defesa da metrópole, tanto para a acção do exército como para a acção da marinha foi desenvolvido neste sentido, face ao qual, em 1899, a defesa da capital passou a constituir um comando militar único, comandado por um General, dependente directamente do Ministro da Guerra. A rede de fortificações e de comunicações desenvolvidas para a defesa de Lisboa, deram origem ao chamado "Campo Entrincheirado de Lisboa (CEL)".


Em Maio de 1915, é proposto pelo Estado-maior do Exército adicionar duas linhas de defesa, uma na Beira Baixa e outra no Alentejo, com uma reserva táctica Évora e as reservas estratégicas entre Abrantes e Santarém, para um efectivo total de cinco Divisões.  No entanto Portugal não se encontrava com capacidade de mobilizar estes efectivos, porque tinha fornecido em 1914, 54 peças de artilharia e respectivas munições, e 30.000 espingardas aos franceses e, porque também já tinha utilizado muito do material de reserva para equipar os expedicionários enviados para África.


Em Março de 1916, o problema da defesa do território continental torna-se muito mais real, tanto por causa dos ataques alemães executados directamente pela via marítima, como por um potencial ataque terrestre por forças espanholas.


A defesa da metrópole encontrava-se muito reduzida, em parte por causa da constituição do Corpo Expedicionário Português, para França. Em Maio de 1916, o Estado-maior do Exército, após levantamento das capacidades do Exército, concluiu que não existia equipamento suficiente para equipar a totalidade do Exército, assim como de mobilizar os homens necessários, caso se pretendesse levantar as oito Divisões do Exército. Ao nível humano as classes de 1909 a 1915 já não tinham mancebos suficientes para mobilizar os efectivos necessários.

A Defesa do Território Continental

Nota: O tempo máximo de serviço militar era de 10 anos em tempo de paz. O quadro tem por base o Decreto 1901 - Regulamento dos Serviços de Recrutamento do Exército e da Armada (Oliveira,1995:16).

Organização do Exército de 1911

Organização da unidades militares de 1911, como se pode retirar da portaria n.º 10.480 de 4/9/1943, que apresenta uma reorganização do Exército em 1943 sobre a estrutura de 1911, apresentava a seguinte organização e localização:

Na Portaria n.º 10.480, do Ministério da Guerra, são designadas quais as unidades de 1943 que são legítimas herdeiras das tradições e da história militar dos corpos de tropas das organizações anteriores, que nestas circunstâncias se referia aos corpos de tropas organizados de acordo com o estipulado em 1911. Na organização do corpo militar de 1943 houve o cuidado de utilizar sobre o factor numérico o critério regional em relação às campanhas coloniais do século XIX e às batalhas , acções e combates em que tomaram parte durante a Grande Guerra de 1914-1918, na Europa e na África. Das unidades organizadas em 1911 passou para as organizadas em 1943 o culto e a glória do passado, inscrevendo nas suas bandeiras regimentais legendas ou divisas de honra que perpetuem actos de heroísmo colectivo praticados.

Cenários de Guerra

Em Maio de 1916, O Estado-maior de Exército considerava as seguintes possibilidades de ataque a Portugal, como mais prováveis:


          Ataques de submarinos;

          Ataque de navios de superfície, com execução de desembarque surpresa de pequena envergadura e golpe de mão sobre Lisboa;

          Invasão terrestre espanhola, e;

          Invasão naval alemã caso existisse uma vitória naval alemã esmagadora sobre a marinha Inglesa.


Existiam informações que a Espanha tinha a possibilidade de recrutar até 300.000 homens com o respectivo material de guerra, estruturado em seis Divisões de Infantaria, duas Divisões Independentes e duas Divisões de Cavalaria, o que significava a possibilidade de Espanha empenhar 10 das suas 14 Divisões contra Portugal. Também se pensava que em 27 dias Espanha conseguia concentrar todo este efectivo militar junto às fronteiras nacionais.

 

O Estado-maior do Exército Português considerava, que dependendo do eixo que as forças espanholas seguissem, chegariam ao Campo Entrincheirado de Lisboa em aproximadamente 18 dias. Neste quadro, e porque em Portugal continental apenas seria possível, neste período de tempo mobilizar 63.000 homens, que acrescentando aos efectivos do CEL, poderiam no máximo chegar a 88.000 homens, muito longe dos efectivos necessários para constituir as oito Divisões (aproximadamente 200.000 homens). Em alternativa ,e ainda em Maio de 1916, foi decidido criar uma linha de defesa constituída por três Divisões a Norte do Tejo e uma Divisão a Sul do Tejo, entre Peniche, Santarém , Montemor-o-Novo e Coruche, para suster o ataque antes de chegar ao Campo entrincheirado de Lisboa.

 

Ao longo da guerra Portugal foi diminuindo a sua capacidade de defesa, tendo-se verificado em Setembro de 1918, que se acontecesse uma invasão espanhola, o Exército apenas conseguia mobilizar 50.000 homens, encontrando-se reduzido a 144 peças de artilharia e 96 metralhadoras (Afonso, 2010:286-7).

Bibliografia


AFONSO, Aniceto e Carlos de Matos Gomes, (2010), "Portugal e a Grande Guerra, 1914 - 1918", Lisboa, 1ª ed., Quidnovi, (ISBN:978-989-628-183-0)


OLIVEIRA, General A.N. Ramires (1995), "História do Exército Português 1910-1945", Volume IV, Lisboa, Direcção dos Serviços de História Militar. 

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