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Os Torpedos Whitehead e Outros

Bibliografia

Santos, José Ferreira dos(2008), "Navios da Armada Portuguesa na Grande Guerra", Lisboa, Academia de Marinha.

Marinha(1989), "Setenta e Cinco anos no Mar (1910-1985), Cruzadores, Cruzadores Auxiliares, Canhoneiras, Lanchas de Fiscalização", 1º Volume, Lisboa, Edição da Comissão Cultural da Marinha".

Marinha(1989), "Setenta e Cinco anos no Mar (1910-1985), Cruzadores, Cruzadores Auxiliares, Canhoneiras, Lanchas de Fiscalização", 2º Volume, Lisboa, Edição da Comissão Cultural da Marinha".

http://www.uboat.net/wwi/  (submarinos alemães WWI)

BCM-AH Fundo 131, Núcleo 37/6-IX-1-2 Documentação do contratorpedeiro NRP Tejo

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Branfill-Cook, Roger (2014), “Torpedo: The Complete History of the World's Most Revolutionary Naval Weapon”,  Yorkshire (UK), Seaforth Publishing. iBook


Brown, David K. (2006), The Way of a Ship in the Midst of the Sea: The Life and Work of William Froude, Cornwall (UK), Periscope Publishing Lda.



O engenheiro Robert Whitehead (1832-1905) interessou-se pelos problemas de detonação remota de explosivos subaquáticos e em 1868 apresentou à Marinha Britânica o primeiro modelo de torpedo móvel com aplicação prática.


Inicialmente a ideia de um explosivo móvel guiado foi desenvolvido pelo austro-húngaro Giovanni Luppis von Rammer, designado “salvacoste”, com 6m de comprimento, movido por um sistema de corda de relógio e comandando por fios. Era um modelo pensado para defesa de portos e zonas costeiras. Este modelo foi apresentado em 1860 ao Imperador Austro-Húngaro Franz Joseph com sucesso, mas a Marinha não mostrou interesse devido ao sistema de propulsão.


Em 1864 o engenheiro Giovanni Luppis e o engenheiro Robert Whitehead conheceram-se  em Fiume e começaram a trabalhar em conjunto na fábrica StabilimentoTecnico Fiumano.


É com esta parceria que Robert Whitehead desenvolve a ideia de uma carga explosiva que fosse capaz de se deslocar autonomamente e de ser detonada por impacto abaixo da linha-de-água de um navio, em vez do conceito de bombardeamento subaquático de Guivanni Luppis. Assim, desenvolveu um sistema de propulsão com base em ar comprimido e um sistema de navegação. É importante referir que Robert Whitehead sempre reconheceu que os seus modelos de torpedo derivaram do conceito inicial do engenheiro Giovani Lupppis, com o qual obteve um acordo que lhe permitiu registar a patente e de ter os necessários direitos de desenvolvimento e comercialização.


Em 1866 o seu primeiro torpedo móvel de Robert Whitehead, denominado Minenschiff, foi apresentado à Marinha Austro-Húngara em Fiume. Foi testado com sucesso mais de 50 vezes, tendo conseguido um contrato para produção.


Entre 1867 e 1869 foram feitos desenvolvimentos e em 1869 o Governo Austro-Húngaro aprovou a utilização dos torpedos, mas por questões financeiras ligadas com a guerra austro-prussiana de 1866 não adquiriu os direitos de compra exclusivos da produção o que permitiu que a fábrica de Fiume pudesse vender para outros países.


O sucesso dos protótipos de 1868 esteve no mecanismo de profundidade colocado nos torpedos, conhecido como o “Whitehead's Secret”, que consistia numa válvula de pressão hidrostática que regulava a profundidade, associado a um pêndulo que reagia a velocidade da variação das descidas e subidas, face a alterações rápidas de pressão evitando que o torpedo se inclinasse num ângulo muito prenunciado para baixo ou para cima.


Em 1870 o engenheiro Robert Whitehead já tinha desenvolvido o seu modelo de torpedo, conseguindo alcançar em testes uma distância de impacto de 640m à velocidade de 7kn.

(Branfill-Cook, 2014, 122-37)

Engenheiro Robert Whitehead (1832-1905)

Fábrica em Fiume - foto de 1910 (Império Austro-Húngaro, actualmente Rijeka-Croácia)

Com acesso aos mercados internacionais Robert Whitehead avançou com a comercialização de dois modelos do mesmo torpedo, na essência mecanicamente iguais mas com capacidade diferente de carga explosiva.









Ambas as versões apresentavam uma velocidade que variava entre 8 e 10 nós (kn) para um alcance de 180m (200 yards).


A Grã-Bretanha ficou interessada após as demonstrações efectuadas em 1869 e recebeu os primeiros torpedos Whitehead em 1870 vindos da fábrica de Fiume (Austro-Hungria).


Em 1871 o Governo Britânico comprou os direitos de produção e iniciou a sua própria produção com o apoio dos Royal Laboratories, em Woolrich. Mais tarde em 1891,instalou a fábrica  de torpedos Whitehead em Weymouth.


Em 1875 Robert Whitehead comprou em conjunto com o seu genro a fabrica StabilimentoTecnico Fiumano e alterou-lhe o nome para Torpedofabrik Whitehead & Comp. A partir desta data também deixou de instalar os seus motores de dois cilindros e passou a utilizar motores radiais de três cilindros adquiridos a Brotherhood.


Em 1877 os torpedos Whitehead, ambas as versões já  apresentavam uma velocidade de 19kn para um alcance de 180m (200 yards) ou 16kn para um alcance de 760m (830 yards). A grande evolução encontrava-se na possibilidade de aumentar a pressão interna dos reservatórios dos torpedos, de inicialmente 350psi para 1.100psi.


Em 1880 já tinham sido vendidos à volta do Mundo mais de 1.500 torpedos Whitehead. Nesta data era possível encomendar os torpedos em aço ou em bronze. Existe um exemplar em bronze no Museu Submarino da Royal Navy, em Gosport, perto de Portsmouth, o torpedo Whitehead Fiume n. 1274.

A fábrica Whitehead Torpedo Works, em Weymouth.

1860-1870

1871-1894

O Mercado Internacional

A fábrica de topedos de Robert Whitehead, em St. Tropez

Em 1883 tiveram início testes hidrodinâmicos com torpedos, na sequência do trabalho desenvolvido pelo Dr. William Froude com tanques de teste, que levaram a que se alterasse a forma inicial cónica, por uma forma arredondada, que não só permitiu o aumento da carga explosiva transportada, como um surpreendente aumento de 1kn de velocidade. (Brown, 2006: 229)


Em 1888 surge pela primeira vez o torpedo de 18 inches (45,72cm) de diâmetro que virá a ser um padrão utilizado durante décadas e os reservatórios de ar comprimido passaram a ser produzidos em aço e com maior capacidade.


Em 1890 o engenheiro Robert Whitehead abriu uma fábrica de produção de torpedos em Weymouth, no sul da Inglaterra e outra em St. Tropez em França.

Em 1893 a  produção de torpedos do Royal Laboratory passou para o Royal Gun Factory. Ainda neste ano foi introduzida a hélice de três pás e a utilização de uma hélice de contra-rotação.

(Branfill-Cook, 2014, 137)


Em 1895 foi introduzida uma inovação importantíssima, o giroscópio de Obry que permitia o controlo da direcção de um torpedo por azimute.


Esta inovação permitiu que a direcção de um torpedo deixasse de ser dependente da uma calibração das pás direccionais antes do lançamento e que passava a ter a capacidade de seguir num curso constante regulado pelo giroscópio. Por outro lado, o giroscópio tinha a possibilidade de alcançar uma direcção linear pouco tempo depois do lançamento e de seguida alterar a direcção para um azimute pré-programado antes do lançamento.


Em 1897 foi introduzida uma variação do sistema para hélices de quatro pás.


Em 1900 o giroscópio foi desenvolvido e passou a ter um controlo de velocidade que o mantinha a funcionar até ao limite do alcance do torpedo. também foi introduzido um sistema de ar comprimido para compensar a inexistência de pressão inicial no giroscópio nos torpedos quentes, que provocava nos primeiros  modelos um pequeno desvio quando os torpedos eram lançados lateralmente dos navios em velocidade. Neste mesmo ano a fábrica em Fiume completou uma encomenda do Governo Japonês de torpedos de 700mm (27,5 inches), o modelo de maior dimensão produzido até à data.


Em 1905 completou outra encomenda de torpedos de 610mm (24 inches) para o Governo Japonês, para serem instalados como arma de defesa costeira nas ilhas de Go-Saki e Ko-Saki, em Tsushima, na zona do estreito com a Coreia. Mais tarde em 1919 o Japão irá utilizar esta medida para a os seus torpedos pesados Type 93, conhecidos com “Longe Lance”.


É também em 1905 que se deu a grande evolução do sistema de propulsão dos torpedos, com a introdução do sistema de ar quente. O efeito térmico da água do mar circundante para evitar a congelação do ar comprimido, quando este alimentava o motor do  torpedo, era um efeito aproveitado desde o início da produção dos torpedos a ar frio. A aplicação deste efeito térmico com a queima de um combustível sobre o ar comprimido injectado melhorou vastamente a eficiência do motor, apresentando aumentos surpreendentes na velocidade e alcance do torpedo.


Neste mesmo ano de 1905 o engenheiro Robert Whitehead morre.

(Branfill-Cook, 2014, 138-43)

1895-1905

Interior da fábrica de Fiume em produção, final do século XIX. Foto de Erwin Sieche (Branfill-Cook, 2014, 142)


Torpedo Whitehead - Modelo pré 1880 Museu Militar de Viena (Áustria)

Giroscópio de Obry, encontra-se exposto nas antigas instalações da fábrica de Fiume (Rijeka)

Sistemas de Lança-Torpedos


Os tubos de lançamento acima da linha de água colocam em perigo a ogiva  explosiva do torpedo perante o contrafogo inimigo. O própria expansão do ar de lançamento do torpedo pode danificar o convés.


Os tubos de lançamento abaixo da linha de água têm a vantagem de estarem protegidas do fogo inimigo, assim como o torpedo não sofre o choque inicial de entrar na água, que tendia a desalinhar a direcção inicial do mesmo. Mas existiam também desvantagens.


Motor de três cilindros em Y,  1875

Motor de quatro cilindros em X, 1908

Chegados ao século XX a Grã-Bretanha tinha duas fábricas a produzir torpedos Whitehead para a Royal Navy: a Royal Gun Factory (RGF) em Woolwich e a Robert Whitehead Factory em Weymouth, e ainda encomendava torpedos à fábrica em Fiume na Áustria.


Em 1907 o Governo Britânico decidiu transferir a produção de torpedos para uma zona mais afastada do continente e instalou-a em Greenock na Escócia, onde existia uma antiga bataria costeira e um forte (Fort Matilda). Esta nova fábrica a Royal Naval Torpedo Factory (RNTF), ficou instalada entre 1910 e 1912 e empregou os 700 trabalhadores especializados transferidos da fábrica Royal Gun Factory, em Woolwich. Para teste dos torpedos passaram a utilizar uma pista de teste em Loch Long.


Antes do início da Grande Guerra a produção de torpedos centrava-se nos modelos Mk VII RGF de 18 inch e Mk I WW (Whitehead Weymouth) de 18 inch. A partir de 1913 em Greenock produziu-se o modelo Mk VIII RNTF também de 18 inch para submarino.


Durante a guerra o calibre mais utilizado foi o de 18 inch, e em o 21 inch, sendo que o antigo calibre de 14 inch em stock foi utilizado em operações pontuais da Marinha, em alguns submarinos mais antigos e pela nova aviação naval.


Os torpedos Whitehead tinham um problema comum de alta probabilidade de falha de explosão no impacto, situação reconhecida pela Marinha britânica e americana.

(Branfill-Cook, 2014, 192)


Fontes:


Royal Naval Torpedo Factory History


TNA/42357/ SUPP 5/177 Transfer of Torpedo Factory to Greenock and Torpedo Range to Loch Long. Conditions of Transfer of Staff, 1908-1911

1906-1919

Alemanha

Japão

França

Motor de dois cilindros em V,  1866

Turbina Bliss-Leavitt 1904

Roda de Balanço Howell - 1889

Estados Unidos

Itália

Portugal

Torpedos Aéreos

http://dreadnoughtproject.org/tfs/index.php/Category:Torpedo_Director