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Os Torpedos na Marinha Alemã

Bibliografia

Santos, José Ferreira dos(2008), "Navios da Armada Portuguesa na Grande Guerra", Lisboa, Academia de Marinha.

Marinha(1989), "Setenta e Cinco anos no Mar (1910-1985), Cruzadores, Cruzadores Auxiliares, Canhoneiras, Lanchas de Fiscalização", 1º Volume, Lisboa, Edição da Comissão Cultural da Marinha".

Marinha(1989), "Setenta e Cinco anos no Mar (1910-1985), Cruzadores, Cruzadores Auxiliares, Canhoneiras, Lanchas de Fiscalização", 2º Volume, Lisboa, Edição da Comissão Cultural da Marinha".

http://www.uboat.net/wwi/  (submarinos alemães WWI)

BCM-AH Fundo 131, Núcleo 37/6-IX-1-2 Documentação do contratorpedeiro NRP Tejo

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Branfill-Cook, Roger (2014), “Torpedo: The Complete History of the World's Most Revolutionary Naval Weapon”,  Yorkshire (UK), Seaforth Publishing.


Brown, David K. (2006), The Way of a Ship in the Midst of the Sea: The Life and Work of William Froude, Cornwall (UK), Periscope Publishing Lda.



Torpedos Experimentais telecomandados

O inventor Nikola Tesla registou a patente de um comando de rádio controlo em 1898. Numa demonstração no lago do Madison Square Garden logo após o final da guerra Hispano-Americana, controlou  remotamente um pequeno barco a que deu o nome de “Telautomaton”.


Fez à data referência que teria a possibilidade de construir moldemos maiores para uso militar mas na época não tinha ainda disponível forma de dar velocidade a um protótipo  que conseguisse conseguir atingir um alvo em movimento ou ser suficientemente rápido para fugir ao fogo defensivo.


Será mais tarde em 1917 que a Siemens-Schuckert que irá construir pequenas embarcações telecomandadas, as “ Fernlenkboot “ ou “FL-Boat”, que foram utilizas na zona da Flandres (Nieuport). O primeiro ataque de FL-Boats” atingiu os molhes do porto e o segundo FL-Boat foi destruído por uma canhoneira de defesa do porto.


Foi em 28 de Outubro de 1917 que o FL-Boat 12 dirigido por rádio a partir de um avião de reconhecimento atingiu um navio, o HMS Erebus, quando este navegava perto da costa da Flandres. fez-lhe um buraco de 15m de diâmetro, mas mesmo assim o HMS sobreviveu.


Os LF-Boats eram pequenos navios de 17m de comprimento que transportavam uma carga explosiva de 700kg, equipados com um motor a gasolina com uma velocidade de 30kn. Os FL-Boat eram pintados de branco na parte superior para facilitar a visualização por parte do observador no avião.


(Branfill-Cook, 2014, 106-110)


FL 1 em doca. É obsevávem a cor clara do convés e a existência de um holofote para operações nocturnas

FL 1 em movimnto com a equipa de teste a bordo. é observável a antema e os dois mastros

Os torpedeiros da classe A1 (A1 a A25), construidos entre 1914 e 1915  pala AG Vulcan em Hamburgo, eram navios de 133t com um comprimento de 42m. estavam equipados com dois tubos lança torpedos individuais móveis de 19.7 inches e duas armas de 50mm. Tinha um motor de tripla expansão de 1.200cv e uma velocidade máxima de 19kn. Estes torpedeiros entraram em combate contra contratorpedeiros britânicos mas cinco foram destruídos. Outro foi destruído pela aviação e outros dois por minas.

A classe A26 (A26 a A55), construída entre 1916 e 1917, eram navios de 227t com um comprimento de 50m, mas já só equipados com um único tubo de lança torpedos móvel de 19,7 inches, mas com duas armas de 88mm. foram equipados com turbinas de 3.500cv e alcançavam uma velocidade de 26kn, no entanto abaixo da velocidade que os contratorpedeiros alcançavam à data. Estes 30 navios praticamente não tiveram intervenção na guerra.

Torpedeiros -  Aparelho de Lançamento Monotubo

Torpedeiro Alemão A2 - 1915

Os torpedos alemães Schwartzkopff são efectivamente uma cópia dos Whitehead, mas na época houve outros casos idênticos como a cópia francesa do dispositivo de culatra de espingarda Snider.


Houve no entanto o desaparecimento dos desenhos do último modelo de torpedo Whitehead que coincidiu com o aparecimento em Berlim de um primeiro desenho de torpedo alemão, da autoria de Louis Schwartzkopff.


Um ano depois teve início a produção dos primeiros torpedos Schwartzkopff. Na verdade qualquer fabricabte que pretendesse produzir torpedos na época não o conseguiria fazer com uma aparência e mecânica muito diferente. Uma das diferenças mais visíveis era que os torpedos Schwartzkopff era produzidos numa liga de fósforo-bronze e os Whitehead em aço. Outra diferença encontrava-se no disparados que tinham sistemas de segurança diferentes.


O Whitehead armava pela força de um parafuso que girava através de uma pequena hélice colocada no nariz do torpedo, enquanto o Schwartzkopff tinha um grampo de segurança que era retirado antes do lançamento. O giroscópio utilizado no torpedos alemães era o Kaselowski, também uma cópia do Obry.


Os torpedos Schwartzkopff eram testados 8 a 14 vezes antes de serem entregues, garantindo-lhes um alto padrão de qualidade.  

Louis Victor Robert Schwartzkopff (1825-1892)

O bloqueio aliado à Alemanha implicou a existência de falta de matéria-prima para a produção de armas, o que levou a que as tropas de ocupação da Bélgica e da parte francesa recolhessem todos os metais que encontravam, em especial ferro fundido e cobre, e os enviassem para as fábricas na Alemanha, em especial para a produção de motores e torpedos.


A Alemanha ao considerar o torpedo como uma arma fundamental no esforço de guerra manteve sempre uma qualidade superior na produção e acabamentos. No entanto, durante a guerra por falta de matéria-prima os torpedos Schwartzkopff deixaram de ser produzidos na liga metálica de fósforo-bronze.


A qualidade do explosivo da ogiva dos torpedos Schwartzkopff manteve-se durante toda a guerra, mas no caso dos aliados o explosivo das suas ogivas diminuiu a qualidade por falta de TNT, que estava a ser utilizado intensivamente para as munições de artilharia na Flandres.

Os alemães conseguiram criar um estado de medo envolto na real capacidade de dano de um torpedo sobre os grandes navios de guerra, uma vez que na prática não conseguia infligir um estrago suficiente para afundar um navio de guerra moderno com blindagem abaixo da linha de água. Eram os navios comerciais que se encontravam sem possibilidade de conter o estrago imediato de uma explosão de um torpedo no casco.



Durante a Grande Guerra a Alemanha experimentou a utilização de torpedos de 600mm (23,6 in), com o objectivo de armar os seus dreadnoughts (couraçados) e cruzadores, e ainda alguns contratorpedeiros. Este tipo de torpedo teve uma produção muito pequena e não chegou a ser utilizado em combate. No entanto a engenharia alemã fez avanços tecnológicos com a introdução do comado remoto por rádio, por fio e até desenvolveram um sistema magnético de detonação.

Em 1917 desenvolvera um torpedo com motor eléctrico, com uma velocidade de 18kn com um alcance de 2.000m, Era lento para a época mas tinha a vantagem de não deixar esteira, não variava de peso ao longo do trajecto e era de produção económica.

(Branfill-Cook, 2014, 196-7)