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3º Batalhão do Regimento de Infantaria n.º 21
Revista de História e Cultura: Estudos de Castelo Branco, pág. 73.
O 3º Batalhão do
Regimento de Infantaria n.º 21, de Coimbra, foi para Penamacor a 20 de
Fevereiro de 1888 e aí ficou até 1 de Julho de 1926.
Durante a Grande
Guerra tomou parte activa em Moçambique. Mobilizou em Setembro de 1915,
tendo sido os seus componentes quase todos voluntários. Comandava o Batalhão
o Major Portugal da Silveira, ajudado pelo Alferes Júlio Rodrigues da Silva.
O Batalhão embarcou no "Moçambique" em 7 de Outubro de 1915, chegando a
Lourenço Marques no dia 30 de Outubro e a Porto Amélia a 6 de Novembro.
Esta unidade tomou
parte na ocupação de Kionga, em 10 de Abril de 1916. A coluna de ataque foi
comandada pelo Major HEnriques Carlos Guedes Quinhones de Portugal da
Silveira, auxiliado pelo Alferes Rodrigues da Silva. Desta coluna fazia
parte a 20ª Companhia Indígena, comandada pelo Tenente Francisco M. Ferreira
e um pelotão da 4ª Companhia Indígena comandado pelo Alferes J.Joaquim
Afonso, alguns soldados da 1ª Companhia dos Territoriais, escoltando uma
viatura de carregadores de cunhetes e pólvora e um Cabo da Polícia dos
Territoriais.
De Kionga, o 3º
Batalhão do Regimento de Infantaria n.º21, de Coimbra, trouxe consigo a
Bandeira Nacional, a primeira que foi desfraldada nos campos de Kionga,
desde a ocupação alemã.
Ofício do Chefe de
Concelho de Tungur (Moçambique)
"Acusando a
recepção da Bandeira Nacioanl, que por este concelho tinha sido dispensada
por empréstimo a V. Ex.ª para a ocupação de Kionga, interpretando bem, estou
certo, o sentir de Sua Ex.ª, o Governador da Companhia, ilustre cidadão
Abílio de Lobão Soeiro, patriota de alma e coração, em seu nome e do da
Companhia de Niassa, comovidamente, tenho a honra de devolver a referida
Bandeira Nacional, oferecendo-a a V. Ex.ª., por ter sido a primeira que ,
depois da afronta de 1884, foi ali hasteada após a heróica ocupação e na
presença de toda a força do mui digno comando de V.Ex.ª.
Viva a Pátria e
Viva o Exército
Saúde e
Fraternidade
Palma,
Secretaria do Concelho de Tungur, em 29 de abril de 1916.
O Chefe do
Concelho,
Viriato
Citorino Nogueira Velho de Chaby"
Esta Bandeira
Nacional encontra-se guardada nos Paços do Concelho de Penamacor.
O 3º Batalhão do RI 21de
Penamacor na Expedição a Moçambique
A 11 de Setembro de 1915 chegou ao 3º Batalhão do Regimento de
Infantaria 21, aquartelado em Penamacor, o telegrama com a Ordem de
Guerra para que, até ao dia 23 do mesmo mês, aqui se apresentassem os
voluntário que, com os efectivos do quadro permanente, deveriam
apresentar-se em Lisboa no dia 4 de Outubro desse ano, data em que,
afinal, a coluna de tropas sairia de Penamacor a caminho da Fatela.
O
tempo que decorreu entretanto foi cheio de azáfama e peripécias
brilhantemente descritas pelo capitão Júlio Rodrigues da Silva, na
Monografia do 3º Batalhão Expedicionário do R.I. nº 21 à Província de
Moçambique em 1915, de que se reproduz o seguinte trecho:
“O Batalhão sai pelo corredor e porta contígua à das armas. Ao
desembocar na parada exterior o espectáculo é dolorosamente
impressionante e profundamente comovente. Uma multidão compacta de pais
e filhos, mulheres e noivas, irmãos e parentes, amigos e conhecidos, das
aldeias e da vila, soluça e chora, grita e clama, comprime-se e deixa
fender-se a custo, para passar o Batalhão. Mulheres arrepelam-se e
outras de joelhos levantam para o comandante as faces angustiadas e os
punhos cerrados, bramindo ameaças e injúrias, que se não entendem, nele
vendo, as suas almas simples, o responsável daquela abalada de entes
queridos, lá para as terríveis costas negras.
Em quási todos os olhos há
lágrimas, que em alguns rostos parecem de sangue, ao reflectirem a luz
avermelhada dos archotes, pupilas dilatadas e bem fitas nas filas pardas
que cadenciadamente vão passando, ansiosas por ainda verem e receosas de
que lhes escapem, aquele ou aqueles a quem elas querem dizer o último
adeus, atirar o último beijo, e quem sabe, estreitar ainda pela última
vez. E as filas vão desfilando, compassadas, rápidas, e os olhos, de
tanto chorar e tanto fixar, já não distinguem bem e a todos confundem; e
são os que lá da forma os apercebem que vão ligeiros dar-lhes o último
beijo, dizer-lhes o último adeus.
Por toda a rua, até à última casa, dos muros, dos portados, das janelas,
das varandas, se acena, grita e berram votos de felicidade, e uma dor e
angústia desvairantes se exteriorizam em ais, lamentações e prantos.”
Menções à Grande Guerra
nas Actas da Câmara de Penamacor Durante o Período de 1914 a 1918
Curiosamente, as actas das sessões da Comissão Executiva da Câmara
Municipal nada referem sobre este passo. Tudo o que foi possível apurar
a partir da sua leitura, acerca da guerra, durante ao anos de 1914 a
1918 , é o que vai transcrito:
4 de Janeiro de 1915
“Resolveu representar para que o Terceiro Batalhão de Infantaria 21
mobilize e continue estacionando aqui até ter de marchar para o teatro
das operações de guerra.”
13 de Março de 1916 (Referência à entrada de Portugal na Grande Guerra)
“Esta comissão tendo conhecimento de por motivos de apreensão dos
setenta navios alemães ancorados nos nossos portos do continente e
d’além mar, como lhe permite o respectivo tratado com a Alemanha, e de
que esta deu diversos exemplos, apreendendo e tomando conta de diversos
estabelecimentos estrangeiros existentes na Alemanha, esta declarou
guerra a Portugal em termos ofensivos, guerra que o Governo Português,
para dignidade e brio nacional, aceitou, dispensando as ameaças alemãs e
mantendo as apreensões feitas, arreando a bandeira alemã e içando a
bandeira nacional, este município resolveu aceitar como boa a doutrina
sustentada pelo governo Português, aprovando inteiramente o seu
procedimento e que a guerra virá dar a Portugal uma nova página às
glórias portuguesas, não obstante a desproporção enorme de forças e de
elementos de toda a ordem que há entre Alemanha e Portugal (...) Viva
Portugal! Viva a nossa velha aliada! Abaixo os bárbaros teutões”, etc.
15 de Maio de 1916
“Foi presente num ofício da Comissão de Propaganda da Cruzada das
Mulheres Portuguesas e um impresso para inscrição patriótica da maneira
por que podem prestar o seu auxílio no estado de guerra em que nos
encontramos. A Comissão resolveu oficiar a Ex.ma Senhora Dona Benedita
Osório, pedindo-lhe para organizar uma comissão de senhoras…”
26 de Março de 1917
“Foi presente ofício do Comité de socorros português aos nossos
prisioneiros de guerra, em Lausanne, pedindo donativos. A Comissão
resolveu responder-lhe que se lhe for possível meter no orçamento
qualquer verba para tão justo fim, o fará com toda a intenção.”
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