S.P.C.

 

 
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A Formação dos Serviços Postais de Campanha

 

 

Capitão Humberto Serrão, organizador e comandante dos Serviços Postais de Campanha em França (1917-1918)

 

Os Serviços Postais de Campanha foram criados em 14 de Dezembro de 1912, mas não foi implementada qualquer medida para dar forma ao serviço, principalmente que todas as disposições se encontravam desenhadas no sentido do exército operar sempre em território nacional, metrópole e colónias. O primeiro embrião dos  serviços postais deram-se em 1916 quando das manobras militares em Tancos(1).

 

A militarização dos funcionários telegrafo-postais foi suportado pelo Decreto n.º 3.327/1916.

 

O Serviço Postal de Campanha, S.P.C., foi foi prestado por funcionários telegrafo-postais.  Estes dependiam directamente do Subchefe do Estado Maior do CEP, por intermédio da Repartição dos Serviços Postais.

 

PRESIDÊNCIA DO MINISTÉRIO, Decreto n.º 3.327/ 1916

 

Atendendo ao estado de guerra em que se encontra o país e à necessidade de manter no melhor funcionamento os serviços telégrafo-postais;

Tendo ouvido o Conselho de Ministros e usando das faculdades que me conferem as leis n.º s 373, de 2 de Setembro de 1915, e 491, de 12 de Março de 1916, Hei por bem decretar o seguinte:

 

Artigo 1.º  É considerado mobilizado e fazendo parte do exército em campanha, sob a suprema autoridade do Ministro da Guerra, todo o pessoal dependente da Administração Geral dos Correios, Telégrafos, Telefones e Fiscalização das Indústrias Eléctricas.

Artigo 2.º  Todo o pessoal a que se refere o artigo antecedente fica sujeito às leis e regulamentos militares.

Artigo 3.º  A Administração Geral dos Correios e Telégrafos passa a funcionar junto do Ministro da Guerra.

Artigo 4.º  Este decreto entra imediatamente em vigor.

Artigo 5.º  Ficam revogadas as disposições em contrário.

 

Os Ministros de todas as Repartições assim o tenham entendido e façam executar. Paços do Governo da República, 1 de Setembro de 1917. – BERNARDINO MACHADO – Afonso Costa – Artur R. de Almeida Ribeiro – Alexandre Braga – José Mendes Ribeiro Norton de Matos – José António Arantes Pedroso – Augusto Luís Vieira Soares – Herculano Jorge Galhardo – Ernesto Jardim de Vilhena – José Maria Vilhena Barbosa de Magalhães – Eduardo Alberto Lima Basto.

 

 

O Serviço Postal de Campanha, S.P.C., foi prestado por funcionários telégrafo-postais.  Estes dependiam directamente do Subchefe do Estado Maior do CEP, por intermédio da Repartição dos Serviços Postais.

 

Com a deslocação de 55.000 homens para França houve a necessidade de de organizar um serviço postal militar português em ligação com Portugal, mas integrado no C.E.P.. Para a constituição do serviço postal o Ministério da Guerra escolheu o pessoal da Administração Geral dos Correios e Telégrafos, os quais foram militarizados e graduados como oficiais equiparados. Assim, como o Eng. Humberto Serrão era o funcionário mais graduado, foi também graduado como oficial mais graduado dos funcionários militarizados, cabendo-lhe o comando e a organização dos serviços postais.

 

Em Janeiro de 1917, o então já Capitão Humberto Serrão, foi enviado com mais seis funcionários a França para preparar a instalação do serviço postal do C.E.P., tendo para tal se deslocado até ao Quartel General do C.E.P. que já se encontrava instalado em França. Verificou-se que para o teatro de guerra em França não era possível aplicar o plano de serviço de campanha postal de 1912, porque não era possível utilizar os serviços postais civis franceses para suportar o serviço postal do C.E.P..

 

Como o Corpo Expedicionário Português de encontrava integrado no Exército Inglês, verificou-se a necessidade de seguir os procedimentos ingleses, mantendo quanto possível as características do serviço postal nacional.

 

Grupo de Oficias do SPC que se deslocaram inicialmente a França (comissão de estudo) para preparar a instalação dos serviços postais.

Da esquerda para a direita - sentados: Capitão António José Antunes, Capitão Humberto Serrão e Tenente Aníbal Lameiras,

Em pé: Alferes Vital Simões, Alferes Rodolfo Le Retord, Tenente José Dias Ferreira e Alferes Tavares Grelo.

 

O projecto de cooperação entre o Exército Português e o Exército Britânico em território francês, não contemplava a utilização do serviço postal inglês juntos das unidades militares portuguesas. É desta necessidade que é criado de raiz em 1917, em França, este serviço no C.E.P.. Na requisição de funcionários à Administração Geral dos Correios e Telégrafos, coube ao quadro superior desta administração com menor idade o encargo de dirigir o Serviço Postal de Campanha, neste caso o Eng. Humberto Serrão.

 

Para a organização do serviço foram colocados objectivos: a permuta de correspondência entre Portugal e o Corpo Expedicionário Português em França, e as comunicações postais internas entre as várias unidades e formações em França. O que não se encontrava ainda decidido era como seria o transporte da correspondência entre França e Portugal, que via a utilizar (terrestre ou marítima), a gestão das localizações relativas das tropas na frente de combate e a organização interna do Serviço Postal do C.E.P..

 

Foi considerado que só seria possível estudar este problema no terreno, o que deu origem à formação de uma comissão de estudo de sete elementos do S.P.C., que se deslocaram a França a 6 de Janeiro de 1917, com a missão de estudar e organizar o serviço em França. Esta comissão de estudo acabou por também adquirir o material e utensílios técnicos que consideraram vir a serem necessários para o cumprimento do serviço postal. Chega a Paris a comissão de estudo, foi mandada apresentar em Abbeville, pelo Adido Militar Junto à Legação de Portugal, ao General Comandante da Linha de Comunicações Britânica que, por sua vez, a colocou em contacto com o Coronel Chefe do Serviço Postal Britânico (B.A.P.S.).

 

 

Organização do Serviço Postal

 

Os comandantes do Serviço Postal de Campanha foram:

 

Capitão Humberto Serrão - 29 de Dezembro de 1916 a 11 de Outubro de 1918 (comandante e organizador do serviço postal)

Capitão Moisés Feijão - 12 de Outubro até à liquidação do serviço em 1919 (comandante até à extinção do CEP)

 

O Chefe do S.P.C. do C.E.P. dependia:

  • Do Subchefe do Estado-maior do C.E.P., na organização do serviço dentro do C.E.P., bem como na disciplina;

  • Do Inspector da zona norte do Exército Britânico, no respeitante à integração  do S.P.C. do C.E.P. na rede geral do exército britânico. Para facilitar as relações entre o Chefe do S.P.C. e o Inspector Britânico, existiu sempre junto daquele um agente de ligação inglês;

  • Do Administrador Geral dos Correios e Telégrafos, na parte técnica da execução do serviço e na ligação do S.P.C. com a rede portuguesa na metrópole.

Do Chefe do S.P.C. dependiam os serviços de 1ª linha: Q.G.C., Zona de Instrução e Repouso, 1ª Div., 2ª Div., e da 2ª linha. O Quadro I apresenta as interligações da estrutura organizativa do S.C.P.

 

 

Quadro I - Organização do Serviço Postal

 

A organização descrita no Quadro I corresponde às necessidades do C.E.P. em pleno funcionamento. O desenvolvimento da  organização do S.P.C. foi-se estabelecendo à medida das necessidades. De princípio limitada a um rudimento da E.C.B.P. (Estação de Central da Base Postal) e ao S.P.C. do Q.G.C. (Quartel General do Corpo).

 

A rede postal foi-se estendendo às Brigadas conforme estas iam se completando em França e depois conforme foram sendo colocadas na frente de combate o serviço estendeu-se à 1.ª Divisão e, por último, à 2.ª Divisão.

 

A rede postal foi praticamente estável até 9 de Abril de 1918. Depois do dia 9 de Abril de 1918, a rede sofreu uma redução brusca, correspondente à suportada pelo C.E.P., restabelecendo-se à medida que o C.E.P. se foi reorganizando em novas formações de combate.

 

Para a interligação do serviço postal português com o serviço postal britânico o B.A.P.S (British Army Postal Service) apresentou as seguintes exigências operacionais:

  • A Estação de Correios da Base Postal teria a incumbência de fazer a ligação com Portugal e com o Serviços Postal Civil Francês e Serviço Postal Militar Britânico e que teria de ser estabelecido em Boulogne-sur-Mer;

  • O S.P.C. teria de funcionar com uma estrutura similar ao do Serviço Postal Britânico (B.A.P.S), para que a cooperação de meios fosse efectiva, embora com absoluta independência de processos;

  • Para facilitar a organização e funcionamento do S.P.C., junto do Chefe dos serviços estaria destacado um agente de ligação com o B.A.P.S.;

  • Foi realizado um acordo entre o S.C.P. e o B.A.P.S. para definir o âmbito das relações directas entre as duas organizações.

Com a Administração Francesa dos Correios e Telégrafos foi realizado um acordo para que se efectuasse o transporte das malas de correio, por via terrestre, entre a Estação Civil de Boulogne-sur-Mér e Portugal, através da Espanha. Essas malas de correio militar eram enviadas de forma disfarçada em virtude de Espanha ser de um país neutro;

 

A estabilização da organização do S.P.C. efectuou-se após terem sido recebidas do Estado Maior Português as indicações sobre a composição orgânica final do C.E.P. e indicações sobre a orientação geral a dar ao serviço postal, o S.P.C. Neste sentido foram publicadas as “Instruções para o Serviço Postal”, em Março de 1917.

Estas instruções foram elaboradas por simples indicações de momento e dos exemplos tirados da experiência dos exercícios de Tancos e de Torres Vedras, em 1916. Além de obedecerem aos preceitos técnicos para a permutação de correspondências postais, enfermavam inicialmente de insuficiências que só a experiência daria a conhecer. Serviram para organizar inicialmente o serviço, tendo mesmo sido apreciadas lisonjeiramente pelas autoridades britânicas, a quem foi fornecida uma tradução.

As "Instruções para o Serviço Postal”, de Março de 1917, compreendiam as seguintes linhas orientadoras:

  • A cada Quartel General e estabelecimento importante (Bases), correspondia uma Repartição Postal, junto da qual funcionava uma Estação Postal;

  • O Serviço Postal ficava dividido em duas linhas, 1ª e 2ª Linha.

  • O Chefe da Estação Postal do Corpo Expedicionário Português era acumulativamente o Chefe da respectiva Estação Postal. (Capitão Humberto Serrão);

  • Junto da Testa de Etapes funcionava uma Estação Postal;

  • Junto de cada ponto de abastecimento funcionava, também, uma Estação Postal;

  • A correspondência expedida pelas unidades e formações, inicialmente não passavam pela Censura Militar, estando-se a aguardar à data (Março de 1917), pela instalação deste serviço.

  • A correspondência registada seria transportada pelo oficial que se deslocasse diariamente aos respectivos Quartéis Generais, disposição que acabou por não ser efectivada.

Gradualmente e sucessivamente foram sendo introduzidas modificações nas "Instruções para o Serviço Postal" que as foram harmonizando com as exigências técnicas e que acompanharam as modificações orgânicas que o C.E.P. foi tendo ao longo do tempo.

 

A rede de comunicações postais

 

O movimento da correspondência na rede era dividido em dois fluxos, recepção e expedição. De Portugal (recepção) chegavam diariamente, por caminho-de-ferro (via Espanha), malas com correspondência e encomendas postais. Diariamente, também, eram recebidas malas da rede civil francesa e da Base Postal Inglesa, contígua à nossa E.C.B.P.

 

Tudo era dividido em malas. Depois de manipulado era expedido em mala individualizadas para cada Estação do S.P.C. As malas para as Bases de Desembarque (Brest), de Embarque (Havre) e para o Depósito de Material (Calais) eram enviadas por caminho-de-ferro. Todas as outras eram normalmente transportadas em viaturas automóveis.

 

Um camião do S.P.C. fazia diariamente o seguinte percurso: E.C.B.P. (Bolougne), S.P.C. da zona de instrução, S.P.C. do Q.G.C., Testa de Etapes da 1ª e 2.ª Divisão. Camiões também do C.E.P. faziam, dentro da zona de cada uma das Divisões, o trajecto do S.P.C. da Testa de Etapes para os S.P.C. divisionários. As malas eram abertas em todos os S.P.C., manipuladas as correspondências e encomendas, e entregues às ordenanças postais das diferentes unidades servidas por cada S.P.C., onde compareciam diariamente.

 

As correspondências entregues nos S.P.C., (expedição) pelas ordenanças postais, eram aí manipuladas e seguiam caminho inverso ao já descrito para a recepção. Entre todas as Estações Postais duma zona e entre as diferentes zonas havia diariamente troca de correspondência, principalmente da reexpedição por mudança das unidades de uma para outra zona postal e de oficiais e praças de uma para outra unidade.

 

Em cada Brigada existia um Serviço Postal da unidade. Em cada unidade havia um encarregado do Serviço Postal, responsável pela entrega das correspondências e encomendas aos destinatários, pela expedição das correspondências, depois de submetidas uma censura prévia local, para o S.P.C. respectivo, e pela reexpedição das correspondências e encomendas.

 

A Censura Militar geral da correspondência era executada ao nível do serviço de expedição no E.C.B.P., que só permitia que a correspondência seguisse, depois de censurada pela comissão especial encarregada desse serviço, a Comissão de Censura. A censura era exercida sobre a correspondência proveniente das unidades diariamente.

 

 

Quadro II - Rede de Comunicação Postal

 

 

As Ligações Externas do S.C.P.

 

A ligação da E.C.B.P. do C.E.P. com as redes de correios civis

 

A correspondência proveniente de Portugal, desde a organização da E.C.B.P., em 10 de Fevereiro de 1917 até 19 do mesmo mês, foi transmitida ao C.E.P., pela Embaixada de Portugal em Paris, por intermédio da Posta Civil Francesa de Boulogne-sur-Mér. Pela mesma via eram transmitidas as correspondências do C.E.P. para Portugal.

 

Realizado o acordo entre o Chefe do S.P.C., a Administração dos Correios da República Francesa e a Administração Geral dos Correios e Telégrafos de Portugal, iniciou-se em 19 de Fevereiro de 1917 a permuta de malas directas entre a E.C.B.P. e a Estação Central dos Correios de Lisboa, e em 9 de Abril de 1917 a permuta com a Estação Central dos Correios do Porto. Esta permuta era realizada em malas directas, fechadas, transmitidas por via terrestre, através da Espanha, e compreendia a permuta de correspondências ordinárias e registadas. Simultaneamente, foi estabelecido um acordo de  permuta idêntica com a Estação Central Francesa de Boulogne-sur-Mér, mediante determinadas disposições exigidas pelo Regulamento de Censura português.

 

O serviço de de permuta de encomendas (colis) só mais tarde foi iniciado, porque a Companhia de Caminhos de Ferro do Norte da França, com quem  a E.C.B.P. realizava as permutas directas, considerava o S.P.C. como uma entidade particular, não lhe reconhecendo inicialmente a qualidade de Estação de Permutação Internacional, o que complicou de sobremaneira a recepção de encomendas postais vindas de Portugal.

 

Removidas estas dificuldades depois de longas negociações entre o C.E.P. e os seviços postais franceses, iniciou-se o serviço de encomendas postais de Portugal para o C.E.P., em 9 de Abril de 1917, serviço que se manteve até ao final da campanha, quando os últimos expedicionários foram repatriados em 1919. O serviço de remessa de encomendas do C.E.P. para Portugal, que exigiu mais longas e difíceis negociações do que o primeiro, nunca chegou a ser iniciado, porque a Administração Geral dos Correios e Telégrafos de Lisboa nunca concedeu as necessárias e devidas autorizações.

 

 

A ligação da E.C.B.P. do C.E.P. com a rede de correios militares britânicos

 

Estando o C.E.P. integrado na organização militar britânica e havendo muitas unidades que prestavam serviço na zona britânica, destacadas do C.E.P. como o Batalhão de Sapadores de Caminhos de Ferro, eram intensas as relações entre os serviços postais dos dois exércitos.

 

Assim, não só havia oficiais, praças e unidades em serviço junto de unidades britânicas, que recebiam a sua correspondência por intermédio de estações postais daquele exército, como ainda casos houve em que brigadas inteiras se deslocaram para essa zona, tendo, portanto, as respectivas estações postais de ser alimentadas por intermédio de Estações de Testa de Etapas ou idênticas do exército britânico. Embora o sistema geral adoptado nos dois serviços postais fosse idêntico em linhas gerais, havia detalhes que diferiam sendo necessário estabelecer normas para a ligação entre os dois serviços.A ligação entre os serviços postais portugueses e britânicos estabelecia-se normalmente em Boulogne-sur-Mér onde as duas Estações Centrais se encontravam e entre as Estações Testa de Etapas e as correspondentes do exército britânico.

 

Uma das diferenças existentes entre os dois serviços postais era que as encomendas postais na rede do S.P.C. eram consideradas registadas e na rede britânica como ordinárias. Estas estavam sujeitas a regras especiais, que consistiam, principalmente, em realizar o transito pela rede britânica, a coberto, de modo a poderem-se mencionar sempre nas cartas de aviso os sacos que as continham. Quando não era possível usar este sistema, mencionavam-se as encomendas em cartas de aviso, as quais, como não podiam ser transmitidas à rede britânica, eram arquivadas nas Estações Postais expedidoras, com a declaração dos empregados de que as encomendas tinham seguido para aquela rede como ordinárias.

 

As relações entre as unidades destacadas na zona britânica e as respectivas estações postais eram reguladas pelas normas do serviço postal britânico.

Devemos observar que, não obstante a diversidade do sistema, as estações britânicas prestaram sempre bom serviço, auxiliando valiosamente o S.P.C..

 

 

A ligação da E.C.B.P. do C.E.P. com a rede de correios militares franceses

Como foi referido anteriormente a ligação entre o S.P.C. e a rede civil francesa fazia-se por intermédio da Estação Civil de Boulogne-sur-mér.

As relações postais com o exército francês e, em geral, com a organização postal militar francesa, realizou-se desde 16 de Outubro de 1917, por meio de malas directas permutadas entre a E.C.B.P. e o Bureau Central Militaire em Paris, contendo correspondências para França, para países neutros e para o exército francês, sujeitas a determinado regime de censura militar, na Base Portuguesa, antes de serem expedidas.

 

As Ligações Internas do S.C.P.

 

A Estação Central

 

O serviço postal na E.C.B.P. começou por ser muito rudimentarmente desempenhado em 10 de Fevereiro de 1917, num barracão junto à Estação Postal Britânica de Boulogne-sur--Mér, com o material trazido de Portugal e com os utensílios fornecidos pelo British Army Postal Service. Começou com pouca intenso, permitindo a manipulação de correspondências ordinárias, registadas e encomendas em conjunto com a britânica, embora sempre com escriturações separadas. pouco tempo depois a intensidade aumentou e foi necessário adoptar rapidamente medidas.

 

O serviço da sede da E.C.B.P. teve de ser transferido par um edifício próprio e mais amplo, e foi necessário criar secções especiais para a manipulação de registos, correspondência ordinária e encomendas.

 

Dado o volume de correspondência o serviço postal foi dotado de transportes próprios para os transportes internos, transporte de sacos de e para a gare, para a secção de censura e para as Estações Postais Britânica e Francesa.

 

Foi ainda criada uma secção independente da E.C.B.P. e na dependência directa do  Chefe do Serviço Postal da 2ª. Linha, (o Capitão Humberto Serrão acumulava este cargo), que tinha a seu cargo o serviço de arquivos, depósitos de material e impressos, serviço de refugos, serviço de reclamações e serviço de estatística. 

 

 

O Serviço Postal na área da Base

 

Nas instruções iniciais de 1917, apenas se previa a constituição de uma  Repartição Postal e respectiva Estação Postal, nos Depósitos de Pessoal da Base, além da E.C.B.P. ( Estação Central da Base Postal ).

O C.E.P. sofreu, porém, grandes modificações, tendo havido necessidade da criação de Estações Postais nas diferentes dependências da Base. Deste modo, a rede postal da Base, desenvolveu-se da seguinte forma:

  • 16/03/1917 - Foi criada a Estação Postal junto do Quartel General da Base, em Paris-Plage, sendo suprida por desnecessária em 15/05/1917;

  • 20/03/1917 - Foi aberta a Estação Postal da Base de Desembarque (Brest);

  • 23/03/1917 - Foi aberta a Estação Postal junto dos Depósitos de Pessoal (Etaples);

  • 06/09/1917 - Foi transferida para Ambleteuse a Estação Postal junto dos Depósitos de Pessoal e do Quartel General da Base;

  • 06/09/1917 - Foi aberta a Estação Postal junto dos Depósitos de Material da Base (Calais);

  • 11/08/1918 - Foi aberta a Estação Estação Postal junto da Base de Embarque, em Tourlaville (Cherbourg);

  • 12/08/1918 - Foi aberta a Estação Postal junto do Depósito de Bagagens, em Montvilliers (Havre).

Com a evacuação das forças do C.E.P. para o Porto de Embarque (Cherbourg) e seguidamente para Portugal no final da campanha, os serviços postais for sendo sucessivamente encerrados, tendo sido encerradas as últimas Estações Postais pela seguinte ordem:

  • 19/03/1919 - A do Porto de Desembarque;

  • 27/05/1919 - A do Depósito de Bagagens;

  • 31/05/1919 - A do Depósito de Material da Base;

  • 02/07/1919 - A do Quartel General da Base, e;

  • 10/07/1919 - A do Porto de Embarque.

 

 

A Ligação entre a E.C.B.P. e a 1ª. Linha

 

Iniciado em 10 de Fevereiro de 1917 o serviço da E.C.B.P. teve logo a necessário de estabelecer a ligação entre a Estação Central e as tropas que se encontravam na zona de concentração.

 

A princípio porque o S.P.C. não disponha de material rolante material, tornou-se indispensável utilizar os meios de transporte dos serviços postais britânicos, para a única Estação Postal aberta, a do Quartel General do C.E.P., mantendo-se o sistema de transmissão directa de malas entre a E.C.B.P. e as Estações Postais que sucessivamente se foram abrindo até que o C.E.P. apresentou a sua organização definida.

 

Assim que a 1ª Divisão e a 2ª Divisão se organizaram, foram criadas Testas de Etapas próprias para uma delas e onde passou a funcionar respectivamente uma Estação Postal. O papel destas estações era o de assegurar o transito de malas entre a E.C.B.P. e as Estações Postais das Divisões e das respectivas Brigadas.

 

De princípio, a E.C.B.P., tendo dividido as correspondências por unidades, incluía os maços em malas directas, fechadas, para as Estações que serviam as unidades, limitando-se as Estações Testa de Etapas a dar trânsito a essas malas. Inversamente, as Estações fechavam também malas directas para a E.C.B.P., fazendo-as transitar igualmente pela Estação Testa de Etapas.

 

Este sistema tinha, porém, grandes inconvenientes. Em primeiro lugar as correspondências trocadas entre as Estações da 1ª. linha, que não necessitavam de censura na Base, transitavam pela E.C.B.P., com grave prejuízo de perda de tempo. Em segundo lugar, dada a extrema mobilidade de algumas unidades, as malas fechadas na E.C.B.P. para uma determinada Estação continham correspondências para as unidades que, durante o trajecto, passavam a ser servidas por outras Estações Postais.

 

Por esse motivo, em 23 de Julho de 1917, foram dadas novas "Instruções para o Serviço Postal”, compreendiam as seguintes linhas orientadoras:

  • As correspondências ordinárias continuavam a ser divididas na E.C.B.P. por unidades, sendo depois incluídas em malas dirigidas às Estações Testas de Etapas;

  • Essas malas eram abertas nas E.T.E. ( Estações Testa de Etapes) que, segundo a situação das unidades, distribuíam a correspondência ordinária pelas malas que diariamente enviavam às Estações da sua dependência;

  • A correspondências registadas e encomendas continuavam a ser dirigidas pela E.C.B.P. directamente às Estações, conforme a distribuição das unidades por essas estações, para não complicarem a escrituração das E.T.E.;

  • Mantinha-se a remessa directa de malas das Estações Postais à E.C.B.P., visto que todas as correspondências ordinárias, originárias das unidades, tinham de ser sujeitas à censura na Base;

  • Para o serviço de correspondências oficiais e de reexpedição de correspondências ordinárias e registadas e encomendas, na área da 1ª. Linha, todas as Estações permutavam malas com as respectivas E.T.E., e estas entre si.

  • A Estação do Quartel General do C.E.P. permutou sempre malas directas com a E.C.B.P. e com as E.T.E.. de que era dependente.

Este sistema surtiu efeito e manteve-se até final da campanha.

 

O Serviço Postal da 1ª Linha

 

Pelas Instruções de 1917, previam-se Repartições e Estações Postais no Quartel General do C.E.P. e em cada um dos Quartéis Generais das Brigadas de Infantaria, além de uma Estação Postal no ponto de reabastecimento. Ora estas instruções foram feitas para o caso de se tratar de contingente de uma Divisão a três Brigadas de Infantaria. Remodelado o C.E.P., determinada a sua composição de duas Divisões a três Brigadas, além das tropas dependentes directamente do Corpo, tornou-se necessário alterar a composição do S.P.C. da 1ª. Linha.

 

Assim, criaram-se os lugares de Chefe do Serviço do Corpo e de Chefes de Serviço das Divisões, únicas Repartições que ficaram existindo; e, além das Estações Postais nos Quartéis Generais do Corpo, das Divisões e das Brigadas, e deslocáveis com eles, criou-se uma nova classe de Estações Postais: as  Estações Regionais, destinadas a servir as tropas que viessem acantonar em áreas de repouso e de instrução atribuídas ao Corpo Expedicionário Português.

 

O serviço postal desempenhado nas Estações Postais da 1ª. Linha, baseado nas Instruções de Julho de 1917 e com as modificações sucessivamente introduzidas nesse diploma, podem resumir-se no seguinte:

  • As correspondências ordinárias provenientes das unidades, depois de sujeitas à censura regimental, eram entregues em mala fechada na Estação Postal respectiva. Nesta, eram marcadas, dispostas em maços, por unidades, para facilidade de censura na Base, e expedidas em malas directas para a E.C.B.P. por intermédio da respectiva Estação Testa de Etapas (E.T.E);

  • As correspondências registadas, originárias das unidades, eram entregues nas Estações pelos estafetas das unidades, mediante protocolo e seguiam para a E.C.B.P. em saco fechado, em harmonia com as disposições gerais do serviço postal;

  • As correspondências ordinárias, destinadas às unidades, incluídas nas malas organizadas na respectiva E.T.E., vinham, da E.C.B.P., dispostas em maços por unidades. Revistos esses maços e marcadas as correspondências, eram incluídas nas malas próprias das unidades e entregues aos estafetas respectivos;

  • As correspondências registadas, destinadas às unidades, eram descritas em livros idênticos ao modelo 224 e entregues em mão aos estafetas das unidades, mediante assinatura destes nos referidos livros;

  • As correspondências reexpedidas para a área da 1ª. Linha eram enviadas às respectivas E.T.E., que lhes dava o destino devido; as reexpedidas para a área da Base eram enviadas à E.C.B.P. A execução do serviço de encomendas será tratada mais à frente.

Seria fastidioso enumerar as sucessivas modificações, ampliações e reduções que sofreu a rede do Serviço Postal da 1ª. Linha, durante a campanha, bem como o movimento seguido pelas diferentes Estações Postais. Houve Estações que sofreram dezenas de deslocações e com estas se alterava a rede. Como exemplo, refere-se o desenvolvimento e forma da rede, desde o seu início até final da campanha, apontamos as principais alterações que se deram:

  • 10/02/1917 - Estabelece-se a estação do Q.G. do C.E.P.;

  • 16/03/1917 - Abre a estação do Q.G. da 1ª. Divisão, ( então Q.G. da 1ª. Brigada );

  • 20/04/1917 - Abre a estação do Q.G. da 3ª. Brigada, ( então Q.G. do 4º. Regimento );

  • 24/04/1917 - Abre a estação do Q.G. da 1ª. Brigada;

  • 13/05/1917 - Abre a estação do Q.G. da 4ª. Brigada;

  • 17/05/1917 - Abre a estação testa de etapas da 2ª. Divisão, ( então testa de etapas geral );

  • 28/05/1917 - Abre a estação do Q.G. da 6ª. Brigada;

  • 29/05/1917 - Abre a estação regional da área de Thérouanne;

  • 31/05/1917 - Abre a estação do Q.G. da 2ª. Brigada;

  • 16/06/1917 - Abre a estação testa de etapas da 1ª. Divisão;

  • 17/06/1917 - Abre a estação do 1º. Escalão do Q.G. do C.E.P.;

  • 21/07/1917 - Abre a estação do Q.G. da 5ª. Brigada.

 

Assim, desde 10 de Fevereiro de 1917 até 21 de Julho de 1917, a rede desenvolve-se e mantém-se em pleno funcionamento desde 21 de Julho de 1917 até 9 de Abril de 1918. Em 9 de Abril de 1918, em virtude do combate desse dia e consequente retirada, a rede sofre uma redução brusca, deixando de funcionar todas as estações postais da 2ª. Divisão:

  • Estação Testa de Etapas da 2ª. Divisão;

  • Estação do Q.G. da 2ª. Divisão;

  • Estação do Q.G. da 4ª. Brigada;

  • Estação do Q.G. da 5ª. Brigada;

  • Estação do Q.G. da 6ª. Brigada.

 

As restantes estações continuaram em funcionamento, embora em área diferente. Concentradas as tropas da 2ª. Divisão na retaguarda, desde logo se procedeu à reorganização do respectivo S.P.C.. Assim, em 14 de Abril de 1918, restabelecia-se a Estação Postal do Q.G. da 2ª. Divisão e competente Secretaria do S.P.C.; e, até 5 de Maio imediato, essa estação proveu a todas as necessidades das tropas da 2ª. Divisão. Em 6 de Maio de 1918, reabriram as estações:

  • E.T.E da 2ª. Divisão;

  • Q.G. da 4ª. B.I.;

  • Q.G. da 5ª. B.I.

 

Ficou assim restabelecido o Serviço Postal da 2ª. Divisão em 23 dias, com excepção da Estação Postal do Q.G. da 6ª. Brigada, cujas tropas não se voltaram a reorganizara. Tendo sido determinada a supressão de várias unidades da 2ª. Divisão, foram suprimidas sucessivamente as seguintes estações:

  • 19/06/1918 - Q.G. da 5ª. Brigada;

  • 26/06/1918 - E.T.E. da 2ª. Divisão;

  • 01/07/1918 - Q.G. da 2ª. Divisão.

 

subsistindo, apenas, a Estação Postal do Q.G. da 4ª. Brigada, adstrita desde 23 de Julho de 1918 ao S.P.C. da 1ª. Divisão.

 

Em 30 de Outubro de 1918 foi extinto o Q.G. da 4ª. Brigada (então Brigada do Minho ), continuando, porém, a respectiva Estação Postal a funcionar como Estação Móvel, afim de servir as unidades da 1º. Divisão, que se tinham deslocado para além das linhas estabelecidas em 9 de Abril de 1918, indo fixar-se, em 25 de Outubro de 1918, em Le Maisnil-en-Vespres (Laventie), e, em 10 de Novembro de 1918, com as Estações Postais da 1ª. Divisão, na região de Lille, sendo encerrada, por desnecessária, em 15 de Novembro de 1918.

 

A instâncias do Estado Maior e por motivo da reorganização da 2ª. Divisão, para cujo comando passaram unidades indivisionárias e não indivisionadas, foi reconstituído, desde 1 de Janeiro de 1919, o S.P.C. da 2ª. Divisão, abrindo ao serviço, naquela data, a respectiva Secretaria e a Estação Postal do Q.G. da 2ª. Divisão. Com a evacuação das forças do C.E.P para o Porto de Embarque e, seguidamente, para Portugal, foram-se encerrando ao serviço as seguintes estações:

  • 21/02/1919 - Q.G. da 1ª. Brigada;

  • 19/03/1919 - Q.G. da 3ª. Brigada;

  • 25/03/1919 - E.T.E. da 1ª. Divisão;

  • 31/03/1919 - Q.G. da 1ª. Divisão;

  • 31/03/1919 - Q.G. da 2ª. Divisão;

  • 30/04/1919 - Q.G. da 2ª. Brigada.

 

 O Serviço Postal das Unidades, Formações e Serviços

Segundo o disposto nas Instruções de Julho de 1917, a correspondência ordinária a expedir pelas unidades, formações e serviços do C.E.P. era depositada pelos expedidores em receptáculos especiais, encerrada, depois, em malas suíças ou sacos e enviada às Estações Postais respectivas. Nenhuma disposição especial havia para a expedição de correspondências registadas originárias das unidades. A correspondência ordinária destinada às unidades era fechada, pelas Estações Postais, nas malas acima referidas e enviada a essas unidades pelas ordenanças respectivas. A correspondência registada era entregue ao oficial da unidade que deveria ir à ordem ao Q.G. respectivo, o qual passaria recibo dos registos que lhe fossem confiados.

A distribuição das correspondências pelos destinatários dentro das unidades, devia ser feita sob a direcção do oficial de dia. Ora este sistema não surtiu efeito. A correspondência a expedir não podia ser depositada em caixas, por isso é que o Regulamento de Censura, ainda não publicado na data da adopção das Instruções do Serviço Postal de Março de 1917, determinava que essas correspondências fossem entregues abertas e em mão ao oficial encarregado da Censura Regimental que, por sua vez, as fazia entregar na Estação Postal respectiva. As correspondências registadas a expedir, sujeitas igualmente à censura regimental, só pelos oficiais encarregados dessa censura poderiam ser enviadas à Estação Postal e não pelo remetente, como é usual para o serviço civil. Por outro lado, a natureza da campanha não permitia, em geral, que qualquer oficial fosse à ordem ao Q.G. respectivo, o que tornava de nulo efeito a disposição relativa às correspondências registadas a distribuir pelas unidades.

 

A distribuição das correspondências, dentro das unidades, embora houvesse a determinação de se fazer sob a direcção do oficial de dia, era, em geral, feita arbitrariamente, sendo inúmeros os casos de desaparecimento de correspondências ordinárias, alguns os de subtracção de correspondências registadas, notando-se, em grande maioria das unidades, completo desconhecimento e nenhum interesse pelo cumprimento das disposições regulamentares. Nestes termos, e como, pelas Instruções em vigor, as responsabilidades da rede do S.P.C. e das unidades, não se encontravam bem definidas, foi proposto novo regime para o Serviço Postal das Unidades, baseado nas seguintes normas: 

  • Criação de uma ordenança postal, por unidade, responsável, perante a Estação, pelas malas e registos destinados às unidades respectivas;

  • Criação de um Encarregado do Serviço Postal, por unidade, destinado a dirigir o movimento das correspondências dentro dela;

  • Fixação de regras para a escrituração das correspondências nas unidades e de normas para a sua reexpedição;

  • Escrituração dos registos, na unidade, por forma que, passando de mão em mão até ao destinatário, por meio de recibos sucessivos, em qualquer ocasião se pudesse saber até onde eles tinham chegado, discriminando-se assim as responsabilidades.

Pela adopção destas Instruções, constantes do Regulamento de Julho de 1917, o serviço melhorou sensivelmente. Nem em todas as unidades foram adoptados os procedimentos correctos de manuseamento e entrega de correspondência, mas houve excelentes exemplos de compreensão nítida da importância do serviço postal, sob todos os pontos de vista do S.P.C..

 

 

A Fiscalização do Serviço Postal 

 

As circunstâncias especiais em que se desempenhava o serviço postal, com deslocações diárias das unidades e muito frequentes das estações, que implicavam a modificação da forma da rede do S.P.C., exigiam uma fiscalização permanente, de modo a manter, quanto possível, a unidade de métodos de trabalho e a reparação de irregularidades. Além disso, as ordenanças e encarregados do serviço postal das unidades, não possuindo instruções técnicas e não tendo, na maioria, cuidados especiais com o serviço a seu cargo, exigiam uma vigilância contínua, mesmo para discriminação entre as responsabilidades próprias e as do serviço interno do S.P.C..

 

Foi pois, estabelecida a fiscalização do serviço, nas seguintes bases:

  • A fiscalização do serviço postal das unidades e formação do C.E.P. era feita, periodicamente, pelo Chefe do Serviço respectivo ou por um seu delegado; e consistia no exame de toda a escrituração e na averiguação sobre se eram observadas as disposições regulamentares, bem como na instrução das ordenanças e respectivos encarregados;

  • A inspecção das estações postais era feita uma vês por semana, na 1ª linha, e uma vês por mês, na Base, pelos respectivos Chefes de Serviço; e consistia na verificação de toda a escrituração, quer do serviço interno quer das relações com as unidades;

  • A escrituração de todas as estações devia ser cuidadosamente examinada na Secção de Refugos e Reclamações da Base Postal, a qual comunicaria ao Chefe do S.P.C. do C.E.P. todas as irregularidades;

  • Os Chefes de Serviço da Base e das Divisões eram fiscalizadas pelo Chefe do S.P.C. do C.E.P., que também tinha o direito de inspeccionar qualquer estação;

  • O serviço do Chefe do S.P.C. do C.E.P. seria inspeccionado por quem o Estado Maior do C.E.P. e a Administração Geral dos Correios e Telégrafos determinassem;

  • De cada inspecção deveria fazer-se um relatório sucinto.

Eram estes os preceitos, e não foram completamente postos em prática porque os meios de transporte para o S.P.C. não abundaram, apesar de insistentemente pedidos.

 

 

Os Meios de Transporte do Serviço Postal
 

As viaturas para transporte de correspondências, de que o Exército Português dispunha ao iniciar a sua intervenção na guerra, eram impróprias para uma Campanha nas circunstâncias da de 1917-1918. Viaturas de duas rodas, de pequena capacidade, pintadas de vermelho vivo, tiradas por duas parelhas e encimadas pela bandeira distintiva do serviço postal, foram algumas enviadas para França, mas, dada a sua incapacidade para o serviço, em breve foram postas de parte:

 

Os meios de transporte utilizados durante a campanha foram:

  • caminho-de-ferro;

  • camiões;

  • viaturas hipomóveis de 4 rodas (carros de esquadrão);

  • e, na falta de qualquer desses meios, viaturas de 2 rodas (carros de companhia).

Devemos acentuar que o S.P.C. lutou a princípio com falta de transportes, de muito valendo a cooperação do Serviço Postal Britânico, que pôs sempre à nossa disposição todas as carreiras de condução de malas da sua extensa rede.

 

a) Rede Postal da Base

  • Para Portugal e para a Base de Desembarque ( Brest ), empregou-se sempre o caminho de ferro da rede francesa, ( 1 expedição diária );

  • Para os Depósitos de Material ( Calais ), utilizaram-se sempre os camiões e vagões da rede militar britânica, ( duas expedições diárias );

  • Para a Base de Embarque ( Cherbourg ), utilizaram-se, até 11 de de Agosto de 1918, as malas da posta militar britânica e, em seguida, o caminho de ferro da rêde francesa ( 1 expedição diária );

  • Para o Quartel General da Base, empregaram-se os camiões britânicos, enquanto a Base se manteve em Etaples; desde a sua mudança para Ambleteuse, utilizaram-se os camiões do C.E.P.; ( duas expedições diárias );

 

b) Ligação entre a Base Postal e a rede do C.E.P. (Zona de repouso e 1ª. Linha );

  • Desde 10 de Fevereiro de 1917 a 15 de Junho de 1917, o transporte entre a Base Postal e a rede do C.E.P., foi feito exclusivamente pelos camiões e vagões do exército britânico;

  • De 16 de Junho de 1917 a 5 de Setembro de 1917, adoptou-se o sistema misto de camiões de exército britânico e de vagões a cargo do C.E.P.;

  • De 6 de Setembro a 9 de Abril de 1918, os transportes foram feitos exclusivamente por camiões do C.E.P. ( Boulogne-Aire-S. Venant-La Gorgue – 82 quilómetros em 6 horas – 1 carreira diária de ida e outra de volta );

  • De 10 de Abril de 1918 a 13 de Maio de 1918, manteve-se o mesmo sistema ( Boulogne-Samer-Desvres – 20 quilómetros em 2 horas – 1 carreira diária de ida e outra de volta );

  • De 14 de Maio de 1918 a 2 de Outubro 1918, manteve-se ainda o mesmo sistema( Boulogne-Ambleteuse – 12 quilómetros em 1 hora – 2 carreiras diárias de ida e 2 de volta );

  • De 10 de Abril de 1918 a 18 de Outubro de 1918, as estações das Brigadas da 1ª. Divisão que ficaram adstritas a Divisões Britânicas e mais tarde as estações da E.T.E. e do Q.G. da 1ª. Divisão, foram alimentadas exclusivamente pelos camiões e vagões do exército britânico; ( 1 carreira diária de ida e outra de volta );

  • De 19 de Outubro de 1918 a 8 de Maio de 1919, os transportes voltaram a ser feitos exclusivamente por camiões do C.E.P. (Boulogne-Crecques-Guarbecque e Boulogne-Crecques-Guarbecque-Merville – 1 carreira diária de ida e outra de volta).

 

c) Rede Postal do Corpo:

  • A estação postal do Corpo foi, de 10 de Fevereiro a 27 de Maio de 1917, alimentada por uma viatura hipomóvel ( Aire-Requetoire );

  • De 28 de Maio de 1917 a 5 de Setembro de 1917 foi o transporte feito por camião próprio ( Aire-Requetoire );

  • De 6 de Setembro de 1917 a 13 de Maio de 1918 e de 19 de Outubro de 1918 a 8 de Maio de 1919, em virtude da disposição da rede, a referida estação foi alimentada pelo camião de ligação entre a Base Postal e a 1ª. Linha.

 

d) Rede Postal da 1ª. Linha

 

Enquanto se mantiveram na zona de concentração e de instrução, as Estações das Divisões e das Brigadas fôram alimentadas por viaturas hipomóveis, a princípio, sendo depois servidas por camions, que, partindo da Estação Testa de Etapes ( Aire ), faziam a viagem circulatória por tôdas as estações da área.

 

Desde que, porém, se deslocaram para a 1ª. linha, o serviço fez-se sempre por êste último sistema, a partir de la Gorgue, havendo apenas uma localidade – Laventie – para onde o transporte se fez sempre, directamente, por viatura hipomóvel, visto que a sua siuação não permitia que participasse da viagem circulatória de camion.  

 

Tendo retirado tôdas as Estações em 9 de Abril de 1918 para a área de Samer-Desvres e depois para a de Ambleteuse, persistiu-se no mesmo sistema, que foi ainda adoptado até final da campanha, mesmo quando se deu um novo avanço.

 

Não indicamos, por fastidioso, tôdas as modificações que se deram nas rêdes divisionárias, modificações, aliás, que não alteraram profundamente a forma geral, já indicada.

 

Os meios de transporte empregados e o modo como eram utilizados permitiam, em condições normais, que as correspondências, expedidas de Lisboa num determinado dia, pudessem ser entregues aos destinatários passados cinco dias. Efectivamente:

  • De Lisboa a Boulogne, em caminho de ferro: 83 horas

  • Manipulação na E.C.B.P.: 8 horas;

  • De Boulogne à E.T.E. mais afastada, em camião: 8 horas;

  • Manipulação e demora na E.T.E.: 8 horas;

  • Da E.T.E. a uma Estação de Brigada: 2 horas:

  • Manipulação na Estação de Brigada: 3 horas;

  • Da Estação de Brigada à unidade: 1 hora;

  • Total de horas: 113 horas, ou seja 4 dias e 17 horas aproximadamente.

 

Deslocação das Estações

 

As Estações Postais deslocavam-se com as unidades a que pertenciam. Embora, até fins de Setembro de 1918, se não fizesse uma guerra de movimento, o número de deslocações sofridas por cada Estação, da zona da frente, foi o seguinte:

 

Serviço Postal Identificação  
S.P.C.   1   Testa d’Etapes da 1ª. Divisão 5
S.P.C.   2   Testa d’Etapes da 2ª. Divisão 6
S.P.C.   3    Q.G. da 3ª. Brigada 18
S.P.C.   4 Q.G. da 1ª. Brigada 12
S.P.C.   5    Q.G. da 1ª. Divisão 12
S.P.C.   6   Q.G. do C.E.P. 5
S.P.C.   7 Ambleteuse 0
S.P.C.   8 Boulogne-sur-mer  (ECBP) 6
S.P.C.   9    Brest    0   
S.P.C.   10    Q.G. da 2ª. Divisão 9
S.P.C.   11   Q.G. da 4ª. Brigada 12
S.P.C.   12 Q.G. da 6ª. Brigada 8
S.P.C.   13    Q.G. da 2ª. Brigada 10
S.P.C.   14    Estação Regional  6
S.P.C.   15    Q.G. da 5ª. Brigada 7
S.P.C.   16    Calais 0
S.P.C.   21 Havre 0
S.P.C.   22 Cherburgo 0

 

Compreende-se, pelo que fica indicado, a dificuldade na execução do serviço, principalmente nas Estações de Brigadas, onde, muitas vezes, o trabalho era desempenhado debaixo de fogo, pode dizer-se, visto que algumas houve que funcionaram a 500 metros da primeira linha.

 

No entanto, em virtude das instruções dadas aos respectivos Chefes e do material, da máxima simplicidade e pequeno volume, que constituía as Estações, as deslocações deram-se sempre com relativa facilidade, nunca se tendo perdido qualquer artigo de mobília, utensílio ou objecto de correspondência, a não ser na retirada violenta de 9 de Abril de 1918, onde de resto, se perdeu material de muito maior importância, a cargo de outros serviços do C.E.P..

 

Se algumas dificuldades houve, por vezes, nas deslocações, essas provieram da falta de  meios de transporte, pois que raras eram as Brigadas que se preocupavam em destinar um veículo, ainda dos mais rudimentares ,pela deslocação das respectivas Estações Postais.

 

Data

SPC 6

QG CEP

SPC 1

ETE1

SPC 5

QG 1D

SPC 4

QG 1BI

SPC 13

QG 2BI

SPC 3

QG 3BI

SPC 2

ETE2

SPC10

QG 2D

SPC11

QG 4BI

SPC15

QG 5BI

SPC12

QG 6BI

10/02/1917

 

 

Aire-sur-Lys

 

 

 

 

 

 

 

 

28/02/1917

 

 

Aire-sur-Lys

 

 

 

 

 

 

 

 

01/03/1917

Aire-sur-Lys

 

Les Tourbières

 

 

 

 

 

 

 

 

16/03/1917

Aire-sur-Lys

 

Les Tourbières

 

 

 

 

Paris Plage

 

 

 

20/03/1917

Aire-sur-Lys

 

Les Tourbières

 

 

 

 

Paris Plage

 

 

 

23/03/1917

Aire-sur-Lys

 

Les Tourbières

 

 

 

 

Paris Plage

 

 

 

27/03/1917

Aire-sur-Lys

 

Les Tourbières

 

 

 

 

Paris Plage

 

 

 

28/03/1917

Roquetoire

 

Les Tourbières

 

 

 

 

Paris Plage

 

 

 

20/04/1917

Roquetoire

 

Les Tourbières

 

 

Ouve-Virquin

 

Paris Plage

 

 

 

24/04/1917

Roquetoire

 

Thérouanne

Les Tourbières

 

Ouve-Virquin

 

Paris Plage

 

 

 

13/05/1917

Roquetoire

 

Thérouanne

Les Tourbières

 

Ouve-Virquin

 

Paris Plage

Bléquin

 

 

15/05/1917

Roquetoire

 

Thérouanne

Les Tourbières

 

Ouve-Virquin

 

Paris Plage

Bléquin

 

 

17/05/1917

Roquetoire

 

Thérouanne

Les Tourbières

 

Ouve-Virquin

Lumbres

Roquetoire

Bléquin

 

 

23/05/1917

Roquetoire

 

Thérouanne

Le Touret

 

Enquin le Mines

Lumbres

Roquetoire

Bléquin

 

Ouve-Virquin

28/05/1917

Roquetoire

 

Lestrem

Le Touret

 

Enquin le Mines

Lumbres

Roquetoire

Bléquin

 

Ouve-Virquin

29/05/1917

Roquetoire

Thérouanne

Lestrem

Le Touret

 

Enquin le Mines

Lumbres

Roquetoire

Bléquin

 

Ouve-Virquin

31/05/1917

Roquetoire

Thérouanne

Lestrem

Le Touret

Huit Maisons

Enquin le Mines

Lumbres

Roquetoire

Bléquin

 

Ouve-Virquin

04/06/1917

Roquetoire

Thérouanne

Lestrem

Le Touret

Huit Maisons

Enquin le Mines

Lumbres

Roquetoire

Bléquin

 

Ouve-Virquin

05/06/1917

Roquetoire

Thérouanne

Lestrem

Le Touret

Huit Maisons

Enquin le Mines

Lumbres

Roquetoire

Enquin-les-Mines

 

Ouve-Virquin

06/06/1917

Roquetoire

Thérouanne

Lestrem

Le Touret

Huit Maisons

Levantie

Lumbres

Roquetoire

Enquin-les-Mines

 

Ouve-Virquin

11/06/1917

Roquetoire

Thérouanne

Lestrem

Le Touret

Huit Maisons

Levantie

Lumbres

Roquetoire

Enquin-les-Mines

 

Ouve-Virquin

12/06/1917

Roquetoire

Thérouanne

Lestrem

Le Touret

Huit Maisons

Erquinghem

Lumbres

Roquetoire

Enquin-les-Mines

 

Ouve-Virquin

16/06/1917

Roquetoire

La Gorgue

Lestrem

Le Touret

Huit Maisons

Erquinghem

Lumbres

Roquetoire

Enquin-les-Mines

 

Ouve-Virquin

03/07/1917

Roquetoire

La Gorgue

Lestrem

Le Touret

Huit Maisons

Erquinghem

Lumbres

Roquetoire

Enquin-les-Mines

 

Ouve-Virquin

04/07/1917

Roquetoire

La Gorgue

Lestrem

Le Touret

Huit Maisons

Sailly-sur-Lys

Lumbres

Roquetoire

Enquin-les-Mines

 

Ouve-Virquin

07/07/1917

Roquetoire

La Gorgue

Lestrem

Le Touret

Huit Maisons

Sailly-sur-Lys

Lumbres

Roquetoire

Enquin-les-Mines

 

Ouve-Virquin

08/07/1917

Roquetoire

La Gorgue

Lestrem

Le Touret

Huit Maisons

Levantie

Lumbres

Roquetoire

Enquin-les-Mines

 

Ouve-Virquin

11/07/1917

Roquetoire

La Gorgue

Lestrem

Le Touret

Huit Maisons

Sailly-sur-Lys

Lumbres

Roquetoire

Enquin-les-Mines

 

Ouve-Virquin

12/07/1917

Roquetoire

La Gorgue

Lestrem

Le Touret

Huit Maisons

Sailly-sur-Lys

Aire-sur-Lys

Roquetoire

Enquin-les-Mines

 

Ouve-Virquin

17/07/1917

Roquetoire

La Gorgue

Lestrem

Le Touret

Huit Maisons

Sailly-sur-Lys

Aire-sur-Lys

Roquetoire

Enquin-les-Mines

 

Ouve-Virquin

18/07/1917

St. Venant

La Gorgue

Lestrem

Le Touret

Huit Maisons

Sailly-sur-Lys

Aire-sur-Lys

Roquetoire

Enquin-les-Mines

 

Ouve-Virquin

21/07/1917

St. Venant

La Gorgue

Lestrem

Le Touret

Huit Maisons

Sailly-sur-Lys

Aire-sur-Lys

Roquetoire

Enquin-les-Mines

Ecques

Ouve-Virquin

26/07/1917

St. Venant

La Gorgue

Lestrem

Le Touret

Huit Maisons

Sailly-sur-Lys

Aire-sur-Lys

Roquetoire

Enquin-les-Mines

Ecques

Ouve-Virquin

27/07/1917

St. Venant

La Gorgue

Lestrem

Le Touret

Huit Maisons

Sailly-sur-Lys

Aire-sur-Lys

Roquetoire

Vielle Chapelle

Ecques

Ouve-Virquin

01/08/1917

St. Venant

La Gorgue

Lestrem

Le Touret

Huit Maisons

Sailly-sur-Lys

Aire-sur-Lys

Roquetoire

Vielle Chapelle

Ecques

Enquin-les-Mines

08/08/1917

St. Venant

La Gorgue

Lestrem

Le Touret

Huit Maisons

Levantie

Aire-sur-Lys

Roquetoire

Vielle Chapelle

Ecques

Enquin-les-Mines

06/09/1917

St. Venant

La Gorgue

Lestrem

Le Touret

Huit Maisons

Levantie

Aire-sur-Lys

Roquetoire

Vielle Chapelle

Ecques

Enquin-les-Mines

11/09/1917

St. Venant

La Gorgue

Lestrem

Le Touret

Huit Maisons

Levantie

Aire-sur-Lys

Roquetoire

Vielle Chapelle

Ecques

Enquin-les-Mines

12/09/1917

St. Venant

La Gorgue

Lestrem

Le Touret

Huit Maisons

Levantie

Aire-sur-Lys

Roquetoire

Vielle Chapelle

Ecques

La Gorgue

15/09/1917

St. Venant

La Gorgue

Lestrem

Le Touret

Huit Maisons

Levantie

Aire-sur-Lys

Roquetoire

Vielle Chapelle

Les Tourbières

La Gorgue

18/09/1917

St. Venant

La Gorgue

Lestrem

Le Touret

Huit Maisons

Levantie

Aire-sur-Lys

Roquetoire

Vielle Chapelle

Les Tourbières

La Gorgue

19/09/1917

St. Venant

La Gorgue

Lestrem

Le Touret

Huit Maisons

Levantie

Aire-sur-Lys

La Gorgue

Vielle Chapelle

Les Tourbières

La Gorgue

24/09/1917

St. Venant

La Gorgue

Lestrem

Ham

Huit Maisons

Levantie

Aire-sur-Lys

La Gorgue

Vielle Chapelle

Les Tourbières

La Gorgue

25/09/1917

St. Venant

La Gorgue

Lestrem

Ham

Huit Maisons

Levantie

Aire-sur-Lys

La Gorgue

Le Touret

Les Tourbières

La Gorgue

26/09/1917

St. Venant

La Gorgue

Lestrem

Ham

Huit Maisons

Levantie

Aire-sur-Lys

La Gorgue

Le Touret

Vielle Chapelle

La Gorgue

06/10/1917

St. Venant

La Gorgue

Lestrem

Ham

Huit Maisons

Levantie

Aire-sur-Lys

La Gorgue

Le Touret

Vielle Chapelle

Levantie

09/11/1917

St. Venant

La Gorgue

Lestrem

Ham

Ham

Levantie

Aire-sur-Lys

La Gorgue

Le Touret

Vielle Chapelle

Levantie

10/11/1917

St. Venant

La Gorgue

Lestrem

Huit Maisons

Ham

Levantie

Aire-sur-Lys

La Gorgue

Le Touret

Vielle Chapelle

Levantie

19/11/1917

St. Venant

La Gorgue

Lestrem

Huit Maisons

Ham

Levantie

Aire-sur-Lys

La Gorgue

Le Touret

Vielle Chapelle

Levantie

26/11/1917

St. Venant

La Gorgue

Lestrem

Huit Maisons

Ham

Jombe Villot

Aire-sur-Lys

La Gorgue

Le Touret

Vielle Chapelle

Levantie

11/12/1917

St. Venant

La Gorgue

Lestrem

Huit Maisons

Ham

Jombe Villot

Aire-sur-Lys

La Gorgue

Le Touret

Fleurbaix

Levantie

18/12/1917

St. Venant

La Gorgue

Lestrem

Huit Maisons

Ham

Jombe Villot

Aire-sur-Lys

La Gorgue

Le Touret

Fleurbaix

Levantie

19/12/1917

St. Venant

La Gorgue

Lestrem

Huit Maisons

Paradis

Vielle Chappelle

Aire-sur-Lys

La Gorgue

Le Touret

Fleurbaix

Levantie

20/12/1917

St. Venant

La Gorgue

Lestrem

Huit Maisons

Paradis

Vielle Chappelle

Aire-sur-Lys

La Gorgue

Le Touret

Chapigny

Levantie

30/12/1917

St. Venant

La Gorgue

Lestrem

Huit Maisons

Paradis

Vielle Chappelle

Aire-sur-Lys

La Gorgue

Le Touret

Chapigny

Levantie

31/12/1917

St. Venant

La Gorgue

Lestrem

Huit Maisons

Le Touret

Vielle Chappelle

Aire-sur-Lys

La Gorgue

Paradis

Chapigny

Levantie

07/01/1918

St. Venant

La Gorgue

Lestrem

Huit Maisons

Le Touret

Vielle Chapelle

Aire-sur-Lys

La Gorgue

Paradis

Chapigny

Levantie

08/01/1918

St. Venant

La Gorgue

Lestrem

Huit Maisons

Le Touret

Vielle Chapelle

La Gorgue

La Gorgue

Paradis

Chapigny

Levantie

13/01/1918

St. Venant

LA Gorgue

Lestrem

Vielle Chapelle

Le Touret

Huit Maisons

La Gorgue

La Gorgue

Paradis

Chapigny

Levantie

18/01/1918

St. Venant

La Gorgue

Lestrem

Vielle Chapelle

Le Touret

Huit Maisons

La Gorgue

La Gorgue

Paradis

Chapigny

Levantie

07/02/1918

St. Venant

La Gorgue

Lestrem

Vielle Chapelle

Le Touret

Huit Maisons

La Gorgue

La Gorgue

Levantie

Chapigny

Levantie

08/02/1918

St. Venant

La Gorgue

Lestrem

Vielle Chapolle

Le Touret

Huit Maisons

La Gorgue

La Gorgue

Levantie

Chapigny

Belle Croix

01/03/1918

St. Venant

La Gorgue

Lestrem

Vielle Chapolle

Le Touret

Huit Maisons

La Gorgue

La Gorgue

Levantie

Chapigny

Belle Croix

02/03/1918

St. Venant

La Gorgue

Lestrem

Vielle Chapolle

Le Touret

Huit Maisons

La Gorgue

La Gorgue

Levantie

Chapigny

La Gorgue

03/03/1918

St. Venant

La Gorgue

Lestrem

Le Touret

Vielle Chapelle

Huit Maisons

La Gorgue

La Gorgue

Levantie

Chapigny

La Gorgue

05/03/1918

St. Venant

La Gorgue

Lestrem

Le Touret

Vielle Chapelle

Huit Maisons

La Gorgue

La Gorgue

Levantie

Chapigny

Chapigny

08/03/1918

St. Venant

La Gorgue

Lestrem

Le Touret

Vielle Chapelle

Huit Maisons

La Gorgue

La Gorgue

Levantie

La Gorgue

Chapigny

19/03/1918

St. Venant

La Gorgue

Lestrem

Le Touret

Vielle Chapelle

Huit Maisons

La Gorgue

Paradis

Levantie

La Gorgue

Chapigny

22/03/1918

St. Venant

La Gorgue

Lestrem

Le Touret

Croix Marmuse

Huit Maisons

La Gorgue

Paradis

Levantie

La Gorgue

Chapigny

23/03/1918

St. Venant

La Gorgue

Lestrem

Le Touret

Croix Marmuse

Huit Maisons

La Gorgue

Paradis

Levantie

La Gorgue

Chapigny

27/03/1918

St. Venant

La Gorgue

Lestrem

Le Touret

Croix Marmuse

Huit Maisons

La Gorgue

Lestrem

Levantie

Le Gorgue

Chapigny

28/03/1918

St. Venant

La Gorgue

Paradis

Le Touret

Croix Marmuse

Huit Maisons

La Gorgue

Lestrem

Levantie

Le Gorgue

Chapigny

05/04/1918

St. Venant

La Gorgue

Paradis

Berguette

Croix Marmuse

La Gorgue

La Gorgue

Lestrem

Levantie

Le Gorgue

Huit Maisons

06/04/1918

St. Venant

La Gorgue

Paradis

Berguette

Croix Marmuse

La Gorgue

La Gorgue

Lestrem

Levantie

La Touret

Huit Maisons

07/04/1918

St. Venant

Thiennes

Thiennes

Berguette

Croix Marmuse

La Gorgue

La Gorgue

Lestrem

Levantie

La Touret

Huit Maisons

08/04/1918

St. Venant

Thiennes

Thiennes

Berguette

Croix Marmuse

La Gorgue

Lestrem

Lestrem

Levantie

La Touret

Huit Maisons

09/04/1918

St. Venant

Desvres

Desvres

Questrecques

Croix Marmuse

La Gorgue

Lestrem

Lestrem

Levantie

La Touret

Huit Maisons

10/04/1918

Samer

Desvres

Desvres

Questrecques

Croix Marmuse

La Gorgue

Dispersa em combate

Dispersa em combate

Dispersa em combate

Dispersa em combate

Dispersa em combate

11/04/1918

Samer

Desvres

Desvres

Questrecques

Courset

Enquin-sur-Baillon

Encerrada

Encerrada

Encerrada

Encerrada

Encerrada

12/04/1918

Samer

Desvres

Desvres

Questrecques

Courset

Enquin-sur-Baillon

Encerrada

Encerrada

Encerrada

Encerrada

Encerrada

13/04/1918

Samer

Desvres

Desvres

La Lacque

Courset

Enquin-sur-Baillon

Encerrada

Encerrada

Encerrada

Encerrada

Encerrada

14/04/1918

Samer

Desvres

Desvres

La Lacque

Courset

Enquin-sur-Baillon

Encerrada

Reagrupa em Longvillers

Encerrada

Encerrada

Encerrada

18/04/1918

Samer

Desvres

Desvres

La Lacque

Ecquedeques

Enquin-sur-Baillon

Encerrada

Longvillers

Encerrada

Encerrada

Encerrada

21/04/1918

Samer

Desvres

Desvres

La Lacque

Ecquedeques

Enquin-sur-Baillon

Encerrada

Longvillers

Encerrada

Encerrada

Encerrada

22/04/1918

Samer

Desvres

Desvres

La Lacque

Ecquedeques

Enquin-sur-Baillon

Encerrada

Frencq

Encerrada

Encerrada

Encerrada

03/05/1918

Samer

Desvres

Desvres

La Lacque

Ecquedeques

Courset

Encerrada

Frencq

Encerrada

Encerrada

Encerrada

05/05/1918

Samer

Desvres

Desvres

La Lacque

Ecquedeques

Courset

Encerrada

Frencq

Reagrupa em Le Turne

Encerrada

Encerrada

06/05/1918

Samer

Desvres

Desvres

La Lacque

Ecquedeques

Courset

Reagrupa em Samer

Frencq

Le Turne

Encerrada

Encerrada

08/05/1918

Samer

Desvres

Desvres

Isbergues

Ecquedeques

Courset

Samer

Frencq

Le Turne

Encerrada

Encerrada

12/05/1918

Samer

(Suspenso)

Desvres

Isbergues

Ecquedeques

Courset

Samer

Frencq

Le Turne

Encerrada

Encerrada

13/05/1918

Samer

(Suspenso)

Desvres

Isbergues

Ecquedeques

Ecquedeques

Samer

Samer

Cormont

Encerrada

Encerrada

14/05/1918

Ambleteuse

(Suspenso)

Samer

Isbergues

Ecquedeques

Ecquedeques

Samer

Samer

Cormont

Encerrada

Encerrada

16/05/1918

Ambleteuse

(Suspenso)

Ambleteuse

Isbergues

Ecquedeques

Ecquedeques

Samer

Samer

Cormont

Encerrada

Encerrada

17/05/1918

Ambleteuse

(Suspenso)

Ambleteuse

Isbergues

Ecquedeques

Ecquedeques

Samer

Ambleteuse

Cormont

Encerrada

Encerrada

20/05/1918

Ambleteuse

(Suspenso)

Ambleteuse

Isbergues

Ecquedeques

Hurionville

Samer

Ambleteuse

Cormont

Encerrada

Encerrada

21/05/1918

Ambleteuse

(Suspenso)

Ambleteuse

Isbergues

Ecquedeques

Hurionville

Samer

Ambleteuse

Ambleteuse

Encerrada

Encerrada

28/05/1918

Ambleteuse

(Suspenso)

Ambleteuse

Isbergues

Ecquedeques

Hurionville

Ambleteuse

Ambleteuse

Ambleteuse

Encerrada

Encerrada

18/05/1918

Ambleteuse

(Suspenso)

Ambleteuse

Isbergues

Ecquedeques

Hurionville

Ambleteuse

Ambleteuse

Ambleteuse

Encerrada

Encerrada

19/06/1918

Ambleteuse

Aire-sur-Lys

Thérouanne

Isbergues

Ecquedeques

Hurionville

Ambleteuse

Ambleteuse

Ambleteuse

Encerrada

Encerrada

25/06/1918

Ambleteuse

Aire-sur-Lys

Thérouanne

Isbergues

Ecquedeques

Herbelles

Ambleteuse

Ambleteuse

Ambleteuse

Encerrada

Encerrada

26/06/1918

Ambleteuse

Aire-sur-Lys

Thérouanne

Isbergues

Ecquedeques

Herbelles

Suspenso em

Ambleteuse

Ambleteuse

Ambleteuse

Encerrada

Encerrada

28/06/1918

Ambleteuse

Aire-sur-Lys

Dellettes

Isbergues

Ecquedeques

Herbelles

Encerrada

Ambleteuse

Ambleteuse

Encerrada

Encerrada

28/06/1918

Ambleteuse

Aire-sur-Lys

Dellettes

Isbergues

Ecquedeques

Herbelles

Encerrada

Suspenso em

Ambleteuse

Ambleteuse

Encerrada

Encerrada

30/06/1918

Ambleteuse

Aire-sur-Lys

Dellettes

Isbergues

Ecquedeques

Herbelles

Encerrada

Encerrada

Ambleteuse

Encerrada

Encerrada

18/07/1918

Ambleteuse

Aire-sur-Lys

Dellettes

Isbergues

Ecquedeques

Les Ciseaux

Encerrada

Encerrada

Ambleteuse

Encerrada

Encerrada

21/07/1918

Ambleteuse

Aire-sur-Lys

Dellettes

Isbergues

Ecquedeques

Les Ciseaux

Encerrada

Encerrada

Herbelles

Encerrada

Encerrada

22/07/1918

Ambleteuse

Aire-sur-Lys

Dellettes

Isbergues

Ecquedeques

Les Ciseaux

Encerrada

Encerrada

Herbelles

Encerrada

Encerrada

23/07/1918

Ambleteuse

Aire-sur-Lys

Mametz

Isbergues

Ecquedeques

Les Ciseaux

Encerrada

Encerrada

Herbelles

Encerrada

Encerrada

30/07/1918

Ambleteuse

Aire-sur-Lys

Mametz

Isbergues

Ecquedeques

Les Ciseaux

Encerrada

Encerrada

Inghem

Encerrada

Encerrada

12/08/1918

Ambleteuse

Aire-sur-Lys

Mametz

Isbergues

Ecquedeques

Les Ciseaux

Encerrada

Encerrada

Inghem

Encerrada

Encerrada

17/08/1918

Ambleteuse

Aire-sur-Lys

Mametz

Ecquedeques

Ecquedeques

La Lacque

Encerrada

Encerrada

Inghem

Encerrada

Encerrada

18/08/1918

Ambleteuse

Aire-sur-Lys

Mametz

Ecquedeques

Ecquedeques

La Lacque

Encerrada

Encerrada

Inghem

Encerrada

Encerrada

23/08/1918

Ambleteuse

Aire-sur-Lys

Mametz

Guarbecque

Ecquedeques

La Lacque

Encerrada

Encerrada

Le Forêt

Encerrada

Encerrada

25/08/1918

Ambleteuse

Aire-sur-Lys

Mametz

Guarbecque

Chocques

La Lacque

Encerrada

Encerrada

Le Forêt

Encerrada

Encerrada

09/09/1918

Ambleteuse

Aire-sur-Lys

Mametz

Guarbecque

Chocques

La Lacque

Encerrada

Encerrada

Le Forêt

Encerrada

Encerrada

10/09/1918

Ambleteuse

Aire-sur-Lys

Mametz

Guarbecque

Béthune

Chocques

Encerrada

Encerrada

Le Forêt

Encerrada

Encerrada

18/09/1918

Ambleteuse

Aire-sur-Lys

Mametz

Guarbecque

Béthune

Chocques

Encerrada

Encerrada

F.de Nieppe

Encerrada

Encerrada

Fonte: Relatório do Capitão Humberto Serrão - Espólio pessoal (FPC)

 

 

O Quadro de Pessoal do SPC

 

Todo o pessoal técnico foi, nos termos da lei, fornecido pela Administração Geral dos Correios e Telégrafos:

  • Os primeiros-oficiais, equiparados a capitães, para dirigirem o S.P.C. do C.E.P. e o S.P.C. da 2.ª linha, este subordinado àquele;

  • Os segundos-oficiais, equiparados a tenentes, para dirigirem o S.P.C. das Divisões, a E.C.B.P. e as estações mais importantes e para servirem de adjuntos aos dois primeiros-oficiais;

  • Os terceiros-oficiais, e aspirantes, equiparados a alferes, para chefiarem as restantes estações e para adjuntos de estações importantes, principalmente da E.C.B.P.

Sob o ponto de vista técnico, eram todos subordinados ao Chefe do S.P.C. do C.E.P., Capitão Humberto Serrão, e portanto, à administração Geral dos Correios e Telégrafos; na disciplina militar, cada um estava subordinado ao comandante da formação de que fazia parte o organismo postal onde prestava serviço.

 

Além do pessoal técnico, havia pessoal auxiliar: sargentos, cabos e soldados, que deveriam ter sido escolhidos entre o pessoal menor dos correios e telégrafos que tinham sido mobilizado para o CEP, mas que realmente foram recrutados entre os sargentos, cabos e praças dados por incapazes para o serviço nas trincheiras já em França.

 

Com autorização do Subchefe do Estado-maior do C.E.P., foi estabelecido a rendição (roulement) do pessoal técnico entre as várias estações e serviços, depois de ter classificado os lugares segundo o maior ou menor perigo que oferecia o seu desempenho. Foi o primeiro serviço do C.E.P. onde se estabeleceu esta rendição. 

 

Quadro III - Pessoal técnico do SPC

 

Postos – Nomes

Categoria Civil 1917-1918

Observações

Capitães

 

 

Humberto Júlio da Cunha Serrão

1º Oficial

Mobilizado

António José Antunes

//

Voluntário

Tenentes

 

 

Moisés Moreira Feijão

2º Oficial

Voluntário, Promovido a 1º Oficial e a Capitão

Aníbal Lameiras Fernandes

//

Voluntário

Balduino Gameiro da Mata

//

//

João Sanches Barjona de Freitas

//

Mobilizado

José António Cidrais

//

Voluntário

José Dias Ferreira

//

Mobilizado

José Mestre Ramos Júnior

//

Mobilizado

Alferes

 

 

Francisco António dos Santos

3º Oficial

Voluntário, Promovido a 2º Oficial e a Tenente

Adolfo Mengo Sardinha

//

Voluntário

Aires do Canto e Albuquerque

//

//

Artur João Pires Ferreira

//

//

Filinto Martins Torres

//

//

Henrique Ernesto

//

//

João Augusto Fachada

//

//

João Pedro Augusto Soares

//

//

Joaquim Dias de Sousa

//

//

José de Oliveira Santos

//

//

Leonardo José Pestana

//

//

Luís Maria Botelho Lobo

//

//

Manuel de Alegria Vidal

//

//

Manuel da Silva Mesquita

//

//

Pedro Gomes da Silva

//

//

Alfredo Hermínio de Souza

Aspirante

//

Amadeu das Neves Mourão

//

//

Amadeu Tavares Pinto

//

//

Aníbal dos Santos

//

//

António Duarte

//

//

Artur Fernandes de Carvalho

//

//

Augusto Carlos da Silva Casanova

//

//

Carlos Alberto Freire

//

//

Carlos Fernando Alves Catarino

//

//

Carlos Henrique da Silva Melo

//

//

Eduardo Augusto de Campos

//

//

Eugénio Júlio Baptista

//

//

João Augusto dos Santos

//

//

João Luís Maria da Silva

//

//

Joaquim de Oliveira Costa

//

//

José Duarte Belo

//

//

José Maria Rodrigues

//

//

José Maria da Silva Bastos

//

//

José Vital da Nazaré Simões

//

//

Júlio Rodrigues da Costa

//

//

Manuel Lopes

//

//

Manuel Tavares Grelo

//

//

Mário de Souza

//

//

Rodolfo Augusto Le Retord

//

//

 

A acção do S.P.C., durante o dia 9 de Abril e seguintes, foi passiva, como era natural. Perdeu-se material e malas com correspondência e encomendas, que as circunstâncias não permitiram que se salvassem, apesar dos esforços empregados pelo respectivo pessoal. Mas o pessoal cumpriu o seu dever, não tendo sido registado qualquer acto de negligência, antes alguns de energia e de sangue frio. As perdas limitaram-se a um alferes e duas praças, que ficaram prisioneiros.

O Capitão Humberto Serrão comandou o S.P.C. desde 29 de Dezembro de 1916 até 11 de Outubro de 1918, a um mês do armistício, por ter sido promovido a Chefe de Divisão dos Telégrafos e Telefones , lugar que veio a ocupar em Lisboa. Passou a assumir o comando do S.P.C. desde 12 de Outubro de 1918 até à completa liquidação em 1919, o Capitão Moisés Moreira Feijão, anterior adjunto do Capitão Humberto Serrão. O S.P.C. foi reduzindo gradualmente o pessoal até à completa extinção, acompanhando o C.E.P. até aos últimos momentos. A relação das últimas Estações a fecharem em 1919 foram descriminadas anteriormente.

Quando o C.E.P. se encontrava em pleno funcionamento o S.P.C. apresentava o seguinte quadro:

  • 2 primeiros oficiais, equiparados a capitães;

  • 5 segundos oficiais, equiparados a tenentes;

  • 35 terceiros oficiais ou aspirantes, equiparados a alferes.

Durante a campanha prestaram serviço no C.E.P.  um total de 52 oficiais:

  • 4 funcionários equiparados a capitães;

  • 9 funcionários equiparados a tenentes;

  • 39 funcionários equiparados a alferes.

Com estes funcionários deu-se o seguinte movimento:

  • Repatriados, por terem tido baixa, por doença: Equiparados a capitães 1, Equiparados a tenentes  4 e Equiparados a alferes 9;

  • Repatriados, por terem sido promovidos no quadro telégrafo-postal e não haver correspondência de posto no C.E.P.: Equiparados a capitães  1;

  • Repatriados, por terem sido promovidos no quadro telégrafo-postal e excederem efectivo: Equiparados a tenentes 1;

  • Por terem sido feitos prisioneiros: Equiparados a alferes  1;

  • Promovidos no quadro telégrafo-postal, continuando a prestar serviço no C.E.P., nos novos postos de equiparação: Equiparados a capitães 2 e Equiparados a tenentes   2.

Quanto à selecção dos funcionários da Administração Geral dos Correios e Telégrafos, verificou-se que a escolha não obedeceu a um critério da competência, porquanto alguns funcionários houve que nunca tinham desempenhado serviço postal, sendo necessário instruí-los em campanha, quando já deviam ter o desenvolvimento bastante.

 

Recrutados sem instrução militar prévia, tendo-lhes sido decretado um fardamento, cujos distintivos dos postos eram colocados por forma que facilmente poderiam ser confundidos com oficiais inferiores, procedimento discordante do adoptado nos exércitos aliados, onde os oficiais do serviço postal usavam distintivos idênticos aos do efectivo, a sua acção disciplinar viu-se, por vezes, comprometida por esse facto. Os funcionários que foram obrigados, por lei, a desempenhar uma comissão junto do C.E.P., não receberam instrução militar antes de serem integrados co C.E.P., o que se demonstrava necessário já que os funcionários da Administração Geral dos Correios e Telégrafos tinham sido isentos da prestação de qualquer serviço no exército.

 

O Capitão Humberto Serrão, nas suas memórias refere que existia um mal estar entre os oficiais do activo, milicianos e equiparados e que no caso dos equiparados existia a intenção de lhes fazer notar que eram intrusos na classe militar. Esta situação acarretou dificuldades para os funcionários integrados no S.P.C. e obrigou-os a manter uma linha de conduta mais difícil, quanto não tinha a colaboração de outros oficiais. No entanto foi reconhecido e patenteado que, da parte das autoridades militares dirigentes do C.E.P., houve para com o S.P.C. uma forma de proceder digna e correcta, sendo para notar a gentileza com que foram tratados os oficiais do S.P.C. .

 

Quanto ao pessoal auxiliar do Serviço Postal de Campanha, este não foi recrutado da Administração Geral dos Correios e Telégrafos. Não houve a requisição de carteiros e distribuidores para auxiliares do pessoal técnico do S.P.C.., o que se verificou um erro na prática, tendo o serviço de  recorrer às praças das unidades do C.E.P., para esse efeito. Mas, no recrutamento, surgiram dificuldades. Em primeiro lugar, se em algumas unidades era pequena a percentagem de analfabetos, Brigadas houve, na 5ª. B.I., por exemplo, em que dificilmente se conseguiram encontrar 3 praças para auxiliares da respectiva Estação Postal, sabendo ler e escrever correctamente. Fornecidas essas praças, foi necessário instrui-las, pois embora pareça simples, a manipulação de correspondências, exige aprendizagem demorada. Outro problema verificou-se quando após a instrução dessas praças, estas eram mandadas recolher às unidades por existir falta de efectivos.

 

Pessoal auxiliar necessário ao funcionamento do S.P.C. consta dos quadros anexos ao Regulamento de 1918, sendo o número de praças indicadas no quadro respectivo precisamente o que prestou serviço no S.P.C., em seu pleno funcionamento.

 

Quadro IV - Pessoal afecto aos S.P.C. (1918)

 

S.P.C.  Formação  Zona Oficiais Praças
Secretaria Q.G.C. Média 3 10
S.P.C. 1 E.T.E.-1 Frente 1 8
S.P.C. 2 E.T.E.-2 Frente 1 3
S.P.C. 3 3ª B.I. Frente 1 10
S.P.C. 4 1ª B.I. Frente 1 7
S.P.C. 5 Q.G.1 Frente 2 13
S.P.C. 6 Q.G.C. Médio 2 16
S.P.C. 7 Q.G.B. Base 2 13
S.P.C. 8 E.C.B.P. Base 18 42
S.P.C. 9 P.D. Base 1 3
S.P.C. 10 Q.G.2 Frente 2 11
S.P.C. 11 4ª B.I. Frente 1 6
S.P.C. 12 6ª B.I. Frente 1 7
S.P.C. 13 2ª B.I. Frente 1 8
S.P.C. 14 Estacionário Médio 1 7
S.P.C. 15 5ª B.I. Frente 1 2
S.P.C. 16 D.M.B. Base 1 7
S.P.C. 20 Q.G.C.- 1ºE Médio 1 1
S.P.C. 21 D.B. Base 1 1
S.P.C. 22 P.E. Base 1 1

 

 

 

 

O Material utilizado no S.P.C.

 

A  maior parte do material técnico utilizado no S.P.C. do C.E.P. foi fornecido pela Administração Geral dos Correios e Telégrafos, e pago pelo Ministério da Guerra.

Nada se oferece dizer, em especial, sobre esse material, por terem sido dos tipos usuais: malas de lista para as relações com Portugal, malas suíças para as relações internas do C.E.P. e para as unidades, sacos para a correspondência registada e encomendas, tábuas e malas estofadas para marcação, etc., dos modelos adoptados pela Administração Geral.

 

As marcas de dia diferiam das adoptadas em Portugal: em lugar de conterem rodas de tipos, eram do sistema de componedor, vulgarmente em uso na França e na Inglaterra. Os modelos de cacifos adoptados na E.C.B.P. nenhuma particularidade ofereciam e o material usado nas Estações de campanha, sujeitas a deslocações rápidas e contínuas, é que obedeceu a normas especiais.

 

Cada Estação de Brigada – tipo das estações móveis – dispunha de:

  • 1 mesa para escrituração, de 1,50m + 1 m, cujos pés, com dobradiças, se podiam fechar;

  • 1 mesa para manipulação, de 2m + 1,20m., sobre dois cavaletes;

  • 2 sistemas de cacifos, composto de 2 séries horizontais de 5 cacifos, em madeira. Este sistema foi mais tarde substituído, com vantagem, por o de cacifos de lona, de muito menor volume, quando fechados, e, portanto, de transporte mais fácil;

  • 1 cofre arquivo, do tipo de cofre para companhia ou esquadrão;

  • 3 bancos de tesoura.

 

Como se verifica o material de uma Estação postal podia ser transportado, com facilidade, num carro de companhia, onde ainda tinham lugar o Chefe da Estação e as praças auxiliares. A própria Secretaria do S.P.C. não dispunha de mais que: 4 mesas para escrituração, 4 bancos-tesoura, dois cofres arquivos e duas séries de cacifos. Por esse motivo, deslocava-se também com a maior facilidade.

 

Estatísticas de Funcionamento do Serviço Postal de Campanha

Com a elaboração dos mapas estatísticos do Capitão Humberto Serrão, é possível dar uma ideia nítida da importância que assumiu o Serviço Postal de Campanha.

 

 

Assim, do quadro mostra o movimento de malas havido nas Estações do S.P.C., durante a campanha, tiram-se as seguintes conclusões:

  • O número total de malas recebidas e expedidas pelas Estações foi de 98.543, o que corresponde a uma média de 113 malas diárias. Notando-se, porém, que as malas trocadas entre as Estações eram manipuladas na expedição e na recepção, o número total de malas manipuladas sobe a 135.043, elevando-se a média diária a 155 malas;

  • O número médio de malas manipuladas diariamente em cada Estação de Brigada, de Divisão, do Corpo e fixas, e em 20 malas diárias o movimento das Estações Testa de Etapas, o movimento da E.C.B.P. pode ser avaliado em 88 malas diárias. É necessário considerar que estas médias são tiradas como se as Estações do S.P.C. tivessem todas o mesmo tempo de Serviço, o que não se deu. Se atender-mos, pois, a este facto e à circunstância, de os efectivos do C.E.P. terem atingido o máximo das suas forças num período que se pode considerar de Outubro de 1917 a Março de 1918, concluiremos que as médias indicadas triplicaram durante este período, e assim se explica que o movimento de malas na E.C.B.P. fosse, no mês de Dezembro de 1917 o mais intensivo de toda a campanha, num total de 7.500 malas;

  • Nas relações com as redes estranhas, fora o movimento havido entre a E.C.B.P. e as estações de Lisboa e Porto, pode-se considerar a mais importante a permuta de malas com a Posta Militar Britânica, num total de 19.049. Este facto é devido a terem estado, durante quàase toda a campanha, em serviço junto do Exército Britânico, destacadas do C.E.P., muitas unidades portuguesas. Dessas malas, a maior parte era permutada com as Estações Britânicas que serviam as unidades portuguesas e outras, contendo encomendas, permutadas directamente com as unidades, por intermédio daquelas estações;

  • Supondo que o giro de uma mala se efectuava, em média, em 5 dias e que se extraviavam 2% das malas em serviço , o que não é exagerado e se verificou, pode-se calcular em 800 o número de malas em giro constante no S.P.C. e em 2.000 no período mais intensivo;

  • Não sendo muito sensível a diferença entre o número de malas expedidas, com correspondência, da E.C.B.P., para as estações de Lisboa e Porto, essa diferença é muito notável entre o número de malas recebidas das mesmas estações, numa proporção de 2 para 1. Este facto teve origem na falta cometida por inúmeras estações do norte do País, de concentrarem em Lisboa as correspondências destinadas ao C.E.P., quando o deveriam fazer, com muito mais vantagem, na estação do Porto;

  • A Diferença entre a proporção, nas relações com Portugal, das correspondências expedidas e recebidas, 14 para 17, e a proporção das malas expedidas e recebidas, 6 para 16, se deve à falta absoluta da reciprocidade de jornais, cuja expedição de Portugal obrigou à utilização de milhares de malas, e à diferença entre o número de amostras expedidas e recebidas, numa proporção de 6 para 25;

  • A proporção entre as malas expedidas e recebidas de e para Portugal, que nos anos de 1917 e 1918 fora respectivamente, de 1 para 3 e de 1 para 25, passou no ano de 1919 a ser de 2 para 1, devido ao aproveitamento intensivo, que as forças do C.E.P. na sua evacuação para Portugal, fizeram do S.P.C. para a expedição de amostras com objectos de uso pessoal;

  • Sendo de 32.862.989 o número total de correspondências e encomendas e sofrendo cada uma delas duas manipulações, nas estações de origem ou destino e nas de permutação ( E.C.B.P. e Testas de Etapas ) e computando-se em 10% a percentagem de correspondências e encomendas reexpedidas, se pode avaliar que, nas Estações do S.P.C., se manipularam 72.298.576 objectos, o que dá uma média diária de 80.710 manipulações, metade das quais era executada na E.C.B.P.;

  • Computando-se, respectivamente, em 10, 5, 50, 20, 1.000 e 500 gramas o peso médio de cada carta, bilhete-postal, jornal ou impresso, ofício, amostra expedida e amostra recebida e em 4 quilos o de cada encomenda, e calculando em 10% a percentagem nas reexpedições nas correspondências e encomendas recebidas, se pode avaliar, portanto, em 988.900 quilos o peso total das correspondências e encomendas que foi transportado na rede do S.P.C. do C.E.P.;

  • A quantidade de ofícios considerados de Posta Interna, isto é, permutados entre as unidades do C.E.P., representando uma cifra importante e superior à totalidade das demais correspondências de Posta Interna, é só a que transitou entre as Estações do S.P.C., visto que pelo Serviço Telegráfico do Corpo foi estabelecido, durante quase toda a campanha, um serviço de permutação de correspondências oficiais, mais rápido, a cargo de motociclistas e estafetas a cavalo;

  • A permutação de correspondências ordinárias com Portugal foi mais intensa no ano de 1917, sofrendo uma redução de 12% no ano imediato. Sendo certo que a redução dos efectivos do C.E.P., foi, no ano de 1918, maior do que aquela percentagem, há a entender que no ano de 1917 os efectivos do C.E.P. também não foram completos desde o início da campanha;

  • No ano de 1918 observou-se um aumento sensível na recepção de encomendas de Portugal, na permutação de correspondências registadas com Portugal e no movimento da Posta Interna e com o Estrangeiro. Tendo sido o serviço de encomendas iniciado só em Abril de 1917 e dada a circunstância de o seu transporte ser muito mais demorado que o das outras correspondências, daí a justificação do aumento na recepção no ano de 1918. O segundo caso tem origem na repatriação de oficiais e praças do C.E.P. que, ao mesmo tempo que recebiam valores de Portugal, para esse efeito, se desfaziam de objectos de uso pessoal para os enviarem pelo correio. Essa repatriação, que, previamente, dava lugar a constantes mudanças de situação, contribuiu para o aumento das correspondências de Posta Interna. Finalmente a intensificação do movimento com o Estrangeiro em plena justificação nas relações criadas, durante a campanha, entre os membros do C.E.P. e a população civil estrangeira.

  • O aumento, que se nota igualmente no ano de 1918, na permutação de correspondências com as ilhas e o ultramar deve atribuir-se à longa distância a percorrer e principalmente à dificuldade e demora nos transportes ”.

 

 

 

 

 

 

Os mapas n.º s. 10 e 11 indicam o movimento postal de todas as Estações do S.P.C., durante a campanha. Comparando esses mapas com o n.º 19, que indica o tempo de serviço de cada estação, veremos que a estação que maior movimento teve, proporcionalmente com a sua efectividade, foi a do Q.G. da 6ª.  B.I. ( S.P.C. 12 ), com uma média diária de 8.800 objectos expedidos e recebidos. O facto deve-se a ter estado aberto ao serviço durante o período mais intensivo da campanha e servir uma Brigada, constituída por unidades com sedes em Lisboa e Setúbal, por consequência, por aquelas cujos membros mantiveram mais intensamente, como era de esperar e se viu, as relações postais com Portugal.

 

Das restantes estações, destacam-se, como tendo maior movimento, as do Q.G. da Base, E.C.B.P. e Q.G. do Corpo, que estiveram abertas ao serviço por um período superior a 26 meses; e a do Q.G. da 2ª.  B.I. ( S.P.C. 13 ) que, como estação de Brigada e depois da do Q.G. da 6ª.  B.I., se notabilizou pela intensidade de seu movimento, numa média de 5.000 objectos diários, num período de 700 dias. Desta Brigada faziam parte os batalhões de infantaria nº s. 24, 23, 35 e 7, sendo o do segundo o movimento mais intenso.

 

A subdivisão do movimento da E.C.B.P. ( S.P.C. 8 ) teve por fim demonstrar a importância do serviço local e a da quantidade de correspondências que, originárias e destinadas ás unidades e serviços portugueses destacados no exército Britânico, foram recebidas e expedidas da E.C.B.P. por intermédio das Estações Postais Britânicas. Esse movimento, representado por uma percentagem de 87% sobre a totalidade das correspondências permutadas pela E.C.B.P., é quàsi precisamente o mesmo da estação do Q.G. da 2ª. B.I. ( S.P.C. 13 ), de onde se conclui que o número de forças que estiveram destacadas no Exército Britânico, durante toda a campanha, é equivalente ao número de forças que compunham a referida Brigada.

 

A execução desse serviço na E.C.B.P. representou, porém, um esforço muito superior ao que se despenderia numa estação de Brigada, servindo ao mesmo tempo todas as unidades, porque a permuta das correspondências era feita simultaneamente com as inúmeras estações britânicas que serviam as unidades portuguesas e obedecia a prazos diferentes das que se seguiam com as estações portuguesas.

 

As estações britânicas, com quem o S.P.C. permutou correspondências, foram em número de 75, aproximadamente, especializando-se pela intensidade do serviço, os A. P. O. S 41, 47, 48, 51, 53 e 58, as quais serviram as unidades do Batalhão de Sapadores de Caminho de Ferro, que estiveram quàsi permanentemente destacadas no Exército Britânico. O movimento local da E.C.B.P., durante a sua estada em Boulogne-sur-Mér não foi além de 3%, incluindo as correspondências caídas em refugo por insuficiência de endereço, tendo subido a 13% em virtude de, nos meses de Maio e Junho de 1919, ter servido, em Cherbourg, as unidades que aguardavam a sua evacuação para Portugal.

 

O S.P.C. 20, que serviu o 1º escalão do Q.G. do Corpo, quando da sua mudança de Roquetoire para S. Venant, não acusa movimento, o qual vai incluído no S.P.C. 6, que servia o 2º escalão, onde as correspondências de ambos os escalões eram concentradas.

 

Desenho de Humberto Serrão (1958) - Carro dos S.P.C. (Flandres 1918)

 

 

 

 

    Links

 

    Notas
  1.  Fraga (2010), p.360.

 

 

 

Bibliografia

  • Martins, Ferreira (1934), "Portugal na Grande Guerra", Vol. II, 1ª ed., Lisboa, Empresa Editorial Ática

  • Fraga, Luís Alves (2003), "Guerra e Marginalidade", 1ª ed, Lisboa, Prefácio, (ISBN:972-8563-96-5)

  • Fraga, Luís Alves (2010), "Do Intervencionismo ao Sidonismo: os dois segmentos da política de guerra na 1ª República: 1916-1918", Coimbra, Imprensa da Universidade de Coimbra.

  • Serrão, Humberto Júlio da Cunha (1958), "O SPC do CEP e o 9 de Abril", Lisboa, CTT.

  • Serrão, Humberto Júlio da Cunha (1942), "O Serviço Postal do Corpo Expedicionário Português: à França em 1917-1918 (SPC do CEP), Lisboa, CTT.

  • PT/AHM/1ª Div/35ª Sec/CX437 - Organização e Regulamento do Serviço Postal de Campanha.

  • Sanches, Armando Bordalo (2010), "C.E.P. Corpo Expedicionário Português à França, Serviço Postal Militar", CFP-Lisboa

  • Fundação Para a Comunicação - FPC, Espólio do Capitão Humberto Serrão, "Serviço Postal de Campanha - SPC/CEP, 1917-1918".

 

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