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Os Padres Voluntários
Lista dos ministros
religiosos que se ofereceram, entre Janeiro e Fevereiro de 1917, como capelães para
acompanharem o Corpo Expedicionário Português. Grupo dos Capelães enviados
em Abril de 1917.
Álvaro Augusto dos Santos
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Pároco em Lisboa |
Ofereceu-se como capelão voluntário em
22/01/1917.
Seguiu em Abril de 1917 para França.
À data da Batalha de La Lys,
assegurava a assistência religiosa no Hospital de Sangue n.º 1 |
Avelino Simões de Figueiredo
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Capelão em Lisboa |
Ofereceu-se como capelão voluntário em
22/01/1917.
Seguiu em Abril de 1917 para França.
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José do Patrocínio Dias |
Cónego da Sé da Guarda |
Ofereceu-se como capelão voluntário em
2/02/1917.
Seguiu em Abril de 1917 para França.
Chefe do Corpo.
À data da Batalha de La Lys,
assegurava a assistência religiosa no Hospital de Sangue n.º 2 |
Luís Lopes de Melo |
Pároco da Sé Velha de Coimbra
Em 22 de Março de
1917 desembarcou no P.D. Em 10 de Setembro é ferido acidentalmente
por estilhaços de granada. Tomou parte na BATALHA DE LA LYS em 9 de
Abril.
Foi louvado pelo Comandante do B.I. Nº9
"pela maneira zelosa e dedicada como tem desempenhado as funções de
assistente religioso dos oficiais e praças deste Batalhão, porque
assim tem dado sempre a maior demonstração de espírito de sacrifício
que está animado" (O.S. Nº 223 do B.I. Nº 9 de 11de Agosto de 1917).
Louvado por Sua Exa. o General
Comandante do CEP "pelas constantes provas de dedicação, energia e
heróica conduta que demonstrou por ocasião do bombardeamento da
Ambulância nº1, pela decisão e iniciativa como nos dias 9,10,11 e 12
de Abril se manteve na frente, percorrendo as estradas em busca dos
feridos e conduzindo-os às Ambulâncias e ainda pelo denodado esforço
com que contribuiu para o salvamento do material hospitalar. Ao
tentar pela última vez em 12 de Abril penetrar no H.S.1, foi o carro
que conduzia atingido pelas balas inimigas, mas só retirou quando
teve a certeza de que na frente não existia soldado algum que
precisasse de auxílio". (O.S.Nº 230 de 23 de Agosto).
Condecorado com a 2ª classe de CRUZ DE
GUERRA.
Em 10 Abril de 1919 presente no Q.G.C.
seguiu para os Hospitais da Bélgica em visita aos militares
Portugueses ali internados. Em 24 de Junho, vai em diligência a
Paris, sendo presente em 25 na Delegação Portuguesa de Paris.
Louvado, por Sua Exa. o General Comandante do C.E.P., "pela
inteligência, critério e dedicação profissional com que tem dirigido
o serviço de assistência religiosa". (O.S. Nº 172 de 30 de Junho
de1919).
Embarca em 7 de Julho para Lisboa a
bordo do transporte "PEDRO NUNES" onde chega a 10 de Julho de 1919.
(Extractos do Arquivo Geral, da Secção Especial do Corpo
Expedicionário Português).
Regressado da Flandres com duas Cruzes
de Guerra e depois com a Torre e Espada, era novamente a freguesia
de Sé Velha que o esperava.
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Ofereceu-se como capelão voluntário em
25/01/1917.
Seguiu em Abril de 1917 para França.
À data da Batalha de La Lys,
assegurava a assistência religiosa na Ambulância n.º 1 |
José Bernardino da Silva |
Pároco de Moledo na Lourinhã |
Ofereceu-se como capelão voluntário em
20/02/1917
Regressou a Portugal em VII/1917, por
questões de saúde.
Foi Louvado em Ordem de Serviço do CEP
(13) |
Manuel Caetano |
Pároco de Cós em Alcobaça |
Ofereceu-se como capelão voluntário em
25/02/1917.
Seguiu em Abril de 1917 para França.
À data da Batalha de La Lys,
assegurava a assistência religiosa da 6ª Brigada de Infantaria
(6) |
Martim Pinto da Rocha |
Pároco em Alpedriz em Alcobaça |
Ofereceu-se como capelão voluntário em
11/02/1917.
Seguiu em Abril de 1917 para França.
Regressou a Portugal em VII/1917, por
questões de saúde. |
Manuel Rodrigues Silvestre |
Pároco de Cela em Alcobaça |
Seguiu em Abril de 1917 para França.
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Manuel Pereira da Silva |
Pároco de N.ª Senhora da Batalha no Porto |
Ofereceu-se como capelão voluntário em
26/02/1917.
Seguiu em Abril de 1917 para França.
A 21 de Junho de 1917 o Capelão já se
encontrava hospitalizado.
Regressou a Portugal em VII/1917, por
questões de saúde. |
Alexandre Pereira de Carvalho |
Vila Verde em Felgueiras |
Ofereceu-se como capelão voluntário em
22/02/1917.
Seguiu em Abril de 1917 para França.
Regressou a Portugal em VIII/1917, por
ordem do CEP.
Reintegrado no CEP em Maio de 1918. |
António Augusto de Almeida Coelho |
Pena Verde em Aguiar da Beira |
Ofereceu-se como capelão voluntário em
12/02/1917.
Seguiu em Abril de 1917 para França.
À data da Batalha de La Lys,
assegurava a assistência religiosa em Lestrem.
Foi louvado em Ordem de Serviço da 2ª
Companhia de Sapadores, pelos altos serviços prestados.
(13) |
José Ferreira de Lacerda |
Pároco de Milagres (Leiria)
Director da revista O
Mensageiro |
Ofereceu-se como capelão voluntário em
3/02/1917.
Seguiu em Abril de 1917 para França.
Regressou a Portugal em Setembro de 1917, por questões relacionadas com a paróquia.
Regressou à Flandres antes de La Lys e, à
data da Batalha, assegurava a assistência religiosa da 4ª
Brigada de Infantaria (4)
Voltou a Portugal, onde se encontrava a a
16 de Maio de 1918. Voltou à Flandres em Julho de 1918.
|
Jacinto de Almeida Mota |
Pároco de Trevões |
Ofereceu-se como capelão voluntário em
16/03/1917.
Seguiu em Abril de 1917 para França.
Prestou serviço junto do Quartel-general
da 4ª Brigada de Infantaria. No dia 9de Abril não se encontrava na
frente de combate por ter sido incumbido de acompanhar um comboio de
feridos a Portugal.(11)
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Ângelo Pereira Ramalheira |
Pároco de Vila em Ílhavo |
Ofereceu-se como capelão voluntário em
3/02/1917.
Seguiu em Abril de 1917 para França.
À data da Batalha de La Lys,
assegurava a assistência religiosa da 5ª Brigada de Infantaria
(5)
Em telegrama do comandante do
Quartel-general do CEP, dirigido ao Chefe da assistência religiosa
(P.
José do Patrocínio Dias), datado de 22 de Novembro de 1918,
indica que o P. Ângelo Pereira Ramalheira e o P. António Tavares de
Pina ficavam adidos à tripulação de navios que evacuavam doentes. (AHM
- 1/35/CX726) |
José
Manuel de Sousa |
Pároco de Gemeses em Esposende |
Ofereceu-se como capelão voluntário em
10/12/1916. Quando se oferece já tinha 57 anos.
Só foi autorizado a partir para França em
Abril de 1917.
À data da Batalha de La Lys,
assegurava a assistência religiosa na Ambulância n.º 7 |
Paulo Evaristo Alves |
Pároco de Coimbra |
Ofereceu-se como capelão voluntário em
27/01/1917.
Seguiu em Abril de 1917 para França.
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Manuel Roiz Silveira |
Pároco de Cela em Alcobaça |
Ofereceu-se como capelão voluntário em
25/02/1917.
Seguiu em Abril de 1917 para França.
Em 14 de Janeiro de 1918 é abatido ao
corpo de Capelães por motivos de saúde. |
Grupo dos Capelães
enviados em Junho de 1917.
Joaquim Baptista de Aguiar |
Pároco nas Oficinas de São José no Porto |
Ofereceu-se como capelão voluntário em
12/03/1917
Seguiu em Junho de 1917 para França.
Coube-lhe a missão de confortar
espiritualmente o
soldado João Augusto Ferreira de Almeida, fuzilado a 16 de Setembro
de 1917, em Picantim. |
António Rebelo dos Anjos |
Pároco de Salreu em Matosinhos
Louvores Militares
C.E.P. - 2ª Div.6ª B.I.- R.E. 211- em
17/02/1918. Ao Sr. Chefe do Estado Maior da 2ª Div. 2 R. - Comunico a
V.Ex. que o capelão graduado alferes António Rebelo dos Anjos
Transferido ultimamente para a 2ª B.I., deu consecutivas provas de
zelo invulgar em ministrar prontamente os socorros espirituais às
praças desta Brigada quando na 1ª linha, especialmente por ocasião
de bombardeamentos, mostrando também por tais ocasiões o desprezo
completo pela própria vida, pois no cumprimento do seu dever o não
detinha o perigo por mais eminente que se lhe apresentasse. O
Comandante Felisberto Alves Pedrosa Coronel.
Em campanha, 24 de Fevereiro de 1918.
C.E.P. 2ª Div.6ª B.I. Em campanha, 24 de
Fevereiro de 1918 - Ordem n.º 36, Art. 1º, LOUVOR - Que Sua Ex.
Coronel Comandante interino da Divisão, em seu despacho lançado na
nota desta Brigada, n.º 211/R.E. de 17 de Outubro de 1918, determina
que seja louvado nesta ordem, visto o procedimento louvável ter tido
lugar durante o tempo que serviu nesta Brigada, o capelão graduado
alferes António Rebelo dos Anjos, pelas consecutivas provas de zelo
invulgar, em ministrar prontamente os socorros espirituais Às praças
desta Brigada, quando na 1ª linha, muito especialmente, por ocasião
de bombardeamento, patenteado sempre o desprezo completo pela
própria vida, pois o cumprimento do seu dever o não detinha o perigo
por mais eminente que se lhe apresentasse. O 2º comandante Francisco
José Pinto, Tenente-coronel. Em campanha 25 de Fevereiro de 1918.
|
Ofereceu-se como capelão voluntário em
26/02/1917
Seguiu em Julho de 1917 para França.
Em Outubro ofereceu-se para acompanhar o
IV Batalhão (ex-Infantaria
23), na ofensiva em direcção à Alemanha.
(14)
No relatório do Major Helder Ribeiro, de
18 de Novembro de 1918, Aditamento 1º, indica:
"...não devo deixar de citar também em
especial o Capelão equiparado a Alferes Pe. Rebelo dos Anjos, o
primeiro oferecido para fazer parte do [IV] Batalhão no caso de lhe
ser designada uma missão especial na frente, sacerdote exemplar numa
alma forte de português e que pela sua acção persuasiva e cheia de
honestidade e patriotismo foi um dos mais úteis obreiros na
reeducação moral do Batalhão."(23)
------------------------------------
Caixa PT/AHM/DIV/35A/1380
Chegou a França a 13 de Julho de 1917 e
foi incorporado na 6ª Brig. Inf.
A 10 de Fevereiro de 1918 foi transferido
para 2ª Brig. Inf.
A 1 de Abril de 1918 apresentou-se no Q.G.
da Base
A 4 de Abril é colocado no Hospital da
Base n.º 2, com acumulação de serviço no Hospital da Base n.º 1.
A 12 de Maio de 1918 recebeu ordem de
marcha do H.B. 2 para Calais, em serviço de assistência religiosa
junto das tropas aí acantonadas.
A 16 de Maio regressou ao H.B. 2 onde
prestava serviço de assistência religiosa.
A 8 de Outubro 1918 passou a incorporar os
efectivos do IV Batalhão do Major Hélder Ribeiro
(24)
--------------------------------
Em 29/11/1917 encontrava-se como Capelão
da 3ª Brigada de Infantaria.
O Alferes Assis Gonçalves conta-nos que a
1 de Dezembro de 1917, à tarde assistiu a um enterro, com cortejo
fúnebre em silêncio de dois mortos em combate até ao cemitério dos
portugueses em Laventie.
Foi o Alferes-capelão Anjos que conduziu o
cortejo fúnebre dos dois soldados portugueses mortos, tendo
encomendado as suas almas a Deus. Durante a cerimónia a artilharia
alemã não deixou de bombardeara zona, tendo três granadas silvado
sobre o local e caído a algumas centenas de metros do cemitério.
(27)
|
António Tavares de Pina |
Dornelas em Aguiar da Beira |
Ofereceu-se como capelão voluntário em
29/01/1917.
Seguiu em Junho de 1917 para França.
Em telegrama do comandante do
Quartel-general do CEP, dirigido ao Chefe da assistência religiosa
(P.
José do Patrocínio Dias), datado de 22 de Novembro de 1918,
indica que o P. Ângelo Pereira Ramalheira e o P. António Tavares de
Pina ficavam adidos à tripulação de navios que evacuavam doentes. (AHM
- 1/35/CX726) |
Carlos Moreira Coelho |
Carvalhosa e Banho em Marco e Canaveses
|
Ofereceu-se como capelão voluntário em
16/03/1917.
Seguiu em Junho de 1917 para França. |
António de Almeida Correia |
Aguiar da Beira |
Ofereceu-se como capelão voluntário em
17/02/1917.
Seguiu em Junho de 1917 para França. |
Manuel Francisco dos Santos |
Pároco do Seminário dos Meninos
Desamparados em Campanhã, Porto |
Ofereceu-se como capelão voluntário em
23/02/1917.
Seguiu em Junho de 1917 para França.
|
O capelão Manuel
Pereira da Silva foi hospitalizado e repatriado, sendo substituído pelo
capelão António Rebelo dos Anjos. O capelão Martim Pinto da Rocha por não
apresentar saúde que lhe permitisse aguentar o esforço físico do serviço nas
trincheiras foi repatriado e substituído pelo capelão António Tavares de
Pina.
Em Outubro de 1917 o capelão
Alexandre Pereira de Carvalho foi expulso do CEP, por ordem do Ministro
da Guerra, Norton de Matos, na sequência de uma troca de
correspondência, considerada menos respeitosa.
Existiam outros padres no CEP, que se
encontravam entre os soldados e que não se tendo dado a conhecer ao
Exército como tal, a CCARC, insistia junto do Ministro Norton de Matos,
para os colocar no Corpo de Capelães, evocando razões de falta de
capelães: para duas Brigadas, uma das ambulâncias da primeira linha e
para os hospitais da Base.
Em Janeiro de 1918, Sidónio Pais, que
acumulava o Ministério da Guerra, fundamentando a sua decisão pelo
pedido recebido do comandante do CEP, Tamagnini de Abreu, permitiu o
"recrutamento" de novos capelães voluntários, Oficio n.º 141,
de 16 de Maio de 1918.
A 13 de Abril de 1918, após La Lys, o
Quartel-general Territorial, 2ª Repartição, indicava que o número de
Capelães no CEP devia de ser 36, conforme cálculo de Julho de 1917, e
que agora (13 de Abril) apenas se encontravam 11 e que o número ia
passar para 8, porque três iam acompanhar o transporte de feridos para
Portugal. Mesmo assim, dos 8 quatro encontravam-se fisicamente
esgotados: P. José Manuel de Sousa com 58 anos, o P. José Tavares de
Pina com bronquite crónica, O P. António Rebelo dos Anjos e o P. Álvaro
Augusto dos Santos apresentavam um esforço sobre-humano.
(10)
Da
esquerda para a direita o
alferes-capelão
Álvaro Augusto dos Santos
e o Alferes-capelão
Avelino Simões de Figueiredo,
no
Cais de Alcântara em Março de 1917,
quando do embarque para França.
Ilustração Portugueza, série II, nº.
577, Lisboa, 12 de Março de 1917, p.
213.
De Maio a Julho de 1918
partiram os seguintes capelães para França:
Abel Pereira de
Almeida |
|
Embarque em Maio
de 1918 |
José Francisco
Faustino |
|
Embarque em Maio
de 1918 |
António Rodrigues
Bartolomeu |
|
Embarque em Maio
de 1918 |
Jaime de Gouveia
Barreto |
|
Embarque em Maio
de 1918 |
José Dias
Rodrigues |
|
Embarque em Maio
de 1918 |
Avelino Simões de
Figueiredo |
|
Embarque em Junho
de 1918
(Regresso a França) |
José Ferreira de
Lacerda |
|
Embarque em Junho
de 1918
(Regresso a
França) |
Jacinto de Almeida
Mota |
|
Embarque em Junho
de 1918
(Regresso a França) |
Manuel João
Gonçalves |
|
Embarque em Julho
de 1918 |
Alexandre Pereira
de Carvalho |
|
Embarque em Julho
de 1918 |
Manuel Francisco
dos Santos |
|
Embarque em Julho
de 1918 |
Manuel Frazão |
|
Embarque em Julho
de 1918 |
João Augusto de
Sousa |
|
Embarque em Julho
de 1918 |
Joaquim Antunes
Pereira dos Santos |
|
Embarque em Julho
de 1918 |
António Alves
Pacheco |
|
Embarque em Julho
de 1918
(Integrado no BI 15
CEP) |
Manuel Ramos
Pinto |
|
Embarque em Julho
de 1918 |
Em Fevereiro 1918
partiram os seguintes capelães para Moçambique:
Manuel Tavares da Silva
|
|
Embarque em Fevereiro de 1918 para Moçambique, no vapor "Moçambique"
|
João Luís Esteves |
São Pedro d'Arcos em Ponte de Lima |
Ofereceu-se como capelão voluntário em
12/03/1917.
Embarque em Fevereiro de 1918 para Moçambique, no vapor "Moçambique" |
Jorge Duque Nogueira |
|
Embarque em Fevereiro de 1918 para Moçambique, no vapor "Moçambique" |
José da Silva Moroso |
Pároco de Vila Chã em Alijó |
Ofereceu-se como capelão voluntário em 10/03/1917.
Embarque em Fevereiro de 1918 para Moçambique, no vapor "Moçambique" |
Artur Tavares Dias |
Chãs de Tavares em Mangualde |
Ofereceu-se como capelão voluntário em 27/02/1917.
Embarque em Fevereiro de 1918 para Moçambique, no vapor "Moçambique" |
Alfredo Bento da Cunha |
|
O chefe dos Capelães militares em
Moçambique.
Embarque em Fevereiro de 1918 para Moçambique, no vapor "Moçambique" |
E ainda, em Julho de 1918, já ao
abrigo do decreto n.º 4489, de 4 de Junho de 1918, integrados no
exército, com os vencimentos correspondentes ao posto e onde abria o
âmbito da assistência religiosa aos hospitais, navios, asilos ou
qualquer estabelecimento onde existissem doentes, feridos, mutilados ou
repatriados de guerra, e ainda, permitia aos generais comandantes de
forças em operações de guerra, que transferissem para o serviço
religioso os oficiais e praças que considerassem necessários.
Ainda em Julho, o Padre José Maria da
Costa Parente, Alferes miliciano no CEP, aproveitou a oportunidade
permitida com o decreto n.º 4489, e dirigiu um requerimento a solicitar
a sua deslocação para o serviço de assistência religiosa, que foi
deferido.
Existiram numerosos requerimentos de
Sargentos milicianos que pediram para passar para o Corpo de Capelães,
mas que foram sistematicamente indeferidos, no entanto com a indicação
de que podiam prestar assistência religiosa nas unidades em que se
encontravam mobilizados. Refira-se o caso do 2º sargento miliciano
da 9ª Comp. do Regimento Infantaria de Vila Real, que pediu para servir
como Capelão na Expedição a Moçambique, em 17 de abril de 1917, e cujo
requerimento foi indeferido com as condições indicadas anteriormente.
Em Agosto de 1918 partiram mais 3
capelães para França.
Domingos Afonso do Paço |
Pároco de Viana do Castelo |
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Casimiro Rodrigues de Sá |
Pároco de Padronelo |
Ofereceu-se como capelão voluntário em
23/05/1918. Seguiu para França em
14 de Junho de 1918. |
José do Pinho
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Pároco de Penafiel |
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A Comissão Central de
Assistência Religiosa em Campanha
Logo que Portugal passou a ser uma
potência beligerante activa ao alado dos aliados no teatro de guerra
europeu, a imprensa católica fez uma campanha a favor de incorporar no
Exército português um Corpo de Capelães voluntários, que acompanhassem
os nossos soldados em campanha e lhes prestassem os necessários socorros
religiosos.
Com a publicação do Decreto 2942, em
Janeiro de 1917, já após a partida do primeiro contingente para França,
o Corpo de Capelães foi organizado, Os Capelães voluntários foram
graduados em alferes equiparados, sem direito a soldo, situação que se
reverteu após Dezembro de 1917, com o Governo de Sidónio Pais que
ordenou que os Capelães fossem abonados com o soldo de alferes. Para
suprir esta situação foi constituída em Lisboa, sob a presidência do
Cardeal Patriarca D. António Mendes Belo, uma Comissão Central de
Assistência Religiosa, com o fim de angariar fundos para subsidiar os
capelães e custear as despesas de culto e assistência.
A Comissão Central de Assistência
Religiosa (CCAR) pediu a bênção do Santo Padre Papa Bento XV para os
capelães portugueses, que a concedeu em conjunto com amplas faculdades
para exercerem o seu ministério. A CCAR fez um segundo pedido ao Santo
Padre, após os duros combates de Abril de 1918 em que milhares de
portugueses foram feitos cativos em campos de prisioneiros na Alemanha,
para que Ele mitigasse na medida do possível a sorte dos nossos
compatriotas.
"Santíssimo Padre. - A Comissão
Central de Assistência Religiosa de Lisboa, tem já feito bastante para
dar aos soldados portugueses, nos campos de batalha, o apoio e as
consolações religiosas, sente, porém, quanto os seus esforços são
insuficientes para consular os prisioneoros que gemem nos campos de
concentraçao, que sofrem privações de toda a sorte, a aflta absoluta de
conforto, todos os horroees, enfim, dum duro cativeiro. A comissão
reconhece que lhe é mister um auxílio sobrehumano, e é com a mais
humilde e com a mais inteira confiança que se dirige ao Pai Comum dos
Fieis ao princípe da Paz cuja auctoridade é já universalmente
reconhecida e respeitada. É em nome de tantas mães angustiadas, de
tantas esposas desoladas que implora a intercessão de Vossa Santidade a
favor dos vossos filhos portugueses certa de que Vossa Santidade saberá
mitigar-lhes os sofrimentos materiais e alcancar-lhes os socorros
religiosos que são o alimento do espírito. Dignai-vos, Beatísssimo
Padre, dispensar-nos a Vossa Bênção Paternal e aceitai a expressão da
nossa dedicação e obediência.
Cardeal Patriarca de
Lisboa." (18)
As amplas faculdades concedidas aos
capelães militares portugueses enquanto o tempo que durasse a guerra,
referiam-se às confissões, à celebração da Missa, às bênçãos e à recita
do ofício. (19)
O Patriotismo dos
Capelães
Na obra de António Granjo, "A Grande
Aventura", no capítulo que dedica ao Tenente Grilo, remarca a situação
dos cadáveres dos militares portugueses estarem a ser cobertos com a
bandeira inglesa. Mas mais importante é a referência à alteração do
procedimento, em que se passou a cobrir os cadáveres dos militares
portugueses com a bandeira portuguesa, devido à intervenção dos capelães
portugueses, indicando que que estes o tinham imposto. António
Granjo também remarca que o Estado não soube compreender o trabalho e o
sacrifício que os capelães viveram no "front".
"...um padre português, que,
tendo-se inutilizado no front, regressou a Portugal não lhe dando o
Estado nem a residência, nem o registo paroquial de que se apossara
quando ele partira como capelão e onde protestara contra o facto de os
os cadáveres dos soldados portugueses serem cobertos com uma bandeira
estrangeira" (9)
António Granja não refere o nome do
Capelão mas pode estar a referir-se ao Padre
Luís Lopes de Melo que foi ferido em Outubro de 1917 e que
esteve em Portugal para recuperação dos ferimentos sofridos na linha da
frente ao ter sido apanhado por uma explosão que o feriu num braço e num
olho.
Augusto Casimiro levou o seu IV
Batalhão (ex-Infantaria 23) reconstruído até à frente de combate e a 8
de Novembro de 1918 encontrava-se na linha da frente junto a
Warchinles-Tournai. Nessa noite recebeu uma carta e uma garrafa de rhum
de uma ordenança do 148ª Brigada Inglesa. Junto aos seus companheiros
Alferes-capelão
António Rebelo
dos Anjos, o Capitão-médico Fonseca e o Alferes Carmo, abriu a carta,
beberam o rum que o ordenança lhe deixara e dançaram os quatro "numa
sarabanda de alegria!", chegara a notícia do Armistício.
(15)
Os capelães estiveram praticamente
todo o tempo em França sem qualquer licença para virem a Portugal em
descanso, situação que foi documentada nas memórias do General Tamagnini,
"Os Meus três Comandos", quando afirma que deixou de executar ordens da
Secretaria da Guerra que beneficiavam uns oficiais em detrimento de
outros e onde também afirma que questionou essa Secretaria por razões
como a aplicação de licenças aos Capelães e que esta não lhe respondeu(26).
A religiosidade dos soldados e
oficiais portugueses no Front, demonstrava que todas as tendências
ateias tinham ficado em Portugal após atravessar a fronteira. Nas
trincheiras a eloquência dos canhões alemães produzia uma convincente
filosofia que fazia abandonar a descrença. O Alferes Assis Gonçalves em
Novembro de 1917 afirma que até então não tinha encontrado qualquer
soldado ou oficial que desmentisse esta sua ideia. Também reafirma a
forma patriótica como actuava o Alferes-capelão
António Rebelo dos Anjos. (28)
Grupo de Damas Enfermeiras da Cruz
Vermelha Portuguesa acompanhadas por dois capelães do exército
português: o alferes–capelão Joaquim António Pereira dos Santos à
esquerda
e o alferes–capelão Manuel
Frazão à direita,
Ilustração Portugueza, série
II, nº. 644, Lisboa, 24 de Junho de 1918, p. 497.
Os Capelães em Combate - La
Lys
Se na verdade os capelães não
estiveram tanto tempo nas trincheiras como os restantes soldados,
viveram com frequência as condições que estes partilhavam, não só nos
longos períodos de espera como em situações de combate. Ali procuravam
assistir os feridos e os desesperados que sofriam de males físicos e
psicológicos.
Quando da Batalha de La Lys
encontravam-se na primeira linha de trincheiras, em apoio aos
combatentes do CEP os capelães
Luís Lopes de Melo,
António Augusto de Almeida Coelho e
José Manuel de Sousa. No caso do Padre
José Manuel de Sousa, foram os médicos da Ambulância n.º 1 que
solicitaram ao capelão chefe, Padre José do Patrocínio Dias, que o
mantivesse no serviço, devido à preciosa ajuda que prestava.
No relatório sobre a assistência
religiosa enviado ao Estado Maior do Exército, pelo chefe doa capelães
militares José do Patrocínio Dias, sobre a actuação dos capelães em
campanha, durante os acontecimentos de 9 de Abril, foi escrito:
"na
frente encontravam-se 6 capelães, porque no dia 7 de Abril foi conhecido
que a 1ª Divisão ia ser trocada pela 2ª Divisão os capelães, por serem
poucos, receberam ordens para serem transferidos de imediato para a 2ª
Divisão a fim de garantirem a assistência religiosa na linha da frente."
Encontravam-se distribuídos por:
Padre Ferreira de Lacerda (4ª Brigada), Padre Ângelo Pereira Ramalheira (5ª
Brigada), Padre Manuel Caetano (6ª Brigada), Padre António de Almeida
Coelho (em Lestrem), Padre Luís Lopes de Melo (Ambulância nº1), Padre
José Manuel de Sousa (Ambulância n.º7), Padre Álvaro dos Santos
(Hospital de Sangue n.º 1) e Padre José do Patrocínio Dias (Hospital de
Sangue n.º 2).
Na sua globalidade o Corpo de
Capelães Voluntários do CEP foram publicamente louvados na Ordem de
Serviço do Corpo n.º 230 de 23 de Agosto de 1918, "pelo espírito de
desinteresse, abnegação e sacrifício com que se tem dedicado ao
desempenho da sua missão". Existe, ainda, outra referência à
"serena e heróica conduta de alguns dos seus membros no campo de
batalha, especialmente no combate de 9 de Abril, afrontando o perigo,
percorrendo as primeiras linhas e animando os soldados com as suas
palavras e exemplos e ainda pelos actos de humanitário altruísmo com que
nos hospitais e ambulâncias se dedicaram aos feridos e doentes, havendo
sido preciosos auxiliares dos médicos".
O Padre
Ângelo Pereira Ramalheira foi louvado na Ordem de Serviço da Brigado
do Minho n.º 178 de
2 de Julho de 1918, e posteriormente condecorado
com a Cruz de Guerra de 4ª Classe, "por ter assistido com a maior
serenidade e sangue frio a um ferido "in articulo mortis", demorando-se
assim mais de uma hora sob a acção do bombardeamento de 9 de Abril, só
abandonando o local quando o soldado morreu".
O Padre
Manuel Caetano foi louvado na Ordem de Serviço do CEP, n.º 151, de 5
de Junho de 1918, e posteriormente condecorado com a Cruz de Guerra de
2ª Classe e feito Cavaleiro da Ordem de Cristo com palma, "porque
durante a batalha de 9 de abril mostrou dedicada coragem e assombroso
sangue frio, oferecendo-se depois de desempenhar dedicadamente os
serviços do seu ministério, para transmitir ordens através de zonas
bombardeadas e de estradas varridas por metralhadoras inimigas". Foi
também quem salvou a vida do Capitão Napoleão e do Alferes Leote do Rêgo, filho do comandante
da Marinha de Guerra Daniel Leote do Rêgo.
O Padre José Manuel de Sousa foi
louvado na Ordem de Serviço do CEP, n.º 183, de 7 de Julho de 1918, por
tem em 9 de Abril, e posteriormente condecorado com condecorado
com a insígnia de Oficial da Ordem de Cristo com palma, por "estando
de serviço na ambulância n.º 7, demonstrou qualidades extraordinárias de
decisão, energia e coragem, procurando, por todos os meios, socorrer e
evacuar os feridos, e indo voluntariamente aos lugares mais perigosos no
desempenho da sua missão".
O Padre
Luís Lopes de Melo foi louvado na Ordem de Serviço do CEP, n.º 230,
de 23 de Agosto de 1918, e posteriormente condecorado com a Cruz de Guerra de 2ª Classe
e feito Cavaleiro da Torre e Espada, de Valor, Lealdade e Mérito,
"pelas constantes provas de energia e heróica conduta que demonstrou por
ocasião do bombardeamento da ambulância 1; pela decisão e iniciativa
como nos dias 9, 10, 11, e 12 de Abril se manteve na frente, percorrendo
as estradas em busca de feridos e conduzindo-os às ambulâncias e ainda
pelo denodado esforço com que contribuiu para o salvamento do material
hospitalar. Ao tentar pela última vez em 12 de Abril penetrar no
Hospital de Sangue n.º1 foi o carro que o conduzia atingido pelas balas
inimigas, mas só retirou quando teve a certeza de que na frente não
existia soldado algum que precisasse de auxílio". Em Outubro de
1917 esteve em Portugal para recuperação, de ferimentos sofridos na
linha da frente ao ter sido apanhado por uma explosão que o feriu num
braço e num olho. Foi também louvado pelo serviços prestados no Batalhão
n.º 9.
O Padre José do Patrocínio Dias foi
louvado e condecorado com a Cruz de Guerra de 2ª Classe e a medalha de
prata da classe de bons serviços em campanha, em 22 de Julho de 1919,
pela acção tomada em 9 de Abril, quando o pessoal em serviço no Hospital
de Sangue n.º 2, em Venant, retirou para a retaguarda e ele permaneceu
ali com dois soldados, fazendo curativos enquanto não foi estabelecido o
posto com pessoal médico. Procurou alimentação para os feridos e
estropiados, tratando da sua evacuação. Somente abandonou o hospital no
dia 12 de Abril, quando, nas imediações, já não se encontrava qualquer
português.
O Padre Álvaro Augusto dos Santos foi
condecorado com a insígnia de Oficial da Ordem de Cristo com palma, por
no dia 9 de Abril, durante o bombardeamento cujos estilhaços atingiram o
Hospital de Sangue n.º 1, conformou e animou os doentes até serem
evacuados. Já na retaguarda, ofereceu-se para coadjuvar os serviços de
salvação do material sanitário. Demonstrou "alta compreensão dos seus
deveres, grande dedicação pelo serviço, aliado à serenidade, coragem e
abnegação".
(2)
O Padre António
Rebelo dos Anjos foi condecorado com a Cruz de Guerra, "pelo completo
desprezo pela vida com que socorreu feridos na 1ª linha"
(Lavantie) e louvado
pelo serviço prestado ao comando do IV Batalhão (ex-Infantaria 23), na
moralização da unidade para a marcha para a frente de combate (Ordem da
Divisão, 24 de Novembro de 1919). (12)
O Padre José António Tavares Pina foi
condecorado com a Cruz de Guerra, "pelo modo distinto como soube
conciliar as suas funções religiosas com as de bom português,
catequizando cívica ou patrioticamente os soldados, socorrendo-os
debaixo dos maiores perigos e não tendo descanso a proporcionar-lhes
distracções". (12)
O Padre Jacinto de Almeida Mota foi
condecorado com a Medalha Militar de Bons Serviços, "pelo alevantado
espírito de sacrifício, desinteresse e abnegação com que sob os
violentos bombardeamentos do 1º trimestre de 1918 se conservou junto dos
soldados, exercendo o seu ministério e alentando-os com palavras e
exemplos, e retirando só quando já inteiramente impossibilitado recebeu
intimação formal para o fazer". (12)
O Padre Avelino Simões de Figueiredo
recebeu a Ordem de Cavaleiro de Cristo, "pelo zelo com que sempre
procurou levantar o patriotismo dos soldados". Em França abriu uma
casa de recreio e de instrução para apoio aos soldados.
(13)
Padres
Prisioneiros de Guerra
Nas suas memória, o Major Francisco
José de Barros, recorda ter encontrado, em Rastatt, um Alferes miliciano
de infantaria chamado Ferreira que era Padre, que foi
capturado em Levantie, dia 10 de Abril de 1918.
O Padre Ferreira durante o seu
cativeiro fez todos os possíveis para continuar a dar assistência
religiosa aos prisioneiros que precisassem, tendo mesmo conseguido a
instalação de um pequeno altar sobre uns caixotes, duas velas colocadas
em garrafas servindo de castiçais, e dois pequenos crucifixos. Este
conseguiu, ainda, junto de um padre alemão que prestava serviço no campo
de prisioneiros de Rastatt, que lhe oferecessem uns paramentos. O maior
obstáculo era a falta de vinho para a missa.
(7)
Quando em Julho de 1918 os oficiais
portugueses começam a ser transferidos para o campo de prisioneiros de
Breesen em Mecklemburg, o Padre Ferreira não os seguiu, como se pode
verificar da lista de oficiais presentes no campo de prisioneiros de
Breesen, que foi enviada pelo Tenente-coronel João Carlos Craveiro Lopes
à comissão Central de Assistência aos Militares Portugueses prisioneiros
de guerra. (8)
Outro Padre, também não identificado
no rol dos voluntários do Corpo de Capelães, é o Alferes Padre José
Alves Pereira que se encontrava cativo em Essen. Na caixa (AHM, D1/S35/CX1333)
encontra-se um postal seu dirigido à "Pietas Suíça", com o seguinte
texto:
"Peço a V.Exas a fineza
de que participem o modo como os presos portugueses poderão comunicar
com as respectivas famílias. Sei de presos que até à data ainda não
obtiveram notícia alguma das suas famílias, e no entanto têm escrito
várias vezes. De V.Exas Alf. P. José Alves Pereira, essen 11-11-917"
O Contributo
dos Capelães na
Reorganização dos Batalhões de Combate
No último período do CEP, de
Agosto a Novembro de 1918, em que se deu a reorganização dos Batalhões
para a ofensiva final, o zelo com que o corpo de capelães e em
particular a zelo com que o Padre José do Patrocínio Dias, participaram
na reconstrução moral e do espírito de corpo dos Batalhões foi
extremamente importante. O primeiro Batalhão pronto para combate foi o
do Regimento de Infantaria n.º15, comandado pelo Major Ferreira do
Amaral, que não deixou de dispensar um louvor ao trabalho efectuado pelo
capelão da assistência religiosa, José do Patrocínio Dias.
Em Setembro, começa-se a sentir o
resultado do trabalho da "Assistência Religiosa" no CEP. Missas,
devoções da tarde, alocuções, convivência amiudada nas horas de repouso,
que fizeram reconstruir o moral e o espírito de combate. E Outubro o
Batalhão 15 foi o primeiro a estar pronto a entrar em combate,
seguindo-se o Batalhão 23 e o Batalhão 9. Com a reorganização passou a
estar presente um capelão por batalhão, proporção muito diferente de um
capelão por brigada.(1)
A Banda de Música
do Batalhão de Sapadores de
Caminhos de Ferro
No início de Agosto de 1918 o Capelão
Alferes equiparado, Padre Avelino de Figueiredo, ingressou no Batalhão para
auxiliar a Banda de Música. É apresentado como um excelente espírito, bom
carácter, muito amador de música, auxiliando como podia a organização da
Banda de música.
Preocupado com a escassez de musicas no
repertório da Banda de Música, usou os seus conhecimentos pessoais e
influência para conseguir do Comando-Geral do CEP, em Ambleteuse, que o
tenente chefe de música lhes facultasse algumas pautas. Foram emprestadas as
pautas da "Rapsódia Transmontana", "O Rei que rabeou", uma selecção de fados
e dois ordinários.
No final de Agosto o Capelão Avelino de
Figueiredo é transferido para outra unidade(20).
A Assistência
Religiosa em Moçambique
O chefe da assistência religiosa em
Moçambique o Alferes-capelão Padre Alfredo Bento da Cunha, no seu relatório
sobre a assistência religiosa prestada na Expedição de Moçambique em 1918,
no preâmbulo do mesmo afirma:
«A assistência religiosa é tanto
necessária ao soldado quanto ele a reclama, pela educação que recebeu como
pelos sacrifícios que a Pátria dele exige» (21)
O Tenente Mário Costa, no seu livro
"Cartas de Moçambique" indica que os capelães partiram a 7 de Março de 1918,
no vapor "Moçambique", para Moçambique, no entanto nos documentos que se
encontram no Arquivos Histórico Militar, de Lisboa, D1/S35/CX1243,
Arquivo CEP - Assistência Religiosa, há a indicação que partiram em
Fevereiro de 1918.
Quando chegaram a Moçambique
desembarcaram em Mocímboa da Praia, então a base de operações do Exército
português, e foram distribuídos da seguinte forma: para Nacature o Padre
José Duque Nogueira, para Muirite o Padre José da Silva Moroso, para
Moçambique o Padre Artur Tavares Dias e em Mocímboa da Praia ficou o Padre
Alfredo Bento da Cunha Capelão-chefe.
Em Mocimboa da Praia começou o seu
trabalho por apoiar as cinco grande enfermarias de soldados, como a
enfermaria de sargentos e a enfermaria de oficiais. Ao todo encontrou perto
de 350 militares internados.
Uma das missas campais que foram rezadas,
foi uma a 27 de Maio de 1918, por alma dos soldados mortos no combate da
travessia do Rovuma em 1916, à qual assistiram quase dos os militares que se
encontravam em Mocimboa da Praia. Um outro papel da assistência religiosa
verificou-se quando o Padre Alfredo Bento da Cunha depôs em tribunal militar
em defesa de um militar, tendo conseguido a sua libertação.
Registasse que os que faleceram no
hospital todos tiveram assistência religiosa, excepto um, que a não pediu.
Mesmo de noite, sempre que o chamavam, juntava-se ao médico para acompanhar
o doente nos seus momentos finais. (22) |
|
|
Corpo de Capelães: Efectivos totais
28, mortos em
combate 0
1917-1918
Mortes |
Em Combate |
Por doença (outras) |
Pneumónica |
Total |
Capelães |
0 |
0 |
0 |
0 |
Nota: Verificou-se
1 ferido por fogo inimigo em La Lys (Alferes-capelão
Luís Lopes de Melo) .
O Reconhecimento
Pessoal de Alfredo Barata da Rocha
Na sua obra "Névoa da Flandres" em
verso, dedica dois textos com dedicatórias a Capelães do Corpo
Expedicionário Português. O primeiro texto ao Alferes-capelão Padre
Jacinto da Almeida Mota, "Mês da Nossa Senhora", escrito em Maio de
1917, e o segundo ao Alferes-capelão Padre José do Patrocínio Dias,
"Nossa Senhora da Trincha", escrito em 1918.
(3)
O Tenente Alfredo Rocha foi ferido
duas vezes em campanha na Flandres. Formou-se em medicina em 1919, na
Universidade do Porto, foi poeta e esteve ligado à fundação do Núcleo do
Porto da Liga dos combatentes da Grande Guerra, do qual foi o seu
primeiro presidente.
MÊS DE NOSSA SENHORA
A Natureza abriu-se num sorriso.
Coram as flores; destaca mais a hera.
Parece agora a terra um paraíso:
Nossa Senhora trouxe a primavera...
Chilreiam outra vez as andorinhas.
Quando o Calor morrer, hão de
emigrar.
A elas se assemelham as dores minhas
Que, se deixam meu peito, é para
voltar...
Para conseguir adormecer o sol,
Oculto na deveza, um roxinol
Ergue um canto suave de elegia...
Ouve-se, ao longe, o ralho das
granadas...
Cortam o ar três notas magoadas:
- São os sinos rezando a Avé-Maria...
NOSSA SENHORA DA TRINCHA
Nossa Senhora da "Trincha",
Dos soldados padroeira,
Tem capelinhas erguidas
Nas banquetas da trincheira!
Não A conhecem na igreja;
Ninguém mais A conhecia!
Fomos nós que A advínhamos,
Num minuto de agonia!...
*
* *
Quando um dos meus soldados
Se arreceia de morrer,
Estas palavras que eu digo
Começa então a dizer:
- Deus me perdoe, se peco
Em tão grande devoção!
Nossa Senhora da "Trincha",
guardai o meu coração!...
Levai-o a Deus, para que fique
Mais sereno à sua beira;
E, depois que se aquiete,
Trazei-mo então à trincheira,
Para que o ponha, de novo,
Outra vez, dentro do peito,
A dar-me força e coragem
De ficar ao parapeito!...
Quando, à hora do "a postos",
é iminente o perigo,
Nossa Senhora da "Trincha",
Só Vós sois o meu abrigo,
- Pois qualquer outro que eu tenha,
Seja de tábua ou de betão,
Nunca será tão seguro
Como a Vossa protecção!
Se, para acudirdes aos mais,
Me não puderes valer,
Nossa Senhora da "Trincha",
E que eu tenha de morrer,
Seja aqui, pela barragem,
Ou na Terra de Ninguém,
Levai o meu coração
Para junto da minha mãe!...
Metei-lho dentro do peito,
Sem que possa adivinhar
Que os meus olhos que beijou,
Nunca mais há de beijar!...
E, depois que lá se encontre,
No sangue que ela me der,
Coração ressuscitado,
Há de tornar a bater!
Desse modo, a pobrezinha,
Quase afogada de pena,
Passará todos os dias
Mais confortada e serena!...
- Quando, por fim, desconfie
De que eu não volto ao seu lado,
E o coração lhe comece
A bater desordenado,
- Logo o meu, para acudir-lhe,
Para que não desfaleça,
Nossa Senhora da "Trincha"
Fazei que bata depressa
E digo dentro do seio,
Onde um dia se formou:
- "Minha Mãezinha, sossega!...
- Minha Mãezinha, aqui estou!..."
No milagre que vos peço,
Que com fé vos peço eu,
Meu coração não deseja
Melhor campa, melhor céu!...
*
* *
Nossa Senhora da "Trincha",
Dos soldados padroeira,
Tem capelinhas erguidas
Nas banquetas da trincheira!
Deus me perdoe, se peço
Em tão grande devoção!
- Nossa Senhora da "Trincha",
- Guardai o meu coração!...
Os Capelães
retratados nas memórias do General Fernando Tamagnini
No capítulo XIV das suas memórias "Os
Meus Três Comandos"25,
o General faz referência aos dois decretos que enquadram o Corpo de
Capelães, o Decreto 2869, de 30 de Novembro de 1916, que autorizou o
comandante do Corpo Expedicionário Português a requisitar assistência
religiosa, através da incorporação de ministros religiosos portugueses
das diferentes religiões. Houve um cuidado especial por parte do Governo
para não dar primazia à Igreja Católica, no entanto, foi desta estrutura
que se apresentaram os voluntários que partiram para os teatros de
guerra.
Dois meses mais tarde, e com a tropas
a embarcar para França, foi publicado o Decreto 2942, de 18 de Janeiro
de 1917, que estabelecia as regras da prestação do serviço e que
restringia o número de voluntários ao do quadro dos capelães das
unidades componentes do C.E.P., antes da reorganização de 1911, data da
extinção da classe de capelães. Com estas restrição partiram para
França com as primeiras tropas apenas 14 sacerdotes.
Foi o General Fernando Tamagnini que
nomeou o Alferes Capelão José do Patrocínio Dias como Chefe do Corpo de
Capelães Voluntários do CEP, para orientar e dirigir o serviço da
especialidade, e tratar com o comando dos assuntos respectivos.
De início apenas lhes era fornecido
alojamento, alimentação e transporte, mas a partir de Junho de 1918, com
o Decreto 4489, de 1 de Junho de 1918, passou a ser-lhes abonado o
vencimento correspondente ao posto de alferes, cuja graduação o Decreto
2942, de 18 de Janeiro de 1917, já lhes conferia. antes do Estado lhes
pagar o vencimento, este era subsidiado pela Comissão Nacional da
Assistência Religiosa em Campanha, que em Portugal angariava donativos
para esse fim e compra de altares de campanha e alfaias de Culto.
O General Fernando Tamagnini
considerou que o número de 18 capelães foi insuficiente para o exercício
regular das suas funções, uma vez que de acordo com a orgânica anterior
a 1911 o número de capelães presentes em campanha deveria ser de 40.
Para além do número reduzido de
capelães as distâncias entre as unidades também dificultavam a aplicação
dos serviços reclamados pelas unidades, o que levou a que fosse
frequente encontrar os capelães a se deslocarem entre as unidades de
bicicleta ou a cavalo. Foi reconhecido que os soldados que se
confessavam, comungavam e ouviam missa marchavam para as trincheiras com
muito maior moral dos que eram privados dos actos de Culto.
Ao Ministro da Guerra, General Norton
de Matos, foi solicitado mais capelães, inclusivamente por insistência
do Capelão Chefe do I Exército Britânico que por várias vezes indicou
que o C.E.P. não apresentava o número suficiente de capelães para
prestar o serviço religioso como necessário.
Houve por parte dos militares em
campanha uma grande consideração pelo serviço prestado em França. O
Corpo de Capelães no final da guerra recebeu 15 louvores individuais e
um colectivo. Cinco foram condecorados com Cruzes de Guerra, um com o
grau de Cavaleiro da Torre e Espada, um com o grau de Comendador da
Ordem de Cristo, dois com o grau de Oficial da Ordem de Cristo e três
com o grau de Cavaleiro da Ordem de Cristo, e ainda, três com a medalha
militar de prata da classe de bons serviços.
No final do capítulo dedicado aos
capelães, o General Fernando Tamagnini faz referência a que dos antigo
capelães do Exército, que apesar de ser uma classe extinta em 1917,
nenhum dos 36 ex-capelães militares, se ofereceu para ie com o C.E.P.
para França.
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