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Documentos Públicos
Os marcos miliários
As estradas Roma estavam
ladeadas de marcos cilíndricos em pedra calcária, ou basalto, de dois a quatro
metros de altura e de um diâmetro entre vinte e cinco e cinquenta centímetros.
Essas pedras eram colocadas entre cada milha (uma milha é igual a 1.478 metros)
em regra e mais tarde a partir de Caracala de milha e meia em milha e meia. (1)
As mais antigas apenas
apresentam a distância em milhas até à cidade de Roma, quando colocadas na
península Itálica, ou a distância até à capital da província no resto do
Império.
Lusitânia, CIL, II, 4674.
CXXXI
Lusitânia, CIL, II, 4681.
CXLVIII
Pouco a pouco estes
marcos começaram a conter mais informação, o nome do construtor ou do
responsável da estrada, seja, o imperador, o governador da província, informação
que permite datar a inscrição.
Bolonha, ILLRP, 450
M(arcus) Aemilius M(arci) f(ilius) M(arci) n(epos) / Lepidus,
co(n)s(ul) / CCLXIIX – XV.
“Marcus Aemilius Lepidus, filho de Marcus, neto de Marcus,
cônsul, 268-15”
Os dois números indicam
que o marco miliário se encontrava a 268 milhas de Roma e 15 milhas de Bolonha.
Teoricamente o nome em nominativo indica que se trata de uma estrada oficial.
Saint-Vallier, CIL, XVII/2, 156
Ti(berius) Claudius Drusi f(ilius) / Caesar August(us) Germanicus
/ pontifex max(imus) tri(bunicia) pot(estate) III / imp(erator) III, co(n)s(ul)
III, p(ater) p(atriae), / (Viennae millia passuum) XXV.
“Tiberius Claudius César Augusto, filho de Drusus, Germanicus,
Grande Pontifício, no seu terceiro ano de governação, imperador três vezes,
cônsul três vezes, pai da pátria. A 25 milhas de Viennae”
Pertence a um marco
miliário do ano 43 d.C. da estrada de Lion a Arles, pela margem esquerda do rio
Rhône. Uma vez que o gentílico está em dativo, sobre uma fórmula de dedicatória,
indica que a construção da estrada foi feita pelas cidades por onde passa.
Haute-Loire, CIL, XVII /2, 319.
Imp(eratori) Caes(ari) L(ucio) [Dom(itio)] Aurel[i]a[no] / p(io)
f(elici) Aug(usto), p(ontifici) m(aximo), tr(ibunicia) / p(otestate), co(n)s(uli)
III, p(atri) p(atriae), c(îuitas) V(ellauorum) / m(ilia) p(assuum) XIII.
“Ao Imperador César Lucius [Domitius] Aurelia[nus] Pius Felix
Augusto, Grande Pontefício, no primeiro ano de governação, cônsul três vezes,
pai da pátria, a cidade de Vellaves. 13 milhas”
O interesse dos marcos
miliários é triplo, quando encontrados “in situ”, permitem identificar as
estradas, em conjunto com descrições de acções militares e actos
administrativos, são instrumentos de propaganda imperial, por vezes indicam
informação económica.
Os marcos pomeria
Eram marcos específicos
para delimitar o espaço das cidades ou da fronteira religiosa. Só o imperador
podia intervir na alteração dos espaços e modificar a posição do pomerium.
Roma, CIL, VI, 1231.
Ti(berius) Claudius /Drusi f(ilius) / Aug(ustus) Germanicus, /
pont(ifex) max(imus), trib(unicia) pot(estate) / VIIII, imp(erator) XVI, co(n)sul
IIII, / censor, p(ater) p(atriae), /auctis populi Romani / finibus pomerium; /
ampliauit terminavitq(eu). Pomerium, VIII.
“Tiberius Claudius Augusto, filho de Drusus, Germanicus, Grande
Pontifício, no seu nono ano de governação, imperador dezasseis vezes, cônsul
quatro vezes, censor, pai da pátria, alargou o espaço do território do povo
romano”.
Na província, as
autoridades intervinham para manter os territórios e a população dentro dos
limites marcados.
Pádua, CIL, V, 2492.
L(ucius) Caicilius Q(uinti) f(ilius) / proco(n)s(ul), / terminos
/finisque es / senati consolto / statiu iusit inter / Patauinos /et Atestinos.
“Lucius Caicilius, filho de Qiiuntus, procônsul, ordenou , depois
da ordem senatorial, de delimitar o território e de fixar os limites da cidade
de Pádua e Atestinos”.
Os memoriais
Os memoriais consulares
e os memoriais triunfais são listas de nomes gravados sobre bronze ou sobre
mármore, expostos em lugar público, onde se descrevem os nomes dos cônsules ou
dos generais que tiveram honras de triunfo.
Os memoriais ditos
capitolinos, encontravam-se em regra afixados no fórum.
Roma, Fasti Capitolini, p54, (Museu Capitolino)
Anno CDXC (ab urbe condita) M(anius) Valerius M(arci) f(filius)
M(arci) n(epos) MAximus, qui in hoc honpre Messall(a) appell(atus) e(st),
M(anius) Otacilius C(aii) f(filius) M(anii) n(epos) Grassus. Cn(eius) Fuluis
Cn(eii) f(ilius) Cn(eii) n(epos) M(aximus) Centumalus, dict(ator) Q(uintus)
Marcius Q(uinti) f(ilius) Q(uinti) n(epos) Philippus, mag(ister) eq(uitum),
claui fig(endi) caussa.
A seguir ao nome de dois
cônsules, aparece o nome de um ditador e do seu mestre de equitação. Outros
memoriais encontrados na Itália, contribuem para completar a informação dos
memoriais capitolinos, como um encontrado em Ostia:
Antium, ILLRP, 16
M(arcus) Aemili(us) Le[pidus] C(aius) Popill[i(us) Laenas II]
O número "II" depois do
nome do cônsule Caius Popillius Laenas indica que este foi cônsul por segunda
vez.
Do mesmo modo, os
memoriais triunfais indicam listas de nomes de generais romanos que receberam
honras de triunfo.
Fasti Capitolini, p97
Sp(urius) Caruilius C(aii) f(ilius) C(aii) n(epos) MAximus, a(nno)
CDLX (ab urbe condita), / [co(n)s(ul), de Sam]nitibus idibus Febr(uaris)
O triunfo sobre os Sarmatas é celebrado no dia dos ides de
Fevereiro, 13 de Fevereiro de 293 d.C.
Os éditos
A inscrição do CIL, X, 4842, de Venafrum
na Campanha, é conhecida como o edictum Augusti de aquaeductu Vanafrano, é um
édito do imperador Augusto que regulamenta a construção do aqueduto de Venafrum.
Um outro édito encontrado no mesmo local:
CIL, X,
4843
iussu
imp(eratoris) Caesaris / Augusti circa eum ( riuom qui aquae / ducendae causa /
factus est, actonos / ped(es) ager dextra / sinistrq(ue) uacuus / relicus est.
Onde indica, por ordem de Augusto, que foi regulamentado a
obrigatoriedade de deixar uma distância livre de oito pés de cada lado do
aqueduto.
Bibliografia
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1 - pág.
112-117, (Donati,
2002)
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