(6 de Março de 1904)
Bombardeamento de Vladivostoque
De 9 a 28 de Fevereiro 1904
O ataque a Port Arthur na abertura da guerra russo-japonesa foi realizado para proteger os transportes de tropas japonesas rumo à Coreia. No entanto, as forças japonesas ainda tinham uma outra forças inimiga que lhes poderia interceptar os transportes navais, o Esquadrão de Vladivostok. É nesta questão que a estratégia russa de dividir a força naval do extremo-oriente em duas forças demonstrou a oportunidade.
Na noite do primeiro ataque a Port Arthur, o Almirante Shtakelberg, comandante do Esquadrão de Vladivostok, recebeu ordens do Almirante Alexieff para sair para o mar a fim de atacar os navios japoneses, mas com a indicação que a missão não se deveria prolongar por mais sete dias, para não dar tempo de reacção às forças japoneses e oportunidade de atacarem o porto de Vladivostok desprotegido.
O Almirante Shtakelberg formou uma força de combate de quatro cruzadores sob o comando do Capitão Reitzenshtein, ROSSIYA, GROMOBOI, BOGATYR e RURIK, a qual a 9 de Fevereiro zarpou em direcção à entrada do Estreito de Tsugaru. A força russa chegou à zona determinada a 11 de Fevereiro e avistou a sua primeira vítima no dia seguinte, o Maru Nagonoura de 1.800 toneladas com destino a Otaru.
O Maru Nagonoura foi parado, a tripulação retirada e depois foi afundado a tiro. Uma segunda vítima foi uma embarcação costeira de 300 toneladas que conseguiu escapar bastante danificada pelo fogo de artilharia, mas que conseguiu chegar ao porto japonês de Fukuyama, à entrada do Estreito de Tsugaru.
Como não encontravam mais alvos, as condições atmosféricas estavam a piorar e o tempo estipulado para a missão a esgotar-se o Capitão Reitzenshtein decidiu deslocar a zona de intervenção para junto de Shippo, ao norte de Gensan, mas sem fazer qualquer ataque sobre a costa japonesa. Entretanto o RURIK foi demonstrando problemas nos motores.
As condições atmosférica pioraram e a flotilha de cruzadores foi atingida por ventos ciclónicos que forçou o seu regresso a Vladivostok, onde chegou a 14 de Fevereiro.
Rossiya (CR-cruzador blindado)
Rurik (CR)
Gromoboi (CR)
Bogatyr (OCR-cruzador protegido)
Heihachiro Togo (1847-1934)
Ewald Antonowitsch von Stackelberg
(1847-1909)
Tinham passado duas semanas desde a abertura das hostilidades e o progresso das operações militares japonesas superou suas expectativas mais optimistas de todos os intervenientes e observadores estrangeiros. Não só o Almirante Togo dominara a frota russa, como o exército em terra tinha sido igualmente bem-sucedido. Para a frota japonesa, a situação continuava a ser de tensão. Não foi só o Almirante Togo que não conseguiu destruir o Esquadrão Russa que se encontrava em Port Arthur, como também no Mar do Japão a actividade do Esquadrão de Vladivostok começava a exigir uma acção drástica.
Durante dez dias após ter retornado da sua primeira missão no Mar do Japão o Almirante Shtakelberg não fez mais nenhum movimento com o seu esquadrão naval, mas entretanto receberam notícias que o porto de Gensan tinha sido ocupado pelos japoneses. Os quatro cruzadores chegaram a Gensan a 26 de Fevereiro, mas não encontraram o porto ocupado por forças japonesas. Iniciaram uma busca ao longo da costa e regressaram a Gensan na manhã seguinte. Ainda fizeram mais buscas ao longo da linha litoral e acabaram por regressar a Vladivostoque a 29 de Fevereiro.
Os japoneses não tinham dúvidas que se tratava do esquadrão de Vladivostok, mas os navios do Almirante Togo estavam ocupados a operar o bloqueio a Port Arthur.
De 29 de Fevereiro a 6 de Março de 1904
O comando imperial japonês considerou que alguma coisa deveria ser feita, enquanto a situação no Mar Amarelo o permitisse, para deter o esquadrão russo de Vladivostok .
Em 29 de Fevereiro, o Estado-Maior da Marinha Imperial Japonesa ordenou ao Almirante Togo que este separasse uma porção da força naval sob o seu comando e a enviasse para fazer um reconhecimento em força na zona de Vladivostok.
Devido a uma tempestade de neve, a força japonesa comandada pelo Almirante Kamimura só chegou à zona de Vladivostok ao amanhecer de 6 de Março. Uma estação de sinais colocada na ilha de Askold, na extremidade oriental da baía de Pedro o Grande que dá acesso ao porto militar de Vladivostok deu imediatamente sinal da presença dos navios japoneses, mas como era Domingo, as guarnições estavam toadas desembarcadas e espalhadas pela cidade. O alarme foi dado através do lançamento de foguetes luminosos e estes começaram a regressas aos seus navios. Entretanto, os navios japoneses iam-se aproximando do porto.
O porto militar tinha um acesso difícil por mar e estava protegido por fortificações costeiras.
O Almirante Kamimura avançou pela baía a dentro em direcção do porto militar, mas o avanço era lento face ao gelo que fechava o acesso. Estava muito frio, os navios estavam cobertos de gelo.
A força japonesa deixou dois cruzadores de vigia à entrada da baía e fora do alcance das batarias costeiras. Os navios que seguiram para dentro da baía alcançaram a distância de tiro de 8 milhas, pelas 13 horas, mas tiveram de optar por tiro indirecto com as suas armas pesadas sobre a zona em que provavelmente estariam os quatro cruzadores russos fundeados.
Como as batarias costeiras não respondiam ao fogo dos navios japoneses o Almirante Kamimura optou por se aproximar até 5 milhas, mantendo os seus canhões secundários a bombardear as batarias costeiras. Como não teve resposta os japoneses cessaram por completo o fogo às 14h27mn.
Este ataque não teve consequências práticas sobre a operacionalidade do esquadrão de Vladivostoque, mas grandes repercussões sobre a população civil que começou a fugir para a Rússia ocidental europeia. Também ficou claro que o porto de Vladivostok, ou mesmo a cidade necessitavam de um reforço de defesa para se oporem a um eventual desembarque japonês.
Kamimura Hikonojo
(1849-1916)
Força Russa – Esquadrão de Vladivostok - no porto
Comando: Comodoro Reycenshteyn (HIRM Rossiya)
Navios : Rossiya: Rossiya (Rossiya class CR), Rurik (Rurik class CR), Gromoboi (Gromoboi class CR), Bogatyr (Bogatyr class OCR).
Força Japonesa – 2ª Divisão Naval
Comandante: Vice-Almirante Kamimura (HIJM Izumo)
Navios: Izumo (Izumo class CR), Azuma (Azuma class CR), Asama (Asama class CR), Yakumo (Yakumo class CR), Iwate (Izumo class CR).
Izumo (CR)
Azuma (CR)
Asama (CR)
Yakumo (CR)
Iwate (CR) - Izumo class
Bibliografia
Madison, Bill (2000), Down of the Rising Sun: the Russo-Japanese War, USA Phoenixville, Clach of Arms Inc.
Kowner, Rotem (2009), The A to Z of the Russo-Japanese War, UK Plymouth, The Scarecrow Press Inc., iBook.
Brook, Peter (2000), Armoured Cruiser versus Armoured Cruiser: Ulsan 14 August 1904, UK London, Conway Maritime Press.
Evans, David C.; Peattie Mark R. (1997), Kaigun Strategy, Tactics, and Technology in the Imperial Japanese Navy 1887-1941, Naval Institute Press.
Kamimura Hikonojo tinha sido nomeado como comandante da 2ª Esquadra da Marinha Imperial Japonesa no início do conflito russo-japonês. A sua missão principal era a de deter ou incapacitar o esquadrão naval russo de Vladivostok.
No entantoo esquadrão russo tinha mantido pressão sobre as forças japonesas e operado com grande à-vontade no sul do mar do Japão, junto à costa litoral da Coreia, onde inclusivamente tinham afundado um navio de transporte de tropas japoneses e danificado uma outra pequena embarcação.
Esta situação colocou Kamimura Hikonojo numa situação difícil ao ponto de nos jornais japoneses em Tóquio tivessem surgido notícias a pedir que este se suicidasse.
A sua carreira naval não melhorou com o insucesso da missão de bombardeamento a Vladivostok e só mais tarde quando a 14 de Agosto de 1904, na Batalha de Ulsan consegue afundar o cruzador Rurik e danificar os cruzadores Gromoboi e Rossiya é que retoma a popularidade nacional e o reconhecimento do governo japonês. Ao comando do Izumo irá liderar a 2ª Esquadra da Marinha Imperial Japonesa na Batalha de Tsushima a 27 de Maio de 1905.
Kamimura Hikonojo (1849-1916)