Azerbaijão 1917-1920
A República Democrática do Azerbaijão foi a primeira tentativa bem sucedida de se estabelecer uma república democrática e secular no mundo muçulmano antes da República da Turquia.
Foi fundada em 28 de Maio de 1918, pelo Conselho Nacional do Azerbaijão em Tiflis. Nas suas fronteiras encontrava-se a Rússia ao norte, a República Democrática da Geórgia a noroeste, a República Democrática da Arménia a oeste e o Império Persa (Qajar) a Sul. A capital provisória foi a cidade de Ganja, uma vez que a cidade de Baku estava ocupada pelos revolucionários russos vermelhos (bolcheviques) do soviete de Baku.
A República Democrática do Azerbaijão teve um sistema de governo parlamentar, eleito em função de representação universal, livre, e proporcional, foi o órgão supremo da autoridade do Estado e do Conselho de Ministros responsáveis perante ele.
Fatali Khan Khoyski tornou-se seu primeiro-ministro. No Parlamento foi conseguido uma maioria social-democrática e existiam representantes das comunidades arménia, russa, judaica, alemã e outras.
Entre as importantes realizações do Parlamento foi a extensão do sufrágio para as mulheres, fazendo com que o Azerbaijão fosse a primeira nação muçulmana a conceder às mulheres direitos políticos iguais aos homens. Também fundou a primeira Universidade Estatal em Baku.Estabeleceu um governo estável e levou a República Democrática do Azerbaijão a manter uma posição neutra frente a Guerra Civil Russa.
Em 16 Junho de 1917 assinou um tratado de defesa colectiva com a República Democrática da Geórgia contra o Exército Branco do general Anton Denikin.
O Azerbaijão foi atacado pela República Democrática da Arménia em aliança com as forças do Exército Branco do General Anton Denikin. A Arménia tinha a intenção de tomar a região de Karabakh, mas a derrota das forças russas brancas frente aos Exército Vermelho parou a ofensiva Arménia.
Com efeito, a República foi muito rapidamente confrontada com a ameaça dos russos vermelhos, não só pela existência do Soviete de Baku, mas também porque o Soviete de Petrogado decidiu reocupar o território do Azerbaijão que havia deixado à sua sorte depois da Revolução de 1917, a futura União das Repúblicas Sovieticas necessitava do petróleo de Baku.
Sem aliados locais, sem o apoio da Pérsia ou das forças britânicas do General Thomson que se encontrava próximas, o país foi rapidamente ocupado. Primeiro a 28 de Abril de 1918 pelos russos brancos, onde perde a independência, e epois em 1920 é ocupado pelo Exército Vermelho, que incorpora o Azerbaijão em 1922 na República Socialista Federativa Soviética Transcaucásia no seio da União Soviética. Em 1936 o país é redenominado como República Socialista Soviética do Azerbaijão.
Fatali Khan Khoyski (1875-1920)
(1918/12/26 - 1919/03/14)
Mammad Amin Rasulzadeh (1884-1955)
(1918/05/27 – 1919/12/07)
Fuga da população arménia de Baku em Setembro de 1918.
http://www.iwm.org.uk/collections/item/object/205213356
Azerbaijão, 1918 - 1920
República Democrática Federal da Transcaucásia, 1918
(1918/02/24 - 1918/05/28)
Petrogrado - Fevereiro de 1917, Revolução Russa de Fevereiro, ou Revolução Branca
Depois da Revolução de 23 de Fevereiro de 1917 (C.J.) ou 3 de Março (C.G.), que levou o Czar Nicolau II a abdicar a 2 de Março (C.J.).
Após a invasão do Parlamento (Duma), a 27 de Fevereiro (C.J.) foram formadas duas câmaras que se reuniram em separado e fizeram surgir numa o Governo Provisório e noutra o Soviete de Petrogrado.
O Governo Provisório (Russos Brancos) foi dirigido pelo príncipe Georgy Lvov e o Ministério da Guerra por Alexander Kerenski (21 de Julho e 8 de Novembro de 1917). Foi um governo liberal que tentou manter a economia e a propriedade privada, assim como a continuação da Rússia na Grande Guerra.
Por outro lado o Soviete de Petrogrado (Russos Vermelhos) pretendia estruturar a economia num molde diferente, redistribuindo a terra pelos camponeses, transformar o exército e converte-lo num corpo de voluntários e de oficiais eleitos por voto popular, e por último sair da guerra com a Alemanha, o que trazia uma proposta muito mais apelativa que a do Governo Provisório.
O Governo Provisório Russo, em Petrogrado, tomou com a missão a preparação das eleições para uma Assembleia Constituinte Russa e chamou a si a mantendo da gestão dos assuntos do Estado até estarem preparadas as condições para a eleição da Assembleia Constituinte Russa. Mas a sua autoridade foi progressivamente sendo limitada pela autoridade cada vez mais forte do Soviete de Deputados Operários e Soldados de Petrogrado (Soviete de Petrogrado).
Depois da Revolução de Fevereiro (Revolução Branca) o Governo Provisório instalou um comité para a gestão da região do Cáucaso, o Comité Especial Transcaucasiano, ou Osobyy Zakavkazskiy Komitet (OZAKOM).
Cáucaso - Setembro 1917
A 20 de Setembro de 1917, o Conselho Nacional dos Povos do Cáucaso, composto por membros do Comité Especial Transcaucasiano, proclamou em Tiflis a constituição de um Comissariado Transcaucasiano, na prática um outro governo provisório caucasiano dentro da Rússia Federal, o qual foi constituído por três subgrupos sem quase qualquer intercolaboração (Geórgia, Arménia e Azerbaijão).
Petrogrado - Outubro 1917
O Soviete de Petrogrado viria a ter um papel fundamental na subida ao poder do partido Bolchevique de Vladimir Lenine, aproveitando a contestação da força operária resultante da industrialização de guerra e da força camponesa.
Com a transformação do rumo político operado na Rússia através da Revolução de Outubro de 1917 (ou Revolução Vermelha),
Na madrugada do dia 25 de Outubro de 1917, os bolcheviques liderados por Lenine, Zinoviev e Radek, ajudados por anarquistas socialistas revolucionários, cercaram Petrogrado, o Governo Provisório e o Soviete de Petrogrado.
O Soviete de Petrogrado delegou o poder governamental ao Conselho dos Comissários do Povo, dominado pelos bolcheviques e dissolveu a antiga assembleia constituinte.
O novo Comité Executivo do Soviete de Petrogrado convocou os outros sovietes e o exército a defender a Revolução contra o golpe bolchevique.
Cáucaso - Novembro 1917
A 15 de Novembro de 1917 os partidos caucasianos declaram não reconhecer as transformações políticas que se operavam na Rússia Bolchevique. É constituido o Comissariado Transcaucasiano formado por onze representantes: três da Geórgia, três da Arménia, três do Azerbaijão e dois da Rússia (mencheviques), com sede em Tbilissi (Geórgia).
Petrogrado - Janeiro 1918
A 5 de Janeiro de 1918 tropas bolcheviques dispersaram a tiro uma manifestação pacífica a favor da Assembleia Constituinte e na madrugada do dia seguinte (6 de Janeiro) o governo bolchevique do Soviete de Petrogrado dissolveu a assembleia, deu início a uma perseguição sobre os outros partidos socialistas que anteriormente os tinham apoiado e deram início a um regime de ditadura.
Cáucaso - Fevereiro 1918
Na sequência da tomada de poder dos bolcheviques o Comissariado Transcaucasiano delegou poderes no Parlamento Transcaucasiano (Sejm) a 10 de Fevereiro de 1918, para que proclamasse uma república democrática federativa, independente da Rússia o que aconteceu a 24 de Fevereiro. Foi uma federação com uma curtíssimo tempo de vida, já que a 26 de Maio de 1918 a Geórgia saiu da federação e declarou-se uma república independente, o que aconteceu igualmente a 28 de Maio de 1918 com a Arménia e o Azerbaijão.
Alimardan Alakbar Topchubashov
(1863-1934)
(1918/12/07 - 1920/04/27)
Nascimento do Azerbaijão 1917-1918
O Comissariado Transcaucasiano foi a primeira forma de governo independente dos estados caucasianos após a Revolução Vermelha de Outubro de 1917.
Ao Comissariado foi dado o objectivo de fortalecer a união entre os três estados (Geórgia, Arménia e Azerbaijão) e de vir a convocar uma assembleia geral (Sejm) até Janeiro de 1918.
Comissariado Transcaucasiano, 1917
(1917/11/15 - 1918/02/27)
Durante a Revolução Branca de Fevereiro de 1917, Evgeni Gegechkori foi nomeado comissário do Governo Provisório para a Geórgia.
A 28 de Novembro de 1917 foi eleito Presidente do Comissariado Transcaucasiano e mais tarde Presidente do Parlamento Transcaucasiano (Sejm) que veio a deliberar sobre a fundação da República Democrática Federal da Transcaucásia.
Evgeni Gegechkori
(1881 - 1925)
Samad bey Mehmandarov (1855-1931)
Após a Revolução de Fevereiro na Rússia, Mehmandarov renunciou o seu cargo no Exército e partiu para Baku. Com o estabelecimento da República Democrática do Azerbaijão em 1918, Samedbey Mehmandarov tornou-se o terceiro e último ministro da Defesa do Azerbaijão.
Ele ocupou esse cargo até que o 11º Exército do Exército Vermelho invadiu o Azerbaijão em 1920. Após a queda do governo nacional e o estabelecimento do governo soviético no Azerbaijão, Mehmandarov foi preso, mas ele foi libertado dois meses depois.
Ali-Agha Shikhlinski (1865-1943)
Após a Revolução de Fevereiro na Rússia, Ali-Agha Shikhlinski foi nomeado comandante do 10º exército russo em Setembro de 1917. Após a revolução de Outubro, renunciou a sua posição e mudou-se para Tiflis, onde foi encarregado da formação do corpo militar muçulmano do Azerbaijão.
Em Janeiro de 1919, o governo da República Democrática do Azerbaijão nomeou Shikhlinski, para trabalhar no Ministério da Defesa. Em 28 de Junho de 1919, Ali-Agha Shikhlinski foi promovido ao cargo de General da Artilharia do Exército do Azerbaijão.
Após a invasão do Azerbaijão pelo Exército Vermelho e o estabelecimento do regime soviético no Azerbaijão, em Abril de 1920, Shikhlinski foi preso e libertado dois meses depois.
República Democrática do Azerbaijão
Batalha de Baku (1918/08/26 - 1918/09/14)
Comuna de Baku (1918/04/13 - 1918/07/25)
Stepan Shahumyan
(Chefe dos 26 Comissários Bolcheviques da Comuna Soviética de Baku)
Cáucaso - Dezemmbro 1917
Em 5 de Dezembro de 1917 foi assinado o Armistício de Erzincan entre os russos e os otomanos, encerrando os conflitos armados entre a Rússia e o Império Otomano na campanha da Persa e na campanha do Cáucaso, no teatro de guerra do Médio Oriente. Um outro Armistício de Brest-Litovsk tinha sido assinado entre a Rússia e a Alemanha e o Império Austro-Húngaro.
Evgeni Gegechkori
(1881 - 1925)
(Geórgia)
Nikoloz Chkheidze
(1864 - 1926)
(Geórgia)
Akaki Chkhenkeli
(1874-1845)
(Geórgia)
República Democrática Federal da Transcaucásia
Em 3 de Março de 1918, o Armistício de Erzincan e o Armistício de Brest-Litovsk, deram origem ao Tratado de Brest-Litovsk que marcou a saída definitiva da Rússia da Grande Guerra. Entre 14 de Março e 19 de Abril de 1918, realizou-se a Conferência de Paz de Trabzon entre o Império Otomano e uma delegação do Parlamento Transcaucásico (Sejm), em que o representante otomano ofereceu o fim das ambições expansionistas no Cáucaso em troca de um conjunto de territórios fronteiriços na Arménia.
A 5 de Abril, o chefe da delegação Transcaucasiana, Akaki Chkhenkeli, aceitou o Tratado de Brest-Litovsk como base inicial para mais negociações e encaminhou o acordo conseguido para os órgãos de governo em Tiflis. Os delegados arménios do Parlamento (Sejm) não aceitaram a posição do Governo Federal, o que provocou um estado de guerra entre o Império Otomano e a República Democrática Federal da Transcaucásia. O passo seguinte foi a invasão das fronteiras da Arménia por tropas otomanas.
A batalha terminou com uma vitória decisiva da República Democrática Federal da Transcaucásia, na verdade da Futura República da Arménia, uma vez que o exército que fez frente aos otomanos era constituído por nacionais arménios. O ódio e o medo contra os otomanos em muito era reflexo do genocídio efectuado contra os arménios que viviam na Turquia.
Para a defesa da Arménia houve uma mobilização geral, já que o estado de espírito levava a que todos compreendessem que a batalha seria decisiva para a sobrevivência do povo arménio.
A batalha durou 17 dias em que as forças arménias comandadas pelo General Movses Silikyan, antigo general imperial russo arménio, forçaram um conjunto de combates que terminou numa manobra de envolvimento em Sardarabad (Nor Armavir) que destruiu e colocou em fuga os sobreviventes da força otomana. O dia 28 de Maio de 1918 foi então tomado como dia da independência da República da Arménia (1918-1920)
Batalha de Sardarabad (12 a 29 de Maio de 1918)
Movses Silikyan
(General da República Federal)
(Arménio)
(1862 - 1837)
Batalha de Karakilisa (25 a 28 de Maio de 1918)
Garegin Nzhdeh
Herói Nacional Arménio
(1886 – 1955)
A Batalha de Karakilisa teve lugar perto de Karakilisa, (Vanadzor), entre 25 e 29 de Maio de 1918.
O avanço das forças otomanas foi obrigando à retirada consecutiva das forças arménias. A 20 de Maio os turcos conquistaram as cidades de Akhbulag, Djrajur e Kaltakhchi. A 21 de Maio conquistaram Vorontsovka e avançaram sobre Yerevan e Karakilisa.
Sobre Karakilisa enviaram uma foça de 10.000 soldados, 70 peças de artilharia e 40 metralhadoras.
O líder arménio Garegin Nzhdeh com as suas tropas, 6.000 soldados, 70 peças de artilharia e 20 metralhadoras fortificou-se na cidade de Karakilisa e conseguiu unir a população às suas forças para a defesa da cidade.
Depois de quatro dias de uma violenta luta os defensores de Karakilisa ficaram sem munições e tiveram de retirar. O Exército Otomano invadiu a cidade e massacrou cerca de 4.000 habitantes que encontrou, mas face ao desgaste dos combates não tiveram mais força para avançar sobre outras cidade da Arménia e retiram para a Turquia.
Garegin Ter-Harutyunyan também conhecido por Garegin Nzhdeh foi um dos principais líderes políticos e militares da Primeira República da Arménia (1918-1921) e é ainda hoje admirado como um herói nacional pelos arménios
Garegin Nzhdeh desempenhou um papel fundamental na organização das tropas para a defesa de Karakilisa em Maio de 1918.
Ele conseguiu mobilizar a população local e refugiados que se encontravam na cidade, para lutarem contra os otomanos através de um discurso inspirador no pátio da Igreja de Dilijan, onde ele convocou os arménios para participarem na batalha sagrada. Após uma violenta batalha de 4 dias, ambos os lados tiveram pesadas baixas, mas os arménios ficaram sem munição e tiveram que se retirar, mas os otomanos foram parados em Karakilisa.
Batalha de Bash Abaran (21 a 29 de Maio de 1918)
Drastamat Kanayan
(1884 – 1956)
(Arménio)
A Batalha de Bash Abaran, de 21 a 29 de Maio 1918, teve lugar nas imediações de Bash Abaran (Aparan).
As vitórias arménias em Bash Abaran, Sardarabad e Karakilisa, interromperam a invasão otomana da Arménia e contribuíram para a formação da República da Arménia.
As forças otomanas atacaram 21 de Maio em direcção a Erevan, onde encontraram a oposição das forças arménias sob o comando de Drastamat Kanayan. Junto a Bash Abaran chocaram com por cerca de 1.000 soldados de infantaria arménios que combateram. No dia 25 de Maio as forças arménias lançaram um contra-ataque sobre os otomanos que os colocaram em retirada.
Ali e Nino
Dirigido por Asif Kapadia, com tÌtulo original “Ali & Nino", em 2016, contou no elenco com Adam Bakri, María Valverde e Mandy Patinkin.
Azerbeijão, 1918: apesar de ele ser muçulmano e ela ser cristã, Ali (Adam Bakri) e Nino (María Valverde) vão contra a vontade dos pais e casam-se. Ao início, parece que a sua paixão será suficiente para neutralizar as suas diferenças, mas a união do casal é rapidamente testada. Primeiro, quando Nino confronta o que é ser uma mulher ocidentalizada numa sociedade tradicionalista, e depois quando todo o seu mundo muda com o advento da Primeira Guerra Mundial. Com o imparável movimento da História como pano de fundo, ALI E NINO é a arrebatadora história de um romance que atravessa barreiras políticas, geográficas e religiosas.
A maioria dos azeris não gostava do domínio russo. O governo russo enfatizava o cristianismo, em especial a Igreja Ortodoxa, como fundamento para a identidade do Império Russa. A maioria da população não falava russo e era analfabeta no Azerbaijão, e como tal não conseguiam empregos do governo. Os azeris tenderam a levar sua fé islâmica sunita como primado unificador da população e as mulheres usavam véu.
Até 1850 o Azerbaijão não era considerado como uma província importante para a Rússia, cuja utilidade servia para manter um tampão às vontades expansionistas do Império Otomano. Havia um historial de mais de 200 anos de guerras entre a Turquia e a Rússia.
Será então o petróleo foi descoberto em 1850 que dará ao Azerbaijão a sua importância económica. Era uma época em que o carvão era mais importante. O carvão era usado para aquecer casas, nas fábricas, para transformar a água em vapor e fazer os navios e comboios funcionarem. O carvão também foi usado para alimentar fábricas.
Em 1885, o alemão Otto Benz inventou uma viatura que utilizava petróleo, o que veio a transformar progressivamente a necessidade deste. Em 1914 já muitos navios eram movidos a vapor que queimavam petróleo e isso trouxe um valor estratégico ao Azerbaijão.
A cidade de Baku foi o espelho da prosperidade local. Muito dos edifício datam dos anos pouco antes da Grande Guerra. Na década de 1850 Baku viria a tonar-se num porto importante para o Império Russo. O Governo Russo inundou a cidade com funcionários russos e ucranianos para trabalharem nas fábricas, no petróleo, ferrovia e como funcionários públicos.
No Outono de 1917, a situação no sul do Cáucaso piorou e os confrontos de origem étnica começaram gradualmente a aumentar.
A actividade do Comité Especial do Cáucaso Transcaucasiano que tinha sido estabelecido após a Revolução de Fevereiro desfez-se.
Em termos de administração e política, os vínculos do do sul do Cáucaso com a Rússia eram cada vez menores, o que levou ao aparecimento de um novo governo na região. Assim, os bolcheviques ocuparam Baku no dia 2 de Novembro e instituíram o soviete de Baku, liderado por Stepan Shaumyan.
Com o risco do sul do Cáucaso cair em poder dos bolcheviques, o que não era do interesse dos locais e da Entente, o Partido Musavat (partido local no Azerbaijão) com 40 por cento dos votos nas eleições para o Soviete, recusou a junção do Azerbaijão à República Soviética de Petrogrado. Deu-se então o início a uma luta entre o povo azaris e os bolcheviques de Baku.
Com a cisão do poder político os bolcheviques pegaram em armas e com o apoio da força política da Federação Revolucionária Arménica (Dashnakt) iniciaram uma luta armada contra a força do Partido Musayat Arzeibaijão, ou seja contra os muçulmanos do Azerbaijão.
Esta luta iria provocar a matança de Março de 1918, conhecido como “Os dias de Março”, um massacre interétnico de cerca de 12.000 azeris, entre 30 de Março e 2 de Abril de 1918, na cidade de Baku e em áreas adjacentes à cidade sob a administração da República Federal Democrática Transcaucasiana. Outras fontes indicam 10.000 azaris e 3.000 russo/arménios.
Os bolcheviques e os seus aliados dashnakt (arménios revolucionários) acabaram por vencer a revolta e estabeleceram em Baku um soviete, se bem que ficassem apenas com a cidade de Baku.
Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/March_Days
Corpos de Azaris mortos em Março de 1918, Baku.
A 13 de Abril os Bolcheviques proclamaram a Comuna de Baku, nacionalizaram o pertróleo e formaram uma pequena força militar o “Exército Vermelho de Baku”, essencialmente composto por arménios do Dashnakt.
Os arménios que até à data do massacre acreditavam na protecção da Rússia contra os otomanos, invertem por completo o pensamento político e consideraram incompatível qualquer continuação de dependência com a Rússia Revolucionária e passaram a procurar no Império Otomano o apoio necessário para alcançar uma independência política.
Em 28 de Maio de 1918 é feira a proclamação da República Democrática do Azerbaijão e de imediato deram início a negociações com o Império Otomano para obter apoio militar.
O Império Otomano acedeu em auxiliar a nova República Democrática do Azerbaijão e formou uma força expedicionária, o Exército Islâmico do Cáucaso, comandado por Nuru Pasha, para a retomada da cidade de Baku.
Em 25 de Julho de 1918, a força conjunta de otomanos e azeris derrotaram o Exército Vermelho de Baku. A 1 de Agosto os bolcheviques foram retirados do poder em Baku por uma força formada por socialistas russos revolucionários (dissidentes dos bolcheviques), mencheviques e arménios revolucionários, com o apoio de agentes britânicos, e foi criado um governo denominado Ditadura Central Cáucasiana, de durou entre 1 de Agosto e 15 de Setembro, quando a força otomana-azeri chegou à cidade de Baku.
Foram os responsáveis da ditadura que pedirar um auxilio desesperado aos britânicos (General Lionel Dunsterville) para se defenderem da força otomana-azeri que vinha em direcção a Baku,
A batalha de Baku entre Junho e Setembro de 1918, foi um choque entre as forças da coligação otomano-azeris liderada por Nuri Pasha e a coligação bolchevique-dashnak da Comuna de Baku. A coligação bolchevique-dashnak foi substituída por uma coligação de forças russo brancas-arménio-britânicas lideradas por Lionel Dunsterville, após a substituição do governo da Comuna de Baku. A batalha foi vencida pela República Democrática do Azerbaijão, mas deu início a uma guerra arménio-azeris.
A 6 de Junho de 1918 o Exército Vermelho de Baku marchou sobre a cidade de Ganja para atacar o centro do governo da República Democrática do Azerbaijão, mas não teve sucesso. No avanço sobre a cidade as forças bolcheviques foram matando a população muçulmana que encontraram no caminho. Cientes da necessidade de reforços solicitaram a Moscovo um reforço de tripas e alimentos para a campanha contra o Azerbaijão, mas o reforço não chegou por ordem de Estaline que na data se encontrava na Geórgia.
Entre 26 de Junho e 1 de Julho o Exército Vermelho de Baku combateu o Exército Islâmico do Cáucaso que avançava sobre Baku, perto de Goychay, e foi derrotado.
Uma força menchevique (Exército Branco) do Coronel Lazar Bicherakhov com cerca de 10.000 homens combateu as forças revolucionárias persas (Jangalis) e posteriormente colocou-se perto de Baku para impedir o avanço do Exército Islâmico do Cáucaso de avançar sobre a cidade. Os Jangalis (iranianos) não só atacavam as forças russas (vermelhas e brancas) como as forças britânicas, na sua luta contra a ocupação colonial do norte da Pérsia desde 1911.
Com a expulsão dos bolcheviques do governo da Comuna de Baku em 26 de Julho e a formação da Ditadura Central do Cáspio. O líder bolchevique da comuna de Baku foi preso, mas Stepan Shahumian mais os seus 1.200 soldados vermelhos conseguiram tomar um deposito de armas e 13 navios para fugirem para Astracã (Rússia).
Entretanto a Flotilha Naval do Cáspio, formada por duas canhoneiras e alguns vapores armados, reforçada por torpedeiros e um submarino que tinha vindo do Báltico após a Revolução Vermelha de 1917, passou para as ordens dos homens da Ditadura Central do Cáspio, e os bolcheviques foram obrigados a regressar a Baku, onde o líder e outros 25 comissários políticos bolcheviques foram mortos.
A 30 de Julho de 1918 as forças coligadas da República Democrática do Azerbaijão e tropas Otomanas chegaram a Baku. A presença do Exército Islâmico do Cáucaso levaram a que as forças britânicas de Lionel Dunsterville destacassem um contingente para Baku que chegou à cidade a 16 de Agosto de 1918.
Nuri Pasha
(1889-1949)
Nuri Killigil, também conhecido como Nuri Pasha (1889–1949) foi um general do Exército Imperial Otomano, Era meio irmão do Ministro da Guerra Enver Pasha e foi-lhe oferecido o comando do Exército Islâmico do Cáucaso. Este deslocou-se para Yelizavetpol (actualmente Ganja) em 25 de Maio de 1918, onde começou a organizar as forças expedicionárias. O Exército Islâmico do Cáucaso ficou formado oficialmente a 10 de Julho de 1918.
Cerco e tomada de Baku
Antecedentes
Força Britânica
1,000 homens de infantaria
1 bataria de artilharia
3 carros armados
2 aviões Martinsyde G.100
Exército de Baku
6.000 homens de Infantaria
40 canhões
Exército Islâmico do Cáucaso
20.000 homens de Infantaria
Lionel Charles Dunsterville
(1865-1946)
As operações de cerco da cidade de Baku pela coligação otomana-azeris foram centradas em três pontos “Porta do Lobo”, o “Monte Binagadi” e a “Estação de Balajari”, a partir de 26 de Agosto de 1918.
O principal ataque sobre a cidade foi executado sobre a “Porta do Lobo” que era uma posição que dava uma vista ampla sobre a cidade, os restantes ataques foram secundários, mas conforme o Exército Islâmico do Cáucaso ia concentrando mais artilharia a pressão foi sendo maior e as forças coligadas do Exército e Baku e britânicas tiveram de ir cedendo terreno.
Entre 28 e 29 de Agosto a cidade foi fortemente bombardeada pelos otomanos e foi executado um forte ataque sobre as posições de Baku no Monte Binagadi, onde as forças tiveram retirar. A 1 de Setembro os otomanos conquistaram o Monte Binagadi, mas as baixas otomanas foram tão elevadas que não foi possível efectuar uma perseguição sobre as forças de Baku em fuga.
Com uma situação muito perigosa para os britânico Dunsterville comunicou aos governantes da Ditadura Central que ia retirar as suas tropas. A pedido da Ditadura Central e porque entretanto as tropas do Russos Brancos de Bicherakhov tinham conseguido enviar auxílio a Baku, os britânicos anuíram em ficar mais algum tempo.
Entre 1 de Setembro e 13 de Setembro os otomanos não atacaram a cidade e a Baku aproveitou para reforçar as defesas. As patrulhas aéreas de Dunsterville foram mantendo uma observação próxima dos movimentos otomanos, mas também registaram as atrocidades que as forças arménias estavam a efectuar sobre os civis muçulmanos no perímetro de Baku. A 12 de Setembro os britânicos ficaram a saber que o ataque otomano iria acontecer no dia seguinte.
Na noite de 13 para 14 de Setembro as forças do Exército Islâmico do Cáucaso deram início ao ataque final sobre a cidade a partir da posição da Porta dos Lobos. As forças em Baku resistiram durante todo o dia de 14 de Setembro, mas no final do dia a situação estava perdida. Durante a noite de 14 de Setembro as forças britânicas e algumas tropas do Exército de Baku foram evacuadas por mar em direcção à cidade de Anzali na Pérsia.
A 30 de Outubro de 1918, com a assinatura do Armistício de Mudros, entre o Império Otomano e os Aliados, as forças do Exército Islâmico do Cáucaso retirou de Baku.