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Olimpiadas Militares

Os Jogos Interaliados 1919 - Stadium Pershing (Paris)

Cartaz Desportivo produzido por volta de 1916, eventualmente por Alfredo Roque Gameiro, alusivo à cooperação interaliada no processo de formação do CEP em Portugal. (III Congresso de História e Desporto, comunicação de João David Zink - Biblioteca Nacional de Lisboa, 2014/05/29)


Algumas semanas antes do Armistício (Outubro de 1918) Major Elwood S. Brown, Director do Departamento de Athletic Sports do YMCA americano, com base numa bem-sucedida experiência ocorrida anos antes na Filipinas, envolvendo americanos, filipinos, chineses e japoneses, lança a ideia da realização de uma prova desportiva de massas aberta aos oficiais e praças das forças armadas dos exércitos Aliados.

A ideia foi adoptada pelo próprio General Pershing, Comandante do Exército Americano na Europa, foi efectuado o convite é dirigido aos países aliados, sendo aceite por 18, entre os quais Portugal.

Através dos Jogos Interaliados tentou-se preencher o vazio em que a guerra deixara o movimento olímpico, com o cancelamento da VI Olimpíada prevista para 1916 em Berlim. (Comunicação de Francisco J. V. Fernandes, Fórum Olímpico de Portugal Universidade da Madeira, III Congresso de História e Desposto, 2014).

Comité consultivo dos Jogos Interaliados (Paris 1919/05/25). Faziam parte deste comité os seguintes oficiais portugueses: Tenente Mário da Cunha (4) e Capitão António Mascarenhas de Menezes (13).

Major Elwood S. Brown

Exército Expedicionário Americano

Tenente Van Grichen

Equipa Portuguesa de Esgrima

Equipa Portuguesa de Remo Shell 8

Equipa Portuguesa de  Remo Shell 4

Estes jogos interaliados, do tipo olímpico, foram patrocinados pelo programa de desporto da YMCA , teve a necessidade de deslocar pessoal do Exército Americano para conseguir terminar a tempo a construção do estádio. Por parte dos Estados Unidos a América existiu um evidente esforço de manutenção da harmonia diplomática com os seus aliados e não uma intenção de fazer renascer os Jogos Olímpicos.


Estes jogos em Paris, que também ficaram conhecidos como Jogos Pershing, foram um evento desportivo de magnitude com mais de 1.500 atletas, no âmbito das acções de manutenção ocupacional das tropas expedicionárias em França e uma forma de diminuir a possibilidade de existência de conflitos entre os exércitos presentes. No entanto não se poderá considerar estes jogos como um evento preparatório dos Jogos Olímpicos de Antuérpia de 1920.


Portugal através do Comandante do Corpo Expedicionário Português, em França, solicitou  a participação de atletas nacionais nesta competição.


General Augusto Alves Roçadas

A Equipa Nacional aos Jogos

Hipismo

Tenente Van Grichen

Esgrima

Remo

Tiro

Medalha de prata por equipa para Portugal e Medalha de prata individual para o Tenente Jorge Paiva.

António Augusto da Silva Martins (1892-1930), licenciado em Medicina em 1917, foi mobilizado a Grande Guerra e tomou parte na campanha em Moçambique em 1918 e posteriormente representou o Exército Português no concurso de tiro interaliado, em 1919, em Paris.

Dedicou-se às modalidades de natação, esgrima, hipismo e até boxe, embora se tenha especializado no atletismo e no tiro de guerra e de chumbo. Em 1924, foi seleccionado para representar Portugal na prova de lançamento do disco nos Jogos Olímpicos de Paris e coube-lhe transportar a bandeira nacional no desfile inaugural, para além de como atirador de precisão, tanto com espingarda como com pistola.


António Martins se ter afirmado como o melhor especialista do País com honrosos resultados e inúmeros triunfos. Nos Jogos Pershing, em França, conquistou os primeiros lugares e nas provas nacionais, somou uma série de vitórias: foi campeão de Portugal com arma de guerra em 1917, 1919, 1920, 1921 e 1925, assim como campeão de pistola de guerra de 1920 a 1928, bem como de pistola livre de 1925 a 1929. Faleceu tragicamente aos 38 anos na Carreira de Tiro de Pedrouços, ao disputar o concurso de Tiro de 1930 promovido pela Federação Portuguesa de Tiro, quando após pousar a carabina sobre o pé direito, a arma se disparou e a bala se alojou no occipital.


Fonte:

https://toponimialisboa.wordpress.com/2014/06/23/a-rua-do-olimpico-antonio-martins-o-3o-desportista-da-toponimia-de-lisboa/


Tenente-Médico António Martins

O 2º Tenente Dário Cannas (Marinha)

O Tenente Jorge Paiva (1887-1937)  foi vencedor de uma medalah de prata a título individual e de uma segunda medalha de prata por equipas em espada nos Jogos Pershing.

Jorge Paiva irá participar no Jogos Olímpicos de Antuérpia 1920, na delegação portuguesa de esgrima, onde obteve a classificação de décimo segundo lugar individual e quarto lugar por equipas em espada.


António Canas (1884-1966) no 1º Congresso Nacional de Educação Física, en 1916 defendeu  publicamente as vantagens e necessidades da vulgarização da prática de tiro para a defesa nacional e incentiva a construção de carreiras de tiro. Afirmou que entendia que o tiro reduzido devia ser praticado logo nas priinoirns idades porque reconhecia nele um sem número do vantagens que permitiam alcançar mais tarde com uma arma de guerra, as mais brilhantes.


O 2º Tenente Dário Cannas competiu em espingarda militar nos Jogos Pershing e mais tarde em espingarda e pistola nos Jogos Olímpicos de 1920 em Antuérpia e de 1924 em Paris.

Fonte:

CANNAS, Darío. O tiro com arma de guerra. In; GINÁSIO CLUB PORTUGUÊS

(Org.). Relatório, teses, atas das sessões e documentos do Primeiro Congresso Nacional de Educação Física, 1916. Lisboa: Casa Ventura Abrantes, 1917.

Tenente Jorge Paiva

O estádio foi construído perto de Bois de Vincennes, pelo Exército dos Estados Unidos da América em cooperação com o YMCA. Após a conclusão dos jogos o estádio foi oferecido pelos Estados Unidos o povo francês. A área é hoje ainda conhecida como Le Stade Pershing e é actualmente um parque a céu-aberto para lazer.


General John Pershing

Exército Expedicionário Americano

Nota: É de referir que os timoneiros estavam excluidos das medalhas e das fotografias de grupo, não eram considerados parte da equipa.

Estádio Pershing

Ilustração Portuguesa n.705 de 1919

Tenente-Picador Claudino Augusto Van Grichen (PT/AHM/DIV/1/35A/1/06/1615)

Foi louvado em Maio de 1919 pela grande competência e muito zelo que revelou no serviço da sua especialidade. Embarcou em Lisboa para Brest a 10 de Julho de 1917. Esteve no Depósito de Remonta. Pertencia à Arma de Artilharia e solicitou a transferwncia para a Arma de Cavalaria a 6 de Maio de 1918, mas foi indeferido o pedido. Representou Portugal na prova de hipismo. Regressou a Lisboa a 29 de Julho de 1919, via terrestre.

Tenente Van Grichen

Ilustração Portuguesa n.707 de 8 de Setembro de 1919