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Raid Português - 03 de Abril de 1918

Bibliografia


Almeida, Humberto de(1919), Memórias dum Expedicionário a França, com a 2ª Brigada d'Infantaria, 1917-1918, Porto, Tipografia Sequeira.


Amaral, Ferreira do (1923), Batalha do Lys, A Batalha D'Armentières ou o 9 de Abril, Lisboa, Tipografia do Comércio.


Martins, Ferreira (1934a), Portugal na Grande Guerra, Vol. I, Lisboa, Empresa Editorial Ática.


Martins, Ferreira (1934b), Portugal na Grande Guerra, Vol. II, Lisboa, Empresa Editorial Ática.


Almeida, Humberto de (1919), Memórias dum Expedicionário a França, com a 2ª Brigada d'Infantaria, 1917-1918, Porto, Tipografia Sequeira.



Capitão Américo Olavo

Mantinha-se a pressão alemã na frente portuguesa e tornava-se necessário fazer reconhecimentos e destruir posições alemãs que se encontravam em frente da linha do CEP. Foi efectuado um raid com uma companhia sobre as linha alemães a partir do subsector de Neuve-Chapelle, comandado pelo Capitão Américo Olavo, do BI 2, de Abrantes, na noite de 3 para 4 de Abril, com o apoio da artilharia.


Foi um raid realizado à 1 da manhã e a noite estava escura e chuvosa. A companhia avançou até à segunda linha alemã onde destruiu os abrigos aí existentes auxiliados pela “caixa” de artilharia. Os alemães perante o ataque abandonaram as duas linhas de trincheiras e atacaram a "caixa" com artilharia. Os objectivos do raid foram conseguidos, mas houve 8 soldados desaparecidos  e 14 feridos, 1 oficial e 13 praças. (Martins, 1934a:296-70).


Américo Olavo (Capitão de Infantaria, 2º Regimento de Infantaria, comandante de Companhia)


"Para os que não conhecem assuntos militares, eu direi que raid é uma operação de detalhe, misto de corrida e de golpe de mão sobre a posição do adversário, com intenção de ali colher prisioneiros e material, destruindo ao mesmo tempo as suas instalações e abrigo. É sempre uma operação executada n'um espaço de tempo limitado, feita portanto com rapidez, com decisão, com desembaraço."


" A incursão nas linhas inimigas faz-se em geral depois d'uma rápida preparação pela artilharia e morteiros que force a guarnição do ponto a atacar, a abrigar-se, de forma a serem os parapeitos assaltados com o mínimo de perdas possível. As linhas devem ser atingidas antes que o inimigo se aperceba do ponto em que a ruptura se produz e por isso se faz muitas vezes uma diversão, bombardeando seja com artilharia, seja com morteiros, não só o ponto a atingir como as trincheiras laterais e ainda pontos d'ali afastados, de forma que o inimigo, não possa determinar o local preciso em que queremos realizar as nossas intenções."


"Depois a nossa artilharia, isola uma certa zona de terreno, batendo todas as trincheiras de comunicação que ali dão acesso, e as metralhadoras pesadas colaboram, incidindo sobre os cruzamentos em que o inimigo possa procurar passar. Chama-se a isto «formar a caixa». E é dentro da caixa que a nossa pesquisa ou a nossa luta tem lugar” (Almeida, 1919:69-74).


Um problema que se colocava às forças que executavam o raid era o regresso às suas linhas em noites de neblina ou encobertas, que levavam a que muitos soldados ficassem horas seguidas na "Terra de Ninguém" à espera de um raio de luar, ou uma abertura no céu que lhes permitisse ver as estrelas para se orientarem. Por vezes perdiam-se e iam cair nas linhas inimigas. O Capitão Américo Olavo preferia executar os raids em noites de lua cheia, porque lhe dava melhor visão ao perto e dificultava a visão inimiga à distância.


O ataque efectuado pelo BI 2 com o efectivo de uma companhia, em 3 de Abril de 1918, às linhas inimigas foi organizado em três colunas distanciadas entre elas de cerca de 100m, compostas por 60 homens cada. À direita o Alferes Lopes Praça, ao centro o Alferes Martins Ferreira e à esquerda o Alferes Bello. Com a coluna do centro seguia o Capitão Américo Olavo, com os telefonistas com ligação constante com um posto de SOS da 1ª Linha. À frente de cada coluna seguia um grupo de quatro soldados de engenharia com torpedos para abrirem ruas nos arames farpados inimigos e bombas para destruírem os abrigos que encontrassem.  


Depois de se encontrarem colocados na "Terra de Ninguém" ficaram a aguardar pelo fogo de artilharia para preparar "a caixa". Quando começou a barragem de artilharia foram avançando colados a esta sempre a avançar em direcção ao inimigo. Chega então o momento em que os soldados de engenharia rebentam os arames farpados que protegem a 1ª Linha inimiga e é dado o assalto. A linha inimiga é revistada e não são encontrados inimigos, terão fugido e deixado dois abrigos em cimento abandonados, que a engenharia faz destruir.


O Capitão Américo Olavo deu ordem para as colunas laterais retirarem assim como metade dos homens da sua coluna, ficando com ele apenas o Alferes Martins Ferreira, o Alferes Costa Alemão de Engenharia e o Alferes Silvino Saraiva de Morteiros que se tinham oferecido para o acompanhar, e 30 dos seus homens, para proteger a retirada. Entretanto, a artilharia alemã começa a disparar sobre "a caixa" e atinge o Alferes Martins Ferreira que fica ferido em dois sítios. A retirada da linha alemã e a passagem pela "Terra de Ninguém" foi penosa e sempre perseguida pela artilharia inimiga. No final não regressaram 8 homens (Olavo, 1919:249-62).


Martins Ferreira faz referencia à acção do Capitão Américo Olavo, em 3 de Abril de 1918, no sector de Chapigny, indicando que estava uma noite escura e chuvosa e que o avanço chegou até à 2ª Linha inimiga, onde destruíram as tabuletas e os abrigos. As linhas inimigas foram abandonadas durante o ataque português. Na retirada os alemães bombardearam a "caixa" que cobria a retirada portuguesa, tendo ficado desaparecidos 8 soldados e feridos 1 oficial e 13 praças (Martins, 1934a:270).