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Raid Português - 19 de Março de 1918

A 19 de Março, foi efectuado um raid sobre as linhas alemães a partir do sector de Neuve-Chapelle, realizado pela 1ª Companhia do BI 14, de Viseu, sob o comando do Capitão Vale de Andrade (Magno, 1921a:102). Depois de um longo bombardeamento sobre as linhas inimigas, teve início à 1h da manhã o ataque. A Companhia rastejou durante 3 horas pela Terra de Ninguém até que efectuou o assalto final às trincheiras alemãs.


Houve uma luta intensa, mas conseguiram ter pleno êxito. Regressaram às linhas portuguesas com 5 prisioneiros, trazendo como troféus duas metralhadoras e diversas armas ligeiras (CID, 1957:151-3).

A força de ataque era composta por uma Companhia com um efectivo de 100 homens e metralhadoras, divididos em três pelotões (Magno, 1921b;104).


1º Pelotão, comandado pelo Tenente Aníbal Francisco Gonçalves de Azevedo.


2º Pelotão, comandado pelo Alferes António Gonçalves Pires.


3º Pelotão, comandado pelo Alferes Rogério Correia Ferreira.


Uma secção de Engenharia, comandada pelo Alferes Jaime Faria de Ataíde e Melo, com a missão de transporte e emprego dos explosivos para destruição de abrigos de betão para metralhadora (24 praças) e em apoio à Companhia do BI 14, foi um destacamento da 1ª Companhia de Sapadores Mineiros.


Em resultado da operação o Capitão Vale de Andrade foi promovido a Major por distinção em combate (O.E. n.º 7 de 30/04/1918). Distinguiram-se na acção os seguintes oficiais: Tenente Aníbal Gonçalves de Azevedo; os Alferes Rogério Correia Ferreira, Jaime Ataíde e Melo e António Gonçalves Pires, por distinção (O.E. n.º 7 de 30/04/1918). Foram também distinguidos os Sargentos Alfredo Pinto e Leonídio de Almeida e Silva, os 1º Cabos Diamantino de Oliveira, António Henriques Cardoso, Adelino Ferreira Neri e Augusto de Sousa Martins (Cid , 1957;151).

Bibliografia


Almeida, Humberto de(1919), Memórias dum Expedicionário a França, com a 2ª Brigada d'Infantaria, 1917-1918, Porto, Tipografia Sequeira.


Amaral, Ferreira do (1923), A Batalha do Lys, A Batalha D'Armentières ou o 9 de Abril, Lisboa, Tipografia do Comércio.


Martins, Ferreira (1934a), Portugal na Grande Guerra, Vol. I, Lisboa, Empresa Editorial Ática.


Martins, Ferreira (1934b), Portugal na Grande Guerra, Vol. II, Lisboa, Empresa Editorial Ática.


VVAA, Livro de Ouro da Infantaria, Lisboa, Tipografia Fernandes.


Dias, Costa (1920), Flandres, Notas e Impressões, Lisboa, Imprensa Libano da Silva.


Magno, David (1921a), Livro da Guerra de Portugal na Flandres. Descrição militar histórica do CEP. Recordação das trincheiras, da batalha e do cativeiro. Figuras, factos e impressões, Vol I, Porto, Companhia Portuguesa Editora.


Magno, David (1921b), Livro da Guerra de Portugal na Flandres. Descrição militar histórica do CEP. Recordação das trincheiras, da batalha e do cativeiro. Figuras, factos e impressões, Vol II, Porto, Companhia Portuguesa Editora.


Silva, Jorge Nunes da(1949), História do Regimento de Infantaria n.º15, Tomar, Tipografia Nabão.


Cid, António José do Amaral Balula (1957), Subsídios para a história militar da Beira: unidades de 1ª linha de Infantaria que tiveram Quartel na Cidade de Viseu, Lisboa, Tipografia da LCGG


Em 22 de Novembro de 1919, O.E. n.º 25 (2ª Série) foi publicado o seguinte Decreto:


"...sejam louvadas e conjuntamente condecoradas com a Cruz de Guerra de 1ª Classe as unidade do Exército abaixo designadas, que fizeram parte do Corpo Expedicionário Português, em recompensa dos feitos de armas do excepcional valor que praticaram...[...]...Companhia do Batalhão de Infantaria n.º 14 que executou o raid de 19 de Março de 1918, pela bravura e intrepidez com que realizou esta operação, em que atingiu todos os objectivos que lhe tinham sido determinados, fazendo prisioneiros, tomando material e causando baixas e estragos consideráveis ao inimigo, demonstrando assim as qualidades ofensivas do soldado português, com que muito contribuiu para fortalecer o moral das tropas e para realçar o seu prestígio perante os nossos aliados."


A cerimónia de aposição das insígnias da Cruz de Guerra na Bandeira do Regimento de Infantaria n.º 14 realizou-se no Campo de Viriato, pelas 13 horas do dia 12 de Dezembro de 1926, perante formatura geral das Unidades da Guarnição.

ORDEM N.º20  do Comando de Artilharia da 1ª Divisão (17/03/1918), Plano de Fogo de Artilharia.


Com a intenção de manter a actividade na frente da Divisão e de inquietar o inimigo, produzindo-lhe baixas, fazendo prisioneiros e destruindo as defesas, a 3ª Brigada de Infantaria teve ordem de realizar à hora ZERO de 18 para 19 de Março um raid sobre a 1ª e 2ª linha inimigas.


O apoio de fogo foi montado entre a artilharia e morteiros da Divisão, com o apoio da artilharia pesada britânica, para bombardear a zona compreendida entre NORA TRENCH e SEPENT TRENCH a partir da hora zero, menos 40 mn.


A regras de execução foram as seguintes:



ARTILHARIA 1ª DIVISÃO DO CEP


Grupo da direita - 5º GBA


(das 0h,  -40mn até às 0h -13mn)


2 peças de 75mm sobre a SAVOURY TRENCH.

2 peças de 75mm sobre a NORA TRENCH.

2 peças de 75mm sobre a 1ª linha inimiga.

2 peças de 75mm sobre a T.C.

1 obus de 114mm sobre o cruzamento em S22b6060.

1 obus de 114mm sobre o cruzamento em S22b0950.

1 obus de 114mm sobre Bois Ferme.

1 obus de 114mm sobre Cour d'Avouée.


(das 0h -13mn às 0h -3mn)


1 peças de 75mm sobre a SAVOURY TRENCH.

1 peças de 75mm sobre a NORA TRENCH.

1 peças de 75mm sobre a 1ª linha inimiga.

1 peças de 75mm sobre a T.C.


(das 0h -3mn até às 0h)


3 peças de 7mm sobre a 1ª linha inimiga.


(das 0h até ao fim da operação)


3 peças de 75mm sobre S6a3013 até S6c0683.

3 peças de 75mm sobre S6c0683 até S6b5620.

1 obus de 114mm sobre S12a1787.

1 obus de 114mm sobre S11b6580.

1 obus de 114mm sobre Les Brulets.

1 obus de 114mm sobre SEVEN SISTERS


Grupo da esquerda – 1º GBA


(das 0h -3mn até às 0h)


6 peças de 75mm sobre a 1ª linha inimiga de  S5b5620 a S36c0550.


(das 0h até 0h +2mn)


6 peças de 75mm sobre a 1ª linha inimiga de  S5b8010 a S36c2535.


(das 0h +2mn até 0h +5mn)


as mesmas 6 peças de 75mm vão alongando o tiro até S6a8080.


(das 0h +5mn até ao fim da operação)


4 peças de 75mm sobre KATHY TRENCH de S6a7385 a M36c3726.

2 peças de 75mm sobre KATHY TRENCH de M36c3726 a M36c0550.

1 obus de 114mm sobre S6a8080.

1 obus de 114mm sobre s6a5040.

1 obus de 114mm sobre S6a3015.

1 obus de 114mm sobre S6c0585.



MORTEIROS


(das 0h -40mm até 0h -3mn)


Os morteiros bombardeiam vários pontos entre a NORA TRENCH e a SERPENT TRENCH.


(das 0h -3mn até ao final da operação)


Os morteiros bombardeiam a 1ª linha inimiga em M36c 0550 a M36c3590 e de S5b5520 a S5b5075: ninhos de morteiros e de metralhadoras inimigas.



ARTILHARIA BRITÂNICA


Haverá o apoio da artilharia britânica em vários pontos e em contrabataria.



ARILHARIA DA 2ª DIVISÃO DO CEP


(das 0h ao final da operação)


3 peças de 75mm sobre a KATHY TRENCH.

3 peças de 75mm sobre a estrada de S6a8080 a S6a3040.

1 obus de 114mm sobre o cruzamento em M36c2680.



VELOCIDADE DE TIRO


(das 0h -40mn às 0h -13mn)


peças de 75mm – 2 tiros por peça por minuto.

obuses de 114mm – 1 tiro por obus por minuto.


(das 0h -13mn até ao final da operação)


peças de 75mm – 4 tiros por peça por minuto.

obuses de 114mm – 2 tiro por obus por minuto.



TIPO DE MUNIÇÃO


peças de 75mm – ZX (munições explosivas).

obuses de 114mm – BX (munições explosivas de detonador 101).



PEDIDOS DE SOS


Ao grupo da direita (5º GBA) cabe pedir auxílio à artilharia da 55ª Divisão Britânica. Ao grupo da esquerda (1º GBA) cabe pedir auxílio à artilharia da 2ª Divisão do CEP.


Os relógios serão acertados pela hora do Quartel General da 3ª Brigada de Infantaria, para o  qual os grupos de artilharia devem de enviar um oficial às 21h 30 do dia 18 de Março de 1918.


Estas instruções foram distribuídas pelos: QG1, CGA, A.Art_2ªD, ODMT, 1º GBA, 5º GBA, 1ª BI, 3ª BI, 1º BMP, 2º BMM.



Fonte: PT/AHM/DIV/1/35/316/4 (Operação de 19 de Março de 1918 - Apoio de Artilharia).