Fonte: Piovezan, Adriane, Morrer na guerra: instituições, ritos e devoções no Brasil (1944-1967) / Adriane Piovezan – Curitiba, 2014. 298 f.
Orientador: Prof. Dr. Renato Lopes Leite
Tese (Doutorado em História) – Setor de Ciências Humanas da Universidade Federal do Paraná.
A caminho da Base Naval Britânica de Gibraltar
Após receber um reforço de homens vindos do Brasil para completar as suas guarnições vítimas da pneumónica, a Divisão Naval suspendeu de Dakar a 3 de Novembro de 1918 com destino a Gibraltar.
A ameaça submarina era real naquela zona, tanto mais que no dia 9 de Novembro, o couraçado pré-dreadnought HMS Britannia, destinado a acompanhar a DNOG entre Dakar e Gibraltar, foi afundado pelo submersível alemão UB-50. Assim, existiu um permanente alerta enquanto navegava para Gibraltar que levou a duas situações de tensão. A primeira ficou que conhecida como a “Batalha das Toninhas”, quando um cardume foi confundido com o rastro de um submarino e levou a que o cruzador Bahia abrisse fogo com os seus canhões, e o segundo incidente quando o contratorpedeiro Piauí abriu fogo de canhão contra o caça-submarinos N190 da marinha norte-americana, ao ser confundido com um submarino devido à sua pequena dimensão, mas sem causar danos sobre o navio aliado que se identificou de imediato. Chegou a Gibraltar no dia 10 de Novembro de 1918, na véspera do Armistício.
O Brasil para contribuir para o esforço de guerra e para proteger as suas rotas comerciais, formou a Divisão Naval em Operações de Guerra (DNOG). Esta era composta pelos Cruzadores "Rio Grande do Sul" e "Bahia", Contratorpedeiros "Piauí", "Rio Grande do Norte", "Paraíba" e "Santa Catarina", Tênder "Belmonte" e Rebocador de alto-mar "Laurindo Pitta", com um efectivo total de 1502 homens: 75 oficiais de armada, 4 médicos, 50 oficiais de máquinas, 5 oficiais comissários (intendentes), um farmacêutico, um dentista, um capelão, um sub-maquinista, 41 sub-oficiais, 43 mecânicos, 4 auxiliares de fiel, 702 marinheiros, 481 foguistas, 89 taifeiros, um padeiro e três barbeiros.
Após um longo período de preparação seguiu, em 31 de Julho de 1918, para a zona de guerra formada pelo triângulo Gibraltar, Dakar e o Arquipélago de Cabo Verde, com a missão de reforçar a esquadra britânica de Gibraltar na neutralização dos submarinos alemães que operavam naquela área, e especialmente na entrada do mediterrâneo.
Aportou inicialmente no porto de Freetown a 9 de Agosto de 1918, onde os marinheiros sem saberem foram contagiados pela "Gripe Espanhola", e dirigiu-se alguns dias depois para Dakar.
Entrou em combate logo assim que chegou a Dakar, em 25 de Agosto de 1918, tendo depois se dirigido para o porto, para reparos, uma vez que se verificavam problemas mecânicos nos dois cruzadores e num dos contratorpedeiros, e abastecimento até 6 de Setembro. Entretanto irrompeu o surto de "Gripe Espanhola", que atingiu 200 marinheiros, num total de 1500 homens que compunham a tripulação da esquadra, dos quais 176 morreram. Por esta razão a esquadra brasileira manteve-se em Dakar até ao final de Outubro, data em que foi dado por extinto o foco de pneumónica.
Quando da partida para da esquadra para Gibraltar, foram alertados para ser tomado muito cuidado, pois o encouraçado "Britânia", designado para acompanhar a esquadra brasileira de Dakar a Gibraltar, tinha sido afundado por um submarino e que se mantinha o alerta de presença de submarinos alemães área. Assim, e em grande tensão a esquadra navegou para Gibraltar, tendo ocorrido duas situações de confusão. A primeira ficou conhecida como a “Batalha das Toninhas”, quando um cardume destes peixes foi confundido com o rastro de um periscópio, o que fez com que o Cruzador "Bahia" disparasse seus canhões contra os peixes, e o outro incidente foi um ataque a tiro de canhão, feito pelo Contratorpedeiro "Piauí" contra o caça-submarinos 190 da marinha norte-americana, o qual foi confundido com um submarino devido às sua pequena dimensão, mas sem causar danos sobre o navio aliado que se identificou de imediato.
Chegou a Gibraltar no dia 10 de Novembro de 1918, na véspera do Armistício. No regresso a casa a esquadra parou em Cabo Verde para saudar Portugal.
A Divisão Naval na Europa (DNOG)
Mausoléu dos Mortos do Brasil na Primeira Guerra Mundial – Cemitério São João Batista (1928)
Cemitério de Dakar - Mortos da DNOG
Navios Alemães Capturados no Brasil
Fonte: Daroz Carlos (2016), O Brasil na Primeira Guera Mundial: A Longa Travessia, BR, São Paulo, Editora Contexto, (E-Book)
Contra-Almirante Pedro Max Fernando de Frontin
Contra-Almirante Pedro Max Fernando de Frontin e outros oficiais aliados em Gibraltar, 1918
Jorge da Silva Leite, comandante do contratorpedeiro Piauí (DNOG 1918)
Alberto de Lemos Basto, comandante do contratorpedeiro Paraíba (DNOG 1918)
Obra do escultor Hildegardo Leão Veloso (1899-1966)