O "NRP Adamastor", construído em Livorno, em 1897, tinha um deslocamento de 1.757 toneladas, comprimento de fora a fora de 73,8 metros, era propulsionado por duas máquinas a vapor de quatro caldeiras com uma potência de 4.000 H.P., e a sua velocidade alcançava os 18 nós. Estava equipado com 2 peças de 150mm, 4 peças de 105mm, 4 peças de 47mm, 3 metralhadoras e 3 tubos lança-torpedos.
Em 16 de Dezembro de 1915 o cruzador foi desafectado da Divisão Naval de Defesa (Lisboa) e foi enviado para a Índia portuguesa, na rota atlântica que passava pelo Cabo da Boa Esperança (África do Sul). Fez escala em São Vicente (Cabo Verde), em São Tomé (São Tomé e Príncipe), Luanda e Moçâmedes (Angola) e Cidade do Cabo (África do Sul). O cruzador chegou a Lourenço Marques (Moçambique) a 11 de Fevereiro de 1916.
Missão de requisição dos navios mercantes alemães
Encontrava-se neste porto a 23 de Fevereiro de 1916, quando o Governo português deu ordem para se apreenderem todos os navios mercantes alemães e austríacos fundeados nos portos portugueses. Foi iniciada a sua primeira missão de guerra no Oceano Índico, apresando os navios que se encontravam naquele porto, tendo de seguida navegado até ao porto da Beira e da Ilha de Moçambique com o mesmo fim, sempre acompanhado pelo vapor "Portugal". No porto de Lourenço Marques encontravam-se 4 navios alemães, na Beira 1 navio alemão e na Ilha de Moçambique 2 navios alemães. No final da missão regressou ao porto de Lourenço Marques com as tripulações alemãs aprisionadas.
Missão de apoio à invasão da colónia alemã oriental
Em Abril de 1916, o Exército português em Moçambique delineou uma estratégia para expulsar as tropas alemãs da foz do Rovuma, que era o rio que fazia fronteira a Norte entre a colónia portuguesa e a colónia alemã, então denominada África Oriental Alemã, hoje Tanzânia. Assim, a 29 de Abril, o cruzador "NRP Adamastor" e a canhoneira "NRP Chaimite" receberam ordens para se dirigirem para a foz do rio a fim de executarem um primeiro reconhecimento, afundassem as embarcações alemãs que se encontrassem na zona e metralhassem os entrincheiramentos que se encontravam na margem norte.
A 20 de Maio, o "NRP Adamastor" chegou à enseada de Palma onde se encontrou com a canhoneira "NRP Chaimite" que o aguardava. De imediato ambos os navios se dirigiram para a foz do Rovuma onde iniciaram a missão de apoio à coluna do exército comandada pelo Coronel Moura Mendes, tendo os mesmos aberto fogo sobre as posições alemãs que se encontravam na margem do rio.
No dia 21 de Maio, a canhoneira "NRP Chaimite" tomou uma posição dentro do rio, perto de uma zona de baixios e o cruzador "NRP Adamastor" posicionou-se junto à barra. Sob o comando do cruzador iniciou-se um largo bombardeamento sobre a margem alemã, entre o posto militar de Tokoto e o posto militar Fábrica. Seguiu-se um desembarque com tropas da marinha, provenientes da guarnição do cruzador que, suportadas pelas peças do mesmo, ocuparam e destruíram o posto militar da Fábrica. Acabado o ataque os marinheiros regressaram ao cruzador, não tendo sido ocupado o posto militar por tropas do exército português. No dia 23 de Maio, os alemães reocuparam as posições do posto militar de Fábrica que se encontravam vazias, tende existido novos combates entre marinheiros da guarnição do cruzador e os alemães, tendo estes últimos reocupado o posto militar de Fábrica.
No dia 27 de Maio houve nova operação de desembarque, mas nesta altura os alemães já não foram surpreendidos e estavam entrincheirados e suportados por 6 metralhadores, que impediram movimento fazendo várias baixas na força de desembarque, compostas por marinheiros do cruzador e da canhoneira, que em muito foram derivadas de falhas de coordenação entre a força de ataque do exército e da marinha. Onze dos seus 206 marinheiros perderam a vida neste combate. Cerca de quatro meses depois, a operação "travessia do Rovuma" foi repetida, com melhor coordenação, ainda com o apoio exclusivo das peças do "NRP Adamastor" e da "NRP Chaimite", consolidado o objectivo de invadir e ocupar território inimigo.
Missão de Apoio Naval
Desde a chegada ao Oceano Índico que o "NRP Adamastor" cooperava com o comando naval inglês. Com o desenvolvimento do conflito, em 1918, o Governo Português acedeu integrar um comando de operações navais único, na frente de combate contra a província africana alemã oriental. Este comando ficou a cargo do contra-almirante em Chefe da Esquadra do Cabo, E.S. Fitzherbert, que comandava o cruzador "HMS Minerva".
Continuava a existir a necessidade de manter o bloqueio naval à colónia oriental alemã, por forma a impedir o desembarque de armamento, munições e abastecimento às tropas alemãs, por parte de navios mercantes.
Na sequência da ofensiva alemã em território português, a 1 de Julho de 1918 deu-se a tomada de Nhamacurra pelos alemães e julgou-se que estes se dirigiam para Quelimane. Foi montada uma missão de transporte e combate, composta pelos cruzadores "NPR Adamastor", "HMS Minerva" e "HMS Talbot", as canhoneiras "HMS Thistle" e "HMS Reynaldo" e alguns caça-minas, que transportaram 100 civis e 230 militares para a defesa da cidade. Os navios mantiveram-se no porto em postos de combate durante todo o mês de Julho, até que passou o alerta.