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O Quadrado de Mongua - 20
de Agosto de 1915
O 3º Batalhão do Regimento de Infantaria
17, de Beja, juntamente com o Batalhão de Marinha, formaram o núcleo de
combate que desceu até Mongua para recuperar os território cedidos aos
alemães e indígenas revoltados contra Portugal. Com eles seguia também dois
Esquadrões de Cavalaria, um do Regimento de Cavalaria n.º 4 e um do
Regimento de Cavalaria n.º 11, e uma Companhia Indígena Expedicionária de
Moçambique.
Nos combates de 17, 18, 19 e 20 de Agosto
de 1915, as companhias do BI 17 ocuparam três das quatro faces do quadrado.
Em serviço de segurança encontrava-se a cavalaria e auxiliares Damaras. A
uns 800m em frente da face esquerda do quadrado encontravam-se as cacimbas
(uns 7 ou 8 buracos com água), que o inimigo empoleirado em arvores e
escondido por morros impedia o acesso.
No dia 18, já tinham caído algumas
dezenas de bravos, começava-se a asfixiar dentro do quadrado, porque a
intensidade do fogo inimigo não diminuía. Num dado momento um soldado da
bataria de metralhadoras, que estava vendo o Esquadrão de Cavalaria 11 e o
Esquadrão de Cavalaria 4 a formarem serenamente em frente das companhias do
Batalhão de Marinha, levanta o capacete ao ar e grita virado para dentro do
quadrado: viva a Cavalaria portuguesa! Alguns soldados mais próximos e que
melhor ouviram o brado do homem, corresponderam ao viva e, de repente, num
crescendo quase mágico, começam a soar os primeiros compassos da
"Portuguesa", cantada pelos soldados de Infantaria n.º 17» (2)
«Por fim está o quadrado todo de pé sem
quase dar um tiro, cantando a "Portuguesa" e saudando a Cavalaria que ia
carregar sobre o inimigo...» (3)
«Os soldados indígenas da Companhia de
Infantaria de Moçambique não sabiam cantar a "Portuguesa", mas levantaram-se
e, com o cofió em uma das mãos e a espingarda na outra, dançaram o seu
batuque de guerra, entoando um cântico bélico!» (4)
Foi com este alto estado de espírito que
o Esquadrão de Cavalaria 11 carregou sobre o inimigo, perseguindo-o pela
mata a dentro, derrotando-o.
No dia 19, após várias combates e com uma
carga conjunta de uma Companhia do 17, uma Companhia do Batalhão de Marinha
e um pelotão da Companhia Indígena, conseguiram por em fuga o inimigo e
ocupar as cacimbas, passando o quadrado a estar abastecido de água.
No dia 20, Deu-se um ataque geral à
baioneta sobre o inimigo que já batido no dia anterior ainda cercava o
quadrado. O ataque final sobre o inimigo foi executado com uma carga do
Batalhão de Marinha na face da frente e uma carga do Batalhão de Infantaria
17 na face esquerda.
Neste combate morreram dois oficiais, o
Capitão João Francisco de Sousa e o Tenente Augusto Passos e Sousa, e ainda
muitas praças do Batalhão.(1)
Cadernos Coloniais, Infantaria 17 em
África, p.19
O comandante do BI 17, Major João Pires
Viegas, prosseguiu o avanço em direcção à embala do Cuanhama e retoma N'giva
a 4 de Setembro de 1915.
Por decreto de 8 de Julho de 1922,
publicado na Ordem do Exército, foi louvada a 9ª Companhia do R.I. n.º 17,
pela coragem, valentia decisão e serenidade de que deu provas durante os
combates dos dias 18, 19 e 20 de Agosto de 1915 na Mongua, e em especial
pelo arrojo demonstrado na carga em que findou este último combate. (5)
Notas
- Monteiro(1941), p.25
- Monteiro(1941), p.26
- Monteiro(1941), p.26
- Monteiro(1941), p.27
- Sousa(1939), p.24
Bibliografia
- Sousa, João
Francisco de (1939), "Cadernos Coloniais, Infantaria 17 em África",
Lisboa, Edições Cosmos.
- Monteiro, Henrique
Pires (1941), "A Guarnição Militar de Beja e seus Feitos", Beja,
Minerva Comercial Carlos Marques & Cª. Lda.
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