Lanchas-canhoneiras: "Tete",
"Sena", "Macau", "Flecha", "Zagaia",
"Cacheu"
e "Rio Minho";
Combates da Marinha de Guerra
A Marinha de Guerra Portuguesa não constituiu excepção àquela regra e como
consequência da declaração de guerra da Alemanha a Portugal, em 9 de Março de 1916, algumas dezenas de navios
(26 de transporte e mercadorias, 13 de pesca e 2 de receio) e também
alguns de recreio foram requisitados,
artilhados e incorporados na Armada, mercê da visão, dinamismo e
energia do Capitão de Fragata Jaime Daniel Leotte do Rego que comandava.
Dos navios apreendidos e dos requisitados 32 foram construídos propositadamente como navios de
guerra e os restantes foram adaptados para cumprirem
missões militares durante o conflito mundial. Destes apenas dois se
perderam na Grande Guerra, o patrulha de alto mar, o "NRP Augusto de
Castilho" e o caça-minas "NRP Roberto Ivens".
Foram requisitados onze arrastões, em 1916, tendo oito deles
sido utilizados na rocega de minas e com propriedade classificados
caça-minas, e três outros: o "NRP República II"(antigo
República), o "NRP Almirante Paço
d'Arcos"
(antigo Albatroz) e o “NRP Augusto de Castilho" (antigo Elite), que foram destinados a missões de patrulha e
de escolta (e por isso dotados de artilharia um pouco mais importante
que os restantes oito), sendo classificados patrulhas de alto-mar.
A militarização dos arrastões do
alto, navios preparados para a pesca do arrasto, pelo facto estarem
equipados com um poderoso guincho para poder meter dentro a rede,
facilmente foram transformados em caça-minas, passando o guincho a atar
os cabos de rocega. Os navios foram rebaptizados com os nomes: "Açor" em
"NRP Açor", "Alda Benvinda" em "NRP Baptista de Andrade", "Loedelo" em "NRP
Roberto Ivens", "Azevedo gomes" em "NRP Manuel de Azevedo Gomes",
"Douro" em "NRP Thomaz André", "Margarida Victória" em "NRP Margarida
Victória", "Maria Luiza II" em "NRP Hermenegildo Capelo"
e "Serra d'Agrelha" em "NRP Celestino Soares". Cada um foi armado com uma
peça Hotchkiss de 47 mm, em caça. Refira-se, ainda o navio de
salvamento "NRP Patrão Lopes", antigo "Newa", que foi
requisitado no dia 23 de Fevereiro de 1916, e que foi, também, com uma
peça 47 mm em caça.
O Caça-minas "NRP Roberto Ivens"
O "NRP Roberto Ivens" antes de ser requisitado para a função de
caça-minas, em 19 de Abril de 1916, era
o arrastão da pesca do alto "Lordelo", propriedade da Empresa
Portuense de Pescarias, Lda, construído em Selby, em 1906. Tinha a
arqueação bruta de 796 m3 , o comprimento de fora a fora de 42,72
metros, era propulsionado por uma máquina alternativa de vapor com a
potência de 520 H.P. a sua
velocidade não ia além de 9,5 nós e foi foi
artilhado com uma peça Hotchkiss de 47 mm em caça.
No dia 26 de Julho de 1917, cumpria a sua missão
de rocegar minas, na zona compreendida entre o Cabo da Roca e o Cabo Espichel,
onde se encontravam vários daqueles engenhos que por ali eram
regularmente fundeados pelos submarinos
inimigos, tal como as 6 minas largadas alguns dias antes, em 14 de
Julho, pelo submarino alemão UC-54, comandado por
Heinrich XXXVII Prinz zu
Reuss. Durante a
rocega, a 17 milhas a Sul da baía de Cascais, pelas 13 horas, o "NRP Roberto
Ivens" colidiu com uma mina que explodiu partindo o navio ao meio, provocou o seu afundamento
imediato e a morte de
quinze, dos vinte e dois elementos da sua guarnição. Entre as vítimas figurou o Primeiro-tenente Raúl Alexandre de
Cascaes
que o comandava.
Os sete
sobreviventes foram recolhidos pelo rebocador da armada "NRP Bérrio" o
qual por vezes, também auxiliava no rocega de minas, e que naquele dia
apoiava o "NRP Roberto Ivens".
O Escolta "NRP Augusto de Castilho"
O "NRP Augusto de Castilho" era o antigo arrastão “Elite”, (o
primeiro arrastão Português destinado à pesca do bacalhau), mandado
construir por encomenda da Parceria Geral de Pescarias Lda., em 1909, no
estaleiro Cochrane and Sons, em Selby, Inglaterra. Tinha o deslocamento
máximo de 801 toneladas, o comprimento de fora a fora de 48,76 metros e
a sua velocidade não ia além de 9,5 nós assegurados por uma máquina
alternativa de vapor com a potência de 704 H.P.
Requisitado em 13 de Junho de 1916, foi artilhado inicialmente com uma
peça Hotchkiss de 47 mm, em caça. Tempos depois foi-lhe montada uma
segunda peça igual, em retirada
e mais tarde a peça de vante foi
substituída por uma Hotchkiss de 65 mm.
Foram vários os encontros do patrulha de alto mar "NRP Augusto de
Castilho"
com submarinos alemães.
Em 23 de Março de 1918 navegava do Funchal para
Lisboa, comandado pelo 1º Tenente Augusto de Almeida Teixeira,
comboiando o navio de transporte “Loanda", abriu fogo a cerca de 500 metros sobre um
submarino inimigo que mergulhou prontamente. Os passageiros juntaram-se
e ofereceram à tripulação do "NRP Augusto Castilho" um prémio de 128$00,
cuja lista dos passageiros que contribuíram se encontra descrita no
jornal "A Capital" de 2 de Abril de 1918. O 1º Tenente Augusto de
Almeida Teixeira foi ainda louvado pelo Governo da República, pela forma
enérgica como procederam fazendo figo sobre o submarino inimigo. (A
Capital de 4 de Abril de 1918)
Em 21 de Agosto de 1918,
navegava ao largo do Cabo Raso, comandado pelo 1º Tenente
Fernando de Oliveira Pinto, atacou com fogo de artilharia um submarino
alemão de grandes dimensões que desapareceu rapidamente.
No dia 8 de Outubro de 1918 o "NRP
Augusto Castilho" zarpou de Lisboa, em missão de escolta do navio de
transporte "Beira", comandado pelo 1º Tenente Carvalho Araújo, rumo ao
Funchal, onde chegou a 11 do mesmo mês. O navio de transporte "Beira"
acabou por ficar ao largo do Funchal, por necessidade de fazer uma
quarentena antes de desembarcar os passageiros, devido à pneumónica que
grassava em Lisboa.
A 13 de Outubro o "NRP Augusto de Castilho" recebeu ordens para escoltar
o navio de transporte de passageiros "San Miguel", da Empresa Insulana
de Navegação, que era comandado pelo Capitão da Marinha Mercante Caetano Moniz
de Vasconcelos, que e transportava 206 passageiros e muitas toneladas de
carg
a diversa.
No dia seguinte quando já navegava entre o porto do Funchal para o porto de
Ponta Delgada, comandado pelo 1º Tenente José Botelho de Carvalho
Araújo, às primeiras horas da manhã os dois navios Portugueses foram avistados
pelo submarino alemão U-139, comandado por
Lothar von Arnauld de la Perière,
que tentou atingir o paquete, o que só não
conseguiu porque o "NRP Augusto de Castilho" se interpôs entre o atacante e
o atacado.
No combate que se seguiu e que incrivelmente se prolongou por
mais de duas horas, perdeu a vida o Comandante Carvalho Araújo e
mais seis elementos da sua guarnição de 42 homens.
A desproporção de forças era tão grande que o resultado do combate
estava traçado desde o início bastando atentar-se no potencial ofensivo
de cada um dos contendores. À data o patrulha Português já se
encontrava artilhado com duas peças Hotchkiss, uma com o calibre de 65 mm
em caça e outra de 47 mm em retirada, ao passo que o
submarino U-139
dispunha de duas peças de artilharia de 150 mm e seis tubos
lança-torpedos.
Vapor "San Miguel"
O facto do "San Miguel" ter aumentado a sua velocidade ao máximo
e por outro lado a bravura e a tenacidade do comandante Carvalho Araújo, interpondo
o seu navio de escolta entre o submarino e o paquete permitiram que este
saísse da zona de tiro do submarino e
chegasse ao porto de Ponta Delgada com os seus 206 passageiros e 54
tripulantes incólumes e as suas muitas toneladas de carga intactas.
Esgotadas as munições no "NRP Augusto de Castilho", este foi obrigado a
render-se, não sem que os seus artilheiros tenham atingido repetidas
vezes o submarino alemão U-139. Despojado de tudo o que os alemães
conseguiram saquear acabou por ser afundado com cargas de demolição
colocadas pelos alemães.
O Escolta "NRP
Almirante Paço D'Arcos"
O "NRP
Almirante Paço d'Arcos" era o antigo arrastão “Albatroz”. Foi
equipado com uma peça de 47mm em caça.
A entrada de
Portugal na Grande Guerra apanhou o comandante Botelho de Sousa em Ponta
Delgada (Açores), onde se encontrava colocado no Observatório Meteorológico, posto
de que é exonerado a seu pedido para, entre 1917 e 1918, comandar o
vapor "NRP Almirante Paço D'Arcos" em missões de comboio na zona de guerra.
Os serviços prestados valeram-lhe o Grau de Cavaleiro da Ordem Militar da Torre e Espada,
atribuído em 5 de Junho de 1919, por comandar o vapor durante doze
comboios (7.500 milhas) e demais serviços em zona de guerra.(5)
Entre as escoltas efectuadas o "NRP
Almirante Paço D'Arcos" comboiou o navio de transporte "San Miguel" de
Lisboa até Ponta Delgada (Açores), em Agosto de 1918. Já no mar dos
Açores, próximo de Ponta Delgada, avistou um avião americano de
reconhecimento, que na manhã de 4 de Agosto patrulhava as águas em busca
de submarinos alemães e ao chegarem ao porto de Ponta Delgada
encontraram um submarino americano fundeado à entrada em missão de
vigilância.(6)
O Caça-minas "NRP
Celestino Soares"
O "NRP Celestino Soares" era o antigo
arrastão "Serra D'Agrella". Foi equipado com uma peça de 47mm Hotchkiss
em caça quando da mobilização a 31 de Junho de 1916, para servir na
Defesa Marítima da Barra de Lisboa. Em Janeiro de 1918 foi equipado com
uma segunda peça de 47mm Hotchkiss em retirada.
Enquanto navio da Armada passou a ter
uma guarnição de 23 homens: um oficial, um sargento, nove praças e 12
civis mobilizados ADM (Auxiliares de Defesa Naval). Tinha uma velocidade
máxima de 10 nós e uma autonomia que lhe permitiu vir a ser utilizado
simultaneamente como caça-minas e patrulha de alto mar. Oficialmente os
seus registos da época aparece sempre a denominação de caça-minas.
No quadro de comissões prestadas pelo
NRP Celestino Soares, assinado pelo seu último comandante 1º Tenente
Fernando Amor Monteiro de Carvalho (31/12/1917-27/03/1919). Neste mesmo
quadro existe a seguinte referência a comandantes e períodos de comando
que não são coincidentes com a lista apresentada no Volume 12 da
colecção "Setenta e Cinco Anos no Mar (1910-1985), página 279. Assim o
1º Tenente Fernando de Barros indica que para as
comissões desempenhadas de 24 de Julho a 30 de Novembro de 1916 não se
sabe por quem foram comandadas pela razão do Diário Náutico não se
encontrar assinado. As comissões desempenhadas de 30 de Novembro de 1916
a 10 de Junho de 1917 foram comandadas pelo 1º Tenente Raul Alexandre
Cascais, e as desempenhadas de 13 de Junho a 26 de Outubro pelo
Capitão-tenente Albano Mendes de Magalhães Ramalho. As comissões
desempenhadas de 1 de Janeiro de 1918 a 11 de Novembro do mesmo ano
foram comandadas por si.
Na
colecção "Setenta e Cinco
Anos no Mar (1910-1985)" é apresentada a seguinte relação de comandantes
do NRP Celestino Soares: 1º Tenente Raul Alexandre Cascais
(04/06/1916-05/06/1917); Capitão-tenente Albano Mendes de Magalhães
Ramalho (05/06/1917-05/12/1917); 1º Tenente Sebastião José de Carvalho
Dias (05/12/1917-31/12/1917) e 1º Tenente Fernando Amor Monteiro de
Barros (31/12/1917-27/03/1919).
Lista
de Missões23
Natureza das Comissões
Ano
Total de dias de serviço
Observações
Dragagem de minas na barra do Tejo
1916
44
7 missões em Junho
9 missões em Julho
21 missões em Agosto
7 missões em Setembro
Serviço de vigilância na costa de Portugal
1916
31
15 missões em Junho
1 missão em Novembro
15 missões em Dezembro
Total 75
Dragagem de minas na barra do Tejo
1917
13
7 missões em Abril
6 missões em Maio
Serviço de vigilância na costa de Portugal
1917
185
12 missões em Janeiro
17 missões em Fevereiro
23 missões em Março
8 missões em Abril
19 missões em Maio
21 missões em Junho
23 missões em Julho
21 missões em Agosto
23 missões em Setembro
18 missões em Outubro
Total 198
Serviço de vigilância na costa de Portugal
1918
30
4 missões em Janeiro
7 missões em Março
1 missões em Abril
3 missões em Junho
9 missões em Julho
4 missões em Agosto
2 missões em Outubro
Serviço de vigilância entre a Madeira e Lisboa
1918
13
2 missões em Fevereiro
1 missões em Março
4 missões em Maio
2 missões em Junho
3 missões em Outubro
Transporte de Material de Leixões para Nantes com destino ao NRP
Guadiana, permanecendo ali e regresso a Lisboa
1918
15
11 missões em Julho
4 missões em Agosto
Ida a Lorient a pedido das autoridades francesas para escoltar 3
valeiros russos
1918
3
3 missões em Agosto
(a escolta dos veleiros russos não se chegou a efectuar por
motivo de mau tempo, que não permitiu a saída de Lorient
Serviço de vigilância e defesa do Funchal e de Ponta Delgada
1918
66
20 missões em Fevereiro
15 missões em Maio
24 missões em Setembro
7 missões em Outubro
Escoltas a Vapores
1918
29
4 missões em Fevereiro
2 missões em Março
3 missões em Abril
1 missão em Maio
2 missões em Junho
5 missões em Agosto
6 missões em Setembro
6 missões em Outubro
Total 156
Nota: Fez ainda escolta aos seguintes vapores: África (557 milhas);
Zaire (121 milhas); Quelimane (1.218 milhas); Zaire e Gaza (247 milhas);
Portugal (230 milhas); San Miguel 1.157milhas e Gil Eannes 165 milhas.
O Cruzador Auxiliar "NRP
Gonçalo Zarco"
NRP Loanda (19 Abril
a 24 de Junho 1916)
O paquete "Loanda" foi
foi requisitado pelo Ministério da Marinha, Majoria Geral da Armada,
Portaria 654, de 19 de Abril de 1916,
sendo o terceiro navio civil requisitado e classificado de cruzador
auxiliar, como sucedeu com o "Gil Eanes" (ex-"Lahneck", alemão) e "Pedro
Nunes" (ex-"Malange", português, também da ENN). Rebaptizado de "Gonçalo
Zarco", esteve entregue à Marinha Portuguesa apenas desde aquela data
até 24 de Junho de 1916.
O então "NRP
Gonçalo Zarco" teve uma lotação de artilheiros prevista de 1
Primeiro-sargento artilheiro, 2 Cabos artilheiros e 22 primeiros ou
segundos artilheiros, o que o colocaria com um eventual armamento ao
nível do "NRP Pedro Nunes" ou do "NRP Gil Eanes".
No entanto o paquete "Loanda"
era uma unidade já com elevado número de anos de serviço. Construído
pelo estaleiro escocês Scott & Sons sob encomenda da Mala Real
Portuguesa (MRP), tinha sido destinado às rotas de navegação entre a
metrópole e as colónias portuguesas da costa ocidental e oriental de
África. Entrou ao serviço desta empresa portuguesa de navegação em 15 de
Outubro de 1889. Com a falência da Mala Real Portuguesa em 1893, o "Loanda"
foi arrematado pela Empresa Nacional de Navegação (ENN) em 14 de Janeiro
do ano seguinte. Cf. Luís Miguel Correia, Paquetes Portugueses,
Lisboa, Inapa, 1992, pps-32-43. Tinha a capacidade de transporte de 220
passageiros (75 em 1ª Classe; 25 em 2ª Classe e 120 em 3ª Calsse) e uma
velocidade máxima de 14,5 nós.
O ENN "Loanda"
fazia parte dos 14 navios a vapor que faziam as carreiras de África,
grande parte da Empresa Nacional de Navegação e a restante da Empresa
Insulana de Navegação (EIN). Com o início da Grande Guerra muitas linhas
estrangeiras
deixaram de escalar Lisboa obrigaram a ENN e a Insulana a
retirar navios dos seus tráfegos habituais para transportarem alimentos
e matérias primas necessárias da América do Norte e do Sul e também para
o transporte de tropas para a África.
Fazia
parte da requisição inicial de três cruzadores auxiliares para a Armada,
mas foi o único que acabou por não navgar ao serviço da Marinha de
Guerra Portuguesa. O
Comandante Jaime do Inso apontou o mau estado das suas caldeiras como a
razão para este facto (Jaime do Inso, A Marinha Portuguesa na Grande
Guerra. Separata dos Anais do Club Militar Naval, de Novembro
de 1937 a Março de 1939, Lisboa, Imprensa da Armada, 1937, pps.
702-703.)
Contudo, Luís Miguel Correia
refere que "O Gonçalves Zarco" (sic) não chegou a receber
armamento porque a sua estrutura já não aguentava a montagem de
artilharia, devido à idade do navio, pelo que foi devolvido à ENN,
retomando o nome de "Loanda" e a carreira de África, tendo sido
vendido para sucata em 1922 (Luís Miguel Correia, ob. cit., p. 64
e p. 72).
Assim, seja
pelo mau estado das suas caldeiras, seja pela falta de robustez
estrutural, o que é certo é que o NRP "Gonçalo Zarco" não conheceu
qualquer actividade operacional durante o curto tempo em que foi
aumentado ao efectivo dos navios da Marinha Portuguesa, mas poderá ser
contudo lembrado como primeiro "Gonçalo Zarco".
A 23 de Março de 1918 já sob
a designação de CNN "Loanda", enquanto era escoltado pelo NRP "Augusto
de Castilho" na viagem entre Lisboa e o Funchal, foi atacado por um
submarino alemão. A sua escolta obrigou a tiro o submarino inimigo
a mergulhar imediatamente.(A Capital de 4 de Abril de 1918)
Nota: Sobre este raro
apontamento histórico agradecemos em especial a prestimosa colaboração
do 2º Tenente Gonçalves Neves, Investigador-chefe do Departamento de
Museologia do Museu de Marinha.
O Caça-minas "NRP
Hermenegildo Capelo"
O "NRP Hermenegildo Capelo" antes de ser requisitado para a função de
caça-minas, em 24 de Maio de 1916, era
o arrastão da pesca do alto "Maria Luisa II", com o objectivo de
executar missões de rocega de minas e patrulhas nas costas continentais
e insulares. Tinha o comprimento de fora a fora de 36,74
metros, era propulsionado por uma máquina alternativa de vapor com a
potência de 350 H.P., com uma
velocidade máxima de 9 nós e foi foi
artilhado com uma peça Hotchkiss de 47 mm em caça.
Em
Novembro de 1917 o caça-minas "NRP Hermenegildo Capelo", comandado pelo Capitão-tenente
Augusto Carlos de
Saldanha, numa das suas missões de
rocega em parelha com o
"NRP Baptista de Andrade" conseguiu transportar para o areal da Trafaria uma mina que
depois de ser neutralizada foi exposta ao público na base da Esquadrilha
de Patrulhas, em Belém.
Ainda em Novembro, dia 28, durante
uma outra missão de rocega com o mesmo navio companheiro abriu fogo
sobre um navio norueguês que entretanto se tinha tornado suspeito.(15)
No dia 8 de Maio de 1918, o "NRP Hermenegildo Capelo", comandado pelo
Capitão-tenente Augusto Carlos de Saldanha, após ter terminado a sua missão
de rocegar minas, em parelha com o "NRP Baptista de Andrade", comandado
pelo 1º Tenente Raul Álvares de Silva, viu o caça-minas francês "HXBT
ASTR" a dirigir-se a toda a força para as barragens exteriores.
Os dois caça-minas portugueses avisaram o caça-minas francês através de
sinais e apitos para parar, mas este não entendeu. Então, o "NRP
Hermenegildo Capelo" deu dois tiros sem pontaria, mas o caça-minas
francês continuou a não entender, pelo que disparou outro tiro que abriu
um furo no costado do caça-minas francês, que então entendeu os sinais e
parou. Contactado foi mandado seguir na esteira do "NRP
Hermenegildo Capelo" de acordo com as prescrições estabelecidas para a
entrada no porto de Lisboa. Chegados as Cascais o navio francês foi
entregue a um barco piloto. (16)
O Cruzador "NRP
Adamastor"
O "NRP Adamastor", construído em Livorno, em 1897, tinha um
deslocamento de 1.757 toneladas, comprimento de fora a fora de 73,8
metros, era propulsionado por duas máquinas a vapor de quatro caldeiras com
uma
potência de 4.000 H.P., e a sua
velocidade alcançava os 18 nós. Estava equipado com 2 peças de 150mm, 4
peças de 105mm, 4 peças de 47mm, 3 metralhadoras e 3 tubos
lança-torpedos.
Em 16 de Dezembro de 1915
o cruzador foi desafectado da Divisão Naval de
Defesa (Lisboa) e foi enviado para a Índia portuguesa, na
rota atlântica que passava pelo Cabo da Boa Esperança
(África do Sul). Fez escala em São Vicente (Cabo Verde), em
São Tomé (São Tomé e Príncipe), Luanda e Moçâmedes (Angola)
e Cidade do Cabo (África do Sul). O cruzador chegou a
Lourenço Marques (Moçambique) a 11 de Fevereiro de 1916.
Missão de requisição
dos navios mercantes alemães
Encontrava-se neste porto
a 23 de Fevereiro de 1916, quando o Governo português deu
ordem para se apreenderem
todos os navios mercantes alemães e austríacos fundeados nos portos
portugueses. Foi iniciada a sua primeira missão de guerra no Oceano
Índico, apresando os navios que se encontravam naquele
porto, tendo de seguida navegado até ao porto da Beira e da
Ilha de Moçambique com o mesmo fim, sempre acompanhado pelo
vapor "Portugal". No porto de Lourenço Marques
encontravam-se 4 navios alemães, na Beira 1 navio alemão e
na Ilha de Moçambique 2 navios alemães. No final da missão
regressou ao porto de Lourenço Marques com as tripulações
alemãs aprisionadas.
Missão de apoio à invasão
da colónia alemã oriental
Em Abril de 1916, o Exército português em
Moçambique delineou uma estratégia para expulsar
as tropas alemãs da foz do Rovuma, que era o rio que fazia
fronteira a Norte entre a colónia portuguesa e a colónia
alemã,
então denominada África Oriental Alemã, hoje
Tanzânia. Assim, a
29 de Abril, o cruzador "NRP Adamastor" e a canhoneira "NRP
Chaimite" receberam ordens para
se dirigirem para a foz do rio a fim de executarem um primeiro reconhecimento,
afundassem as embarcações alemãs que se encontrassem na zona
e metralhassem os entrincheiramentos que se encontravam na
margem norte.
A 20 de Maio, o "NRP
Adamastor" chegou à enseada de Palma onde se encontrou com a
canhoneira "NRP Chaimite" que o aguardava. De imediato ambos
os navios se dirigiram para a foz do Rovuma onde iniciaram a
missão de apoio à coluna do exército comandada pelo Coronel
Moura Mendes, tendo os mesmos aberto fogo sobre as posições
alemãs que se encontravam na margem do rio.
No dia 21 de Maio, a
canhoneira "NRP Chaimite" tomou uma posição dentro do rio,
perto de uma zona de baixios e o cruzador "NRP Adamastor"
posicionou-se junto à barra. Sob o comando do cruzador
iniciou-se um largo bombardeamento sobre a margem alemã,
entre o posto militar de Tokoto e o posto militar Fábrica.
Seguiu-se um desembarque com tropas da marinha, provenientes
da guarnição do cruzador que, suportadas pelas peças do
mesmo, ocuparam e destruíram o posto militar da Fábrica.
Acabado o ataque os marinheiros regressaram ao cruzador, não
tendo sido ocupado o posto militar por tropas do exército
português. No dia 23 de Maio, os alemães reocuparam as
posições do posto militar de Fábrica que se encontravam
vazias, tende existido novos combates entre marinheiros da
guarnição do cruzador e os alemães, tendo estes últimos
reocupado o posto militar de Fábrica.
No dia 27 de Maio
houve nova operação de desembarque, mas nesta altura os
alemães já não foram surpreendidos e estavam entrincheirados
e suportados por 6 metralhadores, que impediram movimento
fazendo várias baixas na força de desembarque, compostas por
marinheiros do cruzador e da canhoneira, que em muito foram
derivadas de falhas de coordenação entre a força de ataque
do exército e da marinha.
Onze dos seus 206 marinheiros perderam
a vida neste combate.
Cerca de quatro meses depois, a operação "travessia do
Rovuma" foi repetida, com melhor coordenação, ainda
com o apoio exclusivo das peças do "NRP Adamastor" e da
"NRP Chaimite", consolidado o objectivo de invadir e ocupar
território inimigo.
Missão de Apoio Naval
Desde a chegada ao Oceano
Índico que o "NRP Adamastor" cooperava com o comando naval
inglês. Com o desenvolvimento do conflito, em 1918, o
Governo Português acedeu integrar um comando de
operações navais único, na frente de combate contra a
província africana alemã oriental. Este comando ficou a
cargo do contra-almirante em Chefe da Esquadra do Cabo, E.S.
Fitzherbert, que comandava o cruzador "HMS Minerva".
Continuava a existir a
necessidade de manter o bloqueio naval à colónia oriental
alemã, por forma a impedir o desembarque de armamento,
munições e abastecimento às tropas alemãs, por parte de
navios mercantes.
Na sequência da ofensiva
alemã em território português, a 1 de Julho de 1918 deu-se a
tomada de Nhamacurra pelos alemães e julgou-se que
estes se dirigiam para Quelimane. Foi montada uma missão de
transporte e combate, composta pelos cruzadores "NPR
Adamastor", "HMS Minerva" e "HMS Talbot", as canhoneiras "HMS
Thistle" e "HMS Reynaldo" e alguns caça-minas, que
transportaram 100 civis e 230 militares para a defesa da
cidade. Os navios mantiveram-se no porto em postos de
combate durante todo o mês de Julho, até que passou o
alerta.
A Canhoneira "NRP Ibo"
A
canhoneira "NRP Ibo" foi construída no Arsenal da Marinha (Lisboa) e
entrou ao serviço da Armada em 15 de Fevereiro de 1913. Nomeado a 20 de
Setembro de 1915 o Comandante Henrique Corrêa da Silva (Paço d'Arcos)
assumiu o comando da "NRP Ibo" quatro dias depois21. À data
encontrava-se em meio armamento, destinado a fabrico, no Tejo. Em 23 de
Fevereiro de 1916, a quando do apresamento dos navios mercantes alemães
a canhoneira ainda se mantinha no Tejo.
Em
meados de Julho de 1916, terminaram os trabalhos de melhoramento da "NRP
Ibo" e a 11 de Agosto o navio passou a completo armamento. A 24 de
Agosto de 1916 o Capitão-tenente Henrique Monteiro Corrêa da Silva (Paço
d'Arcos) iniciou a sua longa comissão de 810 dias em Cabo Verde, onde
fundeava a Esquadra Inglesa e se encontrava amarrado um importantíssimo
cabo telegráfico submarino. Teve ainda uma outra comissão durante a
Grande Guerra nos Açores.
Comandante Henrique Monteiro Corrêa
da Silva
A
canhoneira "NRP Ibo" foi construída no Arsenal da Marinha (Lisboa) e
entrou ao serviço da Armada em 15 de Fevereiro de 1913. Nomeado a 20 de
Setembro de 1915 o Comandante Henrique Corrêa da Silva (Paço d'Arcos)
assumiu o comando da "NRP Ibo" quatro dias depois21. À data
encontrava-se em meio armamento, destinado a fabrico, no Tejo. Em 23 de
Fevereiro de 1916, a quando do apresamento dos navios mercantes alemães
a canhoneira ainda se mantinha no Tejo.
Em
meados de Julho de 1916, terminaram os trabalhos de melhoramento da "NRP
Ibo" e a 11 de Agosto o navio passou a completo armamento. A 24 de
Agosto de 1916 o Capitão-tenente Henrique Monteiro Corrêa da Silva (Paço
d'Arcos) iniciou a sua longa comissão de 810 dias em Cabo Verde, onde
fundeava a Esquadra Inglesa e se encontrava amarrado um importantíssimo
cabo telegráfico submarino. Teve ainda uma outra comissão durante a
Grande Guerra nos Açores.
Na
sua comissão nos Açores comandou a missão de procura do submarino U-139
que afundou a "NRP Augusto Castilho" e atacou o vapor "San Miguel", e
salvamento dos náufragos a 14 de Outubro de 1918. No fim da Grande
Guerra e pela campanha ao comando da "NRP Ibo" o Comandante Henrique
Monteiro Corrêa da Silva (Paço d'Arcos) foi condecorado com a Cruz de
Guerra de 1ª Classe pelo governo português e com a DSO – Distiguished
Service Order pelo governo inglês (2ª maior condecoração inglesa).
A "NRP
Ibo" tinha um deslocamento máximo de 492T, uma velocidade máxima de 13
nós e uma autonomia de 3.200 milhas. O seu armamento standard era 2
peças de 75mm Armstrong e 2
peças Hotchkiss de 47mm, 2 metralhadoras e estava equipado com TSF,
odómetro e sondador. A sua guarnição base era de 4 oficiais, 6 sargentos
e 49 praças. Em Agosto de 1918, juntamente com a canhoneira "NRP Açor"
encontrava-se em fabrico nas oficias navais Bensaúde, em Ponta Delgada,
quando recebeu uma peça de 76mm, longa, colocada em caça, adquirida aos
americanos. Esta peça encontrava-se instalada no yacht USS Marrareth
(SP-527) que se encontrava fundeado na Base Naval americana de Ponta
Delgada.
A
partir de Setembro de 1918, o seu armamento passou a ser 1 peça de
76mm/Cal 55, 1 peça de 75mm e 2 peças de 47mm e 2 metralhadoras. Também foi nesta data
que o navio recebeu a sua camuflagem em azul22.
1º
Confronto - 24 de Agosto 1916
A
canhoneira "NRP Ibo", equipada com 2 peças de 75mm e 2 peças Hotchkiss de 47mm e 2
metralhadoras, em 1914, com uma guarnição de 85 homens, partiu de Lisboa
a 24 de Agosto de 1916, pelas 16 horas, para a sua missão de protecção
do porto de São Vicente, em Cabo Verde.
Tomou rumo para a ilha da Madeira, mas logo à saída, a cerca de 60
milhas da barra de Lisboa, pelas 22 horas foi atacado pelo submarino
U-20, comandado por Walther Shwieger, que lhe lançou um torpedo. Este
cruzou a "NRP Ibo" rente à proa, mas sem sucesso. Avistado o submarino
manobrou em ziguezague ofensivamente, passando de atacado para atacante
e abriu fogo, com duas das peças de 47mm, sobre o submarino. O submarino
mergulhou e não foi mais visto na noite. A "NRP Ibo" continuou a viagem
e chegou ao Funchal (Madeira) no dia 29 de Agosto de 1916.
Refira-se que o Comandante Walther Shwieger foi o oficial que comandou o
afundamento do vapor inglês "Lusitania", em Maio de 1915.
2º
Confronto - 4 de Dezembro de 1916
A 4
de Dezembro de 1916, durante a vigilância nocturna do porto de São
Vicente, a "NRP Ibo" veio às águas exteriores do porto, até junto do
navio "Moçambique" que se encontrava fundeado. Depois de dar ordem ao
"Moçambique" para entrar no porto e de ter regressado à baía, os
marinheiros de vigia distinguiram o casco de um submarino emerso a
entrar na baía.
A
canhoneira que se encontrava de serviço arrancou de imediato ao encontro
com o inimigo. Tomou a decisão de correr a toda a força para o
abalroamento, mesmo mesmo sabendo que isso podia significar o seu
afundamento. Abriu um intenso fogo contra o submarino e acendeu um facho
vermelho, como sinal de alarme de presença de inimigo. O fumo, o fogo
das peças e do facho vermelho eram tão intensos, que a tripulação da
canhoneira "NRP Beira", que estava acostada no porto, chegou a pensar
que a "NRP Ibo " se tinha incendiado e largou de imediato em seu
auxílio.
O
submarino ao aperceber-se do ataque mergulhou, acabando a cobertura de
água por fazer de protecção aos tiros sucessivos que eram disparados
sobre o seu casco. O submarino rodou submerso dentro da baía e fugiu
rente ao fundo, pela espuma, algas e detritos que sobrenadaram. Pensa-se
que teria a intenção de rocegar o cabo submarino de comunicações que aí
se encontrava amarrado.
O
navio "Moçambique" e os seus 500 soldados repatriados e a grande
quantidade de material de guerra de África que se encontrava a bordo
foram salvos. O submarino já longe do porto, em mar aberto começou a
emergir, mas a canhoneira "NRP Beira" que tinha saído em apoio da "NRP
Ibo" encontrava-se perto e começou a disparar sobre o submarino. Este
voltou a submergir e não foi mais visto. Provavelmente seria o submarino
U-47, comandado por Heinrich Metzger, que tem registado um afundamento
na zona, naquela data.
3º
Confronto - 2 Novembro de 1917
A
28 de Outubro houve uma chegou uma comunicação da presença de um
submarino alemão entre Dakar e Cabo Verde, e sendo o porto de São
Vicente escala dos navios brasileiros em trânsito para a Europa, era
muito provável que se tornasse um porto de ataque à frota mercante
brasileira.
Pela 7 da manhã, do dia 7 de Novembro, foram disparados dois torpedos
para dentro do porto de São Vicente pelo submarino U-151, comandado
Waldemar Kophamel, a uma distância de 450 e 300 metros dos alvos, que
atingiram os navios brasileiros Guahiba e Acary ao nível da linha de
água, provocando grandes explosões e o afundamento destes.
A
canhoneira "NRP Ibo" que se encontrava acostada em abastecimento largou
logo que obteve pressão e navegou em perseguição do submarino entre os
destroços que flutuavam pelas águas do porto. O submarino entretanto ao
ver a "NRP Ibo" a aproximar-se submergiu e com um 30m de água sobre o
casco ficou imune a qualquer tiro que sobre ele se fizesse.
O
submarino U-151 manteve-se escondido por alguns dias, mas na noite de 7
de Novembro, com alguma ousadia acostou dentro do porto ao navio
holandês "Kennemerland", que na verdade era um navio espião alemão, mas
foi prontamente repelido a tiro, que o fez mergulhar e fugir.
Fez
ainda um último ataque no dia 14 de Novembro e desapareceu de vez das
águas de São Vicente, tendo se dirigido para as águas da Madeira, onde
voltou a fazer um afundamento no dia 16 de Novembro, o navio americano
"Margaret L. Roberts".(13)
4º
Confronto - 16 de Outubro de 1918
No
dia 14 de Outubro a canhoneira "NRP Ibo" saiu em socorro do vapor "San
Miguel" saiu logo após a mensagem de SOS. Rumou em direcção a Santa
Maria , que era o destino do transporte, e pelas 3 da tarde encontrou o
navio. Foi então que soube que o caça-minas "NRP Augusto de Castilho"
tinha ficado para trás a combater o submarino. A com intenção foi de dar
combate ao inimigo
Nos
jornais do dia 15 de Outubro saiu a notícia que o vapor "San Miguel"
tinha sido socorrido por dois contratorpedeiros americanos e um cruzador
inglês, o que não foi verdade e que acabou por ser desmentido pelo
Almirantado. O único navio que foi em socorro do "San Miguel" foi a
canhoneira "NRP Ibo", comandada por Henrique Corrêa da Silva.
No
dia 16 de Outubro o Capitão-tenente Henrique Corrêa da Silva, conseguiu
apoio do Almirantado americano para ir em busca dos náufragos do "NRP
Augusto de Castilho", que lhe facultou uma flotilha constituída por 4
caça-submarinos (vespas) "USS SC-72", "USS SC-111", "USS SC-180" e "USS
SC-331"e o rebocador de alto-mar "USS
Lapwing".
A flotilha navegou desde Ponta Delgada até Santa Maria numa formação com
o "NRP Ibo" à frente e o rebocador "USS Lapwing" à retaguarda. As vespas
iam nas alhetas de cada um dos navios maiores. Depois de Santa Maria a
flotilha mudou para uma formação em linha com uma distância entre navios
de 2000m.
As pesquisas duraram até ao final do dia, quando os navios americanos
regressaram a Ponta Delgada. Sozinha a canhoneira "NRP Ibo" chegou pelas
10 horas da noite ao local do afundamento, onde encontrou vestígios do "NRP
Augusto de Castilho" a flutuarem. Continuou em busca pelas águas de
Santa Maria até que no dia 18 de Outubro recebeu ordem para regressar a
Ponta Delgada, porque tinham chegado 30 náufragos da "NRP Augusto de
Castilho" a Santa Maria. No dia 20 de Outubro o Almirantado deu ordem
para a "NRP Ibo" se deslocar até Ponta do Arnel, na ilha de São Miguel,
para ir buscar um segundo grupo de 12 náufragos da "NRP Augusto de
Castilho" que ali tinha chegado.
"NRP Ibo" - Registos da Acção do Capitão-tenente Henrique Monteiro
Corrêa da Silva (Paço d'Arcos)
durante a Comissão em Cabo Verde 1916-1918
24/08/1916
Barra do Tejo (Lisboa)
Combate com o submarino U-20.
Foi atacado pelo submarino U-20 que lhe lançou um torpedo, o
qual cruzou a "NRP Ibo" rente à proa, mas sem sucesso.
Avistado o submarino manobrou em ziguezague ofensivamente,
passando de atacado para atacante e abriu fogo, com duas das
peças de 47mm, sobre o submarino. O submarino mergulhou e
não foi mais visto na noite.
Marinha(1989), p.87
11/10/1916
São Vicente (Cabo Verde)
Fez para o vapor espanhol “Erandio” à entrada do Porto
Grande, obrigando o navio a ficar fora do porto até ao
amanhecer.
Marinha(1989), p.87
15/10/1916
São Vicente (Cabo Verde)
Fez a identificação do cruzador “HMS Berhick” e depois
autorizou a sua entrada no porto.
Marinha(1989), p.87
23/11/1916
São Vicente (Cabo Verde)
Abriu fogo sobre um navio não identificado que se aproximava
de noite do porto. Só depois de identificado foi autorizado
a entrar.
Marinha(1989), p.87
26/11/1916
São Vicente (Cabo Verde)
Abriu fogo sobre um navio não identificado que se aproximava
de noite do porto. Só autorizou a entrada do navio na manhã
seguinte.
Marinha(1989), p.87
04/12/1916
São Vicente (Cabo Verde)
Combate com o submarino U-47.
A 4 de Dezembro de 1916, durante a vigilância nocturna do
porto de São Vicente, a "NRP Ibo" veio às águas exteriores
do porto, até junto do vapor "Moçambique" que se encontrava
fundeado. Depois de dar ordem ao vapor "Moçambique" para
entrar no porto e de ter regressado à baía, os marinheiros
de vigia na canhoneira distinguiram o casco de um submarino
emerso a entrar na baía.
A "NRP Ibo" arrancou de imediato ao encontro com o inimigo,
com a intenção de o abalroar. Abriu um intenso fogo contra o
submarino e acendeu um facho vermelho, como sinal de alarme
de presença de inimigo. O fumo, o fogo das peças e do facho
vermelho eram tão intensos, que a tripulação da canhoneira "NRP
Beira", que estava acostada no porto, chegou a pensar que a
"NRP Ibo " se tinha incendiado e largou de imediato em seu
auxílio.
O submarino ao se aperceber do ataque mergulhou, acabando a
cobertura de água por fazer de protecção aos tiros
sucessivos que eram disparados sobre o seu casco. O
submarino rodou submerso dentro da baía e fugiu rente ao
fundo, pela espuma, algas e detritos que sobrenadaram.
Pensa-se que teria a intenção de rocegar o cabo submarino de
comunicações que aí se encontrava amarrado.
Existe a probabilidade de o submarino ter sido o U-47,
comandado por Heinrich Metzger, que tem registado um
afundamento na zona, naquela data.
Silva (1931), pp. 83-87
11/12/1916
São Vicente (Cabo Verde)
Saiu ao encontro de um vapor que se encontrava a pairar ao
largo da ilha. Verificou-se mais tarde se tratar de um vapor
inglês com o leme avariado.
Marinha(1989), p.87
12/12/1916
São Vicente (Cabo Verde)
Fez parar um vapor holandês que tentava sair do porto sem
autorização ao anoitecer.
Marinha(1989), p.87
19/12/1916
São Vicente (Cabo Verde)
Saiu em auxílio da “NRP Beira” que tinha disparado um tiro,
vindo-se a verificar mais tarde se tratar de um rebocador
com uma embarcação a reboque que navegavam sem luzes.
Marinha(1989), p.87
19/12/1916
São Vicente (Cabo Verde)
Foi dado alerta de presença de submarino na zona. Foi também
nesta data que saiu do Porto Grande o último navio da
Esquadra Britânica para a sua nova base em Freetown (Actual
Serra Leoa).
Marinha(1989), p.87
02/01/1917
Dakar
Esteve em manutenção em Dakar durante a primeira quinzena de
1917.
Marinha(1989), p.88
28 /01/1917
São Vicente (Cabo Verde)
Fez fogo com dois tiros de salva e um de combate sobre um
navio, depois reconhecido como sueco. Deteve a bordo do
navio três passageiros clandestinos que pretendiam fugir
para os Estados Unidos da América.
Marinha(1989), p.88
09/02/1917
São Vicente (Cabo Verde)
A 9 de Fevereiro de 1917, ao anoitecer, foi avistado pelos
vigias do Ilhéu dos Pássaros um submarino inimigo dentro do
canal. Dado o alarme, a "NRP Ibo" procurou o submarino tendo
encontrado a esteira e identificado o local onde este terá
submergido. Também contribuiu para que o submarino se
afastasse os tiros efectuados por uma das peças de 76mm do
posto do Ilhéu dos Pássaros.
Silva (1931), p. 111
21/02/1917
São Vicente (Cabo Verde)
Apreendeu o vapor grego “Dimítrios” que entrou no porto sem
autorização.
Marinha(1989), p.88
04/05/1917
Sal
(Cabo Verde)
Fez um reconhecimento a sul da ilha do Sal, porque a
população informou sobre um tiroteio que aí se teria dado,
Encontrou despojos que poderiam ter pertencido ao vapor
inglês “Bencaim” que fora afundado.
Marinha(1989), p.88
22/07/1917
São Vicente (Cabo Verde)
Transportou o governador de Cabo Verde e um oficial do
Exército para ser estudada a localização das batarias para
defesa do porto.
Marinha(1989), p.88
29/07/1917
São Vicente (Cabo Verde)
Participou no transporte da Bataria de montanha.
Marinha(1989), p.88
02/10/1917
Santo Antão(Cabo Verde)
Prestou assistência a embarcações que tinham sido
surpreendidas por um violento temporal. Recolheu náufragos
de três embarcações que se afundaram.
Marinha(1989), p.88
02/11/1917
Santo Antão(Cabo Verde)
Combate com o submarino U-151.
Pela 7 da manhã, do dia 2 de Novembro, foram disparados dois
torpedos para dentro do Porto Grande de São Vicente pelo
submarino U-151, comandado Waldemar Kophamel, a uma
distância de 450 e 300 metros dos alvos, que atingiram os
navios brasileiros "Guahyba" e "Acary" ao nível da linha de
água, provocando grandes explosões e o afundamento destes.
A canhoneira "NRP Ibo" que se encontrava acostada em
abastecimento largou logo que obteve pressão e navegou em
perseguição do submarino entre os destroços que flutuavam
pelas águas do porto. O submarino entretanto ao ver a "NRP
Ibo" a aproximar-se submergiu e com um 30m de água sobre o
casco ficou imune a qualquer tiro que sobre ele se fizesse.
Silva (1931), pp. 131-141
04/11/1917
São Vicente (Cabo Verde)
Quando regressava de uma patrulha à ilha Brava, entrou em
postos de combate, por ter avistado o periscópio do U-151.
Fez vários tiros para o local orientando-se pela esteira.
Manteve-se em busca por mais algum tempo mas não conseguiu
voltar a avistar o submarino.
Marinha(1989), p.88
07/11/1917
São Vicente (Cabo Verde)
O submarino U-151 manteve-se escondido por alguns dias, mas
na noite de 7 de Novembro, com alguma ousadia acostou dentro
do Porto Grande ao navio holandês "Kennemerland", que na
verdade era um navio espião alemão, mas foi prontamente
repelido a tiro pela “NRP Ibo”, que o fez mergulhar e
fugir.
O submarino alemão manteve-se ainda até ao dia 14 de
Novembro, quando desapareceu de vez das águas de São
Vicente, tendo se dirigido para as águas da Madeira, onde
voltou a fazer um afundamento no dia 16 de Novembro de 1917,
o navio americano "Margaret L. Roberts".
Silva (1931), pp. 131-141
29/12/1917
São Vicente (Cabo Verde)
Escoltou o vapor chileno “Amazonas” até aos limites das
águas de Cabo Verde.
Marinha(1989), p.88
02/04/1918
São Vicente (Cabo Verde)
Zarpou de São Vicente para Lisboa, tendo feito escala em
Dakar, Port Etienne e Agadir. Chegou a Lisboa a 17 de Abril
de 1918.
Marinha(1989), p.88
Tributo ao Valor dos Camarada -
4 Dezembro de 1918
A bordo da canhoneira NRP Ibo, no
Tejo, Canto e Castro, então ministro da Marinha do governo de Sidónio
Pais (à direita), discursou na entrega do trofeu ao navio pala sua acção
em Cabo Verde, durante a Grande Guerra.
Foto tirada a bordo da NPR Ibo
(4/12/1918)
Estivavam também presentes, o
comandante da NRP Ibo, o Capitão-tenente Correia da Silva (Paço d'Arcos)
que se vê em segundo lugar, à esquerda, e os almirantes Júlio Gallis e
Álvaro Ferreira, que se vêem ao centro. Entre Canto e Castro e Álvaro
Ferreira, vê-se o Capitão-tenente Edwards Evans, comandante do
cruzador inglês HMS Active24.
A colónia inglesa que se encontrava
no arquipélago de Cabo Verde, reconheceu os serviços prestados pela
canhoneira NRP Ibo na defesa dos seus interesses, razão que levou a
distinguir esta unidade naval e o seu comandante. Nessa cerimónia de 4
de Dezembro de 1918 foi entregue pelo Ministro da Marinha Canto e Castro
um escudo em prata com honrosa inscrição, para o navio e uma taça de
prata, para os oficiais.
A cerimónia teve lugar a bordo da
canhoneira, na tarde de 4 de Dezembro de 1918. O Ministro da Marinha
proferiu poucas mas veementes palavras, onde evocou os mortos da Armada
Nacional no mar e em África. Em especial dirigiu-se ao comandante
Correia da Silva, de quem tinha sido professor e por quem tinha uma
velha e sólida amizade e admiração, e disse-lhe: - Tenho muita
honra e sinto verdadeiro prazer em te entregar este trofeu. Comunica-o
aos teus oficiais e saúda-os em meu nome25.
O navio de salvamento "NRP Patrão
Lopes"
Seria injusto não referir o navio de
salvamento "NRP Patrão Lopes", antigo "Newa", que foi requisitado no dia
23 de Fevereiro de 1916, entre os outros navios alemães que se
encontravam surtos no porto de Lisboa. A 19 de Abril de 1916 tomou o nome de "NRP
Patrão Lopes", sob o comando do 1º Tenente Álvaro Nunes Ribeiro.
Tinha o
deslocamento máximo de 1.100 toneladas, o comprimento de fora a fora de
49 metros, com uma velocidade máxima de 10 nós, assegurados por uma
máquina de vapor com a potência de 500 H.P.. Apresentava uma tripulação
de 1 comandante, 1 imediato, 1 maquinista e 60 sargentos e praças.
A 11 de Abril de 1917, é nomeado para comandante do navio o 2º Tenente
Fernando Monteiro Barros e a 12 de Julho de 1917 passa a ser comandado
pelo 1º tenente, pouco depois Capitão-tenente, António Emídio Taborda de
Azevedo e Costa. Foi armado
inicialmente com uma peça 47 mm em caça e mais tarde, em 18 de Maio de
1918, 2 peças de 90 mm,
caça e retirada.
Missão de salvamento - 14 de Abril de 1917
No dia 14 de Abril de 1917 o comando
da Divisão Naval de Defesa e Instrução recebeu uma mensagem relativa ao
afundamento de dois vapores de carga estrangeiros, junto à costa de
Sagres. (7)
Foi ordenado ao "NRP Patrão Lopes" e
ao NRP Limpôpo", que se encontravam em Lisboa, que seguissem à máxima
velocidade, o que chegaram na manhã seguinte. O "NRP Limpôpo", navio de
37 metros e uma guarnição de 34 homens, estava equipado com duas peças
de 3pdr e tinha uma velocidade máxima de 11 nós. Esta canhoneira era
comandada pelo 2º Tenente José Francisco Monteiro.
O ataque do dia anterior foi
efectuado pelo submarino U-35, comandado por Lothar von Arnauld de la
Perière, que não destruiu apenas dois navios, como tinha sido dado
conhecimento ao grupo de salvamento, mas quatro navios: o veleiro
italiano "Bien
Aime Prof. Luigi" parado para identificação e afundado com explosivos, o
vapor dinamarquês "Nordsoen"
parado para identificação e afundado a tiro de artilharia, o vapor
norueguês "Torvore" atacado a tiro de artilharia e que na fuga acabou
destruído e encalhado nos ilhéus Martinhal (junto a Sagres), e o
vapor norueguês "Vilhelm Krag" que também foi atacado a tiro de
artilharia e encalhou igualmente destruído no mesmo local. Os
tripulantes do "Torvore" e do "Vilhelm Krag" chegaram por si próprios a
terra.
Assim, o "NRP Patrão Lopes" e o "NRP
Limpôpo" já nada tinham a fazer, uma vez que os dois navios não estavam
em condições de serem postos novamente a flutuar, e como a zona era de
elevado perigo, o U-35 estava equipado com uma peça de 105mm e dois
tubos de torpedos mantinha-se na zona em caça, regressaram de imediato
para Lisboa.
Missão de escolta ao "Ambaca" - 14
de Junho de 1917
No dia 14 de Junho de 1917 o "NRP
Patrão Lopes", comandado pelo 2º Tenente Fernando Monteiro Barros,
recebeu ordens do comando da Divisão Naval para se juntar ao rebocados "NPR
Bérrio" e ao caça-minas "Margarida Vitória", para formarem uma flotilha
de patrulha e irem ao encontro do navio mercante "Ambarra" que vinha de
França sem escolta e se encontrava naquela data a atravessar o Golfo da
Biscaia.
O rebocador "NRP Bérrio" tinha um
deslocamento de 498 toneladas, o comprimento de 40,50 metros, a sua
velocidade máxima era de 10 nós, assegurados por uma máquina a vapor de
1070 H.P., e a sua guarnição era de 68 homens. Estava artilhado com uma
peça Hotchkiss de 47 mm, em caça. Era comandado pelo 1º Tenente
Newton
O caça-minas "NRP Margarida Vitória"
tinha um deslocamento de 206 toneladas e estava armado com duas peças Hotchkiss
de 47 mm, uma em caça e outra em retirada. Era comandado pelo 1º Tenente
António da Silva Pais e a sua base naval era o porto de Leixões, onde
tinha como principal missão a defesa da barra do Douro.
Partiram do Tejo, ao fim da tarde, o
"NRP Bérrio", como navio-chefe da flotilha, seguido pelo "NRP Patrão
Lopes", tendo encontrado-se com o "NRP Margarida Vitória" junto a
Leixões. Seguiram em formatura de coluna, com o "NRP Margarida Vitória"
na cauda, em navegação do regime de guerra, sem comunicações TSF e sem
luzes.
Navegaram para Norte ao encontro do "Ambaca"
que se dirigia para Sul . A noite e o nevoeiro cada vez mais cerrado,
levou o "NRP Patrão Lopes" e o "NRP Bérrio" a terem de fazer um conjunto
de manobras evasivas para não se abalroarem e provocou que o "NRP
Margarida Vitória" acaba-se por se perder da flotilha. O comandante da
flotilha, 1º Tenente Newton, na manhã seguinte, com a persistência do
nevoeiro cerrado e se encontrar o "Ambaca" decidiu abortar a missão e
regressar ao porto de Leixões, onde encontrou o caça-minas "NRP
Margarida Vitória". O "Ambaca conseguiu chegar ao porto de Lisboa
sozinho.(8)
Missão de escolta aos submarinos
"Hidra", "Foca" e "Golfinho" - 17 de Novembro de 1917 a Fevereiro de
1918
A 17 de Novembro de 1917 o comando da
Divisão Naval ordem para a Itália buscar os três submarinos da Armada,
que se encontravam concluídos nos estaleiros de Spezia, dando-lhes
escolta até Lisboa. Não havia tempo para entrar em fabrico para a
montagem de dois canhões de 90 mm e assim teve de partir em missão
apenas armado com a peça de 47mm.
Zarpou sozinho em direcção a Itália,
tendo feito escala em Lagos, Gibraltar, Marselha e Genova, tendo chegado
a Spezia a 7 de Dezembro. Apenas no estreito de Gibraltar viu
submarinos inimigos, tendo a tripulação colocado aos cintos de salvação
e guarnecido a peça de 47mm, mas estes apenas o seguiram por algum tempo
sem o atacarem.
Em Spezia os submarinos foram
entregues pelos italianos à Armada portuguesa, tendo ficado distribuídos
os seguintes comandos dos submarinos: "Golfinho", Capitão-tenente
Almeida Henriques; "Hidra", 1º Tenente Fernando Branco, e "Foca", 1º
Tenente Serrão Machado.
O Governo italiano determinou o
utilização do torpedeiro "Condor" para se juntar à escolta que o "NRP
Patrão Lopes" iria fazer aos submarinos, uma vez que era uma zona onde
existiam inúmeros submarinos inimigos. A 15 de Dezembro de 1917 dá-se
inicio à grande viagem de Spezia para Lisboa.
1ª etapa (de Spezia para
Villefranche-sur-Mer)
A 15 de Dezembro de 1917 inicia-se a
etapa de Spezia (Itália) para Villfranche-sur-mer (França). O combóio sai de madrugada
formado pelos três submarinos, o "NRP Patrão Lopes" e o torpedeiro
italiano "Condore", comandado pelo Capitão-tenente Veritá
Poeta. No final do dia o combóio entra no porto francês de Villefranche-sur-Mer, uma enorme baía que fornece abrigo natural.
O torpedeiro italiano "Condore" dá por terminada a sua missão de escolta
e regressa a Itália.
Ao longo da viagem os submarinos
navegaram em alerta e prontos para combate, com os tanques de regulação
com lastro suficiente para a imersão, assim como com os tubos
lança-torpedos alagados para permitirem lançar rapidamente os torpedos.
Os submarinos navegaram sempre com uma linha de água muito baixa e por
consequência com uma velocidade reduzida.
2 ª etapa (de Villefranche-sur-Mer
para Petite Rade de Toulon)
A zona em redor do porto de abrigo de
Villefranche estava cercada de submarinos inimigos e no dia anterior à
chegada tinham sido torpedeados três navios mercantes ao largo.
Entretanto tinha-se levantado um temporal que não permitiu partir até ao
dia 22 de Novembro.
O Governo francês determinou a
utilização de dois torpedeiros, o "Borée" e o "n.º 369" para formar a
escolta aos submarinos, com o "NRP Patrão Lopes". O combóio partiu de
madrugada e chegou a Petite Rade de Toulon, base naval militar francesa,
ao fim da tarde.
A flotilha portuguesa teve a honra da
visita do Almirante Lacaze, comandante em chefe da Armada francesa, ao
"Golfinho". Foi neste porto que os portugueses passaram o Natal de 1917
e o Ano Novo.
3ª etapa (de Petite Rade de Toulon
para Marselha)
O tempo estava muito mau, mas apesar
disso foi feita a saída do combóio a 2 de Janeiro de 1918, com destino a
Marselha. Compunha o combóio o patrulha francês "Elisabeth Marie", o "NRP
Patrão Lopes" e os três submarinos. Mas o mar era tão violento que
obrigou o regresso a Rade de Toulon.
No dia 3 houve nova tentativa, mas
voltaram a regressar a Rade de Toulon. É no dia 4 de Janeiro que o
combóio consegue ter bom tempo e mar para se dirigir a Marselha.
Chegaram durante a tarde de 5 de Janeiro ao porto velho de Marselha sem incidentes.
4ª etapa (de Marselha para Cette)
Voltaram a partir de Marselha a
15 de Janeiro, rumo a Cette. A meio da viagem é avistado um navio a
afundar-se, o navio espanhol "Bona Nova", que tinha sido torpedeado
pouco tempo antes. O combóio parou para aguardar que o patrulha francês
"Elisabeth Marie" socorresse os náufragos e depois seguiram em
combóio até Cette. Chegaram às 21h 05mn sem mais percalços.
5ª etapa (de Cette para
Port-Vendres)
No dia 16 de Janeiro o combóio saiu
do porto de madrugada, com nevoeiro e chegou ao porto novo de
Port-Vendres (França) às 4 da manhã sem problemas. Este era o último
porto na costa mediterrânea de França antes da fronteira com a Espanha.
Era um pequeno e acanhado porto de pesca, que se tornara importante por
ser obrigatória a escala de abastecimento para os navios que navegavam
do norte para o sul (águas marroquinas), para evitarem a zona neutra de
Espanha.
Amarrados àquele porto, a flotilha
portuguesa encontrou uma profusão de heterogéneas embarcações, entre as
quais, contratorpedeiros franceses, caça-minas e vapores armados de
várias nacionalidades, vapores de carga, navios carvoeiros e alguns
batelões. Os oficiais portugueses foram muito bem recebidos pelo chefe
do porto e ficaram instalados em terra.
Nas memórias do comandante do "NRP
Hidra", 1º Tenente Fernando Branco, ressalta a ida de um grupo de
oficiais de comboio à cidade de Perpignan, no dia 19 de Janeiro de 1918,
junto à fronteira com Espanha. Nesta cidade assistiram a um espectáculo
de variedades no teatro local. No final do espectáculo apareceu a
"estrela" a segurar uma bandeira francesa, ladeada por outros artistas e
coristas que seguravam as bandeiras da Bélgica, da Grã-Bretanha, da
Itália e quase todas as outras bandeiras aliadas, menos a portuguesa. No
dia seguinte os oficiais foram falar com o empresário do teatro antes do
espectáculo e ofereceram-lhe uma bandeira de Portugal. Nessa noite, 20
de Janeiro de 1918, a "estrela" em apoteose segurou a bandeira de
Portugal.(19)
6ª etapa (de Port-Vendres para
Oran)
No dia 17 de Janeiro o combóio chegou
a sair, mas o mar obrigou a voltar ao porto, porque estava incapaz para
a navegação de superfície para os submarinos. no dia 18 de Janeiro nova
saída, mas desta vez o submarino "Hidra" apresentou dificuldades e foi
necessário o regresso ao porto, para reparações.
No dia 24 de Janeiro de 1918 o
combóio foi formado com mais um patrulha francês, o "Ailly". A flotilha
formou com o patrulha francês "Elisabeth Marie" na frente, o patrulha
francês "Ailly" na retaguarda, os submarinos em linha entre estes navios
e o "NRP Patrão Lopes" a bombordo da coluna.
Durante a noite formaram duas
colunas, uma com o "Elisabeth Marie"e os submarinos "Golfinho" e "Foca"
e outra com o "NRP Patrão Lopes" e o submarino "Hidra", indo o patrulha
francês "Ailly" na retaguarda das colunas. A 25 de Janeiro viram ao longe
a ilha de Ibiza e no dia seguinte, 26 de Janeiro, com tempo chuvoso e
mar agitado chegaram ao porto de Oran (Marrocos), às 23h 20mn. Foi
uma viagem longa para aqueles submarinos, o que lhes obrigou a atestar
os duplos-fundos (lastros de compensação) com nafta em excesso, já que não podiam se reabastecer em
Espanha, por ser um país neutro.(14)
7ª etapa (de Oran para Gibraltar)
No porto de Oran o patrulha francês "Ailly"
deixa a escolta da flotilha. Assim, na noite de 28 de Janeiro o combóio
formado pelo patrulha francês "Elisabeth Marie", os três submarinos e o
"NRP Patrão Lopes" partem em direcção a Gibraltar, navegando sempre
junto à costa marroquina.
No dia 29 de Janeiro, pelas 10h 30mn
é ouvido na TSF um pedido de socorro de um navio que estava a ser
atacado por submarinos, mas a transmissão terminou sem dar as
coordenadas. Às 14 horas o "NRP Patrão Lopes" teve de emitir uma
mensagem ao patrulha francês "Elisabeth Marie" indicando que por falta
de carvão não podia continuar àquela velocidade e todo o combóio
abrandou. Por volta das 21h 30mn apareceu um destroyer inglês que se
juntou ao combóio e os fez rumar ao porto militar de Gibraltar.
No dia 30 de Janeiro, pela 1 hora
cruzaram-se com um combóio de seis navios que saíam de Gibraltar e se
dirigiam para o Mediterrâneo. Às 2 horas da manhã todos se encontravam
atracados em Gibraltar. Inicia-se então algumas manutenções nos
submarinos e é feito um abastecimento geral.
8ª etapa (de Gibraltar para
Lisboa)
Após terminadas as manutenções nos
submarinos e o abastecimento dos navios, o combóio partiu no dia 9 de
Fevereiro de 1918, às 4 horas da manhã, em direcção a Sesimbra. O "Elisabeth
Marie" na frente, os submarinos "Foca", "Golfinho" e "Hidra" de seguida
e o "NRP Patrão Lopes" na retaguarda.
Depois de passar o farol de Cádiz
(Espanha), ao meio-dia o combóio formou em duas colunas, com o "Elisabeth
Marie", "Golfinho" e Hidra" numa e "NRP Patrão Lopes" e o "Foca" noutra.
Às 20 horas o combóio chegou a águas territoriais portuguesas da costa
algarvia e à meia-noite chegou à ponta de Sagres. Aí tentou-se comunicar
via TSF com Faro e Monsanto, mas ambos não responderam.
Já a 10 de Fevereiro, subiam a Norte
lentamente devido ao vento e às 4h e 30mn passaram a coluna simples, com
o "NRP Patrão Lopes" a comandar o combóio, seguido dos submarinos e com
o "Elisabeth Marie" na retaguarda. Às 6h 25mn passaram o farol de Sines,
às 7h 40mn o farol do Espichel e às 11h 05mn fundearam na baía de
Sesimbra.
Comunicada a posição a Lisboa,
receberam autorização de rumar ao Tejo às 19 horas. Atravessaram a barra
junto ao Forte de São Julião e foram fundear junto a Paço D'Arcos às 22h
e 35mn, terminando a grande viagem de Spezia para Lisboa.(9)
Missão de reboque da barca
"Portugal" - 2
de Maio de 1918
No dia 2 de Maio de 1918 o "NRP
Patrão Lopes" recebe uma nova missão, levar a barca "Portugal" de Lisboa
para Bordéus (França). Parte de Lisboa escoltado pelo escolta "NRP
Augusto Castilho" que acompanha o "NRP Patrão Lopes" e a barca
"Portugal" até perto de Aveiro, quando o caça-minas "Margarida Vitória",
da base de Leixões, veio ao seu encontro. O "NRP Augusto Castilho"
retornou para Lisboa e combóio entra no dia 4 de Maio no rio Douro sem
problemas. Fica oito dias a aguardar que a barca "Portugal" seja
carregada.
No dia 12 de Maio partem rumo a
Bordéus o "NRP Patrão Lopes" a rebocar a barca "Portugal" e o caça-minas
francês "Capoucini" em escolta, que se encontrava na base militar
francesa de Leixões.
No dia 15 de Maio, às 9h e 05mn, dia
com tempo encoberto, o "NRP Patrão Lopes" avista um submarino alemão a
bombordo, a cerca de 2 milhas. O comandante, Capitão-tenente António
Azevedo e Costa, deu ordem imediata para cortar o cabo que os ligava à
barca "Portugal" e com a sua peça de 47mm, em caça, virou na direcção do
submarino e avançou sobre este a fazer fogo. O submarino que se
deslocava apenas com o periscópio à vista, continuou em observação sem
se intimidar com os disparos. Entretanto o caça-minas francês que os
escoltava também avançou sobre o submarino, dando sinal ao "NRP Patrão
Lopes" para se afastar. O submarino com a aproximação do caça-minas
submergiu e desapareceu.
O restante caminho até Bordéus ainda
apresentava perigos vários, entre possíveis ataques de submarinos e a
passagem de zonas minadas. A 18 de Maio os navios entraram no porto de
Bordéus. A barca "Portugal" conseguiu descarregar a sua mercadoria e o "NRP
Patrão Lopes" recebeu dois novos canhões de 90mm, um em caça em
substituição do seu velho 47mm e um novo em retirada. Regressa a Lisboa
a 6 de Julho de 1918.(10)
O submarino "NRP
Hidra"
Construído nos estaleiros italianos
de Spezia, em 1917, pertencia à Classe Foca. A sua tripulação era
constituída por 21 homens, tinha uma velocidade máxima de 14 nós à superfície,
(motor diesel) e de 8 nós em imersão (motor eléctrico), 45m de
comprimento de fora a fora e apresentava um deslocamento de 389ton à superfície
e 469ton em imersão.
A sua autonomia era de 1.600 milhas à velocidade de 8,5 nós.
Estava equipado com 2 tubos lança-torpedos de vante, com uma capacidade de transporte de 4 torpedos
"Whitehead" de 450mm e uma
metralhadora. O submarino era suficientemente forte para resistir à
pressão das profundidades de 65 a 70 m. Na época era considerado um
submarino rápido e tinha a vantagem de ser equipado com dois
periscópios, um para observação e outro para ataque.(17)
Câmara de Torpedos, NRP Hidra, 1918
Os tanques de combustível e de lastro
ficavam entre o casco resistente (interior) e o casco exterior. O casco
exterior era construído de modo a envolver totalmente o casco resistente
e era o que dava a forma hidrodinâmica ao submarino. Quando o submarino
submergia eram abertas as válvulas inferiores e as válvulas superiores
dos tanques de lastro, para entrar a água. Como as válvulas se mantinham
abertas durante a imersão, a pressão dentro e fora do casco exterior
mantinha-se igual independentemente da profundidade. Nesta situação o
navio era movido pelo motor eléctrico. Os tanques de lastro
encontravam-se dispostos ao longo da navio e ainda existiam outros
tanques, os de compensação e os de regulação do caimento, que serviam
para compensar a densidade da água existente entre o casco externo e de
resistência, e ainda, para mudar o peso longitudinal e assim auxiliar os
lemes de horizontais nas manobras de mergulho e de emersão. Refira-se
que em caso de avaria no sistema de esvaziamento dos tanques de lastro
era possível trazer o submarino à superfície largando o pesado lastro
destacável que a este se encontrava preso.(18)
Compartimento do Periscópio, NRP Hidra, 1918
O 1º Tenente Fernando Branco
(promovido a Capitão-tenente em 25/04/1918),
comandante do "NRP Hidra" escreveu nas suas memórias, publicadas em
"Novelas Submarinas" a descrição de uma missão de vigilância efectuada
pelo seu submarino durante a Grande Guerra, na zona compreendida entre o
Cabo da Roca e a Ericeira.
Capitão-Tenente Fernando Augusto Branco, comandante do
NRP Hidra (1917-1918)
Não são apresentadas datas
específicas no documento para a missão, no entanto através do diário do
caça-minas "NRP Republica II", pode-se identificar uma saída do "NRP
Hidra" a 28 de Agosto de 1918. O "NRP República II" terá escoltado
o "NRP Hidra" desde a baía de Cascais até até 4 milhas a Noroeste do
Cabo da Roca onde o largou, seguindo depois novamente para a baía de
Cascais. (12)
A 5 de Outubro de 1918, há um registo do piloto Rosado que patrulhava
a área de Sesimbra, devido a um alerta de presença de submarino, e
avistou o "NRP Hidra" a 4 milhas so SW do Cabo Espichel. Os submarinos
aliados não eram "incomodados" pelos hidroaviões de patrulha, ao
contrário do que acontecia com os navios de superfície, que disparavam
primeiro e perguntavam depois, porque era possível distinguir os
submarinos aliados dos submarinos inimigos. Os submarinos aliados eram
pintados com desenhos convencionados com tinta branca no convés, que se
alteravam frequentemente de acordo com instruções confidenciais e assim
sendo reconhecendos não eram atacados. (20)
A esquadrilha de submarinos
encontrava-se fundeada no Tejo, na Estação da Esquadrilha de
Submersíveis da Marinha de Guerra Portuguesa, em Belém. As missões eram
executas em cruzeiros de quatro dias, para uma zona determinada, com o
objectivo de dar protecção à costa, aos navios neutros e aliados que
passassem na zona de vigilância, e ainda, dar caça a qualquer submarino
inimigo que se aproximasse.
O submarino "NRP Hidra", com os seus
21 tripulantes (3 oficiais e 18 sargentos e praças), "largou a bóia" e iniciou o seu andamento em direcção a
Cascais, onde se encontrava o caça-minas "NRP República II" a aguardar a sua chegada, para
o escoltar até a zona de vigilância, localizada a 4 milhas a Noroeste do
Cabo da Roca.
A principal missão do caça-minas era
de proteger o submarino enquanto este navegava à superfície, uma vez que
existia o perigo de embater numa mina ou ser alvo de um torpedo inimigo.
Chegados ao local os dois navios pararam e o caça-minas marcou a
posição. Deixou o submarino para poder voltar quatro dias depois a
buscar o submarino.
Sozinho o submarino imergiu e iniciou
a vigilância com os seus dois periscópios. Viam ao longe terra e
pesquisavam por qualquer navio ou periscópio que eventualmente se
aproximasse. A submersão com periscópio à vista era dado com uma
profundidade de três metros. É interessante a nota do autor, que indica
a dificuldade de observar pelo periscópio devido à ondulação e o
problema com as gaivotas que ao rondarem os periscópios denunciavam a
presença do submarino. Um outro perigo que preocupava a tripulação era o
da aproximação de navios, fossem amigos ou inimigos, uma vez que existia
a seguinte divisa da marinha de superfície "mais vale destruir um
submarino aliado, do que deixar de destruir um submarino inimigo", o que
levava a que todos os navios de superfície tendencialmente disparassem
primeiro e perguntassem depois.
1ª Esquadrilha de Submarinos da Armada Portuguesa em
exercícios no Tejo
Assim, sempre que um navio se
aproximava o submarino fazia uma imersão evasiva para uma profundidade
de 20m, que lhe garantia não ser detectado e muito menos abalroado.
Passado o navio o submarino regressava à profundidade de periscópio, 3m.
Estas manobras repetiam-se durante os três dias de vigilância e era
apenas ao abrigo da noite que o submarino arejava e recarregava as
baterias.
No dia 31 de de Agosto o caça-minas "NRP
Republica II" regressou ao local marcado para ir buscar o submarino. O
"NRP Hidra" regressou a barra do Tejo a navegar à superfície seguindo a
esteira da sua escolta. Não foi reportado qualquer encontro com o inimigo.(11)
O Navio-hospital "Quelimane"
A Marinha de Guerra a quando do
arresto dos navios alemães e austro-húngaros que se encontravam surtos
nas nossas águas em Fevereiro de 1916, recebeu cinco navios para
reforçar a sua frota. Este conjunto foi composto por o vapor de salvação
"NRP Patrão Lopes" (ex-Newa), o vapor de transporte "Chinde"
(requisitado à Empresa Nacional de Navegação), o vapor de transporte
"Pebane" (ex-Kadet, arresto em Moçambique), o vapor de transporte
"Pungue" (ex-Linda Woermann, arresto em Lisboa) e o vapor de transporte
"Quelimane" (ex- Kronprinz, arresto em Moçambique).
O vapor "Quelimane", encontrava-se
surto em Lourenço Marques desde o início da guerra em Agosto de 1914. A
23 de Fevereiro de 1916 o Governo português ordenou o arresto do então
Kronprinz, baptizando-o com o nome de Quelimane.
Quelimane (ex-Kronprinz) junto a
Lourenço Marques quando do arresto 3 de Fevereiro de 1916
Foi entregue à Marinha
de Guerra, que o utilizou como navio-hospital desde Outubro de 1916 até
ao final de 1917, quando foi transferido para os Transportes Marítimos
do Estado, passando a ter função de navio de transporte.
Apresentava um deslocamento de 5.689 T e uma velocidade máxima de 13,5
nós e uma capacidade de 304 passageiros em 4 classes.
Existe um registo na Biblioteca
Digital do Arquivo Contemporâneo do Ministério das Finanças, que refere
ao falecimento do Soldado Adelino Martins, n.º
349 da 9.ª Companhia de Infantaria 23, causado por caquexia palustre. O
local do óbito indica que o falecimento se deu a bordo do
navio-hospital "Quelimane", que se encontrava fundeado na baía do Tungue,
em Moçambique. (Código de referência
ACMF/Arquivo/DGCP/16/001/0127)
No Arquivo
Histórico Ultramarino (AHU) encontra-se uma caixa com documentação
pertencente às enfermarias do navio-hospital, com os registos
individuais de entrada e saída de doentes, e pelas indicações o navio
encontrava-se fundeado junto a Palma no mês de Março de 1917, dando
apoio aos doentes do Hospital de Palma em convalescência.
Foto tirada a 12 de Outubro de 1918,
frente a Lourenço Marques. (Paquetes
Portugueses, (Luís Miguel Correia, Edições Inapa, Lisboa, 1992)
Em Dezembro de 1917 o "Quelimane"
deixou de estar ao serviço da Marinha de Guerra e foi transferido para a
Companhia de Transportes do Estado.
ACM - Arquivo Central da
Marinha, Núcleo 75, CX51, 6/XI/8/2, Documentação Avulsa "Guadiana"
Oliveira(1944), p.61
Oliveira(1944), pp.77-8
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