Roménia - Marinha
Combate do Canal Macin 25/26 de Maio de 1877
Trata-se de uma acção de uma flotilha russa composta por quatro torpedeiros: XENIA, TZAREVNA, DZIGIT (russos) e o RANDUNICA romeno com parte da guarnição da marinha russa. Este último era conhecido na Marinha Russa com o nome de TSAREVICH. Estes atacaram os navios otomanos HIFZI RAHMAN (corveta blindada) e o KILI GI ALI (vapor de passageiros).
O Tenente Ioan Murgescu em carta dirigida ao Tenente Nicolae Negrescu, em 1890 descreveu o ataque ao HIFZI RAHMAN. Este deu ordem ao torpedeiro XENIA que o seguisse e nesta formação conseguiu aproximar-se da canhoneira otomana até 130m sem ser detectado. Eram cerca das 2h30 quando os otomanos os detectaram com os holofotes de bordo.
Dispararam sobre o RANDUNICA três tiros muito próximos, mas já não conseguiram dispara o quarto tiro. O torpedo-lança explodiu debaixo do navio por impacto e o HIFZI RAHMAN lançou um jacto de água proveniente da explosão que inundou parcialmente o RANDUNCIA.
Como parte da guarnição do HIFZI RAHMAN se preparava para utilizar a arma da proa contra a flotilha, o torpedeiro XENIA atacou a proa do navio otomano, o que levou a que a guarnição do HIVIZ RAHMAN abandonasse o navio.
Ambos os oficiais (russo e romeno) foram condecorados pela bravura em combate. O Tenente Ioan Murgescu recebeu a Ordem de Santo Vladimir e a Estrela de Roménia. No final da guerra o RANDUNICA retornou à Marinha Romena.
Este episódio, pouco conhecido, está ligado a uma estratégia de utilização de pequenos navios torpedeiros no estuário do rio Danúbio, mas também às contingências da frota de guerra russa que se encontrava muito desfalcada de meios navais no Mar Negro, em consequência da derrota da Guerra da Crimeia (1856) e das condições de paz impostas.
Fontes:
Craciunoiu, Cristian (2003), Vedetele Torpiloare Din Marina Romana, Bucuresti, Modelism.
Enciclopédia Britânica
A Marinha Romena nasceu da união das flotilhas dos dois principados irmãos, Principado da Moldávia e Principado de Walachia, em 22 de Outubro de 1860, com o nome de Corpo de Flotilhas.
Por decreto assinado pelo Rei Alexandru Ioan Cuza, o Corpo de Flotilhas ficou sediado no rio Danúbio, sob o commando do Coronel Nicolae Steriade. O comando da flotilha teve a sua sede em Ismail, onde se instalou o centro de treino do Exército dos Principados Unidos da Roménia.
Em 1861 foi introduzido o uniforme de marinha e escolhida a cor azul escura. A partir desse ano a Marinha passou a ter pessoal próprio.
Em 17 de Novembro de 1872 foi fundada uma Escola de Marinha para oficiais em Galati. O primeiro navio da Marinha de Guerra Romena foi adquirido em 1873, a canhoneira FULGERUL, construída em Toulon, com capacidade de navegam no rio e no mar.
Em 1875 o Corpo de Flotilhas recebeu o torpedeiro RANDUNICA, construído nos estaleiros navais Yarrow, em Londres.
O objectivo inicial desta força era a defesa do estuário do rio Danúbio contra a ameaça turca.
A primeira Flotilha Romena do Danúbio data de 1872, com uma força de três canhoneiras (ROMANIA, FULGERUL e STEFAN CEL MARE) e mais um torpedeiro de lança (RANDUNICA) em 1875.
Depois da derrota russa na Guerra da Crimeia de 1853-1856, esta necessitava reforçar os meios navais no Mar Negro, o que levou a que durante a Guerra Russo-Turca de 1877-1878, a flotilha romena fosse emprestada à Marinha Imperial Russa, num convénio como aliados.
A flotilha romena foi utilizada para impedir que as forças otomanas atravessassem o rio Danúbio. A força otomana era composta por cinco canhoneiras de 330t e mais duas canhoneiras blindadas de 1.770t (LUFTI GELIL e HIVIZ RAHMAN), ambas equipadas com dois canhões de 150mm.
A Evolução da Marinha Romena 1890-1916
Os dois pontos de defesa da costa romena consistia na foz do rio Danúbio e no porto de Constança na região de Dobrudja, ambos no Mar Negro, e o rio internacional Danúbio que era extensivamente navegável. Assim a Marinha foi constituída inicialmente em dois grupos em 1880: Grupo Mar, com a canhoneira GRIVITA de 110t e o veleiro-escola MIRCEA e o Grupo Rio, com um navio patrulha de rio ALEXANDRU CEL BUN de 104t e 16 pequenas embarcações de rio de 45t.
Em 1890 incorporou o cruzador ELISABETA de 1.320t e três torpedeiros (NALUCA, SBORUL e SMEUL) de 56t.
Em 1899 o Governo Romeno aprovou um plano de construção naval, com 6 couraçados costeiros, 4 contratorpedeiros de 300t e 12 torpedeiros de 80t, mas nenhum dos navios foi construído.
Em 1891 com a formação do Departamento da Marinha, os grupos navais passaram a ser denominados como Divisões Navais: Divisão Marítima (Mar Negro) e Divisão Fluvial (Rio Danúbio).
A Divisão Fluvial foi aumentada para 4 monitores de rio e 8 torpedeiros de rio. Estas unidades estavam operacionais em 1908. Em 1912 a Divisão Fluvial recebeu mais três navios: 1 navio de apoio e dois patrulhas (navios convertidos).
Divisão Fluvial - Frota do Danúbio
Monitores Fluviais
(Classe Bratianu, (1908), 680t,13kn,
3x120mmL35, 2x120mmL10, 4x47mm, 2x6.5mm)
NMS I. C. Bratianu
NMS Al. Lahovari
NMS L. Catargiu
NMS M. Kogalniceanu
Canhoneiras Fluviais
(Classe Oltul, 1880, 100t, 12kn, 1x57mm, 1x37mm)
NMS Oltul
NMS Grivita
NMS Siretul
NMS Bistrita
(Classe Rahova (1882), 45 t, 9kn, 1x37mm, 1xNordenfelt
NMS Rahova
NMS Smardan
NMS Opanez
NMS Silistra
Torpedeiros Fluviais
Classe Nicolae Lascar Bogdan, (1906), 47 t, 18kn, 1x47mm, 1x6.5mm, 2xTT
NMS Maior Ene Constantin
NMS Capitan Nicolae Lascar Bogdan
NMS Capitan Romano Michail
NMS Maior Giurascu Dimitre
NMS Maior Sontu Gheorghe
NMS Maior Nicolae Grioge Ioan
NMS Locotenente Calinescu Dimitrie
NMS Capitan Valter Maracineanu
Classe Vedea, (1894), 30t, 10kn, 1x37mm, 2xTT
NMS Vedea
NMS Argesul
NMS Trotusul
NMS Teleorman
NMS Bujorescu (navio civil convertido)
NMS Catinca (navio convertido)
NMS Randunica (navio convertido - antigo torpedeiro de lança)
Lança-Minas
NMS Alexandru cel Bun, (1882), 104 t, 9 kn, 1x37mm, 2xNordenfelt
3 pontões de barragem, (N1, N2 e N3), (1898), 2xNordenfelt
1 Lança-pontões (1903), 2xNordenfelt.
Divisão Marítima - Frota do Mar Negro
Cruzador
NMS Elisabeta
Torpedeiros
NMS Smeul
NMS Naluca
NMS Sborul
Um novo programa naval em 1912, delineava para a Divisão Marítima a construção de 6 cruzadores ligeiros de 3.500t, 12 contratorpedeiros de 1.500t, e 1 submarino. Apenas 4 dos 12 contratorpedeiros foram construídos, mas mesmo assim foram requisitados pela Itália e não chegaram à Marinha Romena durante a Grande Guerra. Em Bucareste foram construidos dois rebocadores.
Quando a Roménia entrou na Grande Guerra em 1916 a Divisão Marítima da Marinha Romena foi reforçada com 4 navios auxiliares modernos que operaram em missões conjuntas com a esquadra imperial russa do Mar Negro.
A Divisão Fluvial por várias embarcações requisitadas e por algumas unidade vindas da Marinha Imperial Russa. A Divisão Fluvial conseguiu efectivamente barrar a passagem dos navios austro-húngaros da K.u.K. Marine do Danúbio e impedir que estes chegassem ao Mar Negro. Ao longa da guerra houve a necessidade de reforçar a Divisão Fluvial à custa de unidades da Divisão Marítima, já que esta mas se mostrou muito importante para os russos que operavam na zona.
Fonte:
Conway's (1985), All the World's Figthing Ships 1906-1921, London, Conway Maritime Press Ltd.
Minas (Torpedos Fixos)
A Roménia tinha no seu arsenal minas navais do tipo Hertz-Horn, de cinco cornos. As minas na barra do Danúbio eram lançadas amarradas umas às outras por segurança. Isto era necessário por causa das condições de maré do Danúbio. Estas tinham de ser retiradas com frequência para ser efectuado o reajuste do sistema de ancoragem.
Em Agosto de 1907 tinham sido adquiridas 50 minas à fábrica de Greenham, em Triestre. Nestas minas a câmara de explosão e de flutuação eram separadas e era na câmara de flutuação que estava incorporado o seistema de disparo por pressão. A este conjunto de minas foi acrescentado um segundo lote adquirido em 1907 a França, do tipo Sauter-Harlé.
Fonte:
Friedman, Norman (2011), Naval Weapons of World War One, iBooks (Part III/10 - Other Navies Mines), GB Yorkshire, Pen & Sword Books Ltd.
Plano Naval de 1914
A marinha da Roménia no plano naval de 1914 tinha programado um novo impulso, em consequência do seu tratado com a Bulgária que lhe aumentou o litoral no Mar Negro.
Ficava assim programada uma nova esquadra de seis pequenos couraçados rápidos de 4.000 toneladas, doze torpedeiros de alto-mar, e quatro monitores e oito vedetas para o Danúbio.
Os efectivos seriam aumentados e o porto de Constança posto em estado de receber a nova esquadra. O plano indicava uma despesa de 100 milhões de francos.
Este plano não foi concretizado.
Fonte: Fonte: Revista Militar, 2ª Época, n.1, Janeiro de 1914, Ano LXVI, “Crónica Militar – Roménia”, p. 72.