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Os Neutrais

Quando a economia é uma arma, onde fica a neutralidade na Europa?

Comunicação apresentada na International Conference - The Neutrals

16 de Dezembro de 2015, IHC-FCSH/UNL, MNE, Lisboa

Neutralidade?

Pensar em neutralidade como apenas sinónimo de não-beligerância é uma forma simplificada de representar as opções dos países neutros europeus durante a Grande Guerra.


Em 1914 a Europa encontrava-se formatada, política e economicamente, em resultado de uma política hegemónica britânica com quase um século existência. As alianças, as fronteiras e o comércio tinham sido redesenhados e cada Estado apenas teve a possibilidade de tomar uma posição política, em Agosto de 1914, ao declarar uma neutralidade militar.


Para compreender a neutralidade no período entre 1914-1918, será necessário reconhecer as suas três grandes vertentes: militar, política e económica. Assim temos:


Neutralidade Militar – Como a forma mais clássica de entender a neutralidade, Convenção de Haia 1907, que significa a não beligerância contra outros estados e o tratamento de todos os beligerantes de igual forma, não colocando o território à disposição de qualquer beligerante;  


Neutralidade Política – Subsistindo a neutralidade militar verificou-se que os governos e as elites sociais mantiveram preferências em relação à actuação de um ou outro bloco em conflito, o que consequentemente  determinou a neutralidade económica;


Neutralidade Económica – E, dependente da anteriores, verificou-se a existência de uma neutralidade impossível pelas necessidades intrínsecas de abastecimento de cada um dos Estado e pelas consequências da “Guerra ao Comércio”, principal arma de guerra, numa guerra de posições e desgaste, muito à luz do conceito de cerco militar: “vencer pela fome”.

Convenção de Haia 1907


A Paz na Construção das Neutralidades

Com a vitória em 1815, sobre a França, a Grã-Bretanha tornou-se na primeira potência comercial e no maior produtor de matérias-primas através da sua vasta rede de colonial. Possuidora da maior marinha mundial, tanto mercante como de guerra, transformou-se no maior transportador de pessoas e mercadorias por via marítima, construindo com um mínimo de esforço, durante o resto do século XIX, aquilo que se veio a denominar como Pax Britannica.


Durante um século a Royal Navy assegurou a liberdade dos mares e garantiu que o comércio britânico se exercesse sem restrições e risco. Em terra continuou a sua política de subjugação da França: redefinindo fronteiras, criando a Bélgica (1831) e admitindo a Confederação Alemã do Norte (1867), que a curto prazo se veio a concretizar como unificação, dando a fundação da Alemanha (1871).    


A Grã-Bretanha gozou de uma superioridade financeira e tecnológica. Com a sua política comercial levou os outros países a se tornarem importadores dos seus produtos e a se limitarem à produção de produtos ou matérias-primas específicas do seu interesse, no quadro da primeira revolução industrial com base no carvão e no ferro e também mais tarde na revolução do petróleo, electricidade e aço.


Esta filosofia de impor uma especialização económica aos países clientes, permitiu construir em segundo plano a estratégia militar de bloqueio económico, que aplicou durante a Grande Guerra não só aos países inimigos mas também para oprimir a capacidade comercial dos países neutros.


Os países periféricos à industrialização ao seguirem a economia de monocultura, ficaram absolutamente dependentes do centro financeiro britânico, cuja subjugação nacional tomava uma forma de neocolonialismo, uma vez que a Grã-Bretanha apesar de respeitar a soberania política nacional, impunha aos mesmos uma política comercial, económica e externa resultante da sua vontade. Assim cada opção nacional de neutralidade foi também resultado da influenciada da política económica e geoestratégica britânica, consolidadas ao longo do século XIX.

Bélgica – A Bélgica é um país, não uma estrada

População: 7,4 milhões


Alberto I (1909-1934)

A resposta do Rei Alberto I ao ultimato alemão, que demandava à Bélgica a autorização para passagem do exército alemão em direcção à França, foi que “a Bélgica é um país, não uma estrada”. Ao recusar a passagem aos alemães,  a subsequente invasão da Bélgica, levou o Rei Alberto I a tomar o comando do exército, tal  como constitucionalmente estava determinado.


Numa longa sequência de batalhas defensivas, onde perdeu a Fortaleza de Liége, Namur e Antuérpia, foi perdendo sucessivamente território até à chegada do auxílio francês e britânico. Os alemães apenas foram parados após a Batalha de Yser (16 Outubro - 2 Novembro) e a 1ª Batalha de Ypres (19 Outubro – 22 de Novembro).


A ocupação da bélgica levou à morte de mais de 100.000 pessoas, 40.000 militares e 60.000 civis, todos vítimas directas da guerra e em particular 6.000 civis fuzilados.  Durante o período da ocupação alemã cerca de 1,5 milhões de belgas fugiram do território ocupado, sendo que 200.000 chegaram à Grã-Bretanha, 300.000 a França e um milhão para a Holanda. Para conter este êxodo para a Holanda os alemães construíram uma cerca electrificada com mais de 200 Km, que acabou por matar cerca de 3.000 pessoas. Também durante a ocupação mais de 120.000 civis (homens e mulheres) foram forçados a trabalhar para os alemães, sendo que metade foi deportada para a Alemanha para executar trabalhos em fábricas e agricultura e a outra parte para trabalhar no Front.


Apesar de invadida a Bélgica esforçou-se por manter o seu estatuto e não assinou a declaração de Setembro 1914, em que os signatários declaravam que não assinariam uma paz separada com a Potências Centrais. Em 1916, ainda tentou dentro do espírito de nação neutral, negociar a restauração da situação do Estado Belga para a posição antes da Grande Guerra.


A posição belga como beligerante só se clarificou depois dos Aliados declararem em 1916 o objectivo militar e político de restaurar a independência política e económica da Bélgica, findo o conflito.


Holanda – A neutralidade possível

A Rainha Guilhermina entre oficiais do Estado-Maior a observar exercícios do exército em 1914.

População: 6,0 milhões


A Holanda manteve uma política de neutralidade independente, não garantida por países terceiros como no caso da Bélgica e do Luxemburgo, ou por objectivo parlamentar como era a neutralidade Suíça. Assim, mantinha um exército para defender o território de qualquer violação de neutralidade, sendo o seu lema: “amizade com todos, alianças com ninguém.”

 

A posição geográfica do território colocava-o fora do Plano XVII e do Plano Schlieffen, sendo este factor determinante para que nenhum beligerantes (França ou Alemanha) tivesse interessado em violar a neutralidade. Mas a 26 de Julho de 1914 deu início aos preparativos para demolir todas as pontes e inundar o território como medida defensiva e dois dias depois deu inicio à mobilização, a qual poderia chegar a 200.000 homens se necessário. Ao longo da guerra viram-se obrigados a manter o exército mobilizado.


A questão geoestratégica do território foi utilizada pelos alemães para criar uma zona tampão que impossibilitasse um ataque naval britânico na retaguarda da frente da Flandres. Com uma economia totalmente dependente do comércio marítimo mundial, via Roterdão e Amsterdão, os seus principais parceiros económicos eram a Alemanha e a Grã-Bretanha. Dependia das importações para o abastecimento da população e para obter matérias-primas para a sua pequena indústria. Os combustíveis eram quase todos importados da Alemanha.  Foi alvo do bloqueio naval britânico para impedir que a Holanda reexportasse qualquer produto para a Alemanha, mas o Governo holandês protestou esta situação, que considerava como um acto anti neutral.


Entre aceitar o embargo e ser atacado pelos alemães, o Governo viu o país ficar rapidamente sem reservas alimentares. Conseguiu negociar com a Grã-Bretanha um contrato de “boa vontade”, que permitiu a partir de Janeiro de 1915 iniciar o abastecimento regular da Holanda, através da garantia de que nenhum dos produtos importados iria para a Alemanha. Para tal foi constituída uma companhia, a Netherlands Oversea Trust Company (NOT).  Ao Longo da guerra as quantidades importadas foram diminuindo e os preços aumentaram.  


Assim, aumentaram para a Alemanha as exportações de produtos agrícolas, produção interna não importada, que o Governo aceitou desde que os agricultores continuassem a garantir o abastecimento do mercado interno. No Verão de 1916, dentro do espírito de neutralidade holandesa, o Governo obrigou que os agricultores dividissem em partes iguais as quantidades exportadas para os alemães e britânicos.


O abastecimento da Holanda foi sempre difícil. Os navios holandeses foram sendo afundados por torpedos alemães e minas britânicas ao longo da guerra, diminuindo consideravelmente a capacidade de transporte naval. Sem possibilidade de se ir abastecer em mercados longínquos, a Holanda ficou totalmente dependente do abastecimento Aliado. Quando os britânicos exigiram fretar os navios holandeses, o Governo negou e o acordo com a NOT  foi extinto. Mesmo com colheitas muito fracas nos anos de 1917 e 1918, foram obrigados a exportar comida para a Alemanha e Grã-Bretanha em troca de combustíveis. Apesar de todas as dificuldades inerentes à materialização da convicção governamental na neutralidade,  já só quando se reconheceu a proximidade da vitória Aliada é que o Governo iniciou conversações no sentido de favorecer a relações comerciais com os mesmos.  Com uma situação de fome generalizada e uma economia paralisada em 1918, sofreu de instabilidade política e social.

Dinamarca – Uma neutralidade pró-germânica

Christian X (1912-1947)

População: 2,7 milhões


O Governo dinamarquês, a 1 de Agosto de 1914, declarou a neutralidade militar e ordenou a mobilização de 58.000 homens para guardar as fronteiras e a cidade de Copenhaga.  


A Alemanha a 5 de Agosto ordenou à Dinamarca que minasse dos estreitos de entrada no Báltico, na zona dos Belts e Sound, o que levou internamente a uma grande discussão sobre a medida e a questão do princípio de  neutralidade, mas acabou por aceder à exigência alemã. A questão da manutenção dos campos minados e a manutenção de corredores de passagem para a navegação mercante acabou por ser uma das grandes actividades militares da Dinamarca durante todo o conflito. Com a estabilização das frentes e reconhecendo da diminuição do perigo de uma invasão, o exército foi sendo progressivamente desmobilizado: 34.000 em 1916, 24.500 em 1917.


A importância estratégica da Dinamarca ia para além do fecho da entrada do Báltico, deve ser pensada como um território de passagem para a Noruega, o que foi ponderado pelos alemães em 1917,  no âmbito de uma acção militar contra o bloqueio naval britânico.


A economia dinamarquesa não se ressentiu de imediato com o estalar da guerra, inclusivamente teve um aumento muito superior de exportações que importações até finais de 1916. Com uma agricultura eficiente garantia inicialmente um nível de exportações na ordem dos 60% para a Grã-Bretanha e 29% para a Alemanha, sendo que  necessitava no entanto de importar matérias-primas da Grã-Bretanha, Suécia e Noruega para alimentar produção industrial e pecuária.


Negociou com ambos os blocos a manutenção das exportações e importações, mas do lado britânico houve o receio que a Dinamarca reexportasse as mercadorias para a Alemanha. O governo dinamarquês teve de lutar diplomaticamente contra a forte ingerência alemã nos negócios nacionais em 1915, conseguindo manter uma neutralidade muito negociada com os britânicos e alemães.


As exigências britânicas contra a economia dinamarquesa não se ficaram apenas contra as exportações efectuadas para a Alemanha, exigiu também que as exportações para a Suécia fossem interrompidas, uma vez que alegavam que a Suécia reexportava os produtos para a Alemanha.


A posição comercial pragmática da Dinamarca levou a que a sua marinha mercante fosse cada vez mais vezes interceptada pela Royal Navy para identificar contrabando de guerra. Conseguiu  no entanto manter uma posição comercial fluida com os beligerantes até 1917, data em que o comércio marítimo entrou em colapso com a guerra submarina sem restrições e com a entrada dos Estados Unidos da América na guerra, os quais levaram ao reforçou da imposição de bloqueio comercial aos inimigos e neutros.  A partir de Outubro de 1917 a Grã-Bretanha restringiu todas as exportações para a Dinamarca, excepto carvão e o país deparou-se com uma situação de privação alimentar que se agravou ao longo do tempo, chegando a uma situação muito difícil em Novembro de 1918.


Houve 164 violações da neutralidade territorial, sendo a mais grave um combate entre um submarino britânico E-13 e um contratorpedeiro alemão em Agosto de1915, a sul de Copenhaga.


Noruega – Uma neutralidade pró-aliada

Haakon VII (1905-1921)

População: 2,4 milhões


Nas semanas anteriores ao início da guerra houve um pânico generalizado e açambarcamento de produtos, seguidos de tumultos populares. A Noruega que era apenas independente da Suécia há nove anos, via a proximidade da Suécia à Alemanha como um factor que poderia levar a Alemanha a atacar o país.


Na perspectiva dos noruegueses a conferência dos países escandinavos, em Malmö, em Dezembro de 1914, mais do que afirmar uma posição conjunta de neutralidade escandinava, tinha a intenção de bloquear qualquer aproximação da Noruega aos Aliados.


No entanto, a dependência comercial marítima aconselhava a manter uma posição pró-aliada para evitar um bloqueio que seria fatal para a economia. A possibilidade de manter o abastecimento a ambos os blocos, a capacidade de comerciar directamente com os Estados Unidos da América, país igualmente neutro à data, em substituição da Rússia fez aumentar os proveitos comerciais no início da guerra.

 

O aumento da importância da frota comercial norueguesa ao longo da guerra, colocou gradualmente em causa a neutralidade, já que ambos os blocos beligerantes pretendiam adquirir o máximo de abastecimentos e impedir que qualquer chegasse ao inimigo.

 

A dependência da “boa vontade” Aliada era total, já que a frota norueguesa dependia totalmente do combustível que os Aliados para se abastecer, o que também era verdade para a manutenção da produção industrial interna. No dia 25 de Dezembro de 1916 o Governo britânico fez um ultimato, ou as exportações de minérios para a Alemanha paravam, ou a Grã-Bretanha deixava de exportar carvão à Noruega.


Conseguiu um acordo de não reexportação de mercadorias para a Alemanha e de diminuição de exportação de matérias-primas, o que levou os alemães a considerar que a Noruega estava a quebrar a sua neutralidade ao diminuir as exportações, o que colocou a frota mercante norueguesa em perigo imediato.


Como forma de conter a capacidade de exportação norueguesas para a Alemanha, os britânicos reforçaram de forma agressiva de aquisição de mercadorias e matérias-primas disponíveis, como se revelou no caso flagrante do pescado, o que teve como consequência imediata o aumento dos proveitos comerciais noruegueses em tempo de guerra.  Em contrapartida das facilidades comerciais dadas pelos britânicos, estes conseguiram que secretamente fosse passado material de guerra para a Rússia através da Noruega.


Na sequência da guerra submarina alemã sem restrições iniciada em 1917, a marinha mercante norueguesa foi muito perseguida, já que era do conhecimento do Governo alemão que existia um auxílio velado aos russos e britânicos, mas mesmo assim a Noruega manteve algum comércio com os alemães, para a manutenção do estatuto de neutralidade.


Houve planos alemães para bombardear a capital, Oslo, indústria, e minar a costa sul, mas não para uma ocupação do território. A Grã-Bretanha não tinha interesse em perder as exportações norueguesas, no entanto em 1917 com a entrada dos Estados Unidos da América na guerra e a saída da Rússia da mesma, o comércio noruegueses perdeu importância para os Aliados. No final da guerra os noruegueses perderam  49% da frota mercante e a vida de mais de 1.000 marinheiros civis.


Suécia – Uma neutralidade pró-germânica

População: 5,6 milhões


Gustav V (1907-1950)

Em 1914 apresentava uma estrutura económica essencialmente agrária, com uma pequena indústria em desenvolvimento. Exportava essencialmente ferro e madeira, sendo os seus principais parceiros comerciais a Alemanha e a Grã-Bretanha. Essencialmente abastecida por importações directamente da Alemanha, o mercado britânico era essencialmente de exportação. Durante o conflito foi evidente que ambos os blocos necessitavam das exportações da Suécia.  Mas a economia também dependia de outras nações para o abastecimento de alimentos à população, como da Dinamarca e da Rússia.


A 2 de Agosto de 1914 mobilizou o exército e a milícia para guarnecer os fortes costeiros, proteger os caminhos-de-ferro e pontes, e a 3 de Agosto declarou a neutralidade. A Suécia em conjunto com a Dinamarca e a Noruega eram territórios que interessavam a qualquer um dos blocos beligerantes e enquanto pequenos Estados só entendiam ser possível defender a neutralidade se tomada em conjunto. A neutralidade foi também pensada como uma forma de conter possíveis desejos expansionistas russos, em particular sobre a ilha de Gotland que proporcionaria uma excelente base naval russa no Mar Báltico.  No entanto, na Suécia existia uma admiração pela cultura alemã, tanto na elite política como na população em geral, o que implicou uma neutralidade pró-germânica.


O bloqueio naval alemão à Suécia levou a que as exportações a partir do Outono de 1914 fossem afectadas e os navios suecos fossem levados sistematicamente para a Alemanha para serem inspeccionados. Dado o tipo de matérias-primas exportadas serem necessários a ambos os blocos, foi possível encontrar um ponto de equilíbrio entre as exportações para ambos. Mesmo assim a marinha mercante sueca sofreu as consequências da guerra submarina alemã e das minas Aliadas.


Apesar da posição de neutralidade declarada em conjunto com os outros países escandinavos, em Malmö, em Dezembro de 1914, a Suécia acabou por ficar com um acesso comercial marítimo muito difícil, com a minagem da saída do Báltico. Dada a sua posição geográfica foi constrangida a assinar um tratado secreto com a Alemanha, que reforçou o patamar da neutralidade pró-germânica, mas que terá evitado colocar a Suécia na guerra ao lado da Alemanha. Em contrapartida a Alemanha ganhou a minagem das águas entre a Suécia e a Dinamarca, e a interdição de passagem de equipamento militar britânico e francês para a Rússia através do seu território.

 

Em 1916 o bloqueio naval britânico tornou-se tão forte que os navios suecos passaram a ficar arrestados nos portos britânicos como represália às reexportações para a Alemanha. O Governo sueco manteve o braço de força até Maio de 1918, data em que o Governo deu aos britânicos a garantia que não reexportariam as importações. Esta atitude deverá ser vista como uma reaproximação aos Aliados no contexto do final da guerra.


Só em 1917 é que efectivamente se verificou uma falta de alimentos generalizada, em consequência da guerra submarina sem restrições. Com o fim das importações vindas dos Estados Unidos da América em 1917 e com a diminuição das importações vindas da Grã-Bretanha em 1918, a Suécia ficou numa situação dramática.


Em 1918 a situação social tornou-se muito instável pela falta de alimentos, o que levou ao aparecimento de revoltas populares contra a fome, que acrescidas de uma politização de inspiração soviética colocaram o Governo em causa. O Governo acabou por ser substituído por um de tendência Social Democrata e as revoltas não chegaram a uma revolução tipo soviética.


Haakon VII da Noruega, King Gustav V da Suécia e Christian X da Dinamarca


Suíça – A neutralidade armada

População: 3,8 milhões


Se por um lado a neutralidade não estava consignada constitucionalmente, era e é um objectivo do Parlamento Suíço, trabalhar em prol da defesa nacional, independência e neutralidade nacional. A neutralidade suíça tinha sido solicitada desde o Congresso de Viena, em 1815, e foi reconhecida por várias nações, entre elas Portugal, no Tratado de Paris de Novembro de 1815.

 

Com o deflagrar da Grande Guerra, a Suíça declarou a neutralidade perante o conflito, mas armou-se para activamente para a defender. A questão da violação da neutralidade belga colocou o acordo de neutralidade de 1815 numa situação muito frágil, o que levou à necessidade de mobilizar preventivamente o Exército. Mesmo sem uma intervenção militar efectiva desde 1815, o Exército Suíço apresentava uma capacidade de mobilização imediata de 200.000 homens de primeira linha e mais 250.000 homem de reserva, conseguindo a mobilização de 450.000 homens para uma população de 3,8 milhões de habitantes em poucos dias.


No primeiro mês de guerra colocou 6 das suas 8 divisões na zona de confluência entre as fronteiras francesa, alemã e suíça, mas conforme foi verificando que ambos os beligerantes estavam a respeitar a neutralidade territorial, iniciou a desmobilização dos efectivos a partir de Setembro de 1914. Em Novembro de 1916 o Exército apenas mantinha a mobilização de 38.000 homens, mas durante o Inverno de 1916-17, por se suspeitar da intenção francesa para passar tropas sobre o território, o Exército suíço elevou o nível de mobilização para 100.000 homens. Em Novembro de 1918 apenas mantinha mobilizado 12.500 homens.


A sua posição geográfica colocou o território dentro da zona crítica do conflito. Sem ligação ao mar dependia das fronteiras com os beligerantes, aos quais se juntou a Itália em Maio de 1915. O problema logístico para o abastecimento da indústria de transformação e da população era crítico, já que não produzia as matérias-primas necessárias e a produção agrícola não permitia a auto-suficiência.  Com uma população com mais de 70% culturalmente alemã, apresentava uma postura pró-germânica que ficou bastante fragilizada quando a Alemanha invadiu a Bélgica, um estado para o qual se tinha reconhecido uma neutralidade perpétua.


A Suíça tinha um acordo anterior à guerra com a França que permitia a utilização do porto de Marselha e de Sète para o seu abastecimento via Mediterrâneo. Durante a guerra conseguiu negociar com a Alemanha a manutenção da utilização do porto de Sète, mesmo depois da declaração de guerra submarina sem restrições em 1917. Manteve uma política importações equilibrada, que lhe permitiu resistir às pressões económicas da Alemanha, como às restrições comerciais dos Aliados e ainda ultrapassar a questão da reexportação de matérias-primas fornecidas à Suíça. 


Das exportações suíças em tempo de guerra destacou-se as exportações de munições de artilharia, para ambos os blocos beligerantes.  Sendo que não era proibido vender armas por parte de um país neutro a um beligerante, por questões de neutralidade a Suíça forneceu armas a ambos os blocos. No  início da guerra as exportações foram 32 vezes superiores para a Entente do que para as Potências Centrais, nas no final do conflito a proporção era apenas duas vezes superior para a Entente. A partir do início de 1917 a Suíça começou também a ser atingida pelos efeitos económicos da guerra e tal como todos os outros países neutros sofreu de inflação, falta de abastecimentos básicos e de alterações da paz social.


A nível diplomático manteve representações internacionais e foi sede de uma vasta actividade de espionagem. Abrigou o Rei Constantino da Grécia em 1917, Lenine e Trotsky que partiram em 1917 para Petrogrado no famoso Comboio Selado, e no final da guerra deu exílio à família imperial austríaca. No entanto sobressai a acção do Comité Internacional da Cruz Vermelha, principalmente reconhecido na monitorização das condições dos campos de prisioneiros de guerra e de diversos acordos de extradição de feridos graves através da Suíça.

Espanha – Uma neutralidade pró-aliada

A Espanha declarou a neutralidade a 4 de Agosto. No entanto existiam laços diplomáticos que estreitavam a posição política em favor dos Aliados, através dos acordos tripartidos, Espanha, França e Grã-Bretanha, em relação a Marrocos: Paris 1904, Algeciras 1906 e Cartagena 1907.  O interesse geoestratégico do Mediterrâneo para a Espanha levou a que o Governo comunicasse informalmente a simpatia pela causa da Grã-Bretanha. Sem fronteira com qualquer país das Potências Centrais e com uma economia fortemente dependente dos países Aliados, a luta entre as facções pró-germânicas e pró-britânicas encontraram uma posição pragmática de neutralidade pró-aliada.


Obteve um enorme favorecimento económico imediato com a guerra. A balança económica foi positiva pela limitação de importações e pelo aumento dos preços dos produtos e matéria-primas exportadas, em especial para França. Na época a Espanha era um país com grande capacidade de auto-suficiência alimentar e produtor de minérios.


A forma desequilibrada de distribuição da riqueza produzida e a não estruturação da produção industrial para uma mercados a longo prazo, fez com que acabado o pico de procura excepcional durante a guerra, automaticamente a economia entrasse em recessão, levando à destabilização social.


A nível diplomático manteve representações internacionais, foi sede de uma vasta actividade de espionagem e de propaganda política de ambos os blocos. A posição geográfica à entrada do Atlântico a partir do Mediterrâneo ocidental fez sobressair o seu interesse estratégico para a Alemanha, não só para o controlo das rotas comerciais, mas também para apoio logístico aos submarinos alemães.


Entre 1917 e 1918, Espanha facilitou a passagem de militares portugueses para França, sem que se tenha registado qualquer internamento de portuguesas que atravessassem o seu território.


Com o afundamento do vapor Ramon de Larrinaga, em 13 de Julho de 1918, o Governo espanhol protestou veemente junto das autoridades alemãs, mas acabou por não rever a sua posição de neutralidade, já que era reconhecido, até pela ala pró-germânica, que pouco proveito podia ser retirado pelo simples facto que não existia muito a ganhar, uma vez que seria impossível resolver a questão de Gibraltar de forma diplomática contra os interesses de uma Grã-Bretanha vitoriosa.


Num contexto do bloqueio naval britânico e de guerra ao comércio, para não repetir a questão das imposições colocadas aos países neutros escandinavos, no que se refere a mercadorias consideradas contrabando de guerra, a Grã-Bretanha aproveitou totalmente a facilidade dada pela neutralidade pró-aliada espanhola para abastecer Gibraltar. O Convénio Cortina, de Março de 1917, negociado por parte de Espanha pelo Marquês de Cortina, terá reforçado os acordos comerciais entre Londres e Madrid, levantando restrições gerais impostas a outros países neutrais no sentido de facilitar a utilização de Gibraltar como base de apoio ao sistema de comboios navais aliados.


De Abril de 1917 em diante, a Espanha foi progressivamente assinando outros acordos comerciais que incluíram a participação da Itália e dos Estados Unidos da América. Em 1918, Espanha converteu-se no maior fornecedor europeu de matérias-primas e produtos da França e Grã-Bretanha.

População: 20 milhões


Afonso XIII

Neutralidades falhadas por questões estratégicas

Grécia

A sua situação geoestratégica será o factor determinante para a sua entrada na guerra. Optou pela neutralidade apesar de ser aliada da Sérvia. Em 1915 a Entente Cordiale tentou alterar a posição da Grécia por uma necessidade logística na campanha dos Dardanelos. O Rei Constantino I opôs-se mas o primeiro ministro pró-aliado “convidou” a Entente a abrir uma frente de combate: Salónica (Outubro 1915). A neutralidade grega foi várias vezes violada pelos aliados e em Novembro de 1916 a França invadiu a Grécia e bombardeou Atenas o que levou à rendição do exército e da marinha, levando à abdicação do Rei Constantino I em Junho 1917. O novo monarca, Alexandre, suportado pelos aliados integrou a Entente e declarou guerra às Potências Centrais em 2 de Julho de 1917.

População: 4,8 milhões


Luxemburgo

População: 0,3 milhões


A ocupação alemã caracterizou-se por razões estratégicas, dada a  necessidade de passagem para França.  Ocupado desde Agosto de 1914 até Novembro de 1918, manteve uma paz pública quase sem interferência por parte das autoridades alemãs, tendo conseguido manter uma actividade social e política quase normal, se bem que centrada na política doméstica.  Apesar da sua neutralidade perpétua estar garantida pela Grã-Bretanha, esta não teve qualquer reacção perante a ocupação alemã.


Albânia – Um Estado neutro falhado

Reinado do Rei William da Albânia foi efémero (02-08/1914). Assumiu o poder em Fevereiro de 1914 e chegou à Albânia em Março em resultado do apoio internacional das Grande Potências, mas o seu reinado apenas durou seis meses. Tratou-se da última monarquia concebida na senda das monarquias criadas durante o final do século XIX, tal como aconteceu para a Grécia, Bulgária e Roménia, sendo a Albânia a última peça no quadro da política  dos estados balcânicos europeus. A Albânia seria por definição um estado neutro, mas logo após a tomada do poder deu-se início a um conjunto de jogos palacianos e revoltas no país que colocaram em risco o Rei, a integridade nacional e a neutralidade do Estado.


A Grã-Bretanha foi a maior apoiante da monarquia instituída e foi pela mão de Sir Edward Grey que se manteve o apoio internacional ao Governo Albanês. Refira-se que para reforçar a estabilidade social e política a Grã-Bretanha colocou o cruzador HMS Defense no porto de Durres  em Junho de 1914. Preocupado com a situação e na tentativa de manter a estabilidade do reino, o Rei William solicitou o envio de uma força internacional de 3.000 homens, mas que já não foi possível satisfazer o pedido por entretanto se ter dado início ao conflito mundial. Em Julho de 1914, Sir Edward Grey desistiu da Albânia e aconselhou o monarca a pedir ajuda à Áustria ou à Itália, ambos os Estados pertencentes à Tripla Aliança, e mandou zarpar o HMS Defense do porto de Durres nos primeiros dias de Agosto.


A Áustria solicitou o apoio militar da Albânia na guerra, mas o monarca recusou ao abrigo da neutralidade assinada no Tratado de Londres de 1913. Poucas semanas depois, sem apoio político e financeiro internacional, a família real abandonou a capital para evitar a eclosão de uma sublevação sangrenta. Com o apoio diplomático da Áustria, o rei e a família real foram levados para fora da Albânia a bordo do cruzador pesado italiano Victor Pisani, uma vez que a Itália à era aliada da Áustria mas ainda se mantinha como não beligerante. No dia seguinte a Albânia foi invadida pela Grécia a sul e no mês seguinte pela Itália.  A Sérvia e Montenegro ocuparam o Norte, mantendo as potência centrais fora da Albânia. Em Outubro de 1915 o exército austro-húngaro e búlgaro invadiram a Albânia e os Sérvios foram expulsos para o Mar Adriático, de onde foram transportados pelos aliados para Corfu e posteriormente para Salónica.

População: 0,8 milhões


Conclusão

A manutenção de qualquer neutralidade previamente reconhecida pelas Grandes Potências apenas foi respeitada: se a posição geográfica do território fosse irrelevante para o plano de guerra; se a posição geográfica do território fosse utilizável como tampão num determinado sector de guerra, ou; se a neutralidade armada do Estado fosse suficientemente dissuasora para demover os intuitos do atacante.

A localização geográfica do país foi um outro factor determinante no desenvolvimento de relações comerciais com os beligerantes, mais do que as preferências culturais das elites políticas.

Nos primeiros meses de guerra e até à estabilização das frentes de combate, passagem da guerra móvel para a guerra de trincheiras, todos os países neutrais temeram uma invasão, fosse esta por parte dos alemães, russos ou franceses. A guerra de desgaste trouxe valor acrescentado à neutralidade militar dos países, enquanto fornecedores de mercadorias essenciais ao esforço de guerra de qualquer um dos beligerantes.

Até meio de 1916 a eficácia do bloqueio naval de superfície britânico e do bloqueio naval submarino alemão não foram suficientes para diminuir o comércio marítimo de modo a ter repercussões inibidoras no fluxo comercial naval e que o mesmo se reflectisse na economia dos países neutros.

Desde o início de 1917 até ao final de 1918, primeiro com a declaração de guerra submarina sem restrições alemã e depois com a entrada dos Estados Unidos da América na guerra que converteu a sua posição de fornecedor para bloqueador de matérias-primas, os países neutros entraram num período de recessão económica por falta de alimentos, matérias-primas, inflação descontrolada e desordem social.

No final da guerra não foi a proximidade diplomática com qualquer um dos beligerantes que fomentou as crises políticas verificadas, mais ou menos graves que cada um dos países neutros passou, mas sim o resultado do efeito económico da guerra ao comércio, muito em parte pela consequência da política de bloqueio naval aliado.

Bibliografia


Geral


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