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Corpo de Capelães Voluntários do CEP

Padre José do Patrocínio Dias

Chefe do Corpo de Capelães Voluntários do CEP

Num contexto político muito desfavorável à Igreja Católica Romana, o Cardeal Patriarca em representação do Episcopado Português, em 27 de Julho de 1916, fazia todos os esforços por conseguir chegar junto do Presidente da República um pedido para incorporar junto dos militares que se encontravam a preparar para irem para França, em Tancos, capelães para seguirem com o corpo expedicionário.

 

Só em 30 de Novembro de 1916 é que é legislado (decreto n.º 2869) uma base para a regulamentação da assistência religiosa a militares em operações de guerra e só em 18 de Janeiro de 1917, poucos dias antes da partida do primeiro contingente para França, é que se concretiza a regulamentação de assistência religiosa em operações de guerra (decreto n.º 2942).

 

Decreto n.º 2942

 

Artigo 1º - A assistência religiosa aos militares que a desejem e que façam parte de forças em operações de guerra, será dada por ministros portugueses das respectivas religiões:

 

a) Que na qualidade de militares ou equiparados, entrem na composição das forças em operações;

b) Que se ofereçam para acompanhar essas forças;

c) Que sejam antigos capelães militares.

Artigo 2º - Os generais comandantes das forças em operações de guerra permitirão que os militares membros das suas confissões a assistência religiosa a que eles desejarem, contanto que as manifestações de culto e as práticas culturais não perturbem os serviços de campanha e a disciplina das tropas. Os ministros não militares das diversas religiões que se ofereceram para acompanhar os combatentes foram equiparados a alferes, a mesma graduação equiparada que era dada aos médicos mobilizados.

As restantes forças militares aliadas tinha perfeitamente integrados serviços de assistência religiosa aos seus combatente e a  atitude do Governo Português, perante a resistência da formação do serviço de assistência religiosa no CEP, mereceu alguns reparos e criticas por parte dos britânicos.


O número de capelães fixado pelo CEP foi de 15, numero que foi calculado de harmonia com a lei existente no anterior regime monárquico, que dirigia os serviços dos capelães do exército. A proporção estabelecida era de 1 capelão por cada 3.000 soldados. No entanto, o Ministro da Guerra Norton de Matos decidiu, em  Março de 1917, aceitar o alistamento de 30 capelães, com o objectivo de poder preencher quaisquer vagas que ocorressem por doença ou ferimento. 

 

Existindo a necessidade de existir um capelão que superintendesse a missão espiritual em França, a "Comissão Central de Assistência Religiosa em Campanha" (CCARC), depois de analisar os voluntários escolheu o Cónego da Sé da Guarda, José do Patrocínio Dias, para chefiar a missão.

 

O comandante do CEP General Tamagnini de Abreu, tal como a CCARC, considerou que o número de capelães era diminuto, o mesmo se verificava aos olhos dos ingleses que compreendiam o papel dos capelães em teatro de guerra, o que levou o Governo Português a não poder negligenciar a questão. 


No entanto a ideologia republicana, levou a manter sempre grande desconfiança sobre o trabalho efectuado pelos capelães, ao ponto de emitir a seguinte ordem aos Serviços Postais Militares: 



Ordem Serviço SPM, nº 49, de 27 de Agosto de 1917,

 

Por ordem de Sua Ex.ª o General [Tamagnini de Abreu], em virtude do determinado por sua Ex.ª o Ministro da Guerra [Norton de Matos], as forças que fazem parte do CEP não podem receber os seguintes livros: O livro do Soldado Português, pelo Padre José Lourenço de Mattos; O Manual do Soldado Português, adoptado pela Comissão Central de Assistência Religiosa em Campanha.

 

Porque o primeiro contém doutrina contra as Instituições vigentes e à Constituição Política da República e o segundo porque o seu título quase indica que todos os soldados portugueses são católicos o que não é verdade. V.Ex.ª aprenderá e remeterá a esta secretaria [Quartel-general do CEP] todos os exemplares que aí dêem entrada." (FPC/EHS/CX1, Arquivo CEP - Serviço Postal de Campanha SPC)

Os Padres Voluntários - Grupo dos Capelães enviados em Abril de 1917.

Lista dos ministros religiosos que se ofereceram, entre Janeiro e Fevereiro de 1917, como Capelães para acompanharem o Corpo Expedicionário Português.


Pároco em Lisboa. Ofereceu-se como capelão voluntário em 22/01/1917. Seguiu  em Abril de 1917 para França. (PT/AHM/DIV/1/35 – Assistência Religiosa, CX 1243).


Chegou a França colocado no BI 28 de onde foi transferido para o Quartel General do Corpo a 22/04/1917. Foi colocado na Ambulência n.º 3, ainda em 1917 e transferido para o Hospital de Sangue n.º 1 a 15/10/1918. (PT/AHM/DIV/1/35A/1/02/0360)


À data da Batalha de La Lys,  assegurava a assistência religiosa na Ambulância n.º 3.


Condecorado com a Medalha de Oficial da Ordem de Cristo com palma, Medalha militar de prata da classe de bons serviços em campanha.



Álvaro Augusto dos Santos


Capelão em Lisboa. Ofereceu-se como capelão voluntário em 22/01/1917. Seguiu  em Abril de 1917 para França. (PT/AHM/DIV1/35 – Assistência Religiosa, CX 1243).


Regressou a Lisboa em ??? e reembarcou para França em Junho de 1918.


Condecorado com a Medalha de Cavaleiro da Ordem de Cristo com Palma.



Avelino Simões de Figueiredo


José do Patrocínio Dias


Cónego da Sé da Guarda. Ofereceu-se como capelão voluntário em 2/02/1917. (PT/AHM/DIV/1/35/1243 – Assistência Religiosa).


Chegou a França (PD) a 21 de Março e em 23 Abril de 1917 foi nomeado Capelão-Chefe da Assistêpcia Religiosa em França. Em Agosto de 1917 foi colocado no Hostpital de Sangue n.º 1 (HS1) .Em Janeiro de 1918 foi transferido para o HS 2. À data da Batalha de La Lys,  assegurava a assistência religiosa no Hospital de Sangue n.º 2. De Licença de Campanha entre 4 e 28 de Setembro de 1918. Foi colocado no QG a 1 de Outubro e foi para Paris a 8/11/1918. Abatido ao Activo no CEP passou para a Legação Portuguesa em Paris. Regressou a Portugal 11/05/1919 a bordo do Pedro Nunes (PT/AHM/DIV/1/35A/1/06/1753).


Condecorado com a comenda da Ordem de Cristo com palma. Cruz de Guerra de 2ª Classe, Medalha militar de prata da classe de bons serviços em campanha.

Luís Lopes de Melo.


Pároco da Sé Velha de Coimbra. Ofereceu-se como capelão voluntário em 25/01/1917. Seguiu  em Abril de 1917 para França. (PT/AHM/DIV/1/35/1243  – Assistência Religiosa).


À data da Batalha de La Lys,  assegurava a assistência religiosa na Ambulância n.º 1.


Em 22 de Março de 1917 desembarcou no P.D. Em 10 de Setembro é ferido acidentalmente por estilhaços de granada. Tomou parte na BATALHA DE LA LYS em 9 de Abril.

Foi louvado pelo Comandante do B.I. Nº9 "pela maneira zelosa e dedicada como tem desempenhado as funções de assistente religioso dos oficiais e praças deste Batalhão, porque assim tem dado sempre a maior demonstração de espírito de sacrifício que está animado" (O.S. Nº 223 do B.I. Nº 9 de 11de Agosto de 1917).

Louvado por Sua Exa. o General Comandante do CEP "pelas constantes provas de dedicação, energia e heróica conduta que demonstrou por ocasião do bombardeamento da Ambulância nº1, pela decisão e iniciativa como nos dias 9,10,11 e 12 de Abril se manteve na frente, percorrendo as estradas em busca dos feridos e conduzindo-os às Ambulâncias e ainda pelo denodado esforço com que contribuiu para o salvamento do material hospitalar. Ao tentar pela última vez em 12 de Abril penetrar no H.S.1, foi o carro que conduzia atingido pelas balas inimigas, mas só retirou quando teve a certeza de que na frente não existia soldado algum que precisasse de auxílio". (O.S.Nº 230 de 23 de Agosto).

Condecorado com a 2ª classe de CRUZ DE GUERRA. Em 10 Abril de 1919 presente no Q.G.C. seguiu para os Hospitais da Bélgica em visita aos militares Portugueses ali internados. Em 24 de Junho, vai em diligência a Paris, sendo presente em 25 na Delegação Portuguesa de Paris. Louvado, por Sua Exa. o General Comandante do C.E.P., "pela inteligência, critério e dedicação profissional com que tem dirigido o serviço de assistência religiosa". (O.S. Nº 172 de 30 de Junho de1919).

Embarca em 7 de Julho para Lisboa a bordo do transporte "PEDRO NUNES" onde chega a 10 de Julho de 1919. (Extractos do Arquivo Geral, da Secção Especial do Corpo Expedicionário Português). Regressado da Flandres com duas Cruzes de Guerra e depois com a Torre e Espada, era novamente a freguesia de Sé Velha que o esperava.

José Bernardino da Silva


Pároco de Moledo na Lourinhã.     Ofereceu-se como capelão voluntário em 20/02/1917. (PT/AHM/DIV/1/35/1243 – Assistência Religiosa. Regressou a Portugal em VII/1917, por questões de saúde. Foi Louvado em Ordem de Serviço do CEP. (Magno, 1921:10).


Na nota confidêncial de 7 de Setembro de 1917, do comando da 1ª Divisão para o Chefe do Estado-Maior do CEP, o Alferes-Capelão é dado como "sem valor" para o serviço prestado junto dos Serviços de Saúde da Divisão. (PT/AHM/DIV/1/35/1416 - Nota confidêncial n.º 35, França, 07/09/1917).

Manuel Caetano


Pároco de Cós em Alcobaça. Ofereceu-se como capelão voluntário em 25/02/1917. Seguiu  em Abril de 1917 para França. (PT/AHM/DIV1/35 – Assistência Religiosa, CX 1243).

À data da Batalha de La Lys,  assegurava a assistência religiosa da 6ª Brigada de Infantaria. (Costa(1920), p. 186.) Foto in A Cruz na Guerra de Avelino de Figueiredo, Lisboa, Edição de Autor, 1960.


Louvado “porque durante a Batalha de 9 de Abril de 1918 mostrou decidida coragem e assombroso sangue frio, oferecendo-se depois de desempenhar dedicadamente os serviços do seu ministério, para transitar ordens através de zonas bombardeada w de estradas varridas por metralhadoras inimigas, tomando nos trajectos percorridos alguns feridos graves a quem salvou a vida”. Medalha de Cavaleiro da Ordem de cristo com palma, Cruz d Guerra de 2ª Classe.

Martinho Pinto da Rocha.


Pároco em Alpedriz em Alcobaça. Ofereceu-se como capelão voluntário em 11/02/1917. Embarcou a 18 de Abril de 1917 para França. (PT/AHM/DIV1/35 – Assistência Religiosa, CX 1243).


Em França deu baixa à Ambulância n.3 em 5 de Julho de 1917, e foi transferido para o Hospital n.20 em 9 ainda do mesmo mês. Alta a 14 e junta médica a 16, onde foi dado como incapaz para todo o serviço e colocado para evacuação para Portugal. Regressou a Portugal por questões de saúde, tendo chegado a Lisboa a 11 de Agosto.

Foi louvado no Comando da 1ª Brigada Infantaria, O.S. n.100, de 16/06/1917. (PT/AHM/DIV1/35A/1/04/0879).


Manuel Rodrigues Silvestre


Pároco de Cela em Alcobaça. Seguiu  em Abril de 1917 para França. (PT/AHM/DIV/1/35 – Assistência Religiosa, CX 1243).


A 15/12/1917 teve Licença de Campanha de 30 dias e regressou a Portugal. Foi abatido ao efectivo do CEP a seu pedido a 30/01/1918. (PT/AHM/DIV/1/35A/1/03/0761).


Manuel Pereira da Silva

Pároco de N.ª Senhora da Batalha no Porto. Ofereceu-se como capelão voluntário em 26/02/1917. Seguiu  em Abril de 1917 para França. (PT/AHM/DIV1/35 – Assistência Religiosa, CX 1243).

A 21 de Junho de 1917 o Capelão já se encontrava hospitalizado. Regressou a Portugal em VII/1917, por questões de saúde.


Alexandre Pereira de Carvalho

Vila Verde em Felgueiras. Ofereceu-se como capelão voluntário em 22/02/1917. Seguiu em Abril de 1917 para França. (PT/AHM/DIV1/35 – Assistência Religiosa, CX 1243).

Regressou a Portugal em VIII/1917, por ordem do CEP. Reintegrado no CEP em Maio de 1918.


António Augusto de Almeida Coelho


Pena Verde em Aguiar da Beira. Ofereceu-se como capelão voluntário em 12/02/1917.

Embarcou em Lisboa a 2 de Maio de 1917 para França. (PT/AHM/DIV1/35 – Assistência Religiosa, CX 1243). Regressou a Lisboa em 28 de Maio de 1919. Esteve colocado no comando da 6 Brigada de Infantaria. (PT/AHM/DIV/35A/1/04/0874).


À data da Batalha de La Lys,  assegurava a assistência religiosa em Lestrem. Foi louvado em Ordem de Serviço da 2ª Companhia de Sapadores, pelos altos serviços prestados. (Magno(1921), p.10)




José Ferreira de Lacerda


Pároco de Milagres (Leiria). Director da revista O Mensageiro. Ofereceu-se como capelão voluntário em 3/02/1917. (PT/AHM/DIV1/35 – Assistência Religiosa, CX 1243).

Seguiu  em Abril de 1917 para França. Regressou a Portugal em Setembro de 1917, por questões relacionadas com a paróquia. Regressou à Flandres antes de La Lys e, à data da Batalha,  assegurava a assistência religiosa da 4ª Brigada de Infantaria. (Costa,1920:184)

Voltou a Portugal, onde se encontrava a 16 de Maio de 1918. Voltou à Flandres em Julho de 1918.


Ângelo Pereira Ramalheira


Pároco de Vila em Ílhavo. Ofereceu-se como capelão voluntário em 3/02/1917. Seguiu  em Abril de 1917 para França. (PT/AHM/DIV1/35 – Assistência Religiosa, CX 1243).

À data da Batalha de La Lys,  assegurava a assistência religiosa da 5ª Brigada de Infantaria (Costa, 1920:185)


Em telegrama do comandante do Quartel-general do CEP, dirigido ao Chefe da assistência religiosa (P. José do Patrocínio Dias), datado de 22 de Novembro de 1918,  indica que o P. Ângelo Pereira Ramalheira e o P. António Tavares de Pina ficavam adidos à tripulação de navios que evacuavam doentes. (PT/AHM/DIV/1/35/726)


José Manuel de Sousa


Pároco de Gemeses em Esposende     Ofereceu-se como capelão voluntário em 10/12/1916. Quando se oferece já tinha 57 anos. Só foi autorizado a partir para França em Abril de 1917. À data da Batalha de La Lys,  assegurava a assistência religiosa na Ambulância n.º 7. (PT/AHM/DIV/1/35/1243 – Assistência Religiosa).


Paulo Evaristo Alves


Pároco de Coimbra. Ofereceu-se como capelão voluntário em 27/01/1917. Seguiu  em Abril de 1917 para França. (PT/AHM/DIV/1/35/1243 – Assistência Religiosa). (Foto: "Ilustração Portugueza", Lisboa, II Série, n.º 744, 24 de Maio de 1920, página 13, obtida com a colaboração de José Nascimento, investigador biográfico do Padre Paulo Evaristo Alves)    


Manuel Roiz Silveira


Pároco de Cela em Alcobaça. Ofereceu-se como capelão voluntário em 25/02/1917. Seguiu  em Abril de 1917 para França. Em 14 de Janeiro de 1918 é abatido ao corpo de Capelães por motivos de saúde. (PT/AHM/DIV/1/35/1243 – Assistência Religiosa).


Grupo dos Capelães enviados em Junho de 1917

Joaquim Baptista de Aguiar


Pároco nas Oficinas de São José no Porto. Ofereceu-se como capelão voluntário em 12/03/1917. Seguiu  em Junho de 1917 para França. (PT/AHM/DIV1/35 – Assistência Religiosa, CX 1243)


Coube-lhe a missão de confortar espiritualmente o soldado João Augusto Ferreira de Almeida, fuzilado a 16 de Setembro de 1917, em Picantim.


António Rebelo dos Anjos


Pároco de Salreu em Matosinhos. Ofereceu-se como capelão voluntário em 26/02/1917

Seguiu em Julho de 1917 para França. (PT/AHM/DIV1/35 – Assistência Religiosa, CX 1243)


Em Outubro ofereceu-se para acompanhar o IV Batalhão (ex-Batalhão de Infantaria 23), na ofensiva em direcção à Alemanha. Há uma referência de Augusto Casimiro que indica ter recebido do Alferes-capelão António Rebelo dos Anjos, quando se encontrava hospitalizado, a oferta da Fé Lusitana e um livro sobre Guinemer. (Casimiro, 1920:146)


No relatório do Major Helder Ribeiro, de 18 de Novembro de 1918, Aditamento 1º, indica:

"...não devo deixar de citar também em especial o Capelão equiparado a Alferes Pe. Rebelo dos Anjos, o primeiro oferecido para fazer parte do [IV] Batalhão no caso de lhe ser designada uma missão especial na frente, sacerdote exemplar numa alma forte de português e que pela sua acção persuasiva e cheia de honestidade e patriotismo foi um dos mais úteis obreiros na reeducação moral do Batalhão." (Fraga, 2003:73)


Chegou a França a 13 de Julho de 1917 e foi incorporado na 6ª Brigada de Infantaria. A 10 de Fevereiro de 1918 foi transferido para 2ª Brigada de Infantaria. A 1 de Abril de 1918 apresentou-se no Q.G. da Base e a 4 de Abril foi colocado no Hospital da Base n.º 2, com acumulação de serviço no Hospital da Base n.º 1. A 12 de Maio de 1918 recebeu ordem de marcha do H.B. 2 para Calais, em serviço de assistência religiosa junto das tropas aí acantonadas. A 16 de Maio regressou ao H.B. 2 onde continuou a prestar serviço de assistência religiosa. A 8 de Outubro 1918 passou a incorporar os efectivos do IV Batalhão do Major Hélder Ribeiro. (PT/AHM/DIV/1/35A/CX1380)


Em 29/11/1917 encontrava-se como Capelão da 3ª Brigada de Infantaria. O Alferes Assis Gonçalves conta-nos que a 1 de Dezembro de 1917, à tarde assistiu a um enterro, com cortejo fúnebre em silêncio de dois mortos em combate até ao cemitério dos portugueses em Laventie. Foi o Alferes-capelão Anjos que conduziu o cortejo fúnebre dos dois soldados portugueses mortos, tendo encomendado as suas almas a Deus. Durante a cerimónia a artilharia alemã não deixou de bombardeara zona, tendo três granadas silvado sobre o local e caído a algumas centenas de metros do cemitério. (Gonçalves, 1920:45-7)


Louvores Militares


C.E.P. - 2ª Div.6ª B.I.- R.E. 211- em 17/02/1918. Ao Sr. Chefe do Estado-maior da 2ª Div. 2 R. - Comunico a V.Ex. que o capelão graduado alferes António Rebelo dos Anjos Transferido ultimamente para a 2ª B.I., deu consecutivas provas de zelo invulgar em ministrar prontamente os socorros espirituais às praças desta Brigada quando na 1ª linha, especialmente por ocasião de bombardeamentos, mostrando também por tais ocasiões o desprezo completo pela própria vida, pois no cumprimento do seu dever o não detinha o perigo por mais eminente que se lhe apresentasse. O Comandante Felisberto Alves Pedrosa Coronel. Em campanha, 24 de Fevereiro de 1918.


C.E.P. 2ª Div.6ª B.I. Em campanha, 24 de Fevereiro de 1918 - Ordem n.º 36, Art. 1º, LOUVOR - Que Sua Ex. Coronel Comandante interino da Divisão, em seu despacho lançado na nota desta Brigada, n.º 211/R.E. de 17 de Outubro de 1918, determina que seja louvado nesta ordem, visto o procedimento louvável ter tido lugar durante o tempo que serviu nesta Brigada, o capelão graduado alferes António Rebelo dos Anjos, pelas consecutivas provas de zelo invulgar, em ministrar prontamente os socorros espirituais Às praças desta Brigada, quando na 1ª linha, muito especialmente, por ocasião de bombardeamento, patenteado sempre o desprezo completo pela própria vida, pois o cumprimento do seu dever o não detinha o perigo por mais eminente que se lhe apresentasse. O 2º comandante Francisco José Pinto, Tenente-coronel. Em campanha 25 de Fevereiro de 1918.

António Tavares de Pina


Pároco de Dornelas em Aguiar da Beira. Ofereceu-se como capelão voluntário em 29/01/1917. Seguiu em Junho de 1917 para França. (PT/AHM/DIV1/SEC35 – Assistência Religiosa, CX 1243)


Em telegrama do comandante do Quartel-general do CEP, dirigido ao Chefe da assistência religiosa (P. José do Patrocínio Dias), datado de 22 de Novembro de 1918,  indica que o P. Ângelo Pereira Ramalheira e o P. António Tavares de Pina ficavam adidos à tripulação de navios que evacuavam doentes. (PT/AHM/DIV1/SEC35/CX726)


Carlos Moreira Coelho


Pároco de Carvalhosa e Banho em Marco e Canaveses. Ofereceu-se como capelão voluntário em 16/03/1917.Seguiu em Junho de 1917 para França. (PT/AHM/DIV1/SEC35 – Assistência Religiosa, CX 1243)


António de Almeida Correia


Pároco de Aguiar da Beira. Ofereceu-se como capelão voluntário em 17/02/1917. Seguiu em Junho de 1917 para França. (PT/AHM/DIV1/SEC35 – Assistência Religiosa, CX 1243)


Manuel Francisco dos Santos


Pároco do Seminário dos Meninos Desamparados em Campanhã, Porto. Ofereceu-se como capelão voluntário em 23/02/1917. Seguiu em Junho de 1917 para França. (PT/AHM/DIV1/SEC35 – Assistência Religiosa, CX 1243)


Na Flandres:1917-1918

O Capelão Manuel Pereira da Silva foi hospitalizado e repatriado, sendo substituído pelo capelão António Rebelo dos Anjos. O capelão Martim Pinto da Rocha por não apresentar saúde que lhe permitisse aguentar o esforço físico do serviço nas trincheiras foi repatriado e substituído pelo capelão António Tavares de Pina.

Em Outubro de 1917 o capelão Alexandre Pereira de Carvalho foi expulso do CEP, por ordem do Ministro da Guerra, Norton de Matos, na sequência de uma troca de correspondência, considerada menos respeitosa.

Existiam outros padres no CEP, que se encontravam entre os soldados e que não se tendo dado a conhecer ao Exército como tal, a CCARC, insistia junto do Ministro Norton de Matos, para os colocar no Corpo de Capelães, evocando razões de falta de capelães: para duas Brigadas, uma das ambulâncias da primeira linha e para os hospitais da Base.

Em Janeiro de 1918, Sidónio Pais, que acumulava o Ministério da Guerra, fundamentando a sua decisão pelo pedido recebido do comandante do CEP, Tamagnini de Abreu, permitiu o "recrutamento" de novos capelães voluntários, Oficio n.º 141, de 16 de Maio de 1918.

A 13 de Abril de 1918, após La Lys, o Quartel-general Territorial, 2ª Repartição, indicava que o número de Capelães no CEP devia de ser 36, conforme cálculo de Julho de 1917, e que agora (13 de Abril) apenas se encontravam 11 e que o número ia passar para 8, porque três iam acompanhar o transporte de feridos para Portugal. Mesmo assim, dos 8 quatro encontravam-se fisicamente esgotados: P. José Manuel de Sousa com 58 anos, o P. José Tavares de Pina com bronquite crónica, O P. António Rebelo dos Anjos e o P. Álvaro Augusto dos Santos apresentavam um esforço sobre-humano. (PT/AHM/DIV1/SEC35/CX1243 – CEP. Assistência Religiosa

Da esquerda para a direita o Alferes-capelão Álvaro Augusto dos Santos e o Alferes-capelão Avelino Simões de Figueiredo, no Cais de Alcântara em Março de 1917, quando do embarque para França.Ilustração Portugueza, série II, nº. 577, Lisboa, 12 de Março de 1917, p. 213.


De Maio a Agosto de 1918 partiram os seguintes capelães para França

Em Fevereiro 1918 partiram os seguintes capelães para Moçambique

E ainda, em Julho de 1918, já ao abrigo do decreto n.º 4489, de 4 de Junho de 1918, integrados no exército, com os vencimentos correspondentes ao posto e onde abria o âmbito da assistência religiosa aos hospitais, navios, asilos ou qualquer estabelecimento onde existissem doentes, feridos, mutilados ou repatriados de guerra, e ainda, permitia aos generais comandantes de forças em operações de guerra, que transferissem para o serviço religioso os oficiais e praças que considerassem necessários.

Ainda em Julho, o Padre José Maria da Costa Parente, Alferes miliciano no CEP, aproveitou a oportunidade permitida com o decreto n.º 4489, e dirigiu um requerimento a solicitar a sua deslocação para o serviço de assistência religiosa, que foi deferido.

Existiram numerosos requerimentos de Sargentos milicianos que pediram para passar para o Corpo de Capelães, mas que foram sistematicamente indeferidos, no entanto com a indicação de que podiam prestar assistência religiosa nas unidades em que se encontravam mobilizados.  Refira-se o caso do 2º sargento miliciano da 9ª Comp. do Regimento Infantaria de Vila Real, que pediu para servir como Capelão na Expedição a Moçambique, em 17 de abril de 1917, e cujo requerimento foi indeferido com as condições indicadas anteriormente.

Domingos Afonso do Paço

Pároco de Viana do Castelo

Casimiro Rodrigues de Sá

Pároco de Padronelo

Ofereceu-se como capelão voluntário em 23/05/1918. Seguiu para França em 14 de Junho de 1918.

José de Pinho

Pároco de Penafiel

José de Pinho embarcou em Lisboa a 23/08/1918, via terrestre, e regressou a Portugal a 4/04/1919. Chegou a Paris a 27 de Agosto e apresentou-se no Quartel General da Base a 4 de Setembro. Foi colocado no Batalhão 35 a 10 de Setembro. Embarcou no Gil Eanes a 1 de Abril de 1919 e chegou a Lisboa a 4 de Abril. (PT/AHM/DIV/1/35A/1/10/3173).

Foto retirada de uma foto de grupo de oficiais do Batalão V, em 9 de Novembro de 1917, em Lille.

José Maria da Costa Parente


O Alferes-capelão José Maria da Costa Parente nasceu em S. Tiago de Cardielos, Viana do Castelo, a 2 de Agosto de 1889, filho de Domingos Gonçalves Parente e de Maria de Jesus Parente da Costa Lima. Foi ordenado sacerdote pelo Bispo D. António Barroso.


Aos 27 anos foi mobilizado para o Regimento de Infantaria 3, sediado em Viana do Castelo. Aí fez a sua preparação militar, embarcando para França em Junho de 1917 juntamente com as primeiras unidades da 1.ª Divisão do CEP, como oficial e não como padre. Em Julho de 1918, o Padre José Maria da Costa Parente, então Alferes Miliciano no CEP, aproveitou a oportunidade permitida com o decreto n.º 4489, e dirigiu um requerimento a solicitar a sua deslocação para o serviço de assistência religiosa, que foi deferido.


(Fonte: Manuel Penteada Neiva, 2015/06/19 (Facebook - Corpo Expedicionário Português 1916-1919))    


Foto 1918: O primeiro da direita da fila da frente. (farda do CEP, sem gola) é o Alferes-capelão José Maria da Costa Parente


A Comissão Central de Assistência Religiosa em Campanha

Logo que Portugal passou a ser uma potência beligerante activa ao alado dos aliados no teatro de guerra europeu, a imprensa católica fez uma campanha a favor de incorporar no Exército português um Corpo de Capelães voluntários, que acompanhassem os nossos soldados em campanha e lhes prestassem os necessários socorros religiosos.


Com a publicação do Decreto 2942, em Janeiro de 1917, já após a partida do primeiro contingente para França, o Corpo de Capelães foi organizado, Os Capelães voluntários foram graduados em alferes equiparados, sem direito a soldo, situação que se reverteu após Dezembro de 1917, com o Governo de Sidónio Pais que ordenou que os Capelães fossem abonados com o soldo de alferes. Para suprir esta situação foi constituída em Lisboa, sob a presidência do Cardeal Patriarca D. António Mendes Belo, uma Comissão Central de Assistência Religiosa, com o fim de angariar fundos para subsidiar os capelães e custear as despesas de culto e assistência.


A Comissão Central de Assistência Religiosa (CCAR) pediu a bênção do Santo Padre Papa Bento XV para os capelães portugueses, que a concedeu em conjunto com amplas faculdades para exercerem o seu ministério. A CCAR fez um segundo pedido ao Santo Padre, após os duros combates de Abril de 1918 em que milhares de portugueses foram feitos cativos em campos de prisioneiros na Alemanha, para que Ele mitigasse na medida do possível a sorte dos nossos compatriotas.


"Santíssimo Padre. - A Comissão Central de Assistência Religiosa de Lisboa, tem já feito bastante para dar aos soldados portugueses, nos campos de batalha, o apoio e as consolações religiosas, sente, porém, quanto os seus esforços são insuficientes para consular os prisioneoros que gemem nos campos de concentraçao, que sofrem privações de toda a sorte, a aflta absoluta de conforto, todos os horroees, enfim, dum duro cativeiro. A comissão reconhece que lhe é mister um auxílio sobrehumano, e é com a mais humilde e com a mais inteira confiança que se dirige ao Pai Comum dos Fieis ao princípe da Paz cuja auctoridade é já universalmente reconhecida e respeitada. É em nome de tantas mães angustiadas, de tantas esposas desoladas que implora a intercessão de Vossa Santidade a favor dos vossos filhos portugueses certa de que Vossa Santidade saberá mitigar-lhes os sofrimentos materiais e alcancar-lhes os socorros religiosos que são o alimento do espírito. Dignai-vos, Beatísssimo Padre, dispensar-nos a Vossa Bênção Paternal e aceitai a expressão da nossa dedicação e obediência. Cardeal Patriarca de Lisboa." (Quirico, 1918:9-10)


As amplas faculdades concedidas aos capelães militares portugueses enquanto o tempo que durasse a guerra, referiam-se às confissões, à celebração da Missa, às bênçãos e à recita do ofício. (Quirico, 1918:2-14)


O Patriotismo dos Capelães

Na obra de António Granjo, "A Grande Aventura", no capítulo que dedica ao Tenente Grilo, remarca a situação dos cadáveres dos militares portugueses estarem a ser cobertos com a bandeira inglesa. Mas mais importante é a referência à alteração do procedimento, em que se passou a cobrir os cadáveres dos militares portugueses com a bandeira portuguesa, devido à intervenção dos capelães portugueses, indicando que que estes o tinham imposto.  António Granjo também remarca que o Estado não soube compreender o trabalho e o sacrifício que os capelães viveram no "front".


"...um padre português, que, tendo-se inutilizado no front, regressou a Portugal não lhe dando o Estado nem a residência, nem o registo paroquial de que se apossara quando ele partira como capelão e onde protestara contra o facto de os os cadáveres dos soldados portugueses serem cobertos com uma bandeira estrangeira" (Granjo, 1919:81-2)


António Granja não refere o nome do Capelão mas pode estar a referir-se ao Padre Luís Lopes de Melo que foi ferido em Outubro de 1917 e que  esteve em Portugal para recuperação dos ferimentos sofridos na linha da frente ao ter sido apanhado por uma explosão que o feriu num braço e num olho.


Augusto Casimiro levou o seu IV Batalhão (ex-Infantaria 23) reconstruído até à frente de combate e a 8 de Novembro de 1918 encontrava-se na  linha da frente junto a Warchinles-Tournai. Nessa noite recebeu uma carta e uma garrafa de rum de uma ordenança do 148ª Brigada Inglesa. Junto aos seus companheiros Alferes-capelão António Rebelo dos Anjos, o Capitão-médico Fonseca e o Alferes Carmo, abriu a carta, beberam o rum que o ordenança lhe deixara e dançaram os quatro "numa sarabanda de alegria!", chegara a notícia do Armistício. (Casimiro, 1929:154)


Os capelães estiveram praticamente todo o tempo em França sem qualquer licença para virem a Portugal em descanso, situação que foi documentada nas memórias do General Tamagnini, "Os Meus três Comandos", quando afirma que deixou de executar ordens da Secretaria da Guerra que beneficiavam uns oficiais em detrimento de outros e onde também afirma que questionou essa Secretaria por razões como a aplicação de licenças aos Capelães e que esta não lhe respondeu. (Marques(2004), p. CCL)


A religiosidade dos soldados e oficiais portugueses no Front, demonstrava que todas as tendências ateias tinham ficado em Portugal após atravessar a fronteira. Nas trincheiras a eloquência dos canhões alemães produzia uma convincente filosofia que fazia abandonar a descrença. O Alferes Assis Gonçalves em Novembro de 1917 afirma que até então não tinha encontrado qualquer soldado ou oficial que desmentisse esta sua ideia. Também reafirma a forma patriótica como actuava o Alferes-capelão António Rebelo dos Anjos. (Gonçalves, 1920:46)

Grupo de Damas Enfermeiras da Cruz Vermelha Portuguesa acompanhadas por dois capelães do exército português: o Alferes–Capelão Joaquim António Pereira dos Santos à esquerda  e o Alferes–Capelão Manuel Frazão à direita, Ilustração Portugueza, série II, nº. 644, Lisboa, 24 de Junho de 1918, p. 497.


Os Capelães em Combate - La Lys

Se na verdade os capelães não estiveram tanto tempo nas trincheiras como os restantes soldados, viveram com frequência as condições que estes partilhavam, não só nos longos períodos de espera como em situações de combate. Ali procuravam assistir os feridos e os desesperados que sofriam de males físicos e psicológicos.


Quando da Batalha de La Lys encontravam-se na primeira linha de trincheiras, em apoio aos combatentes do CEP os capelães Luís Lopes de Melo, António Augusto de Almeida Coelho e José Manuel de Sousa. No caso do Padre José Manuel de Sousa, foram os médicos da Ambulância n.º 1 que  solicitaram ao capelão chefe, Padre José do Patrocínio Dias, que o mantivesse no serviço, devido à preciosa ajuda que prestava.


No relatório sobre a assistência religiosa enviado ao Estado-maior do Exército, pelo chefe doa capelães militares José do Patrocínio Dias, sobre a actuação dos capelães em campanha, durante os acontecimentos de 9 de Abril, foi escrito:


"na frente encontravam-se 6 capelães, porque no dia 7 de Abril foi conhecido que a 1ª Divisão ia ser trocada pela 2ª Divisão os capelães, por serem poucos, receberam ordens para serem transferidos de imediato para a 2ª Divisão a fim de garantirem a assistência religiosa na linha da frente."


Encontravam-se distribuídos por: Padre Ferreira de Lacerda (4ª Brigada), Padre Ângelo Pereira Ramalheira (5ª Brigada), Padre Manuel Caetano (6ª Brigada), Padre António de Almeida Coelho (em Lestrem), Padre Luís Lopes de Melo (Ambulância nº1), Padre José Manuel de Sousa (Ambulância n.º7), Padre Álvaro dos Santos (Hospital de Sangue n.º 1) e Padre José do Patrocínio Dias (Hospital de Sangue n.º 2).


Na sua globalidade o Corpo de Capelães Voluntários do CEP foram publicamente louvados na Ordem de Serviço do Corpo n.º 230 de 23 de Agosto de 1918, "pelo espírito de desinteresse, abnegação e sacrifício com que se tem dedicado ao desempenho da sua missão". Existe, ainda, outra referência à "serena e heróica conduta de alguns dos seus membros no campo de batalha, especialmente no combate de 9 de Abril, afrontando o perigo, percorrendo as primeiras linhas e animando os soldados com as suas palavras e exemplos e ainda pelos actos de humanitário altruísmo com que nos hospitais e ambulâncias se dedicaram aos feridos e doentes, havendo sido preciosos auxiliares dos médicos".


O Padre Ângelo Pereira Ramalheira foi louvado na Ordem de Serviço da Brigado do Minho n.º 178 de 2 de Julho de 1918, e posteriormente condecorado com a Cruz de Guerra de 4ª Classe, "por ter assistido com a maior serenidade e sangue frio a um ferido "in articulo mortis", demorando-se assim mais de uma hora sob a acção do bombardeamento de 9 de Abril, só abandonando o local quando o soldado morreu".


O Padre Manuel Caetano foi louvado na Ordem de Serviço do CEP, n.º 151, de 5 de Junho de 1918, e posteriormente condecorado com a Cruz de Guerra de 2ª Classe e feito Cavaleiro da Ordem de Cristo com palma, "porque durante a batalha de 9 de abril mostrou dedicada coragem e assombroso sangue frio, oferecendo-se depois de desempenhar dedicadamente os serviços do seu ministério, para transmitir ordens através de zonas bombardeadas e de estradas varridas por metralhadoras inimigas". Foi também quem salvou a vida do Capitão Napoleão e do Alferes Leote do Rêgo, filho do comandante da Marinha de Guerra Daniel Leote do Rêgo.


O Padre José Manuel de Sousa foi louvado na Ordem de Serviço do CEP, n.º 183, de 7 de Julho de 1918, por tem em 9 de Abril, e posteriormente condecorado com  condecorado com a insígnia de Oficial da Ordem de Cristo com palma, por "estando de serviço na ambulância n.º 7, demonstrou qualidades extraordinárias de decisão, energia e coragem, procurando, por todos os meios, socorrer e evacuar os feridos, e indo voluntariamente aos lugares mais perigosos no desempenho da sua missão".


O Padre Luís Lopes de Melo foi louvado na Ordem de Serviço do CEP, n.º 230, de 23 de Agosto de 1918, e posteriormente condecorado com a Cruz de Guerra de 2ª Classe e feito Cavaleiro da Torre e Espada, de Valor, Lealdade e Mérito, "pelas constantes provas de energia e heróica conduta que demonstrou por ocasião do bombardeamento da ambulância 1; pela decisão e iniciativa como nos dias 9, 10, 11, e 12 de Abril se manteve na frente, percorrendo as estradas em busca de feridos e conduzindo-os às ambulâncias e ainda pelo denodado esforço com que contribuiu para o salvamento do material hospitalar. Ao tentar pela última vez em 12 de Abril penetrar no Hospital de Sangue n.º1 foi o carro que o conduzia atingido pelas balas inimigas, mas só retirou quando teve a certeza de que na frente não existia soldado algum que precisasse de auxílio". Em Outubro de 1917 esteve em Portugal para recuperação, de ferimentos sofridos na linha da frente ao ter sido apanhado por uma explosão que o feriu num braço e num olho. Foi também louvado pelo serviços prestados no Batalhão n.º 9.


O Padre José do Patrocínio Dias foi louvado e condecorado com a Cruz de Guerra de 2ª Classe e a medalha de prata da classe de bons serviços em campanha, em 22 de Julho de 1919, pela acção tomada em 9 de Abril, quando o pessoal em serviço no Hospital de Sangue n.º 2, em Venant, retirou para a retaguarda e ele permaneceu ali com dois soldados, fazendo curativos enquanto não foi estabelecido o posto com pessoal médico. Procurou alimentação para os feridos e estropiados, tratando da sua evacuação. Somente abandonou o hospital no dia 12 de Abril, quando, nas imediações, já não se encontrava qualquer português.


O Padre Álvaro Augusto dos Santos foi condecorado com a insígnia de Oficial da Ordem de Cristo com palma, por no dia 9 de Abril, durante o bombardeamento cujos estilhaços atingiram o Hospital de Sangue n.º 1, conformou e animou os doentes até serem evacuados. Já na retaguarda, ofereceu-se para coadjuvar os serviços de salvação do material sanitário. Demonstrou "alta compreensão dos seus deveres, grande dedicação pelo serviço, aliado à serenidade, coragem e abnegação". (Moura(2010), pp. 80-99)


O Padre António Rebelo dos Anjos foi condecorado com a Cruz de Guerra, "pelo completo desprezo pela vida com que socorreu feridos na 1ª linha"  (Lavantie) e louvado pelo serviço prestado ao comando do IV Batalhão (ex-Infantaria 23), na moralização da unidade para a marcha para a frente de combate (Ordem da Divisão, 24 de Novembro de 1919). (Magno(1921), p.9)


O Padre José António Tavares Pina foi condecorado com a Cruz de Guerra, "pelo modo distinto como soube conciliar as suas funções religiosas com as de bom português, catequizando cívica ou patrioticamente os soldados, socorrendo-os debaixo dos maiores perigos e não tendo descanso a proporcionar-lhes distracções". (Magno(1921), p.9)


O Padre Jacinto de Almeida Mota foi condecorado com a Medalha Militar de Bons Serviços, "pelo alevantado espírito de sacrifício, desinteresse e abnegação com que sob os violentos bombardeamentos do 1º trimestre de 1918 se conservou junto dos soldados, exercendo o seu ministério e alentando-os com palavras e exemplos, e retirando só quando já inteiramente impossibilitado recebeu intimação formal para o fazer".(Magno(1921), p.9)


O Padre Avelino Simões de Figueiredo recebeu a Ordem de Cavaleiro de Cristo, "pelo zelo com que sempre procurou levantar o patriotismo dos soldados". Em França abriu uma casa de recreio e de instrução para apoio aos soldados. (Magno(1921), p.10)

Padres Prisioneiros de Guerra

Nas suas memória, o Major Francisco José de Barros, recorda ter encontrado, em Rastatt, um Alferes miliciano de infantaria chamado Ferreira (Manuel Alves Ferreira) que era Padre, que foi capturado em Levantie, dia 10 de Abril de 1918.


O Padre Ferreira durante o seu cativeiro fez todos os possíveis para continuar a dar assistência religiosa aos prisioneiros que precisassem, tendo mesmo conseguido a instalação de um pequeno altar sobre uns caixotes, duas velas colocadas em garrafas servindo de castiçais, e dois pequenos crucifixos. Este conseguiu, ainda, junto de um padre alemão que prestava serviço no campo de prisioneiros de Rastatt, que lhe oferecessem uns paramentos. O maior obstáculo era a falta de vinho para a missa. (Barros, 1925:135)


Quando em Julho de 1918 os oficiais portugueses começam a ser transferidos para o campo de prisioneiros de Breesen em Mecklemburg, o Padre Ferreira não os seguiu, como se pode verificar da lista de oficiais presentes no campo de prisioneiros de Breesen, que foi enviada pelo Tenente-coronel João Carlos Craveiro Lopes à comissão Central de Assistência aos Militares Portugueses prisioneiros de guerra. (Lourinho, 2006:84-7)


Outro Padre, também não identificado no rol dos voluntários do Corpo de Capelães, é o Alferes Padre José Alves Pereira que se encontrava cativo em Essen. Na caixa (PT/AHM/ DIV/1/SEC35/CX1333 - CEP - Assistência Cruz Vermelha) encontra-se um seu postal dirigido à "Pietas Suíça", com o seguinte texto:


"Peço a V.Exas a fineza de que participem o modo como os presos portugueses poderão comunicar com as respectivas famílias. Sei de presos que até à data ainda não obtiveram notícia alguma das suas famílias, e no entanto têm escrito várias vezes. De V.Exas Alf. P. José Alves Pereira, Essen 11/11/917".

O Contributo dos Capelães na Reorganização dos Batalhões de Combate

No último período do CEP,  de Agosto a Novembro de 1918, em que se deu a reorganização dos Batalhões para a ofensiva final, o zelo com que o corpo de capelães e em particular a zelo com que o Padre José do Patrocínio Dias, participaram na reconstrução moral e do espírito de corpo dos Batalhões foi extremamente importante. O primeiro Batalhão pronto para combate foi o do Regimento de Infantaria n.º15, comandado pelo Major Ferreira do Amaral, que não deixou de dispensar um louvor ao trabalho efectuado pelo capelão da assistência religiosa, José do Patrocínio Dias.


Em Setembro, começa-se a sentir o resultado do trabalho da "Assistência Religiosa" no CEP. Missas, devoções da tarde, alocuções, convivência amiudada nas horas de repouso, que fizeram reconstruir o moral e o espírito de combate. E Outubro o Batalhão 15 foi o primeiro a estar pronto a entrar em combate, seguindo-se o Batalhão 23 e o Batalhão 9. Com a reorganização passou a estar presente um capelão por batalhão, proporção muito diferente de um capelão por brigada. (Serpa, 1959:227-230)


A Banda de Música do Batalhão de Sapadores de Caminhos de Ferro

No início de Agosto de 1918 o Capelão Alferes equiparado, Padre Avelino de Figueiredo, ingressou no Batalhão para auxiliar a Banda de Música. É apresentado como um excelente espírito, bom carácter, muito amador de música, auxiliando como podia a organização da Banda de música.


Preocupado com a escassez de músicas no repertório da Banda de Música, usou os seus conhecimentos pessoais e influência para conseguir do Comando-Geral do CEP, em Ambleteuse, que o tenente chefe de música lhes facultasse algumas pautas. Foram emprestadas as pautas da "Rapsódia Transmontana", "O Rei que rabeou", uma selecção de fados e dois ordinários. No final de Agosto o Capelão Avelino de Figueiredo é transferido para outra unidade. (Freitas, 1935:258-261)


A Assistência Religiosa em Moçambique

O chefe da assistência religiosa em Moçambique o Alferes-capelão Padre Alfredo Bento da Cunha, no seu relatório sobre a assistência religiosa prestada na Expedição de Moçambique em 1918, no preâmbulo do mesmo afirma:


«A assistência religiosa é tanto necessária ao soldado quanto ele a reclama, pela educação que recebeu como pelos sacrifícios que a Pátria dele exige». (Costa, 1934:138)


O Tenente Mário Costa, no seu livro "Cartas de Moçambique" indica que os capelães partiram a 7 de Março de 1918, no vapor "Moçambique", para Moçambique, no entanto nos documentos que se encontram no Arquivos Histórico Militar, de Lisboa, PT/AHM/DIV/1/S35/CX1243, Arquivo CEP - Assistência Religiosa, há a indicação que partiram em Fevereiro de 1918.


Quando chegaram a Moçambique desembarcaram em Mocímboa da Praia, então a base de operações do Exército português, e foram distribuídos da seguinte forma: para Nacature o Padre José Duque Nogueira, para Muirite o Padre José da Silva Moroso, para Moçambique o Padre Artur Tavares Dias e em Mocímboa da Praia ficou o Padre Alfredo Bento da Cunha Capelão-chefe. (Arrifes, 2004:222-3) e (Cunha, 1942:42)


Em Mocímboa da Praia começou o seu trabalho por apoiar as cinco grandes enfermarias de soldados, como a enfermaria de sargentos e a enfermaria de oficiais. Ao todo encontrou perto de 350 militares internados.


Uma das missas campais que foram rezadas, foi uma a 27 de Maio de 1918, por alma dos soldados mortos no combate da travessia do Rovuma em 1916, à qual assistiram quase todos os militares que se encontravam em Mocímboa da Praia. Um outro papel da assistência religiosa verificou-se quando o Padre Alfredo Bento da Cunha depôs em tribunal militar em defesa de um militar, tendo conseguido a sua libertação.


Registasse que os que faleceram no hospital todos tiveram assistência religiosa, excepto um, que a não pediu. Mesmo de noite, sempre que o chamavam, juntava-se ao médico para acompanhar o doente nos seus momentos finais. (Costa, 1934:138)

Corpo de Capelães: Efectivos totais 28, mortos em combate 0

1917-1918


               Em Combate     Por doença (outras)     Pneumónica     Total

Mortes           0                              0                              0                    0

Feridos          1                              0                              0                    1


Nota: Verificou-se 1 ferido por fogo inimigo em La Lys (Alferes-capelão Luís Lopes de Melo).


O Reconhecimento Pessoal de Alfredo Barata da Rocha

Na sua obra "Névoa da Flandres" em verso, dedica dois textos com dedicatórias a Capelães do Corpo Expedicionário Português. O primeiro texto ao Alferes-capelão Padre Jacinto da Almeida Mota, "Mês da Nossa Senhora", escrito em Maio de 1917, e o segundo ao Alferes-capelão Padre José do Patrocínio Dias, "Nossa Senhora da Trincha", escrito em 1918. (Rocha, 1924:27-8 e Rocha, 1924:111-6)


O Tenente Alfredo Rocha foi ferido duas vezes em campanha na Flandres. Formou-se em medicina em 1919, na Universidade do Porto, foi poeta e esteve ligado à fundação do Núcleo do Porto da Liga dos combatentes da Grande Guerra, do qual foi o seu primeiro presidente.




MÊS DE NOSSA SENHORA


A Natureza abriu-se num sorriso.

Coram as flores; destaca mais a hera.

Parece agora a terra um paraíso:

Nossa Senhora trouxe a primavera...


Chilreiam outra vez as andorinhas.

Quando o Calor morrer, hão-de emigrar.

A elas se assemelham as dores minhas

Que, se deixam meu peito, é para voltar...


Para conseguir adormecer o sol,

Oculto na deveza, um roxinol

Ergue um canto suave de elegia...


Ouve-se, ao longe, o ralho das granadas...

Cortam o ar três notas magoadas:

- São os sinos rezando a Avé-Maria...




NOSSA SENHORA DA TRINCHA


Nossa Senhora da "Trincha",

Dos soldados padroeira,

Tem capelinhas erguidas

Nas banquetas da trincheira!


Não A conhecem na igreja;

Ninguém mais A conhecia!

Fomos nós que A advínhamos,

Num minuto de agonia!...


*

*   *


Quando um dos meus soldados

Se arreceia de morrer,

Estas palavras que eu digo

Começa então a dizer:


- Deus me perdoe, se peco

Em tão grande devoção!

Nossa Senhora da "Trincha",

guardai o meu coração!...


Levai-o a Deus, para que fique

Mais sereno à sua beira;

E, depois que se aquiete,

Trazei-mo então à trincheira,


Para que o ponha, de novo,

Outra vez, dentro do peito,

A dar-me força e coragem

De ficar ao parapeito!...


Quando, à hora do "a postos",

é iminente o perigo,

Nossa Senhora da "Trincha",

Só Vós sois o meu abrigo,


- Pois qualquer outro que eu tenha,

Seja de tábua ou de betão,

Nunca será tão seguro

Como a Vossa protecção!


Se, para acudirdes aos mais,

Me não puderes valer,

Nossa Senhora da "Trincha",

E que eu tenha de morrer,


Seja aqui, pela barragem,

Ou na Terra de Ninguém,

Levai o meu coração

Para junto da minha mãe!...


Metei-lho dentro do peito,

Sem que possa adivinhar

Que os meus olhos que beijou,

Nunca mais há-de beijar!...


E, depois que lá se encontre,

No sangue que ela me der,

Coração ressuscitado,

Há-de tornar a bater!


Desse modo, a pobrezinha,

Quase afogada de pena,

Passará todos os dias

Mais confortada e serena!...

- Quando, por fim, desconfie

De que eu não volto ao seu lado,

E o coração lhe comece

A bater desordenado,


- Logo o meu, para acudir-lhe,

Para que não desfaleça,

Nossa Senhora da "Trincha"

Fazei que bata depressa


E digo dentro do seio,

Onde um dia se formou:

- "Minha Mãezinha, sossega!...

- Minha Mãezinha, aqui estou!..."


No milagre que vos peço,

Que com fé vos peço eu,

Meu coração não deseja

Melhor campa, melhor céu!...


*

* *


Nossa Senhora da "Trincha",

Dos soldados padroeira,

Tem capelinhas erguidas

Nas banquetas da trincheira!


Deus me perdoe, se peço

Em tão grande devoção!

- Nossa Senhora da "Trincha",

- Guardai o meu coração!...

Os Capelães retratados nas memórias do General Fernando Tamagnini

No capítulo XIV das suas memórias "Os Meus Três Comandos", o General faz referência aos dois decretos que enquadram o Corpo de Capelães, o Decreto 2869, de 30 de Novembro de 1916, que autorizou o comandante do Corpo Expedicionário Português a requisitar assistência religiosa, através da incorporação de ministros religiosos portugueses das diferentes religiões. Houve um cuidado especial por parte do Governo para não dar primazia à Igreja Católica, no entanto, foi desta estrutura que se apresentaram os voluntários que partiram para os teatros de guerra. (Marques, 2004:CCVIII-CCX)


Dois meses mais tarde, e com as tropas a embarcar para França, foi publicado o Decreto 2942, de 18 de Janeiro de 1917, que estabelecia as regras da prestação do serviço e que restringia o número de voluntários ao do quadro dos capelães das unidades componentes do C.E.P., antes da reorganização de 1911, data da extinção da classe de capelães.  Com estas restrições partiram para França com as primeiras tropas apenas 14 sacerdotes.


Foi o General Fernando Tamagnini que nomeou o Alferes Capelão José do Patrocínio Dias como Chefe do Corpo de Capelães Voluntários do CEP, para orientar e dirigir o serviço da especialidade, e tratar com o comando dos assuntos respectivos.


De início apenas lhes era fornecido alojamento, alimentação e transporte, mas a partir de Junho de 1918, com o Decreto 4489, de 1 de Junho de 1918, passou a ser-lhes abonado o vencimento correspondente ao posto de alferes, cuja graduação o Decreto 2942, de 18 de Janeiro de 1917, já lhes conferia antes do Estado lhes pagar o vencimento, este era subsidiado pela Comissão Nacional da Assistência Religiosa em Campanha, que em Portugal angariava donativos para esse fim e compra de altares de campanha e alfaias de Culto.


O General Fernando Tamagnini considerou que o número de 18 capelães foi insuficiente para o exercício regular das suas funções, uma vez que de acordo com a orgânica anterior a 1911 o número de capelães presentes em campanha deveria ser de 40.


Para além do número reduzido de capelães as distâncias entre as unidades também dificultavam a aplicação dos serviços reclamados pelas unidades, o que levou a que fosse frequente encontrar os capelães a se deslocarem entre as unidades de bicicleta ou a cavalo. Foi reconhecido que os soldados que se confessavam, comungavam e ouviam missa marchavam para as trincheiras com muito maior moral dos que eram privados dos actos de Culto.


Ao Ministro da Guerra, General Norton de Matos, foi solicitado mais capelães, inclusivamente por insistência do Capelão Chefe do I Exército Britânico que por várias vezes indicou que o C.E.P. não apresentava o número suficiente de capelães para prestar o serviço religioso como necessário.


Houve por parte dos militares em campanha uma grande consideração pelo serviço prestado em França. O Corpo de Capelães no final da guerra recebeu 15 louvores individuais e um colectivo. Cinco foram condecorados com Cruzes de Guerra, um com o grau de Cavaleiro da Torre e Espada, um com o grau de Comendador da Ordem de Cristo, dois com o grau de Oficial da Ordem de Cristo e três com o grau de Cavaleiro da Ordem de Cristo, e ainda, três com a medalha militar de prata da classe de bons serviços.


No final do capítulo dedicado aos capelães, o General Fernando Tamagnini faz referência a que dos antigos capelães do Exército, que apesar de ser uma classe extinta em 1917, nenhum dos 36 ex-capelães militares, se ofereceu para ir com o C.E.P. para França.

Links

Bibliografia

Jacinto de Almeida Mota

Pároco de Trevões  (Lamego). Ofereceu-se como capelão voluntário em 16/03/1917. (PT/AHM/DIV1/35 – Assistência Religiosa, CX 1243).  Seguiu a 25 de Abril de 1917 para França.

 

Prestou serviço junto do Quartel-general da 4ª Brigada de Infantaria. No dia 9 de Abril não se encontrava na frente de combate por ter sido incumbido de acompanhar um comboio de feridos a Portugal. (Mardel, 1923:175), em ????.


Regressou a França em Junho de 1918.

Nascido a 24 de Janeiro de 1882, na freguesia de Outeiro, no concelho de Viana do Castelo, este ilustre e considerado sacerdote frequentou os Seminários de Braga, tendo recebido o Sacramento da Ordem em 1907. Após uma passagem por terras de Flandres, onde serviu no Corpo Expedicionário Português durante a Primeira Grande Guerra, assumiu a paróquia de Santa Maria de Carreço a 11 de Dezembro de 1921, durante quase 18 anos, tendo falecido a 07 de Setembro de 1939 em Carreço.

Alferes-capelão Avelino Figueiredo em França 1917, Ilustração Portuguesa, n. 585, 7 de Maio de 1917, p.373

Alferes-Capelão Antóno Tavares de Pina, aqui desigando como de Paiva. Fonte: Ilustração Católica, N.º 199, Ano IV, 21 de Abril de 1917, p. 553.

Moura, Maria Lúcia de Brito(2010), Nas Trincheiras da Flandres, Com Deus ou sem Deus, eis a questão, Lisboa, Edições Colibri.


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Freitas, Pedro de (1935), As recordações da Grande Guerra, Lisboa, Tipografia da Liga dos Combatentes da Grande Guerra.


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Fraga, Luís Alves de (2003), Guerra e Marginalidade: O Comportamento das Tropas Portuguesas em França 1917-1918, Lisboa, Prefácio.


Marques, Isabel Pestana (2004), Memórias do General 1915-1919: Os meus três comandos de Fernando Tamagnini, Lisboa, SACRE - Fundação Mariana Seixas.


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Simões, António Francisco Gonçalves (2018), O Padre Capelão: Subsídios para a história da Igreja em Portugal, Lisboa, Paulinas Editoras.




Manuel Tavares da Silva embarque em Fevereiro de 1918 para Moçambique, no vapor "Moçambique".


Em 1919, na Ilustração Portuguesa n.º 679, de 24 de Fevereiro, foi reconhecido publicamente o seu espírito caritativo e a sua abnegação. Paraco no Campo de Sá da Bandeira em Santarém.

Manuel Tavares da Silva

Alferes-Capelão Manuel Lopes Ferreira

Alferes-Capelão José Alves Pereira

Alferes-Capelão Jacinto de Almeida Mota Fonte: Ilustração Católica, N.º 223. Ano V, 6 de Outubro de 1917, capa.

Após o regresso foi nomeado Bispo de Beja, mas quis o governo da República manifestar-lhe reconhecimento público pela sua acção na Grande Guerra, tendo-lhe sido perguntado pelo Presidente Bernardino Machado o que mais estimaria que a República lhe oferecesse, ao qual terá solicitado a reabertura imediata da Sé da Guarda, fechada há longos anos, para nela ser sagrado. O desejo foi satisfeito e em 3 de Junho de 1921 a Sé foi reaberta.


Em 1922, já sagrado Bispo de Beja, entra na diocese da Guarda,  há anos praticamente abandonada, onde desempenhou um extraordinário papel religioso, social e cultural a ponto de ser conhecido como “Bispo Restaurador”. Aí fundou a ordem religiosa Congregação das Oblatas do Divino Coração, que com ele colaborou e que ainda hoje realiza importante trabalho na Diocese.


Colaborou em vários jornais, entre os quais destaco A voz da Fé, A Guarda, Novidades, Eco Pacence, Notícias da Covilhã, Notícias de Beja, etc. Publicou várias pastorais, foi conferencista e orador sagrado. No Arquivo da Diocese de Évora existe toda a sua correspondência para D. Manuel Mendes da Conceição Santos.


Ao longo da sua vida e como recompensa pelos serviços prestados recebeu várias outras condecorações, onde se destaca a Torre e Espada e a condecoração francesa Legião de Honra.


Vem a falecer, em Fátima, em 24 de Outubro de 1965  e jaz na Sé de Beja.  



Fonte:

https://covilhasubsidiosparasuahistoria.blogspot.com/2015/10/covilha-dom-jose-do-patrocinio-dias.html?m=1


Embarque em Maio de 1918

Embarque em Maio de 1918

Embarque em Maio de 1918

Embarque em Maio de 1918

Embarque em Maio de 1918

Embarque em Julho de 1918

Paraco de Felgueiras. Embarcou para França a 21 de Abril de 1917, por via terrestre. Foi colocado em Maio no Quartel-General e transferido posteriormente para o 5ª Regimento de Infantaria. Primeiro foi colocado no BI 3, depois passou para o BI 4, onde foi colocado no Quartel-General do Batalhão. Esteve de licença em Lisboa entre Julho e Setembro de 1918, tendo regressado a França em Setembro e colocado no Batalhão de Infantaria 4. A opartir de 6 de Novembro ficou adido à Ambulância n.6, onde se manteve até 9 de Dezembro. Regressou a 26 de Junho de 1919.

(PT/AHM/DIV1/35A/1/4/0875)

Embarque em Julho de 1918

Embarque em Julho de 1918

Embarque em Julho de 1918

Embarque em Julho de 1918

Embarque em 15 de Junho de 1918


Regressou a 28/02/1919. Integrado a 20/07/1918 no BI 21 e depois da reorganização do CEP no II BI. (PT/AHM/DIV/1/35A/1/10/3399).

Embarque em Julho de 1918

António Alves Pacheco

Abel Pereira de Almeida

José Francisco Faustino

António Rodrigues Bartolomeu

Jaime (ou Joaquim) de Gouveia Barreto

José Dias Rodrigues

Manuel João Gonçalves

Alexandre Pereira de Carvalho

Manuel Francisco dos Santos

Manuel Frazão

João Augusto de Sousa

Joaquim Antunes Pereira dos Santos

Manuel Ramos Pinto

João Luís Esteves. Pároco em São Pedro d'Arcos em Ponte de Lima. Ofereceu-se como capelão voluntário em 12/03/1917. Embarque em Fevereiro de 1918 para Moçambique, no vapor "Moçambique"

João Luís Esteves

Jorge Duque Nogueira

Jorge Duque Nogueira. Embarque em Fevereiro de 1918 para Moçambique, no vapor "Moçambique"

José da Silva Moroso. Pároco de Vila Chã em Alijó. Ofereceu-se como capelão voluntário em 10/03/1917. Embarque em Fevereiro de 1918 para Moçambique, no vapor "Moçambique"

José da Silva Moroso

Artur Tavares Dias

Artur Tavares Dias. Pároco em Chãs de Tavares em Mangualde. Ofereceu-se como Capelão voluntário em 27/02/1917.Embarque em Fevereiro de 1918 para Moçambique, no vapor "Moçambique"

Alfredo Bento da Cunha. O chefe dos Capelães militares em Moçambique. Embarque em Fevereiro de 1918 para Moçambique, no vapor "Moçambique"

Alfredo Bento da Cunha

Nota biográfica: (publicada em 1913)


Eis aí um nome bem conhecido em todo o país, não só pelo lugar de destaque que ocupou na política nos últimos tempos da monarquia, mas ainda pelo muito que tem sofrido depois da implantação da República.


O Padre Avelino de Figueiredo um homem novo, activo, inteligente, que se impõe pela inteireza do seu carácter e pela firmeza das suas convicções monárquicas.

À causa da monarquia dedicou toda a sua energia de lutador infatigável e por ela tem sofrido todas as perseguições e todas as amarguras com estoicismo de um verdadeiro mártir.


Nasceu este ilustre sacerdote em Vila Nova de S. Félix, concelho de S. Pedro do Sul, em 11 de Outubro de 1876, contando hoje, portanto 36 anos. Tendo concluído em 1899 no Seminário de Viseu os estudos eclesiásticos que cursou com distinção, veio a celebrar a primeira missa em 24 de julho de esse mesmo ano, e em 15 de Novembro seguinte era admitido como capelão do Dispensário D. Amelia em Lisboa.

Tendo exercido o lugar de coadjutor em diversas paroquias da capital, era nomeado em 2 de Setembro de 1900 capeda Patriarcal; em 1 de Maio de 1903 era elevado à categoria de mestre de cerimónias e em 1 1 de Março de 1907 era despachado beneficiado da mesma


Como se vê fez uma carreira rápida e brilhante. Mas onde sobretudo se fez o seu nome, hoje conhecido em toda a Lisboa e em todo o país, foi na política, onde conquistou pela sua inteligência e pela sua admirável actividade um lugar de destaque.


Tendo-se filiado no Partido Regenerador-Liberal em 1902, numa época em que o franquismo ainda não passava de uma esperança vaga e inconsistente, o Padre Figueiredo mostrava assim não entrar na política senão arrastado por nobre e desinteressado sentimento de bem servir a sua pátria.


Dotado de grandes qualidades de lutador e organizador, em breve ganhou enorme influência eleitoral no 1º Bairro, onde sobretudo os republicanos tiveram nele, nas pugnas eleitorais, um adversaria terrível e temido.


Foi ele o fundador do Centro Regenerador-Liberal do 1º Bairro, que, pode dizer-se, foi o que atingiu maior importância na obra de propaganda e defesa monárquica em Lisboa. As sessões deste centro político tiveram retumbância, pelo seu brilhantismo

e pela acção que exerciam no bairro.


Quase todos as respectivas freguesias tinham autoridades de confiança deste centro cuja alma era o Padre Figueiredo. Era tal a sua influência e o seu poder de sugestão que, não concordando ele com a orientação da celebre Liga Monárquica, levantou aí incidentes sucessivos e lhe deu o golpe de misericórdia retirando-se ele com mais de 100 sócios.


Proclamada a República o Padre Figueiredo manteve-se em prudente espectativa. Mas os republicanos que sabiam quanto ele valia e podia odiavam-no e temiam-no.


A 27 de Março de 1911, isto , cinco meses apenas depois da queda da Monarquia, o Padre Figueiredo foi preso e encerrado no Limoeiro como suspeito de conspirador.


É então que começa o seu enorme martírio, vítima de um odio insaciável por parte dos seus inimigos.


No Limoeiro meteram-no numa prisão especial onde são recolhidos os maiores criminosos comuns, ladrões, vadios e assassinos da pior espécie. Não contentes com isso exerceram sobre ele toda a casta de vexames, humilhações e maus-tratos, levando a cruelrante dezasseis dias no segredo a pão e água, sem luz, sem ar, sem cama, sem sequer um banco onde pudesse descansar um pouco.

Foi uma brutalidade selvagem. O Padre Figueiredo saiu de com a saúde arruinada, quase morto.


Em Novembro de 1911 foi transferido o presidio da Trafaria, onde permaneceu numa cela durante quatro meses acabando de arruinar a sua já combalida saúde.

E, no entanto, tais eram os seus crimes e as provas dos seus crimes que, contra todos os principias da justiça e do decoro, mantiveram-no encarcerado durante onze meses sem culpa formada, e só o puderam pronunciar depois de ao cabo desse tempo terem forjado testemunhos falsos.


E, apesar de pronunciado há quase um ano, a justiça da República dispôs-se a marcar o dia do seu julgamento, que se efectuou com a sua condenação a 6 anos de prisão maior celular seguidos de 10 de degredo, ou na alternativa de 20 de degredo em possessão de 1ª classe, dando entrada na Penitenciária a 7 de Abril de 1913.


É preciso que os inimigos do Padre Figueiredo saciem bem os seus ódios fazendo sofrer ao pobre mártir um suplicio sem fim.


Ao menos o Padre Figueiredo na História com a aureola dos fortes de caracter e dos grandes no martírio.


Fonte:

Álbum dos Vencidos, n.3., Lisboa, Tipografia do anuário Comercial, 1913. pp. 77-78

http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/AlbumdosVencidos/N03/N03_master/AlbumdosVencidos_N03_1913.pdf (consultado 04/07/2021)